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O EVANGELHO ENCOBERTO

MAIS PROBLEMAS DE TRADUÇÃO

Capítulo 3

O Evangelho Encoberto, livro por David W. Dyer

Publicacao Grao de Trigo

Escrito por David W. Dyer

ÍNDICE

Capítulo 1: O EVANGELHO ENCOBERTO

Capítulo 2: A VIDA NOVA

Capítulo 3: OUTROS PROBLEMAS DE TRADUÇÕES (Capítulo Atual)

Capítulo 4: FÉ VERDADEIRA

Capítulo 5: TRANSFORMAÇÃO





Capítulo 3: MAIS PROBLEMAS DE TRADUÇÃO


Como temos visto, a razão pela qual muitos não compreendem estas verdades vitais é por causa de muitas traduções enfraquecidas ou inadequadas do Novo Testamento. Um fator que complica ainda mais é que as traduções atuais nos apresentam a maior parte do evangelho no passado.

Isto, certamente, é baseado nos tempos verbais que são usados em cada sentença. Muitos teólogos e, consequentemente, muitos tradutores da Bíblia, através da interpretação de alguns verbos gregos no tempo passado, transmitem um tipo de evangelho que é dito e feito. Ele está no passado, e é baseado na “obra consumada de Jesus Cristo”.

Portanto, parece meramente ser uma mensagem de algo que já aconteceu há muito tempo atrás. O que as Escrituras parecem dizer é que tudo o que precisamos fazer hoje é “crer” em muitas coisas que já aconteceram. O resultado é um evangelho que é estático, terminado, “velho”, um tipo de mensagem distante.

Certamente que ninguém, especialmente este autor, deseja diminuir a importância do “trabalho consumado de Jesus Cristo”. Na cruz ele disse: “Está terminado {ou consumado}” (Jo 19:30). Entretanto, esta afirmação deve apenas se referir ao Seu trabalho por nós, e não ao Seu trabalho em nós. Como podemos saber disso?

Isto deve ser verdade porque Paulo diz: “...porque é Deus quem realiza em vós tanto o querer quanto o fazer para a sua boa vontade” (Fp 2:13 NKJV).

Considerando que Deus está ainda trabalhando em nós, isso significa que Sua obra não terminou ainda. Enquanto a obra de Jesus por nós já foi feita, o desenrolar deste trabalho finalizado – Sua obra em nossas vidas hoje – ainda está inacabado e em andamento.

No entanto, ao ler nossas traduções atuais, ficamos com a impressão de que uma vez que “cremos”, então fomos salvos, fomos justificados, fomos santificados, fomos enterrados com Cristo, ressuscitamos com Cristo, e, inacreditavelmente, já fomos também “glorificados”, e muitas, muitas outras coisas.

O problema é que a maioria dos crentes não estão realmente experimentando estes atributos; não são reais para eles. Não estão acontecendo em suas vidas. Eles não parecem estar sendo transformados. Eles não estão cheios da vida de ressurreição. Eles não se sentem santos. Eles especificamente não estão brilhando como o Cristo glorificado.

Embora estejam tentando intensamente “crer” nestas “verdades”, a experiência destas coisas não é nada real para eles. Isto deixa muitos cristãos frustrados. Eles tentam e tentam. Eles “acreditam” tão intensamente quanto podem, mas suas vidas continuam cheias de pecado. Talvez eles também tentem evitar o pecado, mas escorregam constantemente e não têm completa vitória sobre seus impulsos naturais.

A mensagem de que “tudo o que temos que fazer é crer em algo que aconteceu no passado” enche a igreja de nossos dias com uma sensação palpável de irrealidade. Então muitas pessoas estão louvando, orando, ensinando e crendo em coisas que não são reais em suas vidas.

Elas não estão sendo radicalmente mudadas. Elas não estão sendo, de fato, libertas do pecado. Isto faz do evangelho um tipo de conto de fadas. Ele se tornou uma mensagem sobre algo maravilhoso que acontecerá muito longe nos céus depois que morrermos ou formos “arrebatados”.

O evangelho se tornou uma mensagem sem poder, ineficaz e com pouco impacto em nossa vida diária. É algo que produz poucas mudanças nas vidas de muitos cristãos e, consequentemente, não é nada atrativo para os que estão de fora.

