Ministério Grão De Trigo

ANCIÃOS (PRESBÍTEROS) E DIÁCONOS

Este panfleto também é um capítulo no livro “Sementes 2” o livro completo pode ser baixado em formato eletrônico aqui.
ANCIÃOS (PRESBÍTEROS) E DIÁCONOS por David W. Dyer

SEMENTES 2 ÍNDICE

Capítulo 1: ACIMA DE TODAS AS COISAS

Capítulo 2: CRIAÇÃO DE FILHOS

Capítulo 3: O DINHEIRO DE DEUS

Capítulo 4: PENSAMENTOS A RESPEITO DA LEI

Capítulo 5: UMA GAIOLA CHEIA DE PÁSSAROS

Capítulo 6: ANCIÃOS (PRESBÍTEROS) E DIÁCONOS (Capítulo Atual)

Capítulo 7: É POSSÍVEL A PERFEIÇÃO?

Capítulo 8: DIVIDINDO A ALMA E O ESPÍRITO

Capítulo 9: COMO SE REUNIR

Capítulo 10: DOIS TIPOS DE DISCIPULADO


Antes de começarmos nossa investigação, devemos esclarecer algo importante para o leitor cuja língua pátria é o português. A palavra “presbítero”, muito comumente encontrada na maioria das versões de traduções do Novo Testamento em português, não é utilizada nas traduções de outras línguas como: o inglês, espanhol, ou francês. Essa palavra sofreu uma transliteração do grego para o português. Presbítero vem da palavra grega “PRESBYTEROS”, que significa “ancião” ou “idoso” sendo a palavra “ancião” a mais utilizada nas traduções das outras línguas.

Daqui em diante, então utilizaremos a palavra “ancião” no lugar de “presbítero” para que fique claro ao leitor o sentido da mensagem que pretendemos passar.

Quando lemos no Novo Testamento sobre “anciãos” nós precisamos entender que isso não era algo novo para a comunidade judaica/cristã daquela época. De fato, o conceito sobre anciãos é na verdade um fenômeno vindo do Velho Testamento. Todas as cidades e vilarejos dos judeus do Velho Testamento tinham seus anciãos.

Então, quem eram esses homens? Qual era o seu papel na sociedade? Como eles se tornaram anciãos? Essas são indagações importantes que devem ser respondidas se quisermos entender corretamente a origem e a função dessa tradição que foi continuada também no Novo Testamento.

Primeiramente devemos compreender algo referente aos anciãos do Velho Testamento. Eles eram velhos. Isso mesmo. Nunca houve algo como um “ancião” de 20 anos de idade. Seria uma contradição ao sentido da coisa. Sem dúvidas você sabe o significado da palavra “ancião”. Ela quer dizer “velho”.

O fator idade para alguém que é considerado ancião é essencial pois nos fala a respeito da experiência. Se existe uma coisa que as pessoas adquirem, por viverem por muitos anos é a experiência. Ela vem de anos de contatos e interações com diferentes tipos de pessoas que agem e reagem de formas variadas. Essa experiência inclui lidar com diferentes situações, diversos indivíduos e com as inúmeras questões que surgem durante suas vidas. Não existe absolutamente nenhum substituto para essa experiência de longos anos.

Os anciões do Velho Testamento eram homens conhecidos pelo seu caráter. Visto que muitas cidades ou vilarejos daquela época eram pequenos, esses homens eram conhecidos praticamente por todos. Eram conhecidos desde sua juventude. Os habitantes daquela comunidade conheciam seus pais; sabiam qual tinha sido a educação que receberam e a conduta deles desde sua infância; conheciam suas esposas, seus filhos, suas atitudes e seus feitos ao longo de suas vidas.

Caso esses homens foram honestos, fiéis, sábios, seguros, justos, não foram vulneráveis à corrupção ou propinas, benevolentes, etc., então a população daquela cidade buscava tais homens para decidirem a respeito de certas questões. Quando algum tipo de questão financeira ou social surgia, eles reuniam tais anciãos para decidirem o que era correto em cada situação, quem estava certo e quem estava errado. Em suma, eles funcionavam semelhantemente ao juízes do Velho Testamento.

Por exemplo: vamos supor que um cidadão fizesse um acordo com alguém sobre a compra de determinada terra. Talvez um dos envolvidos não tivesse concretizado a sua parte do contrato. Logo, os dois convocavam os anciãos a se reunirem e ouvirem os dois lados da questão e tentarem decidir o impasse de maneira justa e correta. Sem dúvida o entendimento deles sobre as leis de Deus seria considerado em suas decisões.

Veja que, antes da época dos reis, não havia um sistema governamental em Israel. Não havia governo local, nem nacional. Deus havia instituído uma teocracia, o governo que era regido por Deus, e era Ele que comandava diretamente Seu povo.

Assim, quando a população precisava de orientação e de algum tipo de decisão judicial, eles buscavam os anciãos. Ainda que os juízes também estivessem disponíveis, eles pareciam ser poucos em termos numéricos (apenas um, durante todo seu tempo de vida) e não poderiam estar disponíveis para todo tipo de questão. Já que o acesso aos juízes era limitado pela distância e pelo tempo, eram os anciãos de cada cidade ou vila que eram procurados para decidirem qualquer tipo de questão.

