O verdadeiro evangelho, trazido a nós por Jesus Cristo, e depois proclamado pelos
apóstolos que pregaram Sua mensagem, era uma mensagem de poder. Era uma
mensagem que eles afirmavam ser capaz de mudar pessoas radicalmente,
transformando as vidas daqueles que estavam crendo. Era uma mensagem
que declarava que as pessoas podiam ser libertas de quem eram e de onde
estavam.
Elas poderiam ser libertas da tendência humana natural para o pecado.
Elas poderiam ser desacorrentadas do domínio dos espíritos malignos.
Elas poderiam ser transformadas “de glória em glória” na imagem do
próprio Jesus Cristo. Em resumo, aquela era uma mensagem gloriosa e
poderosa que produzia uma mudança fundamental, compreensiva e
revolucionária em homens e mulheres.
Atualmente, em todo o mundo, existem pessoas dizendo que “nasceram de
novo”. Contudo, por alguma razão, esta mudança radical não está
acontecendo em muitas destas vidas. Poucos parecem estar experimentando
algo tão poderoso e transformador como as Escrituras descrevem. Não
estamos vendo milhões de pessoas santas. Em vez disso, pouquíssimos
estão sendo radicalmente transformados do que eram antes da
“conversão”.
A igreja atual está cheia de indivíduos que não têm vitória sobre o
pecado. Suas vidas não estão sendo transformadas. Eles são facilmente
influenciados por espíritos malignos.
Ainda que alguns tenham “relances” de realidade espiritual durante
momentos de louvor ou pregação, na maior parte do tempo, suas vidas não
estão transbordando com a presença de Deus. Eles não são, de fato, um
povo santo. Eles não estão experimentando a “fonte de águas vivas”
enchendo-os completamente com a vida que Jesus proclamou.
Não precisa pesquisar muito para descobrir que a igreja atual está
cheia de pecados. Adultério, fornicação, mentira, luxúria, inveja,
falta de amor, divisões aflorando, indivíduos com fome de poder sobre
os outros, alguns buscando dinheiro para si mesmos, e uma série de
outros incontáveis pecados são comuns.
Qual é, então, o problema? Onde estamos errando? Por que as boas novas
pregadas por Jesus “não estão funcionando” nas vidas de muitos daqueles
que professam ser cristãos?
Neste escrito, vamos examinar algumas coisas que podem estar impedindo
o agir de Deus e apresentar algumas soluções que possam nos restaurar
para uma vida transformada e um relacionamento íntimo com Jesus.
DILUINDO O EVANGELHO
Parece que uma coisa tem acontecido: o inimigo tem conseguido diluir o
evangelho e assim enfraquecer o seu poder. Ao longo dos anos, desde a
igreja primitiva, ele tem sido bem sucedido em sutilmente alterar as
boas novas de forma que seu efeito tem sido perdido ou grandemente
diminuído.
Uma das primeiras coisas que podemos perceber é que poucos daqueles que
“se tornaram cristãos” têm a esperança de experimentar a extensa e
profunda transformação da qual Jesus pregou.
Tomando o exemplo das vidas dos outros cristãos ao redor deles (os
quais não são bastante mudadas) e as mensagens que ouvem nos púlpitos,
eles têm muito pouca, se existe alguma, expectativa de algo realmente
radical acontecendo em suas vidas. Desta forma, o diabo vem tendo muito
sucesso.
Se a vida de ninguém mais está sendo revolucionada e a mensagem de
vários “homens de Deus” não parece apontar para esta possibilidade,
então ninguém espera que muita coisa aconteça. Uma vez que as pessoas
não esperem uma mudança dramática ou busquem isso, elas são
neutralizadas por si mesmas para não experimentarem isso.
Como isso tem acontecido? O que foi mudado para que as boas novas
ficassem tão enfraquecidas? Aqui vamos verificar vários aspectos deste
problema. Contudo, isso não será fácil. Então, por favor, seja paciente
à medida que cuidadosamente percorremos juntos os diversos pontos desta
situação. Vai tomar algum tempo para tentarmos decifrar algumas das
variantes que Satanás, com muita esperteza, conseguiu mesclar com a
verdade de Deus.
Como você vê, o diabo é extremamente inteligente. Além disso, ele tem
tido quase 2000 anos para trabalhar na corrupção da mensagem de Jesus.
Seus sutis desvios da verdade vem sendo instilados na “teologia” cristã
ao longo dos séculos e, por consequência, tem influenciados incontáveis
teólogos, pastores, pregadores, tradutores da Bíblia e muitos outros.
O resultado é que a maioria dos que estão lendo este livro já traz
plantado consigo, sem perceber, alguns erros ou um entendimento
levemente alterado sobre o que Jesus veio fazer.
Talvez, sem notar, podem ter aceitado algumas verdades parciais. Alguns
conceitos podem estar tão profundamente enraizados que o leitor poderia
ficar raivoso ao ouvir alguém tentando mudá-los. Por vários motivos,
poderia ser bastante difícil ver algo diferente do que tem pensado como
verdadeiro por muitos anos. Porém, por favor, lembre-se que o propósito
deste livro não é ofender, mas esclarecer.
Consequentemente, gostaria de estimular a todos os leitores aqui a
manter a mente e o coração abertos. Quando terminar a leitura, vocês
não são obrigados a concordar com o que está sendo dito. Contudo, nossa
oração é que Deus possa usar esta mensagem para revolucionar suas vidas
dando a vocês uma visão completamente nova do que Jesus pode fazer e
fará por nós e em nós.
MODIFICANDO A MENSAGEM
Uma das táticas do diabo tem sido substituir parcialmente ou manter
verdades incompletas na mensagem genuína do evangelho. Ele tem sido
astuto o bastante para não mudar tudo. De fato, ele não tem necessidade
de fazer assim. Em vez disso, ele diluiu o foco do evangelho, mantendo
apenas uma pequena parcela da verdade, de forma que ele não tenha mais
o mesmo poder de transformar radicalmente os crentes.
De muitas maneiras, Satanás tem conseguido alcançar seus objetivos –
talvez da forma mais perniciosa – nos desvios sutis ou diluições
contidas em muitas traduções da Bíblia. Como muitos cristãos acreditam
que estas traduções são “a Palavra de Deus”, as sutis alterações não
são percebidas ou questionadas.
Uma vez que estas traduções são aceitas como “verdade”, então o que
está escrito nelas influencia uma grande quantidade de indivíduos. Além
do mais, como muitas destas diluições foram introduzidas há séculos
atrás, muitas traduções modernas continuam propagando a mesma versão
enfraquecida da verdade, pelo fato que as traduções são influenciadas
por outras versões mais antigas.
Todas as traduções que temos hoje foram feitas por homens. Estes
homens, como todos nós somos, foram falíveis. Desta forma, é um erro
sério imaginar que qualquer tradução que temos em nossas mãos é
perfeita.
Embora estes indivíduos possam ter tido as melhores intenções quando
fizeram seus trabalhos, evitar a influência da opinião humana é
impossível. Uma tradução perfeita é impossível porque, quando
traduzindo o Novo Testamento, a pessoa descobre muitas palavras gregas
com muitas possíveis traduções no português. Em alguns casos, há mais
de vinte possíveis traduções para uma só palavra grega!
Assim, o tradutor deve escolher sua palavra a partir destas muitas
possibilidades. E, sem sombra de dúvida, ele (ou ela) escolherá
palavras que correspondam com seu entendimento do evangelho. Assim, ele
pode tornar pouco claro ou, em alguns casos, até mesmo ir contra outras
possíveis traduções.
De certa forma, a tradução de uma palavra dependerá do contexto no qual
é empregada. Mas isso também dependerá inteiramente do entendimento do
tradutor sobre o contexto.
Como exemplo de quantas maneiras uma palavra grega tem sido traduzida,
poderíamos escolher a simples palavra grega “EN” que, de acordo com
Thayer, significa: em, por, com, etc.
A Bíblia King James traduz esta palavra como:
“acerca,
após, contra, quase, totalmente, ao redor, como, no, antes, entre,
desta forma, por (causa de), dar-se totalmente para, aqui, para dentro,
interiormente, principalmente, por causa de, acima, sobre, abertamente,
exteriormente, um, rapidamente, em breve, de forma rápida, que, aí,
daí, através, por toda parte, até, para, por baixo, quando, onde, com o
qual, enquanto, com, dentro.” Uau, esta é uma grande variedade para uma pequena palavra!
Assim, é fácil perceber que é impossível uma tradução perfeita da
Bíblia ser feita. Como alguém poderia selecionar a “perfeita” tradução
cada vez que a palavra EN aparecer? Seres humanos, com suas próprias
ideias e predisposições a respeito da mensagem de Jesus, não conseguem
evitar que influenciem suas traduções.
Além disso, é muito importante para o tradutor de qualquer trabalho que
compreenda o que está sendo dito. Se ele não entende bem, sua tradução
pode não transmitir fielmente os pensamentos do autor.
Experimentei isso muitas vezes quando outras pessoas traduzem meus
livros para o português. Uma boa coisa é que eu leio em português,
pois, com muita frequência, ao revisar a tradução feita por várias
pessoas, percebo que o tradutor não entendeu o que estava sendo dito.
Então ele simplesmente escreveu o que pensou que eu pretendia dizer.
Muitas vezes, isso não transmite a verdadeira essência da sentença ou
passagem. Na realidade, em alguns casos, era exatamente o oposto do que
eu pretendia. Temo ao pensar em ter meus livros traduzidos para idiomas
que eu não falo. Como saberei se o que está sendo transmitido é o que
eu pretendia?
Por isso, é essencial para qualquer tradutor da Bíblia ter revelação. É
preciso que Deus tenha revelado Seus mistérios para que o tradutor
entenda profundamente a mensagem. Senão, ele colocará palavras no papel
que não vão transmitir o que Deus está tentando dizer, e fará a
mensagem de difícil compreensão, ou até mesmo dizer coisas
completamente erradas.
O conhecimento da língua grega não é suficiente. A revelação de Deus
não está baseada em fatos ou “conhecimento”. É necessário que o Senhor
abra as nossos olhos espirituais de forma que compreendamos realmente
Seus planos, Seus propósitos e Sua vontade. Do contrário, nossa
tradução será defeituosa.
Simplesmente juntar palavras corretas em sentenças que soam religiosas
não alcançará o objetivo. Embora as palavras possam estar corretas,
elas podem não transmitir, e provavelmente não farão, a intenção do
autor.
Consequentemente, não podemos e não devemos presumir que nossa tradução
atual não contenha nenhum desvio sutil inadvertidamente introduzido por
tradutores.
Portanto, como parte de nossa busca para chegar à verdade de Deus, será
necessário olharmos alguns versos bíblicos comuns, que poderiam ser
traduzidos de uma maneira mais clara. Examinaremos as traduções
possíveis de algumas palavras no grego, buscando a tradução mais clara
ou mais exata.
O EVANGELHO DO PERDÃO
Um exemplo de diluição do evangelho é o que chamarei de “o evangelho do
perdão”. Um grande número de cristãos pensa que o principal propósito
da vinda de Jesus a esta Terra foi para nos perdoar. Eles imaginam que
Ele morreu e ressuscitou para satisfazer o Pai de forma que Ele pudesse
nos perdoar. O entendimento deles em relação à obra de Jesus em nosso
favor é resumido na palavra “perdão”.
Contudo, é verdade que Jesus pode nos perdoar. Esta é uma parte genuína
do evangelho. De forma alguma este autor gostaria de menosprezar a
benção maravilhosa de ser perdoado por Deus. Mas esta é apenas uma
parte da mensagem de Jesus e, como vamos ver, este não foi o foco ou o
propósito principal do que Jesus veio fazer.
Quando o anjo do Senhor apareceu a José, falando com ele acerca do
plano de Deus para a criança no ventre de Maria, ele disse: “José,
filho de Davi, não tema de receber Maria como sua esposa, pois o que
nela foi gerado procede do Espírito Santo. Ela dará a luz um filho, e
você deverá dar-lhe o nome de JESUS, porque ele salvará o seu povo dos
seus pecados” (Mt 1:20,21 NVI).
Agora, se você pensar sobre isso, é uma mensagem diferente de “perdão”.
O anjo não disse que ele “perdoaria os pecados de seu povo”. Aqui
ouvimos que Jesus “salvaria” ou “libertaria” seu povo de seus próprios
pecados. “Perdoar” é uma coisa. “Salvar de” é outra.
A pessoa somente perdoada irá provavelmente continuar pecando e,
portanto, sempre precisará de mais perdão. A pessoa que foi liberta de
seus pecados experimentou algo muito mais profundo. Esta pessoa
efetivamente para de pecar!
O “evangelho do perdão “ parece presumir que os cristãos continuarão
pecando e pecando, e Jesus continuará perdoando até o dia que ele
voltará, colocando um fim neste círculo vicioso. Naquele dia,
acredita-se, Jesus nos transformará num piscar de olhos e finalmente
dará um fim aos nossos pecados.
As boas novas de salvação, por outro lado, é que Jesus pode (e
realmente vai) nos libertar de quem e do que nós somos. Isto pode
acontecer exatamente agora, hoje! Através de segui-Lo, podemos estar
sendo transformados em pessoas diferentes – pessoas que não pecam mais.
Estas boas novas incluem a ideia de “santificação” – que significa “se
tornar santo”.
O conceito que o “evangelho do perdão” é a principal verdade da
mensagem bíblica é reforçado pela tradução de vários versículos no Novo
Testamento.
Por exemplo, em Mateus 26:28 nós lemos na versão Almeida Revista e
Atualizada: “...porque isto é o meu sangue, o sangue da [nova] aliança,
derramado em favor de muitos, para remissão de pecados”. Muitas versões
também falam algo similar. Como poderíamos compreender esta palavra
“remissão”? Na margem da minha Bíblia na versão Nova King James se lê:
“perdão”.
Esta sentença foi pronunciada no auge do ministério de Jesus. Ele
estava junto de seus doze discípulos comendo o que se chama de “a
última ceia”. Este, com certeza, foi um evento chave em Sua vida, pouco
tempo antes de Sua crucificação. Através desta tradução, nos é deixada
a impressão que o propósito principal de Jesus foi nos dar o perdão.
Mas a palavra grega traduzida aqui como “remissão” é APHESIS, cujo
significado é “liberar”, “libertação” ou “soltar da prisão”. Somente
por analogia poderia significar “perdão”.
Certamente, pode-se argumentar que “remissão” é uma possível e correta
tradução. Mas ela transmite fielmente o coração de Deus? O principal
propósito do que Jesus veio fazer é mesmo o perdão? Ou nós deveríamos
entender que ele veio para nos resgatar, soltar da prisão e nos
libertar do pecado?
Parece que não há dúvida de que a missão de Jesus foi realizar uma
libertação completa do pecado. À medida que progredimos neste texto,
creio que você também compreenderá esta verdade.
Desta forma, vemos que a palavra escolhida na tradução deste verso tem
um impacto muito forte em como compreenderemos o que está sendo dito.