Como já falamos, muitos destes problemas podem ser colocados aos pés de nossas traduções do Novo Testamento. Veja bem, a linguagem grega possui um tempo verbal que não é encontrado na maioria de nossos idiomas modernos, é chamado “tempo aoristo”. Essa palavra pode ser definida como: sem limite, indefinido ou indeterminado. Na verdade, este tempo verbal não é bem compreendido pois ninguém mais fala a língua grega de 2000 anos atrás. Contudo, muitos parecem ensinar que este verbo é uma forma de passado.

Como este tempo verbal aoristo é usado em muitas passagens-chave do Novo Testamento, o “tempo pretérito” é aplicado na maior parte do evangelho, como algo que aconteceu no passado. Mas parece que esta não é a história completa. Se o tempo “aoristo” não representa estritamente o tempo pretérito, isso pode ocasionar uma diferença tremenda em nossas traduções do evangelho!

Por favor, tenha paciência comigo enquanto investigamos juntos esta possibilidade. Tentarei manter esta explanação tão simples e curta quanto possível de forma a não perder a atenção dos leitores.

Encontramos um perito, Grant R. Osborne, dizendo o seguinte: “...o aoristo não implica exatamente uma ação ‘de uma vez por todas’, como tem sido comumente mal interpretado” (The Hermeneutical Spiral, 2a edição). Outro autor, F. Beetham, disse: “...o uso do aoristo indica que o ponto de vista do orador ou escritor está por fora da ação que está sendo descrita, enquanto está sendo visto seu começo e fim” (ênfase deste autor) (Greece & Rome, Vol. 49, No. 2, Outubro de 2002). No website Bible Hermeneutics Stack Exchange nós lemos: “...o aoristo também tem diferentes sentidos especializados especiais significando ação presente”.

Então vemos que o tempo aoristo nem sempre está limitado ao passado. Ele também pode ter uma continuidade no presente e até mesmo um aspecto futuro. Se, então, aplicarmos este entendimento aos verbos encontrados na mensagem do evangelho, uma visão completamente nova da verdade se abre diante de nós. De fato, este é um evangelho bastante diferente que tem sido “encoberto” pela tradução dos tempos verbais.

Em vez de ser algo seco, velho, no passado, dito e feito, e “consumado”, ele se torna algo vivo, ativo, relevante, experimental, e contínuo. Os verbos que foram traduzidos com tempo pretérito (passado) recebem um novo significado quando compreendemos que eles também incluem o presente, o tempo contínuo, e até o tempo futuro.

Vamos ver juntos algumas Escrituras bastante conhecidas que usam o tempo aoristo para ver como a nova tradução fica bastante diferente. Paulo e seus companheiros disseram ao carcereiro em Filipos: “Esteja crendo no Senhor Jesus Cristo, e você estará sendo salvo, você e sua casa” (At 16:31).

Que tremenda diferença isso faz em nosso entendimento deste verso! Aqui vemos que crer não é algo que fazemos uma vez no passado, mas algo que precisamos continuar fazendo o tempo todo!

Quando entendemos este tempo verbal não como algo do passado, mas que tem continuidade hoje e até mesmo no futuro, novas perspectivas de revelação se abrem para nós.

Aqui também é revelado o “sendo salvo”, não como um único evento passado, mas como um processo contínuo. Nós podemos “estar sendo salvos”. (Se este pensamento é novo para você, não fique chateado. Explicaremos mais sobre este processo mais à frente neste texto).

Esta, então, é uma mensagem dinâmica. Este é um evangelho vivo, ativo, que precisamos estar experimentando em nossas vidas agora mesmo!

Outro verso (embora não esteja no tempo aoristo, mas no futuro) que mostra claramente que o evangelho é realmente dinâmico é encontrado em Romanos 5:10, onde lemos: “Pois quando éramos inimigos fomos reconciliados com Deus através da morte de seu Filho, muito mais, tendo sido reconciliados, nós estaremos sendo salvos por sua vida se desenvolvendo em nós”.

Veja, sendo “reconciliados com Deus” está relacionado com o perdão. Esta é uma coisa maravilhosa e preciosa, desde que nos conduza a um relacionamento com Deus. Mas, de acordo com este verso, existe algo “muito mais”. Existe algo muito maior e mais importante que esta reconciliação. Como vimos no capítulo anterior, o que é “muito mais” é estar sendo salvo por (através da ação de) Sua vida amadurecendo em nós. Esta é uma mensagem ativa e para agora. É algo que precisa estar acontecendo em nossas vidas hoje!