Um exemplo de tal situação se encontra no livro de Rute onde vemos Boaz chamando alguns dos anciãos para juntos testemunharem sobre a divisão da herança de Elimeleque entre ele e um de seus parentes. Esses homens foram chamados para testificarem que tudo estava sendo feito da maneira correta, transparente e de acordo com a lei de Moises. Nesse caso, eles não tomavam nenhuma decisão, mas foram chamados como testemunhas fiéis.

Por favor, observe que os anciãos do Velho Testamento não organizavam nada. Eles não “governavam a cidade”. Não faziam o planejamento central; não criavam nem recebiam impostos, organizavam escolas ou a infraestrutura local ou controlavam a vida de qualquer pessoa. Estavam disponíveis para servirem a população mas não dominavam ou regiam a vida dos outros.

Note ainda que esses homens não eram eleitos. Não eram escolhidos, apontados, “ordenados” ou oficialmente colocados como anciãos. Eles eram anciãos simplesmente por causa de suas virtudes, experiência, reputação e sabedoria. Não tinham títulos especiais, salários, posições de autoridade, uniformes pomposos que os destacavam de alguma forma. Simplesmente eram quem eles eram.

A TRADIÇÃO DO NOVO TESTAMENTO

Essa “tradição” dos anciãos teve continuidade no Novo Testamento. Porém aqui, esses homens não eram conhecidos pelas comunidades seculares, mas sim, pela comunidade espiritual – as igrejas ou “o ajuntamento daqueles que foram chamados”. Sua função tinha muito mais a ver com as coisas espirituais do que com as decisões terrenas.

Essa tradição não era, até onde sabemos, algo instituído pelo Senhor através de Seus ensinamentos. Nos parece que Ele nunca mencionou algo sobre isso para os seus discípulos. Ainda assim vemos que nossos irmãos da igreja primitiva continuaram essa prática do Velho Testamento.

É importante entendermos que à função dos anciãos no Novo Testamento é similar na sua essência a função expressa no Velho Testamento. Há diversas semelhanças e paralelos entre esses dois grupos: os anciãos do Velho Testamento e os anciãos do Novo Testamento. No entanto, há alguns aspectos desse serviço espiritual que demanda tratamento diferenciado.

Parece que na época do Novo Testamento as cidades onde as igrejas criaram suas primeiras raízes eram muito maiores do que as cidades e vilas do Velho Testamento. Assim, a maioria dos habitantes não conhecia uns aos outros. Consequentemente, aqueles que se convertiam a Cristo não tinham o benefício de conhecerem as vidas e históricos dos outros. Portanto, esses novos convertidos não conheciam aqueles que tinham idade, experiência e sabedoria.

Naquele tempo haviam muitos novos convertidos. Como muitos desses novos crentes não conheciam todos os membros do corpo de Cristo, eles não sabiam a quem buscar quando precisavam de orientação e conselho. Sendo assim, Paulo ensinou que era necessário que esses “anciãos” fossem indicados para que os novos crentes pudessem conhecê-los.

É claro que aqueles com algum crescimento espiritual conseguiriam discernir tais indivíduos maduros. Eles conseguiriam reconhecer espiritualmente aqueles que estavam sendo usados por Deus a darem conselhos e admoestações vindos de Deus. Tais crentes mais maduros não teriam necessidade de que alguém os apontasse para saberem quem eles eram: “anciãos” – crentes cujas vidas exibiam o caráter e a sabedoria de Cristo.

Porém, muitos novos convertidos não tinham tal discernimento. Como jovens cristãos, eles não tinham a sensibilidade espiritual para reconhecerem aqueles que eram espiritualmente mais maduros.

Como jovens cristãos ficam facilmente impressionados, eles podem ser induzidos ao erro, por indivíduos talentosos e ambiciosos. Podem ser enganados por não conseguirem reconhecer aqueles que têm mais tempo, experiência e maturidade espiritual, os quais Deus pode usar no aconselhamento e orientação.

Sem dúvidas, foi por essa razão que Paulo percebeu a necessidade de apontar tais homens cheios de sabedoria e maturidade para que outros crentes soubessem quem eles eram ou os “reconhecessem”. Isso ocorreu para o bem da maioria: qualquer um que buscasse conselho, ajuda ou sábias orientações, precisava saber a quem recorrer. Eles precisavam saber quem era de confiança, quem vivia em íntima comunhão com Deus e que era capaz de guiá-los em seus caminhos.

É precisamente sobre isso que lemos em Atos 14:23: “E quando eles [Paulo e Barnabé] tinham indicado os irmãos mais velhos e espiritualmente maduros em cada grupo daqueles que ‘foram chamados para fora’, tendo orado e jejuado, eles os confiaram ao Senhor em quem criam.” (VDP).

Essa palavra traduzida aqui como “indicar” em grego é CHEIROTONEO. Essa palavra literalmente significa “esticar a mão” logo, pode ser traduzida como “indicar” (no sentido de “distinguir dentre os outros”). W. E. Vine, em seu Dicionário Expositório das Palavras do Novo Testamento escreve o seguinte sobre essa palavra grega: “Não se trata de uma ordenança eclesiástica formal nesse ponto, mas antes, de uma ‘indicação’, para que as igrejas assim venham a conhecer, aqueles que já são crescidos e qualificados pelo Espírito Santo, tendo evidência disso através de suas vidas e de seus serviços.”

É claro que na cidade de Jerusalem, não havia necessidade que alguém indicasse aqueles que haviam andado com Jesus pessoalmente. Eles eram bem conhecidos entre o povo. Porém, nas outras cidades as coisas não eram assim tão óbvias.