Esta mesma palavra grega é repetida em Lucas 24:47, onde lemos: “...e
que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a
todas as nações, começando de Jerusalém” (VARA).
E mais uma vez, o momento quando isto foi proferido por nosso Senhor –
apenas alguns minutos antes de Sua ascensão aos céus – faz desta
afirmação uma das mais importantes de todas que Jesus pronunciou.
Consequentemente, seguindo a tradução comum deste verso, muitos têm
pregado energicamente o evangelho do perdão. Eles supõem que, como esta
foi a última comunicação de Jesus a nós aqui na terra, esta deve ser a
principal verdade de Sua mensagem. Mas estas são realmente as boas
novas que Jesus veio trazer? Esta é a mensagem que, como supomos, deve
ser pregada?
Vamos imaginar, por um momento, um prisioneiro condenado a um longo
tempo na cadeia. Então supomos que, um dia, alguém vem a ele e diz:
“Olha, você está perdoado”, mas não abre a cela onde ele está confinado
e o deixa lá.
Estou certo que o prisioneiro fica feliz por ser perdoado, mas estou
muito mais seguro que ele ia preferir que alguém abrisse a porta e o
deixasse sair! Ele desejaria ser liberto, e não apenas perdoado.
Precisamos ser livres dos nossos pecados, e não apenas perdoados por
tê-los feito. Qualquer “salvação” que não inclua nos resgatar daquilo
que somos e do que fazemos é incompleta. Tal mensagem se mostra
drasticamente impotente em resolver nossa maior necessidade.
Mais uma vez, neste verso encontramos a mesma palavra grega – APHESIS –
cujo significado é “libertar”, “resgatar” e “soltar da cadeia”. Pela
tradução em “remissão” ou “perdão”, a mensagem se torna alterada e
enfraquecida.
Também no capítulo 5 do livro de Atos, verso 31, muitas de nossas
traduções reforçam para nós a ideia do evangelho do perdão. Lemos
acerca do discurso de Pedro: “Deus, porém, com a sua destra, o exaltou
a Príncipe e Salvador, a fim de conceder a Israel o arrependimento e a
remissão de pecados” (VARA). Aqui, mais uma vez, encontramos a mesma
palavra grega que poderia ser melhor traduzida como “libertação” ou
“resgate” dos pecados.
Você percebe como o entendimento do tradutor aqui colore a mensagem?
Você pode ver como o evangelho pode ser sutilmente diluído, deixando
fora a ideia que nós podemos realmente ser livres do pecado?
E outra vez, talvez, gramaticalmente falando, “remissão” ou “perdão”
poderiam ser considerados como uma tradução correta, mas estaria
transmitindo fielmente o que o Autor estava dizendo? Refletiria a
revelação verdadeira? Expressaria corretamente o que está no coração do
Pai? Esta é a mensagem poderosa, transformadora de vida, que Jesus veio
trazer? Penso que não.
Uma coisa que reforça o entendimento do “evangelho do perdão” é a noção
muito comum que uma vez que recebemos Jesus, todos os nossos pecados
são perdoados – os do passado, os do presente e mesmo aqueles do
futuro. Esta ideia parece ser quase universalmente aceita na igreja
atual. No entanto, isso não é verdade.
Certamente Jesus pode perdoar todo e qualquer pecado, mas o ensinamento que Ele já o fez carece de um exame cuidadoso.
Por exemplo, Jesus nos ensinou: “Mas se você não perdoar aos homens as
suas ofensas {pecados}, também o Pai não perdoará suas ofensas
{pecados}” (Mt 6:15 VARA). Como poderia ser possível que nosso Pai não
nos perdoaria se Jesus já nos perdoou? Isto não é lógico.
Jesus também disse aos discípulos: “...se, porém, não perdoardes aos
homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas
ofensas” (Mk 11:26 VARA). Como é possível que o pecado de alguém fosse
retido, se ele já tivesse sido perdoado por Jesus? Obviamente, isso não
pode ser verdade.
A tradução popular de um verso em Colossenses é comumente usada para
justificar esta doutrina de “tudo já foi perdoado”. Na versão Almeida
Revista e Atualizada, por exemplo, se lê: “E a vós outros, que estáveis
mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne,
vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos” (Cl
2:13).
Mas no texto grego a palavra “perdão” não aparece. Embora o perdão
possa estar implícito, isto não é afirmado. Em vez disso, a palavra
grega usada aqui primariamente quer dizer “conceder como um favor”, ou
“ser gracioso”. Pode também significar “resgatar”. Então, este verso
poderia ser traduzido “...graciosamente nos resgatou por completo de
nossos pecados”.
Você vê como este tipo de tradução é diferente? Você consegue
compreender como esta mensagem é completamente diferente? Como
mencionamos antes, ser resgatado do pecado é muito mais poderoso e
completo que simplesmente ter os pecados perdoados.
Nos últimos séculos da igreja cristã, parece ter havido uma forte
ênfase no perdão baseado no “sangue de Jesus”. Muitos hinos famosos
foram escritos e muitas mensagens pregadas sobre este tema. Atualmente,
muitos cristãos se alegram com a graça de Deus e o perdão de Jesus.
Certamente isto não está errado. É óbvio que todos nós necessitamos
desesperadamente sermos perdoados. Sem a graça e o perdão
misericordioso de Deus estaríamos sem esperança alguma.
O SANGUE DE JESUS
É claro que o perdão é parte da mensagem do evangelho. É uma
experiência essencial para cada crente. Por exemplo, lemos em 1 Jo
2:12, “Filhinhos, eu vos escrevo, porque os vossos pecados são
perdoados, por causa do seu nome”. E também Tg 5:15 afirma, “E a oração
da fé salvará o enfermo , e o Senhor o levantará; e, se houver cometido
pecados, ser-lhe-ão perdoados”.
No entanto, a palavra grega para “perdão” usada nestes versos e no
restante do Novo Testamento não é APHESIS, que, como vimos, significa
“liberar”. Em vez disso, é APHIEMI, que significa “descarregar”,
“deixar ir”, ou “ignorar”. Esta é uma palavra completamente diferente.
É a palavra grega que aparece frequentemente nos quatro evangelhos,
onde Jesus usa em Seus ensinamentos sobre o perdão.
Mas quando falamos sobre o sangue de Jesus, a mensagem central é
realmente o perdão? Devemos acreditar que este é o propósito principal
pelo qual Jesus morreu? Ou existe ainda uma verdade revelada mais
importante que deveria ser nosso foco?
A ênfase no “perdão” parece ser sustentada por alguns versos como
Efésios 1:7, onde lemos: “...no qual temos a redenção, pelo seu sangue,
a remissão dos pecados...” (VARA), e Colossenses 1:14 onde fomos
ensinados que “...no qual temos a redenção, a remissão dos pecados”
(VARA).
Mas novamente aqui a palavra grega traduzida “perdão” é APHESIS, que
literalmente significa: “libertação” ou “soltar da cadeia ou prisão”.
Só por analogia poderia significar “perdão”. Isso dá a estes dois
versículos um significado totalmente diferente. Agora vamos rever estes
dois versos que lemos recentemente.
Com uma nova tradução, surge uma realidade completamente diferente.
Lemos: “É nele que temos a libertação pelo pagamento do resgate através
de seu sangue, e também a soltura da cadeia de nossos pecados, de
acordo com a liberalidade de sua graça...” (Ef 1:7). E, “É nele que
temos nossa soltura por pagamento de resgate – a libertação dos nossos
pecados – através do derramamento de seu sangue” (Cl 1:14).
Então vemos que estes dois importantes versos também não falam
especificamente do perdão. Eles também não estão se referindo a ser
perdoado dos pecados, mas a ser libertos das correntes do pecado que
tanto nos escraviza. É uma liberação que todos nós, desesperadamente,
necessitamos experimentar.
Estranhamente, Deus perdoou pessoas no tempo do Velho Testamento. Jesus
também perdoou diferentes pecados antes de sua morte na cruz (Mt 9:2;
Lc 7:48). Embora seja possível que estes episódios de perdão fossem
baseados na expectativa da morte de Jesus, isto não foi claramente
afirmado.
Por outro lado, é significativo que ninguém jamais foi salvo de seus
pecados e transformado à imagem de Cristo antes da morte e ressurreição
de Jesus! Ninguém jamais foi liberto do pecado antes que Jesus fosse
crucificado.
Embora o perdão pareça ter sido concedido antes da cruz, a libertação
do pecado não foi. Isto, portanto, reforça o pensamento que este
trabalho poderoso e libertador foi o propósito central da obra de Jesus
na cruz. Nossa libertação do pecado, então, destaca-se como a principal
razão pela qual Jesus morreu.
LIBERTOS POR RESGATE
Você notou a frase “pagamento de resgate” nos versos anteriores?
Muitas, se não a maioria das versões, traduz isto como “redimido”. É
uma palavra que soa como boa e religiosa, mas o que a palavra grega
significa de fato?
Nos dias de Jesus, pessoas mais importantes, ricas ou influentes quando
capturadas em guerras etc. podiam ser mantidas prisioneiras ao invés de
se tornarem escravas, desde que elas ou seus familiares tivessem
dinheiro para pagar o resgate. Elas ficavam prisioneiras até o preço do
resgate ser pago.
O resgate não era pago para perdoar estas pessoas. Isto é muito
significativo. O perdão não tinha importância alguma para elas! O
resgate era pago para libertá-las das cadeias do cativeiro ou
escravidão. A palavra grega usada nestes versos é APOLUTROSIS, cujo
significado literal é: “o ato de resgatar”, ou “pagar um resgate
integral”.
Embora resgatar pessoas capturadas em guerra não seja comum atualmente,
em muitos países a necessidade de pagamento de resgate ainda existe.
Isto é necessário no caso de pessoas que foram sequestradas. A pessoa
sequestrada é, muitas vezes, guardada em uma prisão secreta, geralmente
em condições horríveis, até que alguém pague seu resgate.
Embora a palavra “redimir” tenha um significado similar, seu uso
principal está no círculo religioso ou comercial e não mais transmite a
gravidade desta ação. Quando jovem, minha familiaridade com a palavra
“redimir” era no comércio, com um cupom na mercearia para conseguir um
pequeno desconto em algum produto ou outro.
Nunca tinha ouvido ser usada no contexto sério e verdadeiro que se
encaixa nas Escrituras. Jesus não pagou o resgate para meramente nos
perdoar. Ele pagou o mais alto preço para nos libertar da prisão na
qual estávamos.
Então, de qual prisão podemos ser libertos, considerando que a maioria
de nós não está numa prisão física? É nossa escravidão ao pecado. É
nossa inevitável tendência a pecar, fazendo coisas que são contra a
natureza de Deus. É algo pelo qual não conseguimos nos libertar
sozinhos. Fora de Jesus, não existe chance para libertação.
É também uma escravidão aos caprichos e influências de espíritos
malignos, especialmente Satanás e suas hostes de principados e
potestades que estão cruelmente governando esta Terra. Estas são as
cadeias pelas quais Jesus morreu para nos resgatar. Ele não sacrificou
a Si mesmo meramente para nos perdoar. Nossa necessidade era muito,
muito maior que isso.
Jesus pagou o mais alto e possível preço para efetuar este resgate. Ele
deu Sua própria vida. Ele não apenas morreu, mas morreu na forma mais
macabra, sendo torturado e crucificado. Este preço impressionante e
terrível foi necessário para nos libertar.
Então, mais uma vez, a decisão do tradutor em relação a qual palavra
usar e como traduzir estes versos tem um efeito profundo no significado
que será transmitido. A forma que o tradutor tem compreendido a
mensagem do evangelho tem conduzido sua escolha de palavras.
Consequentemente, a mensagem que recebemos através de nossas traduções
modernas enfatiza o perdão e parece minimizar a ideia de libertação.
Mas agora estamos vendo que existe uma mensagem do evangelho mais
profunda e mais poderosa “escondida” nas Escrituras. São “boas novas”
muito melhores que as novas sobre o perdão de Deus! Embora de forma
alguma gostaríamos de diminuir o valor do perdão de Jesus por aquilo
que fazemos e temos feito, este jamais seria um substituto para Sua
obra mais surpreendente em nos resgatar daquilo que somos.
É disso que realmente precisamos ser salvos! Precisamos ser resgatados,
não apenas do que fizemos de errado, mas principalmente daquilo que
somos e que produz este comportamento pecaminoso. Embora nós,
certamente, precisemos de perdão para nossos pecados, temos uma
necessidade muito maior de sermos libertos de nosso pecado! Esta
distinção é extremamente importante.
“TUDO ESTÁ PERDOADO?”
Como você vê, um dos maiores problemas com a mensagem de “tudo já foi
perdoado” é que, mesmo sem querer dizer isso, conduz as pessoas ao
pecado. Mesmo que (assim espero) ninguém abertamente ensine isso, é uma
conclusão lógica.
As pessoas podem e realmente raciocinam da seguinte maneira: Se Deus já
perdoou todos os meus pecados, então não tem muito problema se eu pecar
de vez em quando. Como é muito difícil, se não “impossível” evitar o
pecado, e como o pecado muitas vezes nos parece tão atrativo e até
mesmo prazeroso, que mal existe num “pequeno” pecado ou num pecado
“ocasional”? Que diferença faria se uma pessoa pecasse mais ou menos,
se ela já foi “completamente perdoada”?
Se não esperamos ser aperfeiçoados – que é realmente a libertação do
pecado – e muitos outros parecem estar pecando com impunidade, por que
um pecado a mais faria alguma diferença? É fácil notar que o pensamento
de que Deus já nos perdoou de tudo e qualquer coisa, produz uma atitude
menos séria em relação ao pecado.
Embora certamente muitos concordem que não deveriam pecar, muitos
também parecem concordar que isso não faz muita diferença para Deus ou
até mesmo que viver sem pecar é impossível.
A triste condição da igreja atual testifica a prevalência deste tipo de
“evangelho do perdão”. É o resultado de uma mensagem que tem sido
diluída e, portanto, roubada de seu poder. Esta situação lamentável
parece ser, pelo menos em parte, produto de uma tradução inadequada das
Escrituras.
Por centenas de anos os crentes têm se alegrado com o perdão, mas não
experimentaram uma libertação completa. Gerações de cristãos estão
sendo perdoadas mas têm permanecido em cadeias da sua natureza
pecaminosa. Muitas vezes, a expectativa deles não é de que serão
aperfeiçoados ainda nesta vida. Para eles, é uma esperança futura de
algo que acontecerá após morrerem ou serem arrebatados.
Então, se a completa
libertação do pecado é a mensagem do evangelho, como isso acontece? Por
que tão poucas pessoas se beneficiam deste poder celestial? Se a
liberdade do pecado é a principal razão que Jesus morreu por nós, como
isso parece tão difícil e tão raro?
Esta discussão será um pouco complexa pois muitos têm conceitos
enraizados de longas datas. Muitos, embora tenham se tornado cristãos,
nunca compreenderam corretamente a verdade do evangelho. Mais uma vez,
alguns aspectos importantes da mensagem de Deus foram obscurecidos e
mantidos encobertos para nós.