Através deste novo entendimento do tempo verbal aoristo – não sendo algo meramente confinado ao passado, mas que continua no presente – muitas outras verdades bíblicas se tornam mais compreensíveis.

SENDO CRUCIFICADOS

Por exemplo, Romanos 6:6, lido com este “novo” tempo verbal, fica: “Nós sabemos isso: que nosso ‘velho homem’ está sendo crucificado com ele, de forma que o pecado em sua totalidade está se tornando inoperante, a fim de que nunca mais nós fossemos escravos do pecado”. Agora, esta é uma versão totalmente diferente da antiga e “já consumado”, e que se alinha muito mais com nossa experiência.

Embora seja verdade que “nós fomos crucificados com Cristo”, como lemos em Gálatas 2:20, onde existe o verdadeiro verbo grego no “tempo pretérito” (passado), agora descobrimos algo ainda mais maravilhoso e aplicável para nós.

Em Romanos 6:6 vemos que esta crucificação pode ser aplicada a nós hoje. Podemos efetivamente experimentar isso! Isto, então, nunca mais será meramente um fato histórico, no qual estamos tentando “crer”. Ao contrário disso, é algo que pode ser real para nós. Isso pode estar acontecendo realmente em nossas vidas à medida que seguimos Jesus exatamente agora!

Quanto precisamos experimentar genuinamente este tipo de crucificação! É maravilhoso que Jesus morreu por nós e nós “morremos com Ele”. Mas se isso não tem impacto em nossa vida diária, se não estamos experimentando a realidade desta crucificação exatamente agora, estaria trazendo algum benefício a nós?

Preste atenção, para ser liberto de nossa velha vida e natureza pecaminosa, esta velha vida da alma (PSUCHÊ) precisa ser crucificada. Está certo, ela precisa morrer. Simplesmente não existe uma outra forma de estar livre dela e de suas atividades e impulsos impuros. Mas como pode esta possibilidade acontecer se não estamos experimentando hoje a morte de Cristo em nossas vidas?

Que benefício a “nossa morte com Jesus” estaria nos trazendo se ela fosse algo distante, teórico, uma verdade meramente “espiritual”? Se isso não for real para nós, como poderíamos ser libertos? Se nossa vida da alma não está sendo levada a morte todos os dias, como poderemos ser libertos de suas influências e natureza?

Somente um homem morto não peca. Para que sejamos completamente livres de nosso pecado, nossa vida PSUCHÊ deve ser eliminada. Nossa salvação do pecado requer não apenas a nova vida sem pecados mas o fim de nossa própria vida pecaminosa. Nossa vida da alma deve morrer. Portanto, a experiência atual de nossa morte em conjunto com a morte de Jesus Cristo é essencial para todos nós.

Quando falamos sobre o sangue de Jesus, a maioria dos crentes pensa em ser perdoados. Eles compreendem o sangue como um tipo de detergente*, uma capa, ou um manto que esconde seus pecados de Deus. Parece como uma forma rápida e fácil de escapar das consequências de seus erros. Mas, biblicamente, “o sangue” significa algo muito mais sério que isso. Na Bíblia, quando ela fala de sangue, significa que algo ou alguém morreu.

* Em muitas versões do Novo Testamento, Apocalipse 1:5 usa a palavra “lavar” como em “nos lavou de nossos pecados”. Mas isto é provavelmente um erro do copista, pois a grafia desta palavra é muito parecida com a palavra grega para “libertar” ou “liberar” encontradas em outras traduções mais confiáveis. De acordo com R. N. Champlin, Ph.D., em seu Comentário do Novo Testamento, a palavra “lavar” é encontrada apenas em manuscritos gregos mais novos e de menor importância. Portanto, estes são menos confiáveis que os mais antigos. Estes manuscritos parecem ser cópias de um manuscrito classificado como P.046, onde a palavra “lavar” aparece pela primeira vez neste verso.

O SANGUE DE JESUS

Não muito tempo atrás estava dirigindo meu carro e vi uma grande quantidade de sangue na estrada. Não muito longe dali estava um motociclista deitado no chão. Eu sabia que, pela quantidade de sangue na pista, ele estava morto. Ele não estava apenas sangrando um pouco, mas ele perdeu todo seu sangue e morreu.

Jesus não fez uma doação de sangue para a Cruz Vermelha. Seu sangue precioso não se compara com um detergente comum e barato. Em vez disso, o fato que o sangue de Jesus foi derramado significa que Ele morreu. Ele não sangrou apenas um pouco por nós, e depois colocou um curativo. Ele morreu em nosso lugar.