Tal como no Velho Testamento, no Novo Testamento os anciãos das igrejas nunca foram eleitos. Além disso, ao contrário do que algumas traduções das escrituras parecem dizer, eles não foram escolhidos ou “ordenados”. Foram simplesmente indicados.

A PROVA DA MATURIDADE ESPIRITUAL

Ser um “ancião” requer maturidade – tanto física quanto espiritual. Requer-se o desenvolvimento de um caráter divino, juntamente com uma boa dose de sabedoria e experiência. Essas qualidades só podem vir com a idade e a intimidade com Jesus. A “prova” de tais características será vista através das vidas e das famílias de tais homens.

Em 1 Timóteo 3:1-6 Paulo nos dá uma lista de virtudes que demonstram como alguém poderia ser considerado um ancião ou “bispo”, como é comumente traduzido nessa passagem.

Observe que a palavra bispo, utilizada na maioria das versões de traduções em português, tem sua origem no grego “EPISKOPOS”. Apesar de entendida tradicionalmente como uma posição de autoridade. O significado desta palavra originalmente é descrito por diversos estudiosos como “aquele que cuida e protege” ou “o que tem a responsabilidade de cuidar de outro(s)” ou ainda “o que garante que algo será feito da maneira correta por outro(s)”. Um “supervisor”, um “vigia”.

Muitas das recentes traduções em diversas línguas já se utilizam de tais palavras no lugar da transliteração “bispo”, que traz o entendimento de uma posição de autoridade ao invés de um tipo de serviço feito em favor dos irmãos. De agora em diante, usaremos a palavra “vigia” no lugar de “bispo” para melhor entendimento.

Em primeira Timóteo 3:1-6 Paulo nos dá uma lista de virtudes que demonstram se alguém poderia ser considerado um ancião ou “vigia” (bispo) como é traduzido nessa passagem.

Lemos: “Esse ditado é verdadeiro: ‘Se um homem deseja servir como um vigia, ele deseja fazer um serviço valoroso’. O vigia (bispo), então, deve estar acima de reprovação, marido de uma esposa, não um beberrão, ter domínio próprio, exibir boa conduta, dado a hospitalidade, capaz de ensinar, pacífico, nunca rápido em reagir e bater em alguém [incluindo sua esposa], antes gentil, que não seja alguém que gosta de discutir, não seja alguém ganancioso por dinheiro, alguém que administra bem sua própria casa e possua filhos que sejam obedientes e que o respeitem (pois se um homem não sabe como administrar bem sua própria casa, como ele poderá cuidar daqueles que foram chamados por Deus?), que não sejam uma pessoa nova ou recém convertida para que ele não comece a se encher de si mesmo e caia em julgamento, assim como fez o Diabo”. (VDP).

Essas qualidades não podem ser obtidas por indicação. Tais qualidades não são automaticamente transmitidas a alguém por ter sido eleito ou escolhido pelos outros para servir tal propósito. Uma pessoa só pode ter uma vida tão controlada e cheia de tais virtudes através de intimidade e submissão a Deus. Isso requer tempo, muito tempo. Essa vida não pode ser e, de fato, nunca será resultado de qualquer indicação religiosa, mas antes o fruto da vida de Jesus se desenvolvendo dentro dessa pessoa.

Na sua carta a Tito, capítulo 1:5-9, Paulo inclui uma lista semelhante: “Eu te deixei em Creta para me fazer esse favor: que adicionalmente você possa corrigir as coisas que estavam em falta e indicar irmãos mais velhos e mais espiritualmente maduros em cada cidade, como eu te instruí. Tais homens são aqueles sem culpa, maridos de uma esposa, tendo filhos que creem, homens que não são acusados de agirem como os não-salvos ou serem desobedientes a Deus.

Pois o ‘vigia’ deve ser sem culpa como servo de Deus; não soberbo, que não se enraivece com facilidade, que não seja briguento, alguém que não bate nos outros [incluindo sua esposa], sem ganância por dinheiro; mas antes dado a hospitalidade, um promotor da virtude, discreto, justo, santo, com domínio próprio; guardando fielmente a palavra que está de acordo com o correto ensinamento, para que então ele seja capaz de encorajar outros através de seus ensinamentos, e reprovar aqueles que contradizem a verdade.” (VDP).

A partir desses versículos, que claramente indicam maturidade espiritual e experiência adquirida, podemos entender o coração de Paulo. Ele estava muito preocupado com o bem-estar dos novos convertidos. Seu coração ansiava que seus irmãos e irmãs pudessem crescer em Cristo e permanecerem em tudo que Deus tinha para eles.

Para os auxiliar nesse processo, ele achou necessário que os irmãos que possuíam sabedoria e maturidade fossem indicados aos recém-convertidos. Dessa forma, eles poderiam saber a quem recorrer para os orientar e conhecer também aqueles que tinham o exemplo de vida com Deus e que deveriam ser seguidos.

Aqui a palavra traduzida como “indicar” na verdade significa “assentar” ou “colocar”. Talvez Paulo aqui estava novamente lembrando do padrão do Velho Testamento. Já que os anciãos do Velho Testamento eram de fato velhos, parece que eles deveriam ser aposentados, ou que não trabalhassem em expediente integral. Seu hábito era de se reunirem no portão da cidade onde havia um lugar para se assentarem. Desse ponto de destaque, eles podiam observar as vidas dos habitantes, conversar uns com os outros e estar disponíveis para aqueles que desejavam buscar seus conselhos.