Consequentemente, precisamos de um tempo maior para expor algumas das
sutis diluições que o diabo conseguiu implantar para obscurecer a
mensagem de Deus. Então, por favor, seja paciente à medida que você
prossegue comigo nas discussões seguintes. Aqui novamente, o melhor
entendimento para as boas novas foi escondido de nós por traduções
obscuras.
A verdade é que a libertação do pecado que Deus proporcionou para nós é
realizada pela introdução de Sua própria vida em nós. Contudo, este
fato maravilhoso não está perfeitamente claro em nossas traduções
modernas. Desta forma, vamos agora dedicar algum tempo em explorarmos
esta importante verdade juntos.
Em João 3:3 encontramos ainda outro verso que poderia ter se tornado
muito mais claro onde lemos: “Jesus respondeu e disse a ele: Em
verdade, em verdade eu te digo, ao menos que alguém nasça do alto, não
é capaz de perceber o reino de Deus”. E também em João 3:7 Jesus disse:
“Não se surpreenda por eu dizer que você deve nascer do alto”.
Agora, muitas traduções usam as palavras “nascer de novo” em vez de
“nascer do alto”. Isto à despeito do fato que a palavra grega ANOTHEN
indica claramente “do alto” ou “de cima”. Somente por analogia poderia
significar “mais uma vez” ou “de novo”. Estas traduções tornam estes
versículos muito menos claros. Talvez esta seja uma outra maneira pela
qual o inimigo de Deus tem conseguindo obscurecer a verdade de nós.
O fato é que ninguém pode experimentar nascer uma segunda vez. Como
Jesus explicou a Nicodemus, Ele não estava falando de entrar novamente
no útero da mãe e nascer de novo. Suas palavras “nascer do alto”
queriam dizer algo completamente diferente. Ele estava dizendo que uma
vida “do alto” poderia nascer dentro de nós.
O que é, então, esta vida de cima? É a vida de Deus, o Pai. É a vida do
próprio Deus que pode nascer dentro de nós através do Espírito Santo.
Isto não significa que nós vamos nascer uma outra vez, mas algo inteiramente novo nascendo dentro de nós.
Embora temos nossa participação neste nascimento, não é a nossa própria
vida tendo um novo nascimento, mas a vida de alguém diferente – a vida
do próprio Deus – nascendo dentro de nós.
Este nascimento é algo similar ao nascimento natural da seguinte forma:
assim como o óvulo e espermatozoide humanos se unem para formar uma
nova vida, o Espírito Santo se une com nosso espírito humano para
formar esta nova vida espiritual dentro de nós.
Jesus explicou, “...o que nasceu naturalmente é o corpo físico, e o que
nasceu do Espírito é nosso espírito humano” (Jo 3:6 VDP). E também
lemos: “E aquele que é ligado ao Senhor é um espírito com o Senhor” (1
Co 6:17 VDP).
Isto é o que Jesus quis dizer quando usou a frase “nascer do alto”.
Deus é o Único “de cima”. Quando, através de Seu Espírito que desceu
Dele, Ele gera Sua própria vida em nós, somos “regenerados”, o que
alguns chamam de “nascer de novo”.
Pedro tornou isso muito claro quando disse: “Você foi regenerado não
pela filiação perecível mas pela filiação imortal, pela palavra viva de
Deus que existe eternamente” (1 Pe 1:23 VDP).
E mais claro ainda nós lemos: “Estes não são aqueles que nasceram
através das linhagens de sangue, ou através da escolha da carne, ou
pela decisão dos homens, mas os quais nasceram realmente de Deus” (Jo
1:13 VDP). Quando nós somos “nascidos do alto” por ter a própria vida
de Deus gerada dentro de nós, nos tornamos filhos e filhas do próprio
Deus.
(Outra vez, este autor não está afirmando que aqueles que traduziram
estas palavras como “nascido de novo” estavam gramaticalmente
incorretos. E também não está acusando nenhum tradutor de motivações
erradas ou de deliberadamente fazer algo para confundir os leitores.
Sem dúvida, eles apresentaram estes versos da melhor forma que foram
capazes. Contudo, permanece o fato que as palavras “do alto” mostram um
cenário muito mais claro e fiel do grego para a origem desta vida santa
que a expressão “de novo” faz).
A PRÓPRIA VIDA DE DEUS
O fato que nós podemos receber a própria vida de Deus deveria estar
completamente claro nas Escrituras. Sim, mais uma vez nossas traduções
do Novo Testamento não tem nos servido bem aqui. Em vez disso, elas têm
obscurecido esta verdade, deixando-nos em pobreza espiritual. Como você
vê, na língua grega, existem três palavras diferentes que são
traduzidas como uma só palavra em português, “vida”. Elas são “BIOS”,
“PSUCHÊ”, e “ZOÊ”.
Embora elas tenham significados distintamente diferentes, são quase
sempre traduzidas para nós como uma única palavra em inglês ou
português: “vida”. Mesmo que esta possa ser uma tradução “correta”,
falha miseravelmente em transmitir os pensamentos de Deus dados a nós
na língua grega.
Por exemplo, a palavra “BIOS” – de onde tiramos nossa palavra
“biologia” – refere-se a nossa vida natural, neste mundo físico.
Relaciona-se à duração de nossa vida, à forma pela qual mantemos nossa
vida física, e a conduta moral de nossa vida natural.
A palavra “PSUCHÊ” está relacionada com nossa vida psicológica: nossos
sentimentos, pensamentos e ao nosso processo de tomada de decisões.
Esta palavra é muitas vezes traduzida como “alma” na Bíblia. Talvez se
fosse usada as palavras “vida da alma” tivesse sido uma forma mais
clara e melhor de traduzir esta palavra. Como você pode perceber, isto
é algo completamente distinto de nossa vida física e biológica.
Agora a palavra “ZOÊ” tem um significado extremamente importante. De
acordo com W. E. Vine, em seu Dicionário Expositório de Palavras do
Novo Testamento, ela significa: “...a vida como Deus a tem, que o Pai
tem em Si mesmo, e a qual Ele deu ao Filho Encarnado para ter em Si
mesmo.”
Esta palavra ZOÊ é usada através do Novo Testamento para se referir a
vida do Próprio Deus. Seria muito melhor se ZOÊ fosse traduzida como a
“vida do Pai”, ou “vida de Deus” de forma que os leitores pudessem
compreender a mensagem de Deus.
Sem entender isso corretamente, não apenas perderemos esta importante
revelação, mas podemos ser conduzidos a erros sérios. De fato, a igreja
de nossos dias está completamente cheia de sérios erros, muitos dos
quais são resultado da falha de entender corretamente esta palavra
grega. É uma situação muito lamentável.
Satanás tem sido bem sucedido em obscurecer esta maravilhosa verdade e
conduzir muitos a equívocos e pecado através de traduções inadequadas.
Por exemplo, quando lemos Jesus dizendo em João 10:10 que: “Eu vim para
que eles possam ter vida, e que possam ter vida mais abundantemente”
(NKJV), que tipo de vida Ele está querendo dizer?
Se a palavra for “BIOS”, poderíamos assumir que Jesus veio nos
prosperar fisicamente e materialmente com saúde e toda sorte de
riquezas.
Se a palavra for “PSUCHÊ”, poderíamos saber que Jesus veio para nos
fazer felizes e bem ajustados emocionalmente e fortalecidos contra
todos os nossos problemas.
Mas em vez disso, a palavra é “ZOÊ”. Jesus veio para nos dar a
verdadeira vida de Deus e nos dar esta vida abundantemente! Aleluia!
Que maravilhosa dádiva!
Isto, então, é o que Jesus veio nos dar: a vida do próprio Deus. Isto
é, de fato, boas novas! Podemos receber dentro de nosso ser a própria
vida de Deus! Podemos nos tornar Seus filhos através de termos Sua vida
sendo gerada dentro de nós. Você pode ver que diferença essa tradução
faz? Esta ZOÊ é muito diferente de BIOS ou PSUCHÊ.
Essa tradução mais clara da palavra grega é de máxima importância!
Muitos cristãos que verdadeiramente “nasceram do alto” não têm a mínima
ideia do que, de fato, aconteceu com eles ou do que eles têm dentro de
si. Eles receberam a vida sobrenatural de Deus mas não têm muita
clareza sobre o que isto realmente significa. No entanto, esta é uma
parte crucial da mensagem do evangelho.
Como você pode ver, dependendo da tradução desta palavra, nós
poderíamos ter diferentes mensagens do “evangelho”. E é exatamente o
que tem acontecido! O diabo tem conseguido encher a igreja atual com
muitas aberrações, erros, e “evangelhos” absurdos, os quais conduziram
muitos cristãos para longe da verdade, além de induzi-los ao pecado e
às trevas.
Considero que esta falha em traduzir a palavra “vida” adequadamente tem
sido um dos maiores impedimentos, se não o maior, ao progresso da
igreja cristã. Isto tem imensuravelmente atrapalhado os crentes a
compreenderem a verdade de Deus e, desta forma, obterem tudo o que
Jesus conquistou para eles.
Isso tem deixado os crentes confusos e sem nenhum tipo de entendimento
claro acerca do evangelho. Este fato tem deixado os crentes correndo
atrás de muitas outras interpretações da mensagem de boas novas, as
quais não são de fato a verdade e que têm causado um dano sem medida a
estes.
Um dos “evangelhos” mais destrutivos dentre estes é o evangelho da
prosperidade. Esta mensagem insiste que Jesus quer fazer crescer nossa
vida financeira. Aqueles pregadores estão falhando em ver que BIOS não
é o que Jesus veio trazer.
Devido a tradução inadequada que resulta num entendimento errado do que
Jesus veio nos dar, muitos crentes estão buscando as coisas deste
mundo, as quais são parte do reino das trevas.
Esta falha dos tradutores em distinguir entre estas palavras gregas,
com significados totalmente diferentes, me parece ser uma deficiência
mais grave, resultando em muita escuridão espiritual. Parece como se os
tradutores não entendessem para eles mesmos a mensagem da vida de Deus,
e então pensam que não seria necessário mostrar para nós leitores que
estas eram palavras gregas diferentes com traduções completamente
distintas. Esta omissão tem deixado muitas gerações de cristãos nas
trevas sobre esta profunda verdade.
Um exemplo de como uma tradução mais clara é importante, Jesus nos
disse que deveríamos “perder nossa vida” para ganhar vida. Mas como
faria sentido se não distinguirmos entre estas palavras traduzidas como
“vida”? Lemos em Mateus 16:25: “ Todo aquele que deseja salvar a sua
vida vai perde-la, mas todo aquele que perder sua vida por minha causa
irá encontra-la” (NKJV).
Mas é ilógico perder vida para ganhar vida. Pareceria muito melhor nos
apegarmos à vida que já temos e apenas somarmos a ela o que
conseguíssemos mais. Por que iríamos querer perder nossa vida? Isto é
muito confuso.
Mas só é confuso até percebermos que devemos perder nossa própria vida
da alma (PSUCHÊ) para ganhar a vida de Deus (ZOÊ) (Jo 12:25). Como você
vê, a tradução faz toda a diferença. Isto realmente faz sentido.
O que vem a seguir parece ser uma afirmação ousada, mas é completamente
verdadeira. Sem o entendimento que a vida que Jesus veio nos trazer é a
vida do próprio Deus, fica impossível compreender claramente o
evangelho.
Esta única verdade é a chave para entendermos o propósito e plano de
Deus para nós. Sem esta chave, muitas, muitas coisas nas Escrituras
ensinadas a nós permanecem obscuras e de difícil compreensão. Esta é
uma verdade absolutamente crucial que nós devemos compreender.
Todavia, em minha experiência conversando com milhares de crentes num
período de mais de quarenta anos, descobri que quase nenhum deles sabe
o que a vida eterna significa. Isto é realmente triste. O resultado tem
sido uma pobreza espiritual largamente difundida no meio do povo de
Deus.
Devido a uma tradução do Novo Testamento que não é clara, muito, muito
poucos cristãos têm alguma ideia que a vida que Jesus veio nos dar é a
vida de Deus Pai. Contudo, esta é uma verdade central e fundamental da
mensagem do evangelho. Esta é a coisa mais essencial e valorosa que
poderíamos possivelmente possuir.
No entanto, a maioria imagina que a vida eterna é sua própria vida que
vai durar para sempre. Outros parecem pensar que o evangelho tem a ver
com o seu destino, ou seja, onde vão passar a eternidade. Ainda outros
imaginam que “retornarão ao éden” e se tornarão novamente como Adão e
Eva. Virtualmente nenhum destes entendeu que eles têm recebido a vida
de um Ser Superior, a verdadeira vida do próprio Deus.
A igreja tem trabalhada sob escuridão, tentando fazer a obra de Deus
sem um claro entendimento de vida eterna; o que resulta num empenho e
esforço em vão. Isto é, sinceramente, lamentável.
Sendo assim, ao longo de gerações de tradutores os quais eles mesmos
parecem ter falhado em entender ou claramente traduzir a mensagem, o
diabo vem conseguindo empobrecer a igreja e roubar dos crentes esta
percepção crucial do que é a verdadeira “vida transformadora”.
VIDA ETERNA
Agora, esta vida que recebemos de Deus tem algumas características
muito interessantes, que são importantes para entendermos.
Primeiramente, notamos que esta vida é eterna. Nunca começou e nunca
terminará. Nunca nasceu e não pode morrer. Além disso, até que Jesus
morreu e ressuscitou dos mortos, Deus era o único ser no Universo a
possuir esta classe de vida “eterna”.
1 Timóteo 6:15,16 nos ensina que Deus é [ou era] o único ser imortal.
Lemos que Ele é: “...bendito e único Soberano, Rei dos reis e Senhor
dos senhores, o único que tem a imortalidade...”
Contudo, parece que Deus não achou por bem manter esta vida imortal
para Si mesmo. Ele a está oferecendo ao ser humano através da pregação
das boas novas. Lemos sobre isso em 2 Timóteo 1:10: “...nosso Salvador
e Ungido, Jesus, o qual tornou a morte sem efeito e trouxe a vida
eterna de Deus e a imortalidade à luz através do evangelho”.
A “vida eterna” não é nossa vida durando para sempre. Pensar assim é um
equívoco. Mesmo se for possível para nossa vida natural, humana (PSUCHÊ
no grego) durar para sempre, não seria “eterna” no sentido do Novo
Testamento porque essa vida iniciou em algum momento no tempo.
Contudo, a vida de Deus é diferente desta. Sua vida nunca começou. Não
apenas que nunca terminará, mas que ela sempre existiu. Isto é o que a
Bíblia quer dizer quando usa a palavra “eterna”. Nós lemos em Sl 90:2
“...de eternidade a eternidade, tu és Deus” (HCSB).
A boa nova é que Deus está oferecendo Sua própria vida eterna ao homem.