Por que Jesus precisou morrer? Isso foi necessário porque nós somos dignos de morte.

Na justiça de Deus, o indivíduo que peca deve morrer. Lemos em Ezequiel 18:20: “A alma que pecar deve morrer”. Jesus , então, tomou o nosso lugar nesta execução. Nós deveríamos ser mortos pelo que somos e pelo que temos feito. Contudo, Jesus morreu em nosso lugar.

No entanto, tudo isso significa muito pouco para nós se não entrarmos na experiência desta morte. Nossa morte com Ele deve se tornar real para nós. Como que somente homem morto não peca, nós devemos, através de Cristo, também nos tornar mortos para o pecado. Isto é conseguido ao entrar, de fato, em Sua morte, através do Espírito Santo (Rm 8:13).

COMO ISSO FUNCIONA?

Para que nós possamos ter vantagem desta morte substituta, existe uma condição: devemos reconhecer e admitir diante de Deus que nós somos dignos de morte.

Raciocine comigo por um momento. Se não cremos que somos dignos de morte pelo que fizemos e pelo que somos, então não existe razão para alguém assumir nosso lugar nesta execução. Se não somos culpados o bastante para sermos dignos de morte, então não precisamos do sacrifício de Jesus. A morte dele, então, foi desnecessária.

Em 1 João 1:9 lemos: “Quando nós concordamos com o julgamento de Deus em relação aos nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos limpar de toda imoralidade de caráter”.

Muitas versões usam a palavra “confessar” no lugar da palavra traduzida aqui como “concordar com o julgamento de Deus”. A palavra grega é HOMOLOGEO, que significa “falar junto” ou “dizer a mesma coisa que o outro”.

O que então Deus está dizendo sobre nossos pecados? Nós já lemos Sua sentença de morte: “A alma que pecar deve morrer” (Ez 18:20). Portanto, “confessar” nossos pecados quer dizer “concordar com”, ou “falar a mesma coisa que” Deus. Falamos o que Deus está dizendo, concordando com Seu julgamento sobre nós.

Esta, então, é a condição necessária para Deus fazer duas coisas. Ele vai nos perdoar e Ele vai nos purificar. Seu perdão sobre nós é uma coisa preciosa, mesmo isso não sendo o fim. Ele também age para nos purificar de quem e do que somos. Como temos visto no capítulo anterior, esta purificação é feita pela Sua própria vida atuando dentro de nós, para levar a morte a velha vida e natureza, substituindo-a com Sua própria.

Assim, vemos que até, e a menos que concordemos com o fato que somos dignos de morte, nós não podemos ser perdoados. Não existe forma

de receber perdão sem estar disposto a experimentar a subsequente purificação que significa a perda de nossa vida da alma (PSUCHÊ).

Apenas aplicando o precioso sangue de Jesus como “sabão”, “pintura”, ou mesmo “um manto de justiça”, sem reconhecer nossa necessidade de morrer, não é suficiente para ser perdoado. Deus não vai perdoar quem pretende continuar pecando. Nós devemos estar prontos e dispostos para o processos de limpeza de Deus, que envolve o fim de nossa vida da alma.

Quando nos arrependemos por concordar com Deus em Sua sentença de morte sobre nossos pecados, isto abre o caminho para Deus aplicar a morte de Cristo em nós e, então, nos encher com Sua nova vida. Esta é uma exigência absolutamente necessária. Não existe forma de ignorarmos esta parte.

Quando chegamos ao verdadeiro arrependimento, então, através do Espírito Santo, Deus aplica a morte de Cristo em nossas vidas. De uma maneira espiritual que nós humanos não podemos alcançar, a morte de Jesus se torna realidade em nós. Esta é uma obra que Deus faz em nós por Sua misericórdia e graça.

Nós não apenas necessitamos desesperadamente experimentar a morte de Cristo hoje, mas nós também precisamos experimentar a ressurreição de Jesus dentro de nós.

Paulo fez uma afirmação interessante e esclarecedora. Ele disse: “Eu quero conhecer a ele e o poder de sua ressurreição – o qual vem através da participação em seus sofrimentos e tornando-se integrado em sua morte – então desta forma eu posso experimentar a ressurreição dentre os mortos” (Fp 3:10,11).