Coloco aqui alguns versículos que demonstram ser de fato o hábito desses anciãos. “... então seu pai e sua mãe devem levá-lo aos anciãos da cidade, ao portão de sua cidade”. (Dt 21:19). “...então o pai e a mãe da jovem mulher devem levar a evidência da virgindade da jovem mulher aos anciãos da cidade no portão da cidade.” (Dt 22:15). “Mas se o homem não quiser tomar a esposa de seu irmão, então que a esposa de seu irmão vá até o portão, até os anciãos…” (Dt 25:7).

“E quando ele fugir para uma dessas cidades, e se colocar na entrada do portão da cidade, e declarar seu caso na assembléia dos anciãos da cidade…” (Js 20:4). “E todas as pessoas que estavam no portão, e os anciãos, disseram, ‘Nós somos testemunhas. O Senhor fez a mulher que está vindo a sua casa como Raquel e Leia, as duas que construíram a casa de Israel; e que vocês prosperem em Efrata e sejam famosos em Belém’” (Rt 4:11). “Os anciões pararam de si reunirem no portão, e os jovens pararam com suas músicas.” (Lm 5:14).

Por esses versículos nós vemos que o lugar de assento junto ao portão era o “lugar” dos anciãos. Logo, quando Paulo diz a Timóteo para “colocar” anciãos, provavelmente, referia-se a esse hábito dos anciãos do Velho Testamento.

Esse então é outro exemplo de como Paulo achou necessário indicar aos novos crentes das igrejas primitivas quais homens tinham sido desenvolvidos por Deus, demonstrando através de seu caráter divino, sabedoria e experiência que eram indivíduos confiáveis de quem os outros poderiam receber conselho e orientação.

COMO OS ANCIÃOS TRABALHAM

Temos discutido aqui sobre o papel dos anciãos em darem conselhos e orientações. Mas as escrituras indicam que havia outras funções que tais homens também tinham. No versículo que já mencionamos anteriormente em 1a Timóteo 3, esses homens eram chamados de “vigias”. A palavra grega é EPISKOPES que significa “vigiar” ou trabalhar como um “vigia”.

O que esses vigias fazem? Eles observam, vigiam. De maneira similar aos anciãos do Velho Testamento, que se assentavam ao lado do portão e observavam a conduta e o dia-a-dia dos habitantes de Israel, o vigia do Novo Testamento é um observador.

Já que esses homens possuem maturidade espiritual, eles também possuem o desejo natural de qualquer pessoa madura, o de cuidar dos que são mais jovens. Ao perceberem que alguém está passando por algum problema – por exemplo, que alguns se dirigem para lugares perigosos ou estão prestes a cometerem um erro grave – então eles têm a responsabilidade diante de Deus de falarem com aquela pessoa. Um vigia é alguém que cuida e guarda uma propriedade ou alguém, até mesmo uma cidade e avisa seus habitantes quando há um problema eminente.

Essa é a função do ancião do Novo Testamento. Ele vigia e cuida da propriedade de Jesus. Ele cuida daqueles que pertencem a Deus. Cuida deles através de conselhos e orientações vindos de Deus. Os ensina o que ele tem aprendido sobre coisas espirituais. Os adverte quando estão em perigo. Os ama como se fossem seus filhos e porque ele sabe que eles são amados do Pai, assim como ele próprio é.

Ainda que no Novo Testamento os vigias tenham a responsabilidade de falarem a alguém que esteja errando ou que esteja em perigo, eles não possuem o direito de tentar forçar o que têm a dizer. Eles não têm autoridade para insistir ou empurrar qualquer um que seja a seguir seus conselhos ou direções.

Os anciãos do Novo Testamento não receberam nem nunca receberão “autoridade” de Deus sobre outros crentes. Essa é uma ideia errada que muitos cristãos possuem. Jesus nunca deu autoridade para que seus discípulos a exercessem uns sobre os outros. Em vez disso, Jesus proibiu tal autoridade! Ele proibiu seus discípulos exercerem qualquer autoridade uns sobre os outros.

Mesmo que isso pareça ser uma surpresa para você, o ensinamento de Jesus sobre esse assunto é muito claro. Leiamos juntos em Mateus 20:25-28: “Mas Jesus os chamou para si e disse, ‘Vocês sabem que os governantes dos Gentios governam sobre eles e que os grandes entre eles exercem autoridade. Jamais deve ser assim entre vocês! Mas aquele que deseja se tornar maior entre vocês será seu servo, e aquele que quer ser o primeiro entre vocês será seu escravo. Da mesma forma, o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida por resgate de muitos.’” (VDP).

Em Lucas 22:25,26 Jesus esclarece melhor Seu ensinamento. “Então Ele disse a eles, ‘Os reis dos gentios dominam sobre eles e aqueles que exercem autoridade sobre eles são chamados “benfeitores”. Mas vocês não devem fazer assim! Ao contrário, aquele que é o ‘maior’ dentre vocês, que se torne como um bebê recém-nascido, e aquele que se destaca como exemplo na vida espiritual, que seja como um servo’”. (VDP).