Nós podemos ter a própria vida de Deus nascendo dentro de nós. Sua vida
pode nascer em nosso espírito através da ação do Espírito Santo. Isto é
o que significa “nascer do alto” (Jo 3:3).
SENDO SALVOS PELA VIDA DE DEUS
E agora mais boas novas. É esta vida santa que está nos salvando do que
nós somos. Permita-me repetir isto, por favor: É a vida de Deus dentro
de nós que é o Seu instrumento para nos libertar de nós mesmos e do
pecado. Esta verdade maravilhosa nos foi mostrada no seguinte
versículo: “Pois quando éramos inimigos fomos reconciliados com Deus
mediante a morte de seu Filho, muito mais agora, tendo sido
reconciliados, nós seremos salvos por sua vida (ZOÊ)...” (Rm 5:10).
Aqui descobrimos o agente através do qual seremos salvos e libertos. O
“agente” que fará isso por nós e em nós é a vida de Deus. É essa vida
que nos salvará e nos libertará do pecado!
Como você vê, existe uma característica maravilhosa da vida de Deus a
qual devemos estar cientes: ela é extremamente santa. Deus nunca peca;
portanto, Sua vida é sem pecado.
Isso é a verdade não porque Ele está tentando não pecar. Não é porque
Ele está tentando resistir às tentações. É por causa de quem Ele é. Sua
natureza é exata oposição ao pecado. Não apenas que Deus nunca peca,
mas que Ele não pode nem mesmo ser tentado pelo pecado (Tg 1:13). Esta
é uma verdade muito preciosa.
Mas como isto nos ajuda? Veja, toda a pureza, santidade, justiça,
bondade, paciência, amor, etc., os quais descrevem a natureza de Deus,
estão contidos em Sua vida. E além disso, é essa vida santa que pode
nascer dentro de nós.
Então, o plano de Deus é que Sua vida cresça dentro de nós e encha-nos
de tal forma a expressarmos Sua natureza santa. Esta é a forma que
podemos ser salvos de nosso pecado – sendo cheios com a vida de um Deus
Santo!
Esta verdade maravilhosa merece ser repetida. O plano de Deus de nos
libertar do pecado é para encher-nos Dele mesmo. Ele é um ser sem
pecado. Sua vida nunca peca.
Portanto, quando estamos cheios de Sua vida, e somos dirigidos por ela,
nós também não pecamos. Desta forma, estamos livres de nosso pecado.
Ser liberto do pecado não é por ter nossa velha vida mudada para ficar
melhor. Em vez disso, é por estar cheios de forma transbordante com uma
vida completamente nova e ausente de pecado – a vida do próprio Deus.
E ainda mais um verso do Novo Testamento que trata deste assunto, mas
que foi pobremente traduzido, é encontrado em 1 João 3:9, onde lemos:
“Todo aquele que é nascido de Deus não peca, pois sua semente permanece
nele; e ele não pode pecar, pois nasceu de Deus” (NKJV).
Que verso difícil de entender! Parece que após ler este verso
literalmente, seria como se ninguém jamais “nasceu de Deus”, exceto
Jesus, pois somente Ele nunca pecou. Todos nós cristãos pecamos, então,
logicamente, nós não “nascemos de Deus”. Esta tradução deixa a situação
bastante confusa.
Mas existe uma tradução melhor. Nós lemos: “Aquilo que é gerado de Deus
[isto é, o novo homem espiritual] não peca porque sua semente [o
sobrenatural de Deus] veio viver nele. De fato, ele [o novo homem
espiritual] não pode pecar pois é algo que é gerado por Deus [o qual é
perfeitamente direito]”.
Veja só, “aquilo que é gerado de Deus” não peca e, de fato, não pode pecar, pois tem a vida e natureza do próprio Deus.
Consequentemente, nossa grande necessidade é de estar cheios com a vida
de Deus. Ele é nossa salvação e libertação. Ele é aquele que está
salvando Seu povo do pecado. Ele está fazendo isso por introduzir Sua
própria vida sem pecado dentro deles, enchendo-os com Sua vida santa, e
desta forma vivendo Sua vida através deles. Que salvação maravilhosa!
ENTÃO POR QUE AINDA PECAMOS?
Desde que nós crentes tivemos uma vida sem pecados que nasceu dentro de
nós, por que então nós ainda pecamos? Por que acontece que muitos
cristãos ainda são dominados pelo pecado? Onde está a salvação gloriosa
que nos foi prometida?
Deveria estar claro para nós que cada variedade de vida expressa sua
própria natureza. A natureza de nossa vida velha, Adâmica, é pecar. A
natureza da vida de Deus é expressar justiça. Contudo, aqueles que têm
sido “nascidos de Deus” têm dentro de si duas “vidas”. Eles têm a vida
da alma humana (PSUCHÊ) que peca. Eles também têm a vida divina (ZOÊ)
que nunca peca.
O problema é que a velha vida é, muitas vezes, mais madura e
desenvolvida que a nova vida. Então, ela é muito “mais forte” que a
nova vida. Desta forma, a vida velha e natural domina e predomina.
Embora eles tenham sido “nascidos do alto”, estes cristãos nem sempre
expressam a natureza desta vida nova que está dentro deles.
Vejam bem, esta vida nova nasceu em nós como qualquer outra vida nasce:
de forma infantil. Ela começa ainda imatura. Nenhuma vida, nunca,
nasceu madura. Então, o fato de termos “nascidos do alto” não significa
que nós automaticamente expressaremos a natureza de nosso Pai em todo o
tempo.
Embora todos os cristãos verdadeiros realmente expressem a natureza do
Pai algumas vezes, também é verdade que a própria natureza humana
deles, muitas vezes, encontra espaço para se expressar. Com muita
frequência, é a vida velha que domina nosso viver.
Uma parte da solução dessa situação é que esta nova vida divina deve
crescer. Ela deve amadurecer. Ela deve ir além de ser uma criança
dentro de nós e crescer a ponto de nos encher completamente. Lemos que:
“...nós devemos crescer em todas as coisas naquele que é o cabeça, o
Ungido” (Ef 4:15 VDP).
Quando Jesus nasceu nesta Terra, Ele nasceu num lugar humilde, sujo e
fedido – nasceu numa manjedoura em um estábulo. Da mesma forma, quando
Jesus nasce dentro de nós, Ele novamente nasce num lugar humilde, sujo
e fedido.
Mas Jesus não ficou naquela manjedoura. Ele a deixou, e cresceu para
ser um homem maduro. Nós lemos: “E o menino crescia e se tornava forte
em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele”
(Lc 2:40).
Da mesma forma, nós também devemos crescer espiritualmente até a
plenitude Dele. Este novo nascimento é apenas o começo, o primeiro
passo em um processo chamado salvação. Embora muitas pessoas equiparem
“ser salvo” com “ser nascido de novo”, isto não é correto segundo as
Escrituras. Existe muito mais em nossa salvação que o nascimento
espiritual.
Uma leitura cuidadosa do Novo Testamento revela que nossa salvação
começa, de fato, com o nascimento desta nova vida dentro de nós.
Todavia ela não terminará até nosso corpo ser glorificado na volta de
Jesus Cristo.
Então nós agora devemos entender que o “agente” – a substancia que nos
salva de quem e do que nós somos – é a verdadeira vida de Deus
amadurecendo em nós.
Como foi nosso princípio, o nascimento natural foi um evento. Então,
também, nosso novo nascimento em Cristo acontece somente uma vez. Mas
nossa libertação do pecado é um processo contínuo. Nossa salvação não
termina com o nascimento da vida de Deus em nós. Isto é muito lógico
pois nenhuma vida que conhecemos termina no nascimento. Ao invés disso,
o nascimento é apenas o começo de um longo processo de crescimento e
amadurecimento. Acontece o mesmo com a nova vida espiritual.
À medida que esta vida se desenvolve, ela começa a expressar a si mesma
e sua própria natureza cada vez mais. Quanto mais ela amadurece, mais
ela domina nossa vida velha e sua natureza.
À medida que crescemos espiritualmente, nossos hábitos e desejos
pecaminosos mudam. Não é por causa de nossos esforços próprios ou
determinação, ou porque seguimos uma nova lista de regras ou
princípios, mas porque uma outra vida com uma natureza completamente
diferente está sendo vista em nós.
Esta é uma salvação maravilhosa e transformadora de vida. É uma
mensagem poderosa que pode mudar tudo e todos. Esta não é uma mensagem
de esforço próprio, mas de uma vida transformada.
Não é um evangelho de “trabalhos” ou esforços, mas de estar cheio com a
vida de Jesus por Sua graça. Podemos estar cheios e animados com a vida
daquele que é 100% santo!
Você pode ver agora como este evangelho parece ter sido “encoberto” em função de traduções inadequadas do Novo Testamento?
O evangelho do perdão por si mesmo – mesmo que o perdão seja tão
precioso – não transmite a mensagem de libertação. Mas o evangelho de
salvação mostra-nos claramente como ser cheios com a vida do próprio
Deus e, todavia, ser completamente libertos do pecado.
Jesus é capaz de salvar perfeitamente {completamente} todo aquele que vier a ele (Hb 7:25).
“Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte
de seu Folho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela
sua vida [crescendo em nos]” (Rm 5:10 VDP).
3.
MAIS PROBLEMAS DE TRADUÇÃO
Como temos visto, a razão pela qual muitos não compreendem estas
verdades vitais é por causa de muitas traduções enfraquecidas ou
inadequadas do Novo Testamento. Um fator que complica ainda mais é que
as traduções atuais nos apresentam a maior parte do evangelho no
passado.
Isto, certamente, é baseado nos tempos verbais que são usados em cada
sentença. Muitos teólogos e, consequentemente, muitos tradutores da
Bíblia, através da interpretação de alguns verbos gregos no tempo
passado, transmitem um tipo de evangelho que é dito e feito. Ele está
no passado, e é baseado na “obra consumada de Jesus Cristo”.
Portanto, parece meramente ser uma mensagem de algo que já aconteceu há
muito tempo atrás. O que as Escrituras parecem dizer é que tudo o que
precisamos fazer hoje é “crer” em muitas coisas que já aconteceram. O
resultado é um evangelho que é estático, terminado, “velho”, um tipo de
mensagem distante.
Certamente que ninguém, especialmente este autor, deseja diminuir a
importância do “trabalho consumado de Jesus Cristo”. Na cruz ele disse:
“Está terminado {ou consumado}” (Jo 19:30). Entretanto, esta afirmação
deve apenas se referir ao Seu trabalho por nós, e não ao Seu trabalho
em nós. Como podemos saber disso?
Isto deve ser verdade porque Paulo diz: “...porque é Deus quem realiza
em vós tanto o querer quanto o fazer para o seu boa vontade” (Fp 2:13
NKJV).
Considerando que Deus está ainda trabalhando em nós, isso significa que
Sua obra não terminou ainda. Enquanto a obra de Jesus por nós já foi
feita, o desenrolar deste trabalho finalizado – Sua obra em nossas
vidas hoje – ainda está inacabado e em andamento.
No entanto, ao ler nossas traduções atuais, ficamos com a impressão de
que uma vez que “cremos”, então fomos salvos, fomos justificados, fomos
santificados, fomos enterrados com Cristo, ressuscitamos com Cristo, e,
inacreditavelmente, já fomos também “glorificados”, e muitas, muitas
outras coisas.
O problema é que a maioria dos crentes não estão realmente
experimentando estes atributos; não são reais para eles. Não estão
acontecendo em suas vidas. Eles não parecem estar sendo transformados.
Eles não estão cheios da vida de ressurreição. Eles não se sentem
santos. Eles especificamente não estão brilhando como o Cristo
glorificado.
Embora estejam tentando intensamente “crer” nestas “verdades”, a
experiência destas coisas não é nada real para eles. Isto deixa muitos
cristãos frustrados. Eles tentam e tentam. Eles “acreditam” tão
intensamente quanto podem, mas suas vidas continuam cheias de pecado.
Talvez eles também tentem evitar o pecado, mas escorregam
constantemente e não têm completa vitória sobre seus impulsos naturais.
A mensagem de que “tudo o que temos que fazer é crer em algo que
aconteceu no passado” enche a igreja de nossos dias com uma sensação
palpável de irrealidade. Então muitas pessoas estão louvando, orando,
ensinando e crendo em coisas que não são reais em suas vidas.
Elas não estão sendo radicalmente mudadas. Elas não estão sendo, de
fato, libertas do pecado. Isto faz do evangelho um tipo de conto de
fadas. Ele se tornou uma mensagem sobre algo maravilhoso que acontecerá
muito longe nós céus depois que morrermos ou formos “arrebatados”.
O evangelho se tornou uma mensagem sem poder, ineficaz e com pouco
impacto em nossa vida diária. É algo que produz poucas mudanças nas
vidas de muitos cristãos e, consequentemente, não é nada atrativo para
os que estão de fora.
Como já falamos, muitos destes problemas podem ser colocados aos pés de
nossas traduções do Novo Testamento. Veja bem, a linguagem grega possui
um tempo verbal que não é encontrado na maioria de nossos idiomas
modernos, é chamado “tempo aoristo”. Essa palavra pode ser definida
como: sem limite, indefinido ou indeterminado. Na verdade, este tempo
verbal não é bem compreendido pois ninguém mais fala a língua grega de
2000 anos atrás. Contudo, muitos parecem ensinar que este verbo é uma
forma de passado.
Como este tempo verbal aoristo é usado em muitas passagens-chave do
Novo Testamento, o “tempo pretérito” é aplicado na maior parte do
evangelho, como algo que aconteceu no passado. Mas parece que esta não
é a história completa. Se o tempo “aoristo” não representa estritamente
o tempo pretérito, isso pode ocasionar uma diferença tremenda em nossas
traduções do evangelho!
Por favor, tenha paciência comigo enquanto investigamos juntos esta
possibilidade. Tentarei manter esta explanação tão simples e curta
quanto possível de forma a não perder a atenção dos leitores.
Encontramos um perito, Grant R. Osborne, dizendo o seguinte: “...o
aoristo não implica exatamente uma ação ‘de uma vez por todas’, como
tem sido comumente mal interpretado” (The Hermeneutical Spiral, 2a
edição). Outro autor, F. Beetham, disse: “...o uso do aoristo indica
que o ponto de vista do orador ou escritor está por fora da ação que
está sendo descrita, enquanto está sendo visto seu começo e fim”
(ênfase deste autor) (Greece & Rome, Vol. 49, No. 2, Outubro de
2002). No website Bible Hermeneutics Stack Exchange nós lemos: “...o
aoristo também tem diferentes sentidos especializados especiais
significando ação presente”.
Então vemos que o tempo aoristo nem sempre está limitado ao passado.
Ele também pode ter uma continuidade no presente e até mesmo um aspecto
futuro. Se, então, aplicarmos este entendimento aos verbos encontrados
na mensagem do evangelho, uma visão completamente nova da verdade se
abre diante de nós. De fato, este é um evangelho bastante diferente que
tem sido “encoberto” pela tradução dos tempos verbais.