Sim, nós precisamos experimentar a ressurreição de Jesus também. Mas há um problema aqui. Pessoas vivas não ressuscitam. Isso só é possível para os mortos. Portanto, se não estamos experimentando de Sua morte por nós mesmos – se ela não se torna real em nossas vidas – então nós não poderemos conhecer Sua ressurreição.

Consequentemente, permanecemos derrotados, sujeitos ao pecado, e sem poder. O poder de Jesus está na ressurreição. Se não experimentarmos diariamente Sua morte, não experimentaremos o poder de Sua vida ressurreta (ZOÊ).

SENDO IMERSO

Nossa experiência genuína da morte e ressurreição de Cristo atualmente é intimamente relacionada com nossa experiência de batismo. A palavra “batizar” significa “imergir”. É provável que muitos de nossos leitores passaram por uma cerimônia chamada “batismo” onde foram imersos em uma porção de água.

Isto não é uma coisa ruim. É um testemunho para os poderes celestiais e outras pessoas que você concordou com Deus em entrar na morte de Jesus. Contudo, com nosso novo entendimento do tempo verbal aoristo, vemos que nosso batismo não deve parar em uma experiência de ficar encharcado. Tem muito mais além disso. Nosso ser imerso na morte de Cristo, deve ser uma experiência diária e contínua.

Nós lemos com esse novo tempo verbal: “Ou vocês não percebem que todos os que estão sendo imersos {batizados} em Jesus, o Ungido, são imersos em sua morte?

“Portanto, estamos sendo enterrados com ele na morte pela imersão no Ungido, então da mesma forma que o Ungido se levantou dos mortos pela glória do Pai, nós devemos também estar andando na novidade da vida do Pai {ZOÊ}” (Rm 6:3,4).

Aqui entendemos batismo sob numa nova luz. Não é simplesmente uma experiência de uma só vez. Sendo imersos na morte de Jesus pode ser e, de fato, deve ser nossa experiência diária. É parte essencial de nossa salvação. Em Gálatas 3:27 lemos: “Pois todos quantos de vocês estão sendo imersos no Ungido, estão se revestindo no Ungido”.

Agora alguns podem arguir aqui que este “sendo imersos” é um evento passado para crentes verdadeiros e que eles já se “revestiram” de Cristo.

Mas, por favor, permita-me fazer algumas perguntas. Você está realmente “imerso em Cristo” o tanto quanto você gostaria de estar? Você está satisfeito que você tem tudo o que gostaria ou precisava de Jesus em sua vida? Você foi realmente transformado radicalmente na imagem de Jesus de forma que é visível aos outros, e que eles podem ver que você está realmente “revestido de Cristo”? Você é uma pessoa completamente diferente?

Caso contrário, então a experiência contínua e diária de ser imerso {batizado} em Cristo e em Sua morte é para você! Você pode estar experimentando a realidade do que a sua imersão “simbólica” na água estava representando.

Outro verso com a apresentação do “novo” verbo é: “Como você está sendo enterrado junto com ele através do [que] batismo [simboliza], você também está sendo ressuscitado com ele através da fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos” (Cl 2:12).

Que coisa maravilhosa! Por experimentar a realidade do batismo – sendo imerso na Sua morte – nós também podemos experimentar a co-participação na ressurreição com Ele pelo poder de Deus!

Nós podemos ser, e de fato devemos ser, imersos em Jesus dia após dia. É esta imersão em Cristo que está nos mudando. É nossa constante imersão Nele que está nos transformando do que somos no que Ele é. Jesus nos ensinou: “Aquele que está crendo e sendo batizado {sendo imerso} estará sendo salvo, mas aqueles que não creem serão condenados” (Mc 16:16).

Existem alguns cristãos que gostam de enfatizar “sendo batizados no Espírito Santo”. Alguns sentem que esta é “uma experiência necessária” para ser salvo. Outros pensam que este é um segundo passo ou uma segunda experiência após ser “nascido de novo”.

Agora, a partir de nossa discussão prévia sobre o tempo verbal aoristo, podemos compreender algo muito mais profundo. “Sendo batizado” ou imerso no Espírito Santo não é apenas uma experiência única. Ela não significa meramente uma “segunda experiência”, mas uma experiência diária. Precisa acontecer, várias vezes, mais e mais, até estarmos saturados com tudo o que Ele é. Este “ser imerso” em Jesus é intimamente relacionado com ser cheio com o Espírito Santo.

Esta, também, supõe-se ser uma experiência diária para todos os crentes. Fomos admoestados: “E não se embebedem com vinho, que produz perda de autocontrole, mas estejam se enchendo até a plenitude com o Espírito” (Ef 5:18).