Aqui Jesus usa a palavra “benfeitor”. Benfeitor é alguém que faz algo para o seu benefício. O que essa gente faz é bom para você. Ainda assim, Jesus nos ensina que mesmo quando parece ser benéfico para o crente exercer autoridade sobre outro crente, isso é proibido! Esse não é o caráter de Jesus. Por isso, não é permitido que um ancião ou vigia exerça autoridade sobre alguém.

Logo depois da ascensão de Jesus aos céus Ele disse: “Toda autoridade nos céus e na terra foi dada a mim.” (Lc 28:18 VDP). Puxa! Isso deve significar que “toda” é realmente “toda”, pois além dos céus e da terra nós não conhecemos outra localidade. O que Ele não disse foi que iria dividir uma pequena parte dessa autoridade para cada um de nós, para usarmos durante a ausência Dele.

Continuando a leitura até o final dessa passagem, nós vemos que Ele não precisa nos dar nem um pouquinho de Sua autoridade porque Ele não está “ausente”. Ele ainda está conosco. A Autoridade em Pessoa está conosco até a consumação do tempo (Lc 28:20).

Mesmo que Jesus tenha dado aos Seus seguidores autoridade sobre demônios, Ele não nos deu autoridade para a usarmos sobre nossos irmãos e irmãs.

Mesmo que a autoridade secular deste mundo é delegada por Deus (isto é, reis, governantes, polícias, etc.) e opera numa maneira hierárquica, no meio de Seu povo, Jesus é a única autoridade. Ele reservou essa autoridade para Si mesmo.

Ainda que muitas traduções do Novo Testamento usam a palavra “autoridade” no caso de Paulo (2 Co 10:8), como se ele tivesse recebido alguma autoridade pessoal, essa tradução não pode estar correta já que contradiz os claros ensinamentos de Jesus. Essa palavra traduzida como “autoridade” pode ser, e sem dúvida deveria ser mais bem traduzida como, “capacidade” ou “habilidade” para harmonizar melhor com o que Jesus ensinou de maneira tão clara.

Assim, ainda que um vigia/ancião tenha a responsabilidade de falar quando Deus o usa para advertir alguém que está errando, ele não tem autoridade, nem dele mesmo nem de Deus, pra pressionar ou forçar aquela pessoa a fazer o que ele está falando.

PASTORES

Outra palavra que encontramos usada no Novo Testamento como uma tarefa para aqueles que levam as obrigações de um irmão maduro, é, a de “pastorear”. A palavra grega utilizada aqui é POIMEN, que significa “aquele que pastoreia um rebanho”. O que isso significa para nós no contexto cristão?

Um pastor naquela época guiava as suas ovelhas. Isso significava que ele andava à frente delas. Elas o seguiam porque o conheciam e confiavam nele. Já tinham convivido tempo suficiente com eles para saberem de seu cuidado e lealdade para com elas.

Esses pastores nunca empurravam suas ovelhas, no sentido de forçá-las a uma determinada direção. Empurrar ou compelir ovelhas é difícil sem a ajuda de cães pastores, mas guiá-las é fácil se elas forem familiarizadas com seu pastor. Por exemplo, Jesus disse: “Minhas ovelhas ouvem {ou conhecem} a minha voz. Eu as conheço, e elas Me seguem.” (Jo 10:27). Falando sobre “o Bom Pastor” Ele disse: “... ele chama suas próprias ovelhas pelo nome e as guia para fora. Quando suas ovelhas deixam o curral, ele as guia indo à sua frente. E as ovelhas o seguem porque elas conhecem a sua voz.” (Jo 10:3,4).

Essa é a forma que Jesus nos guia. Ele nunca nos força a fazer as coisas. Ele nunca empurra nem puxa. Ele nunca exige que façamos algo contra a nossa vontade. Na verdade, Ele nunca viola nossa vontade, seja de qualquer forma. Como foi Deus quem nos deu o livre arbítrio, Ele nunca, de maneira alguma, faria algo que violasse esse nosso direito.

Da mesma forma, liderança no Novo Testamento nunca funciona através do uso de uma posição de autoridade, mas antes, pelo exemplo. A liderança jamais é exercida pela força, coação, ordem ou insistência. É uma “liderança” que não tem controle ou autoridade sobre os outros. Pelo contrário, ela funciona através do exemplo visto na vida dos “líderes” a medida que eles andam à frente dos outros em sua caminhada espiritual.

Um versículo que parece transmitir um entendimento errado aparece em 1 Tessalonisenses 5:12 onde lemos: “Agora rogamos, irmãos, que acateis com apreço os que trabalham entre vós e os que vos presidem...” (JFA). Na verdade a palavra grega que é traduzida “presidem” é PROISTEMI, que significa, de acordo com W. E. Vine em sua obra Dicionário Expositor de Palavras do Novo Testamento: “literalmente, ‘andar na frente’, ou seja, ‘liderar, atentar para’ (indicando cuidado ou diligência).”

Outra palavra traduzida em algumas versões por “exercer autoridade sobre vocês” em Hebreus 13:17 referente aos anciãos é HEGEOMAI que, segundo a definição de Strong, significa “ir adiante, liderar pelo caminho.”

Paulo, notoriamente um dos que tiveram a revelação mais profunda sobre o corpo de Cristo, confirma essa ideia quando diz: “Não que tenhamos qualquer domínio sobre a sua fé, mas somos ajudadores da sua alegria. Pois vocês se mantêm pela própria fé.” (2 Co 1:24 VDP).