Em vez de ser algo seco, velho, no passado, dito e feito, e
“consumado”, ele se torna algo vivo, ativo, relevante, experimental, e
contínuo. Os verbos que foram traduzidos com tempo pretérito (passado)
recebem um novo significado quando compreendemos que eles também
incluem o presente, o tempo contínuo, e até o tempo futuro.
Vamos ver juntos algumas Escrituras bastante conhecidas que usam o
tempo aoristo para ver como a nova tradução fica bastante diferente.
Paulo e seus companheiros disseram ao carcereiro em Filipos: “Esteja
crendo no Senhor Jesus Cristo, e você estará sendo salvo, você e sua
casa” (At 16:31).
Que tremenda diferença isso faz em nosso entendimento deste verso! Aqui
vemos que crer não é algo que fazemos uma vez no passado, mas algo que
precisamos continuar fazendo o tempo todo!
Quando entendemos este tempo verbal não como algo do passado, mas que
tem continuidade hoje e até mesmo no futuro, novas perspectivas de
revelação se abrem para nós.
Aqui também é revelado o “sendo salvo”, não como um único evento
passado, mas como um processo contínuo. Nós podemos “estar sendo
salvos”. (Se este pensamento é novo para você, não fique chateado.
Explicaremos mais sobre este processo mais à frente neste texto).
Esta, então, é uma mensagem dinâmica. Este é um evangelho vivo, ativo,
que precisamos estar experimentando em nossas vidas agora mesmo!
Outro verso (embora não esteja no tempo aoristo, mas no futuro) que
mostra claramente que o evangelho é realmente dinâmico é encontrado em
Romanos 5:10, onde lemos: “Pois quando éramos inimigos fomos
reconciliados com Deus através da morte de seu Filho, muito mais, tendo
sido reconciliados, nós estaremos sendo salvos por sua vida se
desenvolvendo em nós”.
Veja, sendo “reconciliados com Deus” está relacionado com o perdão.
Esta é uma coisa maravilhosa e preciosa, desde que nos conduza a um
relacionamento com Deus. Mas, de acordo com este verso, existe algo
“muito mais”. Existe algo muito maior e mais importante que esta
reconciliação. Como vimos no capítulo anterior, o que é “muito mais” é
estar sendo salvo por (através da ação de) Sua vida amadurecendo em
nós. Esta é uma mensagem ativa e para agora. É algo que precisa estar
acontecendo em nossas vidas hoje!
Através de deste novo entendimento do tempo verbal aoristo – não sendo
algo meramente confinado ao passado, mas que continua no presente –
muitas outras verdades bíblicas se tornam mais compreensíveis.
SENDO CRUCIFICADOS
Por exemplo, Romanos 6:6, lido com este “novo” tempo verbal, fica: “Nós
sabemos isso: que nosso ‘velho homem’ está sendo crucificado com ele,
de forma que o pecado em sua totalidade está se tornando inoperante, a
fim de que nunca mais nós fossemos escravos do pecado”. Agora, esta é
uma versão totalmente diferente da antiga e “já consumado”, e que se
alinha muito mais com nossa experiência.
Embora seja verdade que “nós fomos crucificados com Cristo”, como lemos
em Gálatas 2:20, onde existe o verdadeiro verbo grego no “tempo
pretérito” (passado), agora descobrimos algo ainda mais maravilhoso e
aplicável para nós.
Em Romanos 6:6 vemos que esta crucificação pode ser aplicada a nós
hoje. Podemos efetivamente experimentar isso! Isto, então, nunca mais
será meramente um fato histórico, no qual estamos tentando “crer”. Ao
contrário disso, é algo que pode ser real para nós. Isso pode estar
acontecendo realmente em nossas vidas à medida que seguimos Jesus
exatamente agora!
Quanto precisamos experimentar genuinamente este tipo de crucificação!
É maravilhoso que Jesus morreu por nós e nós “morremos com Ele”. Mas se
isso não tem impacto em nossa vida diária, se não estamos
experimentando a realidade desta crucificação exatamente agora, estaria
trazendo algum benefício a nós?
Preste atenção, para ser liberto de nossa velha vida e natureza
pecaminosa, esta velha vida da alma (PSUCHÊ) precisa ser crucificada.
Está certo, ela precisa morrer. Simplesmente não existe uma outra forma
de estar livre dela e de suas atividades e impulsos impuros. Mas como
pode esta possibilidade acontecer se não estamos experimentando hoje a
morte de Cristo em nossas vidas?
Que benefício a “nossa morte com Jesus” estaria nos trazendo se ela
fosse algo distante, teórico, uma verdade meramente “espiritual”? Se
isso não for real para nós, como poderíamos ser libertos? Se nossa vida
da alma não está sendo levada a morte todos os dias, como poderemos ser
libertos de suas influências e natureza?
Somente um homem morto não peca. Para que sejamos completamente livres
de nosso pecado, nossa vida PSUCHÊ deve ser eliminada. Nossa salvação
do pecado requer não apenas a nova vida sem pecados mas o fim de nossa
própria vida pecaminosa. Nossa vida da alma deve morrer. Portanto, a
experiência atual de nossa morte em conjunto com a morte de Jesus
Cristo é essencial para todos nós.
Quando falamos sobre o sangue de Jesus, a maioria dos crentes pensa em
ser perdoados. Eles compreendem o sangue como um tipo de detergente*,
uma capa, ou um manto que esconde seus pecados de Deus. Parece como uma
forma rápida e fácil de escapar das consequências de seus erros. Mas,
biblicamente, “o sangue” significa algo muito mais sério que isso. Na
Bíblia, quando ela fala de sangue, significa que algo ou alguém morreu.
* Em muitas versões do Novo Testamento, Apocalipse 1:5 usa a palavra
“lavar” como em “nos lavou de nossos pecados”. Mas isto é provavelmente
um erro do copista, pois a grafia desta palavra é muito parecida com a
palavra grega para “libertar” ou “liberar” encontradas em outras
traduções mais confiáveis. De acordo com R. N. Champlin, Ph.D., em seu
Comentário do Novo Testamento, a palavra “lavar” é encontrada apenas em
manuscritos gregos mais novos e de menor importância. Portanto, estes
são menos confiáveis que os mais antigos. Estes manuscritos parecem ser
cópias de um manuscrito classificado como P.046, onde a palavra “lavar”
aparece pela primeira vez neste verso.
O SANGUE DE JESUS
Não muito tempo atrás estava dirigindo meu carro e vi uma grande
quantidade de sangue na estrada. Não muito longe dali estava um
motociclista deitado no chão. Eu sabia que, pela quantidade de sangue
na pista, ele estava morto. Ele não estava apenas sangrando um pouco,
mas ele perdeu todo seu sangue e morreu.
Jesus não fez uma doação de sangue para a Cruz Vermelha. Seu sangue
precioso não se compara com um detergente comum e barato. Em vez disso,
o fato que o sangue de Jesus foi derramado significa que Ele morreu.
Ele não sangrou apenas um pouco por nós, e depois colocou um curativo.
Ele morreu em nosso lugar.
Por que Jesus precisou morrer? Isso foi necessário porque nós somos dignos de morte.
Na justiça de Deus, o indivíduo que peca deve morrer. Lemos em Ezequiel
18:20: “A alma que pecar deve morrer”. Jesus , então, tomou o nosso
lugar nesta execução. Nós deveríamos ser mortos pelo que somos e pelo
que temos feito. Contudo, Jesus morreu em nosso lugar.
No entanto, tudo isso significa muito pouco para nós se não entrarmos
na experiência desta morte. Nossa morte com Ele deve se tornar real
para nós. Como que somente homem morto não peca, nós devemos, através
de Cristo, também nos tornar mortos para o pecado. Isto é conseguido ao
entrar, de fato, em Sua morte, através do Espírito Santo (Rm 8:13).
COMO ISSO FUNCIONA?
Para que nós possamos ter vantagem desta morte substituta, existe uma
condição: devemos reconhecer e admitir diante de Deus que nós somos
dignos de morte.
Raciocine comigo por um momento. Se não cremos que somos dignos de
morte pelo que fizemos e pelo que somos, então não existe razão para
alguém assumir nosso lugar nesta execução. Se não somos culpados o
bastante para sermos dignos de morte, então não precisamos do
sacrifício de Jesus. A morte dele, então, foi desnecessária.
Em 1 João 1:9 lemos: “Quando nós concordamos com o julgamento de Deus
em relação aos nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os
pecados e nos limpar de toda imoralidade de caráter”.
Muitas versões usam a palavra “confessar” no lugar da palavra traduzida
aqui como “concordar com o julgamento de Deus”. A palavra grega é
HOMOLOGEO, que significa “falar junto” ou “dizer a mesma coisa que o
outro”.
O que então Deus está dizendo sobre nossos pecados? Nós já lemos Sua
sentença de morte: “A alma que pecar deve morrer” (Ez 18:20). Portanto,
“confessar” nossos pecados quer dizer “concordar com”, ou “falar a
mesma coisa que” Deus. Falamos o que Deus está dizendo, concordando com
Seu julgamento sobre nós.
Esta, então, é a condição necessária para Deus fazer duas coisas. Ele
vai nos perdoar e Ele vai nos purificar. Seu perdão sobre nós é uma
coisa preciosa, mesmo isso não sendo o fim. Ele também age para nos
purificar de quem e do que somos. Como temos visto no capítulo
anterior, esta purificação é feita pela Sua própria vida atuando dentro
de nós, para levar a morte a velha vida e natureza, substituindo-a com
Sua própria.
Assim, vemos que até, e a menos que concordemos com o fato que somos
dignos de morte, nós não podemos ser perdoados. Não existe forma
de receber perdão sem estar disposto a experimentar a subsequente
purificação que significa a perda de nossa vida da alma (PSUCHÊ).
Apenas aplicando o precioso sangue de Jesus como “sabão”, “pintura”, ou
mesmo “um manto de justiça”, sem reconhecer nossa necessidade de
morrer, não é suficiente para ser perdoado. Deus não vai perdoar quem
pretende continuar pecando. Nós devemos estar prontos e dispostos para
o processos de limpeza de Deus, que envolve o fim de nossa vida da
alma.
Quando nos arrependemos por concordar com Deus em Sua sentença de morte
sobre nossos pecados, isto abre o caminho para Deus aplicar a morte de
Cristo em nós e, então, nos encher com Sua nova vida. Esta é uma
exigência absolutamente necessária. Não existe forma de ignorarmos esta
parte.
Quando chegamos ao verdadeiro arrependimento, então, através do
Espírito Santo, Deus aplica a morte de Cristo em nossas vidas. De uma
maneira espiritual que nós humanos não podemos alcançar, a morte de
Jesus se torna realidade em nós. Esta é uma obra que Deus faz em nós
por Sua misericórdia e graça.
Nós não apenas necessitamos desesperadamente experimentar a morte de
Cristo hoje, mas nós também precisamos experimentar a ressurreição de
Jesus dentro de nós.
Paulo fez uma afirmação interessante e esclarecedora. Ele disse: “Eu
quero conhecer a ele e o poder de sua ressurreição – o qual vem através
da participação em seus sofrimentos e tornando-se integrado em sua
morte – então desta forma eu posso experimentar a ressurreição dentre
os mortos” (Fp 3:10,11).
Sim, nós precisamos experimentar a ressurreição de Jesus também. Mas há
um problema aqui. Pessoas vivas não ressuscitam. Isso só é possível
para os mortos. Portanto, se não estamos experimentando de Sua morte
por nós mesmos – se ela não se torna real em nossas vidas – então nós
não poderemos conhecer Sua ressurreição.
Consequentemente, permanecemos derrotados, sujeitos ao pecado, e sem
poder. O poder de Jesus está na ressurreição. Se não experimentarmos
diariamente Sua morte, não experimentaremos o poder de Sua vida
ressurrecta (ZOÊ).
SENDO IMERSO
Nossa experiência genuína da morte e ressurreição de Cristo atualmente
é intimamente relacionada com nossa experiência de batismo. A palavra
“batizar” significa “imergir”. É provável que muitos de nossos leitores
passaram por uma cerimônia chamada “batismo” onde foram imersos em uma
porção de água.
Isto não é uma coisa ruim. É um testemunho para os poderes celestiais e
outras pessoas que você concordou com Deus em entrar na morte de Jesus.
Contudo, com nosso novo entendimento do tempo verbal aoristo, vemos que
nosso batismo não deve parar em uma experiência de ficar encharcado.
Tem muito mais além disso. Nosso ser imerso na morte de Cristo, deve
ser uma experiência diária e continua.
Nós lemos com esse novo tempo verbal: “Ou vocês não percebem que todos
os que estão sendo imersos {batizados} em Jesus, o Ungido, são imersos
em sua morte?
“Portanto, estamos sendo enterrados com ele na morte pela imersão no
Ungido, então da mesma forma que o Ungido se levantou dos mortos pela
glória do Pai, nós devemos também estar andando na novidade da vida do
Pai {ZOÊ}” (Rm 6:3,4).
Aqui entendemos batismo sob numa nova luz. Não é simplesmente uma
experiência de uma só vez. Sendo imersos na morte de Jesus pode ser e,
de fato, deve ser nossa experiência diária. É parte essencial de nossa
salvação. Em Gálatas 3:27 lemos: “Pois todos quantos de vocês estão
sendo imersos no Ungido, estão se revestindo no Ungido”.
Agora alguns podem arguir aqui que este “sendo imersos” é um evento
passado para crentes verdadeiros e que eles já se “revestiram” de
Cristo.
Mas, por favor, permita-me fazer algumas perguntas. Você está realmente
“imerso em Cristo” o tanto quanto você gostaria de estar? Você está
satisfeito que você tem tudo o que gostaria ou precisava de Jesus em
sua vida? Você foi realmente transformado radicalmente na imagem de
Jesus de forma que é visível aos outros, e que eles podem ver que você
está realmente “revestido de Cristo”? Você é uma pessoa completamente
diferente?
Caso contrário, então a experiência contínua e diária de ser imerso
{batizado} em Cristo e em Sua morte é para você! Você pode estar
experimentando a realidade do que a sua imersão “simbólica” na água
estava representando.
Outro verso com a apresentação do “novo” verbo é: “Como você está sendo
enterrado junto com ele através do [que] batismo [simboliza], você
também está sendo ressuscitado com ele através da fé no poder de Deus,
que o ressuscitou dentre os mortos” (Cl 2:12).
Que coisa maravilhosa! Por experimentar a realidade do batismo – sendo
imerso na Sua morte – nós também podemos experimentar a co-participação
na ressurreição com Ele pelo poder de Deus!
Nós podemos ser, e de fato devemos ser, imersos em Jesus dia após dia.
É esta imersão em Cristo que está nos mudando. É nossa constante
imersão Nele que está nos transformando do que somos no que Ele é.
Jesus nos ensinou: “Aquele que está crendo e sendo batizado {sendo
imerso} estará sendo salvo, mas aqueles que não creem serão condenados”
(Mc 16:16).