Confirmando a mesma coisa, Pedro diz: “Aos irmãos mais velhos, mais maduros espiritualmente, que estão no meio de vocês eu exorto; …cuidem do rebanho de Deus que está entre vocês, tomando conta deles, não porque vocês são obrigados, mas de boa vontade. Não façam isso como uma forma de ganharem dinheiro, mas com boa atitude, não exercendo qualquer controle sobre os outros mas tornando-se exemplos para o rebanho.” (1 Pe 5:1-3 VDP).

Como mencionado anteriormente, outra função importante de um ancião é a de guiar os outros até boas pastagens e água limpa. Um irmão realmente maduro espiritualmente e que tem intimidade com Jesus, já sabe onde a boa nutrição se encontra: encontra-se em Deus. Assim ele leva os outros a um relacionamento sempre crescente com Jesus para que outros também possam comer e beber Dele.

ORGANIZADORES? NÃO.

Assim como no Velho Testamento, também no Novo, os anciãos nunca foram responsáveis por organizar a vida dos outros crentes. Eles não programavam cultos nas igrejas. Nem marcavam momentos para oração e ensinamentos. Também não eram responsáveis por dirigir as mais variadas atividades para seus irmãos e irmãs.

Agora, isso pode parecer uma grande surpresa para muitos leitores. Nas “igrejas” atuais os anciãos, ou os pastores, fazem todas essas coisas. Eles são os responsáveis por fazerem a igreja funcionar. Mas no Novo Testamento, não encontramos sequer um único exemplo de tal organização por parte dos anciãos. É isso mesmo. Não encontramos nenhum versículo no Novo Testamento que mostre os apóstolos, “pastores”, ou anciãos organizando atividades para os irmãos. Parece que eles não organizavam nada.

Isso deveria ser de grande ensinamento para nós. Muitos cristãos se dizem “crentes na Bíblia” ou de viverem segundo as escrituras. Ainda assim, a maioria dos grupos cristãos é organizado e dirigido por um homem ou por um grupo de homens. No entanto, isso não tem base bíblica. É uma prática sem qualquer suporte na escritura. Ainda que seja a prática mais comum e universalmente aceita, não é bíblica.

Por exemplo, nós vemos que no livro de Atos que os crentes se reuniam “de casa em casa”. Quem organizava isso? Será que era Pedro que dizia: “Nas segundas-feiras, esse grupo reunirá na casa de João e nas terças, esse outro grupo encontrará na casa de Estevão”.

Será que lemos sobre Thiago (ou qualquer outro que seja) determinando que nas quintas haverá reuniões de jejum e oração? Não! Tais assuntos jamais foram decididos, dirigidos ou programados pelos apóstolos. Muito pelo contrário, esses acontecimentos eram liderados pelo Espírito Santo.

Como você pode ver, Deus tem um plano diferente. Ele tem uma nova ideia de como governar Seu povo. Ela se chama “Teocracia”. Ela é o governo do próprio Deus. Seu plano é de que Jesus organize, marque e dirija a igreja. Ao contrário da ideia não bíblica de humanos dirigindo esses eventos, o ensinamento de Jesus sendo o Organizador é muito claro nas escrituras.

Lemos: “... Cristo é a cabeça da igreja.” (Ef 5:23). Também somos ensinados: “E ele é a cabeça do corpo, a igreja, o qual é o início, o primogênito dentro os mortos, que em todas as coisas possa ter a proeminência.” (Cl 1:18). Além disso, nós vemos que Deus o Pai “ … O deu para ser cabeça sobre todas as coisas para a igreja.” (Ef 1:22).

O que significa ser a “cabeça”? Essa palavra é usada para descrever algo similar ao corpo humano. No nosso corpo, nossa cabeça comanda tudo. Todas as nossas palavras, decisões, movimentos, etc, são governados por ela. Nenhum outro membro do nosso corpo é capaz de dirigir esse organismo complexo. Ainda que, certos membros, tais como os nervos, possam transmitir instruções vindas da cabeça, é sempre a nossa cabeça que controla tudo.

Da mesma forma, Jesus foi feito para ser a cabeça de Seu corpo que é chamada “a igreja”. Jesus é aquele que o Pai pôs no comando de TUDO. Ninguém mais é capaz ou chamado para dirigir qualquer parte que seja. Você notou que Ele é a cabeça sobre “todas as coisas.” (Ef 1:22). Quando Ele dirige cada movimento de Seu povo, ele se move em uma harmonia gloriosa, fazendo Sua vontade.

Ainda assim parece que os homens tem problemas com isso. Como poderia Jesus “dirigir a igreja”? Ele é invisível. Ele não fala (frequentemente) de maneira audível ou manda e-mails, nem usa WhatsApp. Então, como Ele poderia organizar e dirigir todas as atividades da Sua Igreja?

Aqui encontramos uma das grandes deficiências da igreja de hoje. Poucos crentes são íntimos de Jesus. Poucos O conhecem bem e O seguem. A despeito dos versículos que já citamos aqui sobre Suas ovelhas conhecendo Sua voz e sendo aptos para O seguirem, a minoria hoje têm essa experiência. Como eles têm pouquíssimo crescimento espiritual por causa da insuficiente intimidade com Jesus, eles são incapazes de seguirem Sua liderança nas mais variadas situações. Dessa forma, começam a se apoiar nos homens.

Sendo que não sabem como ouvir, confiar e seguir um Senhor invisível, eles tomam o caminho mais fácil e buscam liderança humana. Colocam homens no lugar de Deus e os permitem que dirijam as coisas. Em vez de reconhecerem sua falta de intimidade com Jesus e fazerem o que é necessário para consertarem esse sério problema, o escondem colocando homens no lugar do seu Senhor. Como quase todos os outros agem da mesma forma, eles não veem problema em continuarem com essa prática.

Assim, o resultado é a perda da liderança divina. É a falta da “teocracia” que Deus desejou desde o princípio. A consequência é: organizações religiosas que têm a “cara de divindade” mas faltam-lhes o conteúdo da presença de Deus. Dessa forma, elas têm pouco, se têm algum, poder sobrenatural.

Hoje em dia temos seres humanos liderando a igreja no lugar de Jesus. Esses homens e mulheres podem até ter boas intenções, mas, eles simplesmente não são capacitados para fazer esse trabalho. São incapazes em substituir Jesus.

Como eles não conseguem ver dentro dos corações dos homens e não são onipresentes, não conseguem atender as necessidades mais íntimas dos outros. Também não conseguem dirigir as vidas de todos os membros da mesma maneira que Jesus consegue. Assim, acabam reproduzindo uma imitação bastante patética e pobre – uma organização humana no lugar de um organismo divinamente dirigido e que é cheio da vida de Deus.

A simples ideia de homens encabeçando e dirigindo o corpo de Cristo é tão absurda quanto uma formiga tentando substituir o cérebro de um ser humano. É definitivamente impossível. Os resultados jamais serão como Deus desejou.

Por que a igreja de hoje é tão fraca? Por que os participantes desse corpo não estão sendo transformados à imagem de Cristo? Por que a vitória sobre o pecado é tão rara ou até mesmo inexistente? Parte da resposta é porque temos lideranças humanas em vez de divinas. Nós temos homens tomando o lugar de Deus. Temos as “formigas” tentando se passar por cérebro. Simplesmente não funciona e jamais funcionará.

O que é desesperadamente necessário se resume em que cada crente tenha contato com Jesus por si próprios. Precisamos de um profundo arrependimento pelos pecados o qual restaurará o nosso relacionamento com Deus. Assim, poderemos aprender a conhecê-Lo e seguí-Lo.

LIDERANÇA GENUÍNA

Jesus é capaz de liderar a Sua igreja, Seu povo. Ele é muito bem qualificado e eficiente. Ele faz isso de muitas formas. A primeira: Ele fala e lidera cada um individualmente! Essa é a mais importante de todas. Assim como cada membro do corpo humano se conecta e é dirigido pela cabeça do corpo, cada membro de Cristo deve estar conectado e guiado por Jesus. Sem essa intimidade e obediência da parte de cada membro a igreja jamais funcionará normalmente e bem.

Todavia, há sempre crianças espirituais em nosso meio. Sempre haverá alguns que são imaturos e, dessa forma, não ouvem a Jesus com a clareza que deveriam ou que ouvirão posteriormente, com o passar do tempo.

Quando tais crentes precisarem de explicações, quando tiverem dúvidas ou medos, enquanto sua fé ainda for pequena, de tempos em tempos eles precisarão de conselhos. Precisarão recorrer a irmãos mais velhos, mais maduros espiritualmente, para os ajudarem. Eles precisarão de comida e cuidados. Essa é então a função dos anciãos.

Irmãos maduros assim, jamais dirão aos outros o que deverão ou não fazer. Pelo contrário, eles ajudarão os crentes a discernir o que Deus já está lhes dizendo. Eles servirão a esses irmãos ou irmãs ajudando-os a peneirar os diversos pensamentos, sentimentos, impulsos, etc., e discernir o que é a voz de Deus. Em vez de substituírem a Deus e pronunciarem seus próprios conselhos e orientações, eles ajudará aos outros a entenderem o que Deus já está lhes falando.

Além disso, certos cristãos, podem ser mais usados por Deus para falarem aos outros. Isso pode ocorrer na forma de ensino, da pregação, de uma palavra profética ou ainda através de uma simples opinião ou sugestão. Como Jesus é invisível, Ele costuma usar os membros do Seu corpo como canais, através dos quais Ele expressa a Si mesmo e a Sua vontade. Mesmo que os membros mais maduros do corpo de Cristo sejam os que são usados com mais frequência para expressarem a vontade Dele, eles nunca se tornam a autoridade em si. Eles são apenas meros canais através dos quais Jesus faz Sua autoridade ser reconhecida.

Logo, nós vemos que ser um “ancião” não consiste em uma posição de autoridade na igreja. Não é um cargo que alguém possa ser eleito ou ser indicado.

É importante notar aqui que a palavra “cargo” usada na tradução Almeida Revista e Corrigida em 1 Timóteo 3:1 não possui qualquer referência no original grego. O tradutor dessa versão incluiu a palavra “cargo” no texto, devido a interpretação dele segundo seus próprios conceitos e ensinamento religioso. O verdadeiro sentido da frase inteira nessa passagem é “servir” como: “Se alguém deseja servir como uma vigia...” (VDP). Observe ainda que várias outras versões já não possuem a palavra “cargo” no texto.

Sendo assim, anciãos são simplesmente os homens mais maduros de qualquer grupo de cristãos que servem aos outros com sua sabedoria e experiência com Jesus. Eles nunca foram organizadores nem dominadores, porém antes, meros servos através dos quais o Espírito de Deus flua de tempos em tempos.