Existem alguns cristãos que gostam de enfatizar “sendo batizados no
Espírito Santo”. Alguns sentem que esta é “uma experiência necessária”
para ser salvo. Outros pensam que este é um segundo passo ou uma
segunda experiência após ser “nascido de novo”.
Agora, a partir de nossa discussão prévia sobre o tempo verbal aoristo,
podemos compreender algo muito mais profundo. “Sendo batizado” ou
imerso no Espírito Santo não é apenas uma experiência única. Ela não
significa meramente uma “segunda experiência”, mas uma experiência
diária. Precisa acontecer, várias vezes, mais e mais, até estarmos
saturados com tudo o que Ele é. Este “ser imerso” em Jesus é
intimamente relacionado com ser cheio com o Espírito Santo.
Esta, também, supõe-se ser uma experiência diária para todos os
crentes. Fomos admoestados: “E não se embebedem com vinho, que produz
perda de autocontrole, mas estejam se enchendo até a plenitude com o
Espírito” (Ef 5:18).
Aqui está um verso maravilhoso. Nós podemos estar sendo cheios com o
Espírito Santo! Esta também não é uma experiência para uma vez apenas.
Deus não nos deu Seu Espírito com moderação. Ele o “derramou” sobre
nós. Portanto, podemos nos encher por todo sempre, cada vez mais com
Ele! Podemos ser cheios com tudo o que Deus é.
SENDO CIRCUNCIDADOS
Deixe-me fazer uma pergunta importante? Você já foi circuncidado? Não,
eu não quis perguntar se você já teve alguma parte de seu corpo físico
cortada. O que eu quis perguntar foi se você tem experimentado a
verdadeira circuncisão da qual a cirurgia física é uma figura? Você
teve sua carne cortada “para fora”? E você percebe que, como cristão,
deve ser circuncidado?
Desde que a maioria dos versos bíblicos traduzem os versos chaves sobre
este assunto no tempo passado, eles fazem esta experiência parecer algo
que já aconteceu. Esta, então, poderia ser uma “cirurgia” que você não
sentiu, não percebeu que aconteceu, que está produzindo pouco resultado
bom, se algum. Mas quando lemos versos sobre circuncisão com uma
interpretação diferente do tempo verbal aoristo, algo novo e
maravilhoso aparece.
Em Colossenses 2:11 lemos: “É também nele que vocês estão sendo
circuncidados com a circuncisão não feita por mãos humanas, mas ao
invés disso, através da remoção completa dos pecados da carne pela
circuncisão espiritual a qual ocorre no Ungido”.
A pergunta correta, então, é: você já experimentou ter sua carne
cortada pela ação do Espírito? Esta realidade espiritual que a
circuncisão simboliza se tornou real em sua vida?
O verso acima torna claro que isto pode estar acontecendo conosco. Isto
pode se tornar nossa experiência. Aleluia, nós podemos estar sendo
libertos de nossa carne!
Paulo também nos ensinou: “... mas ele é um verdadeiro judeu, o qual é
interiormente, e a circuncisão genuína é a que acontece não pela letra
da lei mas no coração pela operação do Espírito, cujo louvor não provém
de homens mas de Deus” (Rm 2:29).
A primeira pessoa na Bíblia a ser circuncidada foi Abraão. Este ritual
foi prescrito por Deus como resultado de sua fé, apontando para algo no
futuro que tinha a ver com seus filhos. Através de nossa fé, nós somos
hoje considerados “filhos de Abraão”, o pai da fé. Sendo seus
descendentes espirituais, somos qualificados para a maravilhosa
realidade espiritual da circuncisão que ele apenas experimentou
fisicamente.
Paulo nos ensinou: “Além do mais, foi desta forma que ele pode ser o
pai de “cortar fora da carne” {circuncisão} não apenas daqueles que são
fisicamente circuncidados, mas também daqueles que estão andando nos
passos da fé que nosso pai Abraão tinha enquanto ainda incircunciso”
(Rm 4:12).
Então compreendemos que existe uma experiência espiritual de
circuncisão que é para todos os crentes. Todos nós devemos conhecer por
nós mesmos a divina cirurgia que tem um impacto radical em quem e no
que somos.
Precisamos que Deus corte fora a carne que nos abrange. Precisamos
desesperadamente ser livres desta carga pesada da “carne”, este fardo
da velha vida e natureza, de forma que podemos caminhar com Ele sem
impedimentos. Precisamos experimentar a remoção da natureza pecaminosa,
que é “parte” de nós e nos identifica com os ímpios.
SENDO SANTIFICADOS
Outra verdade que deveria se tornar real para nós é a de ser
santificados. Muitos entendem a palavra “santificado” como querendo
dizer “ser separado”. Embora a palavra inclua este significado, esse
entendimento fica muito aquém da importância total da palavra.
Literalmente ele quer dizer “se tornar santo”.
Ser separado daquilo que é banal e impuro é, certamente, parte de se
tornar santo. Mas se nós estamos apenas “sendo separados” e nunca
realmente transformados para ser santos, nunca experimentaremos a
plenitude do que esta palavra significa.
Quando entendemos corretamente os versos sobre este assunto no Novo
Testamento, torna-se claro para nós, também, que é um processo contínuo
que deveríamos estar experimentando. Nós deveríamos estar nos tornando
santos. Isto se encaixa bem com o que Deus nos falou. Ele disse:
“Tornem-se santos, porque eu sou santo” (1 Pe 1:16).
Também lemos: “...uma vez que seu poder divino nos proporcionou todas
as coisas necessárias para o desenvolvimento de sua vida {ZOÊ} dentro
de nós e a santidade que ela produz, através de conhecê-lo plenamente,
o qual nos chamou para sua própria glória e virtude de caráter” (2 Pe
1:3).
Nós também fomos ensinados: “...agora, sendo libertos do pecado e se
tornando escravos de Deus, vocês tem o ‘fruto’ de serem feitos santos
como resultado da vida eterna de Deus (Rm 6:22).
E também: “Pois esta é a vontade de Deus: vocês se tornando santos” (2
Ts 4:3). E: “Mas somos compelidos a sempre dar graças a Deus pelos
irmãos que são amados pelo Senhor porque Deus escolher vocês no
princípio para receber a completa salvação através de ser feitos santos
pelo Espírito e por ter fé na verdade” (1 Ts 2:13).
E finalmente, “Buscai a paz com todos os homens e buscai o se tornar
santo, pois sem santidade ninguém verá o Senhor” (Hb 12:14).
Desta forma, entendemos que sendo feitos santos é uma experiência que
nós deveríamos estar tendo exatamente hoje e agora. É um privilégio que
todos nós podemos experimentar.
Certamente, isto não é um resultado do esforço próprio. Não é
conseguido por nossas obras. É alcançado pela graça de Deus através da
fé. Acontece por sermos cheios, mais e mais, vez após vez, com a vida
de nosso santo Deus.
Esta santidade deve ser real em nossas vidas. Deveria estar acontecendo para nós e em nós.
Santidade não deve acontecer apenas em nossa imaginação ou numa
tentativa aparecer de ser santos. Também não é nossa esperança que Deus
pensa que somos santos, quando nós percebemos que, na verdade, não
estamos exibindo o caráter Dele.
Como já vimos, esta santidade é alcançada por ser cheios com a vida de
nosso Pai Celestial Santo. É essencial a nós por entrar na morte e
ressurreição com nosso Salvador Jesus Cristo.
Agora, queridos leitores, vocês percebem como existe duas “versões” do
evangelho? Vocês podem ver que, dependendo de como as Escrituras são
traduzidas, existe duas mensagens? Uma é estática, no passado, um
evangelho “já feito” e seco que muitos estão tentando com todas suas
forças acreditar. A outra é experimental, contínua, viva, um evangelho
ativo que está produzindo mudanças reais na vida daqueles que estão
crendo.
4.
A FÉ VERDADEIRA
Uma vez que sabemos que a verdadeira experiência do evangelho que estamos
falando é nossa através da fé, parece necessário gastar algum tempo
para investigar o que fé realmente é. Se, em alguns casos, nosso
entendimento de fé é insuficiente ou, até mesmo, um erro, isto irá
limitar nossa experiência com as maravilhosas verdades que estamos
investigando. Infelizmente, este é outro assunto cheio de equívocos.
É muito claro nas Escrituras que nossa salvação é pela graça de Deus
através da fé. Não existe razão para alguém duvidar desta verdade
preciosa. Contudo, o que significa fé? Como vamos tê-a ou, uma vez que
a temos, como poderemos aumentá-la?
Desta forma, como estamos vendo que salvação é algo que nós
desesperadamente precisamos mais e mais, é importante entender o que é
fé.
Como podemos chegar à fé? Obviamente não é algo que podemos gerar por
nós mesmos. Não é resultado de nosso “trabalho” ou esforço próprio.
As Escrituras nos ensinam: “Pois pela graça vocês estão sendo salvos
através da fé que não é de vocês, mas em vez disso, é um dom de Deus”
(Ef 2:8).
Então percebemos que a verdadeira fé não se origina em nós. Não existe
nada que podemos fazer para consegui-la ou ser digno dela. Vem através
da graça. É algo que Deus livremente nos dá.
Mas como isso funciona? Como Deus nos dá a fé? Ele nos dá pela
revelação de Si mesmo a nós. Nós lemos: “...todo aquele que vê o Filho
e crê nele, terá sua vida eterna {ZOÊ}”(Jo 6:40).
Você compreende isso? Jesus nos dá fé pela revelação de Si mesmo a nós.
Primeiro, de alguma forma que Ele escolhe, Ele nos mostra alguma coisa
sobre Si mesmo ou fala conosco. Então, nossa reação a esta revelação é
chamada “fé”. Esta verdade é reafirmada a nós no evangelho de João,
onde lemos: “Este foi o começo dos sinais que Jesus fez em Caná da
Galileia através dos quais ele manifestou sua glória – e seus
discípulos creram nele” (Jo 2:11). A fé dos discípulos foi resultado de
verem Sua glória.
Abraão, o “pai da fé”, obteve sua fé exatamente da mesma forma.
Primeiro, “...a palavra do Senhor veio a Abraão numa visão...” (Gn
15:1). Então, “...ele creu no Senhor, que contabilizou isso para ele
como justiça” (Gn 15:6).
Desta forma vemos que fé vem pela revelação de Deus a nós. Nossa reação
a esta revelação Dele é chamada “fé”. Por isso Ele é chamado o
“...autor e consumador da nossa fé” (NKJV). Outro versículo diz:
“...Jesus, o autor e aperfeiçoador de
nossa fé” (Hb 12:2). Nossa fé começa com Ele e é aperfeiçoada por Ele à
medida que Ele mostra cada vez mais de Si mesmo a nós. E ainda outro
verso popular que confirma esta verdade é Romanos 10:17 onde lemos:
“Então a fé vem através de ouvir e ouvir pela palavra {RHEMA, grego}
que é falada por Deus”.
Por favor, note que a palavra grega aqui não é LOGOS, que poderia
significar a Bíblia, mas palavras que Deus efetivamente fala a nós.
Toda fé verdadeira é resultado da revelação de Deus. Não é um exercício
mental ou intelectual. Não é nada que podemos alcançar por nós mesmos.
Não é resultado de estudo bíblico, memorização, ou repetição constante
de versículos. Tudo isso é apenas esforço da carne através da mente
humana. Embora muitos cristãos estejam ocupados com estas coisas
esperando ter mais fé, nada mais é do que esforço vão.
Muitos cristãos estão tentando chegar à fé nesta forma carnal. Eles
estão tentando “crer” em muitas verdades das Escrituras, esperando que
através deste exercício, estas preciosas verdades se tornem reais em
suas vidas.
Isto é totalmente ineficaz, onde o natural quer alcançar algo
espiritual. É utilizar os esforços da alma (PSUCHÊ) para tentar e
produzir algo que acontece apenas através do Espírito de vida (ZOÊ).
Enquanto alguns poderiam se esforçar para convencer a si mesmos de
alguma verdade bíblica ou outra usando estes métodos, esta não é a fé
verdadeira. A fonte da fé não é desta terra. Ela não vem de nós mesmos.
É um dom que vem de Deus.
A verdade que é Deus quem nos dá fé é enfatizada na linguagem original
do Novo Testamento. Existem muitas passagens onde algumas traduções
dizem “fé em Jesus”, mas o grego real diz: “a fé de Jesus” (Rm 3:22,26;
Gl 2:16, 3:22; Ap 14:12 como exemplos). Este é um significado
diferente. A fé, de fato, vem Dele, e não de nós mesmos.
Como exemplo da forma que muitos cristãos tentam “crer” nos versos
bíblicos, examinemos 2 Coríntios 5:17. Este é um versículo no qual
descobri que muitos cristãos tentam acreditar, mesmo sem resultados.
Como este verso é encontrado na Bíblia, eles estão certos que deve ser
verdadeiro. Eles tentam e tentam acreditar, mas a experiência deles é
totalmente diferente do que estão lendo.
Na versão King James nós lemos: “Assim que, se alguém está em Cristo,
ele é uma nova criação; as coisas velhas já passaram; eis que todas as
coisas se tornaram novas”. Quando analisamos honestamente este verso,
ele não parece encaixar em nossa experiência. O fato é que nem todas as
“coisas velhas” já passaram. Muitas delas estão ainda aqui. Além disso,
nem tudo se tornou novo. Isto é simplesmente não verdadeiro em nossa
experiência.
Todavia muitos e muitos cristãos estão tentando “crer” neste verso.
Eles estão tentando desesperadamente imaginar que o que ainda parece
ser “velho” não é, de fato, real. Eles estão tentando convencer a si
mesmos que “tudo se tornou novo”. Eles estão tentando a todo custo
“acreditar na Bíblia”.
Infelizmente, em relação a este versículo em 2 Coríntios, nossa
tradução do Novo Testamento novamente falhou. Você notou que as
palavras “ele é” na frase “ele é uma nova criação” estão em itálico? É
porque elas não estão no texto original. Não existe o pronome pessoal
“ele” no grego.
E também a palavra grega traduzida “passaram” poderia ser muito melhor
traduzida “ultrapassada”. Com isto em mente, gostaria de apresentar uma
tradução alternativa que creio se encaixa melhor em nossa experiência.
“Quando alguém está em Cristo, existe uma nova criação dentro dele. O
homem original {natural} tem sido ultrapassado {“ir além de”, grego}.
Veja, um ser completamente novo foi gerado [o novo homem espiritual]”.
Este, então, é algo que parece mais real. Ele combina muito mais com
nossa experiência como cristãos.
A verdade é que usando nossos poderes mentais para tentar e criar fé,
na realidade, prejudicamos nossa fé. Quando aplicamos nossa mente para
tentar e “crer” em algo, e isso não se torna realidade, este fato torna
nossa vida espiritual mais e mais imaginária e menos experimental.
Muitos, através do esforço continuado de algum tipo de exercício
mental, se tornam desencorajados e até mesmo perdem a fé que tinham.