DIÁCONOS

“Diácono” é uma palavra usada para descrever alguns crentes do Novo Testamento. Essa palavra “diácono” não é em si uma tradução, mas sim uma transliteração. Uma transliteração é alcançada quando uma palavra grega é transformada em uma palavra da língua portuguesa.

O site http://michaelis.uol.com.br/ explica transliterar como: “Representar (uma letra ou grupo de letras de um vocábulo) por uma letra ou grupo diferente no correspondente vocábulo de outra língua.” Um bom exemplo atual que podemos utilizar é a palavra “shopping”, que foi transliterada da língua inglesa para o português e é amplamente utilizada nos dias de hoje.

A verdadeira tradução da palavra grega DIAKONOS é, segundo Strong: “Aquele que executa as ordens de outro, especialmente de um mestre, um servo, ou ajudante.” Também pode significar “escravo”. A raiz dessa palavra vem de DIAKO, que significa executar uma tarefa.

Como será que tais indivíduos passaram a existir na igreja primitiva? É fato que, enquanto Jesus esteve nessa terra, Ele nunca nos instruiu a estabelecermos um diácono. Essa função surgiu por conta de uma necessidade. Alguns irmãos eram da opinião que as viúvas em seu meio estavam sendo negligenciadas. Quando se distribuía comida, essas viúvas não recebiam a parte delas. Assim, eles reclamaram aos apóstolos.

No entanto os “doze” não queriam se preocupar com essa situação, então, pediram aos irmãos que selecionassem alguns irmãos que cuidassem desse serviço necessário que era cuidar das viúvas. Nesse caso, sete homens foram selecionados. Isso nos leva a concluir que tais “servos”, como eles deviam ser chamados, foram escolhidos para cuidarem de uma necessidade especial entre os irmãos.

Assim como os anciãos, também os servos, não são posições de autoridade. Esses homens não possuíam autoridade “própria” para exercerem controle sobre as outras pessoas. Na verdade, era exatamente o oposto. Eles carregavam em si, para o benefício dos outros, um tipo de serviço menos nobre.

Esse conceito que hoje temos de “diácono” na igreja – que é o de alguém com um título ou posição de respeito e autoridade – está completamente distante dos pensamentos que nos foram transmitidos através das escrituras. De alguma forma, talvez por causa da incorporação da palavra grega para ser usada como título no português ao invés de a traduzirem, agora temos uma tradição de “diáconos” no nosso meio, que não está em harmonia com os pensamentos de Deus

A questão de quão necessário seriam tais indivíduos entre nós hoje, provavelmente iria depender de alguma necessidade especial de um grupo em particular. Ainda que pareça que as igrejas do Novo Testamento tenham continuado essa prática, não há nada nos ensinamentos de Jesus que ordena qualquer grupo de crentes a terem esse tipo de servos.

No caso de cuidados especiais com as viúvas, na maioria das culturas ocidentais de hoje, isso não é uma necessidade real. Lembro-me como se fosse ontem de um irmão que veio me pedir ajuda para encontrar uma viúva segundo os padrões bíblicos a qual ele pudesse ajudar. Após ler Thiago 1:27, ele sentia que deveria ajudar tais viúvas.

Porém, segundo 1 Timóteo capítulo 5, todas as viúvas que ele conhecia da época, não eram qualificadas de acordo com os critérios bíblicos. Depois de aplicar todas as restrições que Paulo cita nessa passagem para discernir quem se encaixaria como viúva genuína a qual a igreja deveria ajudar, ele simplesmente não conseguia encontrar uma sequer. Como eu iria viajar para a Romênia em breve, ele achou que talvez eu pudesse encontrar uma viúva genuína lá.

Hoje em dia, na maioria das partes do mundo, a necessidade para qual esses homens foram selecionados não existe mais. Há bem poucas viúvas no “ocidente” que se encaixariam nas exigências de Paulo. Sendo assim, não existe necessidade no presente, de serem selecionados um grupo de homens para cuidarem desse propósito.

Como já mencionado; a necessidade de um grupo de cristãos selecionar alguns para cuidarem de alguma necessidade urgente dependerá da situação, da cultura local e da liderança do Espírito Santo. Se e quando tais pessoas forem selecionadas, não será para governarem parte da igreja mas sim executarem serviços menos nobres para os outros, segundo a direção de Deus.

David W. Dyer

Final do Capítulo 6

A sigla “VDP” que se encontra frequentemente neste livro se refere ao tradução do Novo Testamento “Vida Do Pai” que esta para ser editado no futuro por este ministério.

SEMENTES 2 ÍNDICE

Capítulo 1: ACIMA DE TODAS AS COISAS

Capítulo 2: CRIAÇÃO DE FILHOS

Capítulo 3: O DINHEIRO DE DEUS

Capítulo 4: PENSAMENTOS A RESPEITO DA LEI

Capítulo 5: UMA GAIOLA CHEIA DE PÁSSAROS

Capítulo 6: ANCIÃOS (PRESBÍTEROS) E DIÁCONOS (Capítulo Atual)

Capítulo 7: É POSSÍVEL A PERFEIÇÃO?

Capítulo 8: DIVIDINDO A ALMA E O ESPÍRITO

Capítulo 9: COMO SE REUNIR

Capítulo 10: DOIS TIPOS DE DISCIPULADO


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