Uma vez que o que eles estão tentando “crer” não acontece para eles,
então perdem a esperança e começam a duvidar da verdade do evangelho.
Esta triste situação se torna cada vez pior quando eles estão tentando
crer em versos que não foram muito bem traduzidos.
Também é muito comum para os cristãos que tentam acreditar desta forma
terminarem em fantasias e erros. Como o que eles estão tentando crer
não é real para eles, a vida espiritual deles se torna cheia de
imaginação.
Portanto, eles são facilmente levados a “crer” em toda sorte de
bobagens, “visões”, revelações, ensinamentos, etc., os quais tem pouca,
ou nenhuma, base na realidade. Esta condição comum é um resultado de
tentar ter uma “fé” mental em coisas que não são, de fato, reais em
nossa experiência. As igrejas atuais estão cheias destas fantasias.
Então vemos que a verdadeira fé é a que Deus nos dá através da
revelação de Si mesmo a nós. É uma convicção espiritual que recebemos à
medida que respondemos positivamente a tudo o que Ele está revelando a
nós acerca de Si mesmo.
Isto fica muito claro em Hebreus 11:1,2 onde lemos: “Agora fé é quando
o que é esperado se torna real para nós [no espírito]. É quando temos
uma convicção interior genuína em relação às coisas que não vemos
fisicamente. Foi assim que os antigos receberam aprovação de Deus”.
Esta é a fé que nos é dada por Deus.
Vamos supor que chagamos à fé através de Jesus revelar a Si mesmo a
nós. Mas descobrimos que precisamos mais fé. A fé que temos é limitada
e não está nos levando à plenitude da salvação que temos consciência
que precisamos.
Como poderemos ter mais fé? Podemos ter mais fé simplesmente pedindo a
Deus. Como Ele é a fonte, quando O buscamos, Ele revelará mais de Si
mesmo a nós. Ele nos mostrará a Si mesmo, Seus planos, e Seus
propósitos (Lc 11:9). Então nossa fé crescerá na medida em que
respondamos positivamente ao que Ele está nos revelando. Isto não exige
força mental ou determinação humana.
JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ
Quando Jesus primeiramente Se revelou a nós e cremos, nos tornamos
“nascidos do alto” (Jo 3:3). Nos tornamos filhos de Deus. Naquele
momento, por causa da fé, Deus nos considerou justificados. Isto
significa que Ele não considerou nossos defeitos e interagiu conosco
como se fossemos completamente justos. Isto é o que é chamado de
“justificação pela fé”.
Contudo, após Jesus primeiramente revelar-Se a nós, Ele não parou por
ai. Ele continua Se revelando a cada dia de várias maneiras. Então, nós
podemos continuar reagindo a esta revelação em fé, que é por acreditar
no que Ele está nos mostrando e agir de acordo com isso.
A revelação que Deus faz de Si mesmo a nós é um processo interminável
ao longo da vida. Todos os dias Ele está nos conduzindo mais e mais em
direção à Sua vontade. Ele continua falando conosco. Ele continua
revelando a Si mesmo, Sua vontade, e Sua direção. Nossa parte é crer e
segui-Lo no que Ele está nos revelando.
Mas o que acontece se pararmos de crer? O que acontece se não
respondemos em fé ao que Jesus está dizendo a nós? O que acontece
quando resistimos à Sua vontade e não fazemos o que Ele está nos
pedindo? Pode acontecer que Ele ainda nos considere como justos? A
resposta a esta pergunta tem muito a ver com nosso novo entendimento do
tempo verbal aoristo no Novo Testamento. (Se você esqueceu, retorne à
discussão sobre o tempo aoristo no capítulo 3).
Por exemplo, lemos em Atos 13:39: “...e que por ele, todo aquele que
está crendo está sendo considerado justo...” além deste, Romanos 3:24
nos ensina que nós estamos: “...sendo justificados livremente por sua
graça...” (NKJV).
À medida que vamos respondendo em fé ao que Jesus está revelando de Si
mesmo a nós, Ele não mais considera nosso pecado e passa a nos tratar
como justos. Assim, nós “estamos sendo justificados” pela fé Nele.
Mas quando nós não cremos, quando resistimos à Sua vontade, quando nos
rebelamos contra o que Ele está nos mostrando, então esta justificação
não tem mais efeito. Quando paramos de crer, paramos de ser
justificados. Isto significa que Deus não está mais olhando para nós
como uma pessoa “justa”.
Isto significa que estamos perdidos? De forma alguma! Uma vez que somos
“nascidos do alto”, seremos sempre filhos de Deus. Sua vida eterna é,
realmente, eterna. Porém, quando resistimos ao que Ele revela ou nos
rebelamos, Ele sabe disso. Nada é encoberto Dele. Ele, então, não mais
lida conosco como filhos justos, mas como filhos e filhas rebeldes.
Tiago, em sua epístola, deixou isso bem claro. Ele disse que nossa fé
pode morrer. Ela pode se tornar inativa, sem produzir resultados em
nossas vidas. Ele nos mostra que se nossa fé não mais produz em nós
resultados positivos e obedientes, ela se torna morta e não mais nos
justifica. Nós lemos: “Pois como um corpo separado do espírito é um
cadáver, da mesma forma a fé separada das ações é morta” (Tg 2:26).
Esta afirmação foi escrita por ele para abordar o mesmo assunto que
estamos investigando: ser considerado justos pela fé. Ele estava
tentando explicar que a fé morta e inativa não nos justifica.
Embora ainda sejamos filhos de Deus e amados por Ele, Ele não é cego
para supor que somos justos quando estamos vivendo em rebelião contra
Ele. Para continuarmos sendo considerados justificados pela fé à
despeito de nossos defeitos, precisamos continuar crendo. Devemos
continuar respondendo em fé a tudo o que Ele está nos revelando.
Apenas crer uma vez, há muito tempo atrás, não é suficiente para ser
considerado justo hoje. É a nossa fé diária que resulta em nossa
justificação diária. Se e quando percebemos que temos desobedecido a
Ele e não correspondendo ao que Ele está revelando a nós, então
precisamos de arrependimento. Precisamos retornar e começar a fazer Sua
vontade. Devemos começar a crer ativamente em tudo o que Ele está nos
falando.
Por exemplo, lemos em Gênesis 35:1: “Então Deus disse a Jacó,
‘levanta-te, vá para Betel e permaneça lá, e faça um altar lá para
Deus...’”
Mas vamos supor que Jacó não fosse a Betel e nem obedecesse o que Deus
disse a ele. Deus ainda estaria satisfeito com ele? O que aconteceria
se ele pensasse em seu coração algo como: “Que diferença faz o local
onde eu edifico um altar? Deus está em todo lugar. É inconveniente
mover todas as coisas para Betel. Vou permanecer aqui e servir a Deus
onde estou. Isto será suficiente”. Uma coisa dessas satisfaria o desejo
de Deus? Deus ainda consideraria Jacó como justo?
Deus só vai continuar nos tratando como justos, um povo justificado,
quando obedecermos a Ele e respondermos em fé a tudo o que está nos
revelando.
Esta verdade se aplica igualmente a nós quando estamos vivendo em
pecado consciente. Quando continuamos em pecado, Deus nos fala acerca
de Seu desapontamento em nosso espírito. Ele revela Sua vontade a nós
em relação à nossas práticas pecaminosas. Ele não permanece quieto
acerca destas coisas.
Quando correspondemos em fé através do arrependimento, então Ele nos
considera justificados. Mas quando resistimos à Sua revelação,
endurecendo nosso coração e rejeitando a responder ao que Ele nos está
dizendo, então Ele não nos considera justos. Ele pensa de nós
exatamente o que somos: pecadores, rebeldes, filhos que precisam de
correção e disciplina.
A FÉ NÃO É EM FATOS
Outro aspecto importante da fé que faz com que Deus nos considere
justos é que esta fé não é em fatos. Não é nossa crença em verdades
históricas acerca de Jesus. Por exemplo, não somos justificados
simplesmente por crer que Jesus morreu por nós, ressuscitou dos mortos
pelos nossos pecados, etc. Sinto muito, isso não é suficiente. Nós
devemos crer na Pessoa, e não meramente em fatos. Fatos não podem nos
salvar. Somente Jesus pode fazer isso.
Como temos visto, para crermos em Jesus, devemos primeiramente ter
visto Ele. Ele deve ter Se revelado a nós de alguma forma. Então, e
somente então, nós podemos crer em um caminho que nos levará a ser
regenerados (ser nascidos do alto) e ser considerados justificados por
Deus. Ninguém pode ser verdadeiramente convertido sem ter um encontro
pessoal e real com o próprio Jesus. Nós devemos, de fato, ter um
encontro com Jesus!
Além disso, a verdadeira fé não é acreditar em verdades bíblicas. Não é
suficiente crer na Bíblia. Não é adequado apenas ser convencido
mentalmente da verdade de alguns versículos bíblicos. Não é suficiente
recitar credos e tentar se convencer da verdade que existe neles.
Fatos, mesmo aqueles comprovadamente históricos, não podem nos salvar.
Versos bíblicos também não podem nos salvar, ao menos que Deus nos
revele a Si mesmo por meio deles. Somente Jesus salva. E mais uma vez
nós lemos: “...todo aquele que vê o Filho e crê ‘para dentro’ dele,
terá sua vida eterna” (Jo 6:40)
“PARA DENTRO” DELE
Você notou a frase “para dentro” neste verso que afirma que devemos
crer “para dentro” dele? Na linguagem grega a palavra é “EIS” que é
definida como: “Uma preposição primária; para dentro ou dentro
(indicando o ponto alcançado ou onde se entrou)”. Como você vê, não
significa apenas “em” como se estivéssemos crendo “em” algum fato. O
grego antigo tem uma outra palavra para “em”.
Mas esta palavra EIS quer dizer “para dentro”, indicando uma mudança de
posição. Nossa fé genuína produz movimento. Nós realmente entramos
dentro de Jesus. Nossa fé nos leva para dentro Dele, e Ele para dentro
de nós, de forma que impacta radicalmente nossas vidas. Isto nos
transforma. Permite que recebamos Sua própria vida e sermos “nascidos
do alto”. E isso faz com que o Pai nos considere como justos. Isto é a
verdadeira fé bíblica.
Mais uma vez, podemos ver um “evangelho encoberto” aqui. Um é o
evangelho que enfatiza a crença em fatos, credos, doutrinas, versículos
bíblicos, etc. é um tipo de mensagem muito seca, intelectual,
conceitual, com muito pouca, ou talvez nenhuma, experiência com Jesus
ressurreto.
Parece estabelecer que uma vez que “cremos”, a partir dai Deus nos
considera justos, não importa o que poderíamos fazer, dizer ou pensar.
É uma religião similar a que os fariseus tinham e que era baseada na
análise que eles faziam das Escrituras. É algo que não parece muito
verdadeiro, que não causa impacto profundamente em nossas vidas, e que
não nos muda muito.
O “outro” evangelho é aquele de intimidade, um relacionamento genuíno
com Jesus através do qual entendemos o que Ele está dizendo e fazendo
todos os dias, e correspondemos a estas revelações através da fé. Desta
forma, estamos caminhando com Ele e Ele está nos considerando justos.
Este é o resultado de Sua graça e amor. Este evangelho gera mudança de
vida (realmente, de troca de vida), traz um poder que nos liberta de
quem e do que somos. Esta é a mensagem que realmente nos liberta do
pecado.
Um
dos muitos benefícios de receber a vida de Deus em nosso espírito é que
nós, agora, podemos estar sendo transformados. Isto é algo que todos os
crentes precisam estar experimentando. Biblicamente, este é um processo
contínuo e por toda a vida. Este é um privilégio que nós podemos e, de
fato, devemos aproveitar de forma que nós possamos ter vantagem
completa de tudo o que Cristo fez por nós.
O significado de transformação é que nos tornamos algo diferente do que
éramos originalmente. Nós somos transformados em um novo tipo de
pessoa. A palavra “transformação” em grego é METAMORPHOO da qual temos
a palavra metamorfose. Esta é a mudança radical que a borboleta ou
mariposa experimentam ao longo de suas vidas. Inicialmente, após
eclodir de seus ovos, estas “larvas” rastejam ao longo do solo ou numa
planta. Elas estão confinadas à terra. Mas, depois de um tempo, elas
tecem um casulo ou secretam uma crisálida ao redor de si mesmas. Elas
então ficam confinadas dentro deste cápsula por algum tempo, como se
estivessem hibernando. Na realidade, parece que elas estão mortas. Não
existe nenhum movimento ou sinal de vida, mas uma mudança significativa
está acontecendo naquele ambiente escuro. Então, no momento certo, esta
“concha” começa a se romper. Quando elas finalmente emergem deste
“ambiente de morte”, elas são novas criaturas.
Em vez de serem algo feio, vermes terrenos, elas se tornam lindas
criaturas celestiais. Elas foram “transformadas” ou metamorfoseadas.
Esta é uma palavra bíblica muito acurada para descrever o processo de
como nós, também, podemos ser transformados.
Transformação é algo que nós também precisamos experimentar. Faz parte
da salvação maravilhosa que Jesus conquistou por nós pelo Seu sangue.
Isto é algo obtido pela nossa entrada na experiência de morte e
ressurreição de Cristo. Este processo lentamente nos muda do que nós
somos – seres humanos naturais, confinados nesta terra – em seres
gloriosos e celestiais.
Embora esta glória esteja encoberta por agora (2 Co 4:7) e será
completamente revelada somente na volta de Jesus Cristo, é algo muito
verdadeiro. Lemos em Colossenses: “pois vocês morreram {e estão
morrendo} junto com o Ungido. Pois, a vida de Deus {ZOÉ} dentro de
vocês está encoberta por enquanto em Deus, junto com o Ungido. Mas
quando o Ungido, do qual é esta vida que está em nós, for revelado,
então vocês também serão revelados com ele nesta glória” (Cl 3:3,4).
Este é um processo, algo que poderia estar ocorrendo todos os dias. Nós
lemos: “E não sejam conformados com os padrões deste século, mas
estejam sendo transformados pela renovação de vossas mentes, de forma
que possam discernir o que é a boa, aceitável, e perfeita vontade de
Deus” (Rm 12:2).
Também somos encorajados: “Pois o Senhor é o Espírito e onde o Espírito
do Senhor está, existe liberdade. Mas todos nós, com nossas faces
descobertas, através de ver e refletir a glória do Senhor, estamos
sendo transformados nesta mesma imagem de glória em glória” (2 Co
3:17,18).
Esta é realmente uma mensagem maravilhosa. Ela é, de fato, boas novas!
Nós, seres humanos da Terra, podemos experimentar uma maravilhosa
mudança. Nós podemos ser transformados na imagem de Deus! Uau! Que
possibilidade. Parece que Jesus realmente tem um plano maravilhoso para
nós. Ele quer nos mudar para Sua própria imagem gloriosa.
Se você está curioso sobre o que isto poderia parecer, pode ler a
primeira parte do livro de Apocalipse. Lá Jesus é descrito em Seu
estado glorificado (Ap 1:13-16). Ali O vemos em vestes resplandecentes
com todo Seu ser irradiando luz inacreditável. Este brilho é resultado
do poder e virtude eternos, tremendos e ilimitados que O estão
enchendo.
Quando João viu este sinal, ele caiu aos pés de Jesus como se estivesse
morto. Mas este é o mesmo João que deitava no peito de Jesus durante a
ceia (Jo 13:23). Ele era o discípulo que Jesus amava (Jo 20:2), de
forma que ele era muito familiar com Jesus.
Mas quando ele viu Jesus em Sua condição glorificada, seu lado humano
não pode resistir sob o poder e glória emanados de Jesus, de forma que
desmaiou diante dele. Isto, meus queridos irmãos e irmãs, é glória. A
glória para a qual fomos chamados não é um lugar. É um estado de ser.
Ser “glorificado” quer dizer estar cheio de Deus, e irradiar Seu poder
e esplendor. Foi para isso que Jesus nos chamou. Sua intenção é nos
mudar tão radicalmente, tão completamente, que quando Ele retornar, nós
seremos como Ele é exatamente agora. Isto é o que é chamado
“transformação”. Na realidade, nós devemos estar experimentando esta
mudança hoje de forma que, amanhã, ela possa ser vista em nós. Jesus
nos ensinou: “Então os justos brilharão intensamente como o sol no
reino de seu Pai” (Mt 13:43).
Mas de alguma forma, este evangelho tem sido quase sempre encoberto.
Parece ter sido mudado. A maioria dos cristãos pensa que “glória” é um
lugar, um destino para o qual eles irão, talvez algo similar a uma
Disney World Celestial, ou Paraíso Muçulmano.
Em vez de uma mensagem sobre nosso chamado (sendo transformados na
imagem de Cristo), nós temos ouvido uma mensagem sobre uma destinação,
algum lugar para o qual devemos ir. O evangelho tem sido diluído e
empobrecido por entendimentos equivocados sobre para o quê Deus está
nos chamando.
Talvez pelo fato de que a maioria dos cristãos tenha tão pouca
experiência de mudanças atualmente acontecendo em suas vidas, a fé
deles é, na maior parte, imaginação. Portanto, uma gama de estórias
sobre uma “Terra Gloriosa”, cheia de prazeres físicos e da alma,
combina com o que eles imaginam em suas mentes.
Mas deixe-me assegurar que, quando você é glorificado com a glória de
Cristo, onde você está não fará diferença alguma para você. Quando você
está compartilhando da vida, natureza, poder e glória de Deus, uma
destinação será algo insignificante.
O evangelho verdadeiro não é acerca de aonde iremos, mas sobre o que
seremos. Não é uma mensagem do destino glorioso, mas de um glorioso
estado de ser para o qual fomos chamados e para o qual devemos estar
preparados. Não é um evangelho sobre uma terra gloriosa, mas sobre ser
glorificado.
RECOMPENSA FÍSICA
Como temos visto, ter uma tradução acurada das Escrituras é algo muito
importante. Como as palavras são apresentadas pode ter uma influência
surpreendente em como os cristãos entendem a mensagem de Jesus. Por
exemplo, vamos ver a tradução de uma única palavra de apenas um verso
no Novo Testamento que tem influenciado poderosamente milhões de
cristãos ao redor do mundo para crer num evangelho conto de fadas sobre
o qual estamos falando.
Incontáveis missionários de fala inglesa têm percorrido o globo nos
últimos séculos. De forma alguma eu desejaria denegrir ou diminuir o
valor do trabalho deles. Além do mais, muitos deles levaram consigo a
tradução inglesa mais conhecida universalmente chamada versão King
James, ou a Versão Autorizada. Esta tradução foi feita sob a direção do
rei James da Inglaterra, que a “autorizou”. Ele era, ao mesmo tempo,
rei e “cabeça espiritual” da igreja anglicana.
Esta versão foi finalizada e publicada primeiramente em 1611. Nesta
versão encontramos uma palavra interessante. É a palavra “mansões”. Nós
lemos: “Na casa do meu Pai há muitas mansões: se não fosse assim, eu
vos teria dito. Eu vou preparar um lugar para vocês” (Jo 14:2 KJV).
É inacreditável quanta influência esta única palavra tem tido sobre
gerações de cristãos. Muitos lugares onde estes missionários foram,
eram, naquela época, ou ainda hoje, países pobres. Até certo ponto, por
esta razão, este verso conduziu incontáveis crentes a esperar por uma
mansão e outras riquezas “quando chegarem ao paraíso”. Este é o que eu
chamaria de evangelho “centrado no destino” ou “de recompensas
físicas”.
Lembro que preguei para uma grande congregação num país muito pobre,
mais de vinte anos atrás. Estava tentando explicar nossa verdadeira
recompensa que temos em Cristo.
Eu disse algo como isso: “Vejam, se ter uma casa espaçosa com três
carros na garagem é o paraíso, então os Estados Unidos é o paraíso”.
Fiquei chocado em ver praticamente todo o grupo acenando com a cabeça
concordando comigo.
Mas quando verificamos mais acuradamente as Escrituras, descobrimos que
não haverá mansões. É verdade! Ninguém jamais terá ou precisará de uma
mansão. Elas não existem e jamais irão existir. A palavra grega aqui
significa “moradas”, e não quer dizer palácios ou mansões. Paulo, nosso
irmão amado, nos explicou exatamente o que Jesus queria dizer. Jesus
estava falando de nosso novo corpo glorificado, não mansões. Jesus está
exatamente agora preparando novos corpos celestiais para nós “vivermos”
neles.
Paulo disse: “Pois sabemos que se nossa morada terrena for destruída
[nosso corpo físico], temos uma construção de Deus, uma ‘casa’ eterna
nos céus que não é feita por mãos humanas [nosso corpo glorificado].
Pois nós realmente gememos por isso, desejamos ardentemente nos vestir
com nossa habitação que vem dos céus, de forma que, estando então
vestidos, não seremos encontrados nus.
“Pois realmente nós que estamos nesta ‘tenda’ terrena gememos, sendo
sobrecarregados, não querendo nos despir de algo, mas por nos revestir
de nosso corpo imortal de forma que o mortal possa ser engolido pela
vida eterna de Deus {ZOÉ}” (2 Co 5:1-4).
Oh, as canções que tem sido escritas e os hinos que tem sido cantados
sobre estas “mansões” que não estão de acordo com as Escrituras, não
sendo verdadeiras ou reais. Incontáveis cristãos de muitas gerações vêm
sendo erroneamente conduzidos por esta palavra mal traduzida. Com esta
tradução equivocada como base, muitos estão crendo em ruas de ouro
cheias de carros luxuosos, toda sorte de prazeres para o corpo e para a
alma, riquezas como barras de ouro, etc.
No entanto, tudo isso é um conto de fadas, uma fábula. Não tem nada a
ver com o evangelho genuíno. Portanto, não pode inspirar aos cristãos a
buscarem o que Deus tem para eles no futuro. Além disso, não tem um
poder espiritual genuíno para proteger o coração dos crentes na hora da
tentação. Quanto dano tem sido causado pela tradução errada de uma
única palavra!
Este erro foi tão difundido e é tão pernicioso que, embora nenhuma
tradução moderna (exceto NKJV) que eu conheça até agora use esta
palavra “mansão”, esta noção ainda persiste. Mesmo em países que não
falam inglês e nunca usaram esta palavra “mansões” em nenhuma de suas
traduções, os crentes já ouviram sobre elas e estão esperando receber
mansões. O efeito que esta única palavra tem tido no pensamento cristão
ao redor do mundo é quase inacreditável.
Gostaria de reafirmar que você não precisará de uma casa física ou
mansão quando estiver na presença do Senhor. Desde que “não haverá mais
noite” (Ap 22:5) e ninguém ficará cansado, com sono ou fatigado, não
haverá necessidade de camas. Como também não haverá fome ou necessidade
de preparar alimentos, então não precisaremos de cozinhas. Com certeza,
também não haverá necessidade de banheiros.
Além disso, não haverá paredes dentro da Nova Jerusalém. Lemos que ela
é completamente transparente, como cristal (Ap 21:11). Não haverá
necessidade de privacidade, “um tempo a sós”, a necessidade de se
afastar dos outros, etc. não haverá nenhuma parte secreta, escondida ou
obscura. Por todas estas razões, nenhuma mansão será desejada ou
necessária.
Também não haverá barras de ouro. Nem mesmo haverá necessidade disso.
Não haverá lojas, nada para comprar, ou mesmo algo que poderíamos
necessitar. De fato, nem mesmo haverá “ruas de ouro” como muitos
acreditam, pois no texto grego esta palavra é singular e, portanto,
deveria ser traduzida como “rua” ou “praça central”.
QUAL SERÁ O NOSSO GALARDÃO?
Se então não haverá mansões, nem barras de ouro, nem carros caros,
nenhum entretenimento terreno, qual será nosso galardão? O que devemos
aguardar se não forem estas coisas? Existe um galardão principal que
receberemos. Será a mesma recompensa para todos. O galardão é o próprio
Deus. Deus disse a Abraão, “Não tenha medo, Abrão. Eu sou teu escudo,
seu grandíssimo galardão” (Gn 15:1).
Você ficou desapontado por isso? Isto parece inadequado ou pequeno? Se
for assim, então você nem começou a conhecer quem Deus é. Ele é tudo.
Ele é o criador de tudo que existe. Ele é tudo e tudo. Ele é muito mais
do que podemos imaginar, que é até impossível falar sobre Ele com
palavras humanas. Nosso Deus é infinito e eterno. Ele não tem limites.
E Ele está disposto a compartilhar a Si mesmo conosco como nosso
galardão.
Mas, embora todos receberão o mesmo galardão, este será diferente para
cada um. Nem todo mundo será capaz de experimentar este galardão no
mesmo nível.
Isto acontecerá por causa das diferenças no crescimento espiritual no
meio cristão. Como podemos ver, nem todos os cristãos atingem a
maturidade espiritual. Nem todos prosseguirão em conhecer o Senhor em
Sua plenitude. Por várias razões, nem todos tiram vantagem do tempo que
estão nesta terra para crescer espiritualmente.
Portanto, a capacidade de cada um gozar e participar na alegria futura
do Senhor será limitada pela maturidade. Este fato não é diferente de
como as coisas são nesta presente terra. Um bebê não pode se alimentar
sozinho ou andar. Uma criança não pode sair de casa sozinha. Um menino
não pode se casar.
Existem muitas e muitas coisas que um jovem não pode fazer ou ser em
função de sua maturidade. Esta mesma realidade será aplicada nas coisas
espirituais futuras. Nossa capacidade de desfrutar do próprio Deus e
todas as coisas futuras que Ele novamente fará será governada pela
maturidade que conquistamos enquanto vivemos aqui na terra.
Por favor, permita-me repetir esta verdade essencial. Nossa capacidade
de experimentar e desfrutar do próprio Deus e tudo que Ele for criar no
futuro será determinada pela nossa maturidade espiritual que alcançamos
enquanto aqui na terra.
Não haverá nenhum crescimento espiritual após o arrebatamento ou
sepultura. Hoje é o dia da salvação (2 Co 6:2). Consequentemente, nosso
amor por Deus, nossa entrega pessoal a Ele, nossa fé e obediência, o
nos encher constantemente com Ele, será tudo resultante de nossa
“maior” ou “menor” recompensa que será nosso desfrutar da
ESTA MESMA IMAGEM
Talvez, você tem perguntado, por que 2 Coríntios 3:18, quando fala
sobre ser transformado na imagem de Jesus, usa a palavra na “mesma”
imagem. O que esta palavra “mesma” significa?
Veja bem, Jesus é realmente a imagem de outra Pessoa – Seu Pai. As
Escrituras dizem que: “Ele {o Filho} é a imagem do Deus invisível” (Cl
1:15). E: “O qual, sendo o resplendor de sua glória e a imagem exata de
sua essência” (Hb 1:3). 2 Coríntios 4:3-4, falando sobre a glória de
Jesus, o chama: “...o Ungido – o qual é a imagem de Deus...” Portanto,
a glória para a qual Jesus está nos chamando é muito mais especial que
imaginamos. É a glória do próprio Pai!
A intenção de Jesus – de fato, esta é Sua oração fervorosa – é que
entremos “para dentro” e obtenhamos a glória de Seu Pai. No evangelho
de João, enquanto orava ao Seu Pai no momento da grande aflição Jesus
falou algo muito importante.
Ele disse: “E a glória que tu me tens dado eu tenho dado a eles de
forma que haveria uma completa unidade no grau que nós somos um: Eu
neles e tu em mim. De forma que eles fossem perfeitos dentro de nossa
unidade para que o mundo conhecesse que tu me enviaste e os ama da
mesma forma que me amou” (Jo 17:22-23).
Por este motivo precisamos desesperadamente experimentar transformação.
As recompensas vão além de nossa compreensão, mas elas são reais. Como
crentes, esta é nossa esperança, a esperança de ser glorificado com Sua
glória.
Isto exige que sejamos transformados em Sua imagem hoje – a imagem do
Deus invisível. Não haverá uma segunda chance. Não haverá transformação
após a morte. A única coisa que vai mudar após nossa morte ou
arrebatamento é nosso corpo.
Nosso interior, nossa alma e espírito, devem ser transformados hoje
pela obra do Espírito Santo. Se deixarmos de aproveitar esta
possibilidade quase inacreditável, e de nos enchermos diariamente com
tudo o que Jesus é, então, nós somos as mais imprudentes de todas as
pessoas (Hb 2:3).
Queridos amigos, que tipo de evangelho tem sido pregado? O que temos
anunciado ao mundo que está produzindo tão poucos frutos verdadeiros?
Talvez precisamos encarecidamente reconsiderar nossa mensagem e buscar
a face de Deus até que tenhamos algo genuíno e poderoso a dizer.
CONCLUSÃO
Precisamos desesperadamente experimentar algo real e transformador em
nossas próprias vidas. Deveríamos ser mais cuidadosos para que o que
estamos dando aos outros seja realmente verdadeiro e traga algum
benefício a eles.
Somente a verdade liberta as pessoas (Jo 8:32). Nenhuma outra mensagem
pode ou fará este trabalho. Não é de se admirar que o evangelho que
tantos têm pregado tem produzido tão pouco efeito.
Agora fica esclarecido porque o poder da mensagem de Jesus parece ter sido tão reduzido.
Grande parte da verdade dela foi perdida! A essência de Sua mensagem
vem sendo diluída ou esquecida além de outras ideias humanas ou
terrenas destituídas de poder que têm sido colocadas em seu lugar.
Temos sido roubados de algumas partes mais significantes das Escrituras
e, por isso, nossa mensagem não tem tido o poder maravilhoso que
poderia ter para transformar a condição humana.
Que Deus possa ter misericórdia de nós para que possamos conhecer a
plenitude de sua salvação e ser seus instrumentos em ministrar sua
verdade no mundo perdido ao nosso redor!
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