Aqui está um verso maravilhoso. Nós podemos estar sendo cheios com o Espírito Santo! Esta também não é uma experiência para uma vez apenas. Deus não nos deu Seu Espírito com moderação. Ele o “derramou” sobre nós. Portanto, podemos nos encher por todo sempre, cada vez mais com Ele! Podemos ser cheios com tudo o que Deus é.

SENDO CIRCUNCIDADOS

Deixe-me fazer uma pergunta importante? Você já foi circuncidado? Não, eu não quis perguntar se você já teve alguma parte de seu corpo físico cortada. O que eu quis perguntar foi se você tem experimentado a verdadeira circuncisão da qual a cirurgia física é uma figura? Você teve sua carne cortada “para fora”? E você percebe que, como cristão, deve ser circuncidado?

Desde que a maioria dos versos bíblicos traduzem os versos chaves sobre este assunto no tempo passado, eles fazem esta experiência parecer algo que já aconteceu. Esta, então, poderia ser uma “cirurgia” que você não sentiu, não percebeu que aconteceu, que está produzindo pouco resultado bom, se algum. Mas quando lemos versos sobre circuncisão com uma interpretação diferente do tempo verbal aoristo, algo novo e maravilhoso aparece.

Em Colossenses 2:11 lemos: “É também nele que vocês estão sendo circuncidados com a circuncisão não feita por mãos humanas, mas ao invés disso, através da remoção completa dos pecados da carne pela circuncisão espiritual a qual ocorre no Ungido”.

A pergunta correta, então, é: você já experimentou ter sua carne cortada pela ação do Espírito? Esta realidade espiritual que a circuncisão simboliza se tornou real em sua vida?

O verso acima torna claro que isto pode estar acontecendo conosco. Isto pode se tornar nossa experiência. Aleluia, nós podemos estar sendo libertos de nossa carne!

Paulo também nos ensinou: “... mas ele é um verdadeiro judeu, o qual é interiormente, e a circuncisão genuína é a que acontece não pela letra da lei mas no coração pela operação do Espírito, cujo louvor não provém de homens mas de Deus” (Rm 2:29).

A primeira pessoa na Bíblia a ser circuncidada foi Abraão. Este ritual foi prescrito por Deus como resultado de sua fé, apontando para algo no futuro que tinha a ver com seus filhos. Através de nossa fé, nós somos hoje considerados “filhos de Abraão”, o pai da fé. Sendo seus descendentes espirituais, somos qualificados para a maravilhosa realidade espiritual da circuncisão que ele apenas experimentou fisicamente.

Paulo nos ensinou: “Além do mais, foi desta forma que ele pode ser o pai de “cortar fora da carne” {circuncisão} não apenas daqueles que são fisicamente circuncidados, mas também daqueles que estão andando nos passos da fé que nosso pai Abraão tinha enquanto ainda incircunciso” (Rm 4:12).

Então compreendemos que existe uma experiência espiritual de circuncisão que é para todos os crentes. Todos nós devemos conhecer por nós mesmos a divina cirurgia que tem um impacto radical em quem e no que somos.

Precisamos que Deus corte fora a carne que nos abrange. Precisamos desesperadamente ser livres desta carga pesada da “carne”, este fardo da velha vida e natureza, de forma que podemos caminhar com Ele sem impedimentos. Precisamos experimentar a remoção da natureza pecaminosa, que é “parte” de nós e nos identifica com os ímpios.

SENDO SANTIFICADOS

Outra verdade que deveria se tornar real para nós é a de ser santificados. Muitos entendem a palavra “santificado” como querendo dizer “ser separado”. Embora a palavra inclua este significado, esse entendimento fica muito aquém da importância total da palavra. Literalmente ele quer dizer “se tornar santo”.

Ser separado daquilo que é banal e impuro é, certamente, parte de se tornar santo. Mas se nós estamos apenas “sendo separados” e nunca realmente transformados para ser santos, nunca experimentaremos a plenitude do que esta palavra significa.

Quando entendemos corretamente os versos sobre este assunto no Novo Testamento, torna-se claro para nós, também, que é um processo contínuo que deveríamos estar experimentando. Nós deveríamos estar nos tornando santos. Isto se encaixa bem com o que Deus nos falou. Ele disse: “Tornem-se santos, porque eu sou santo” (1 Pe 1:16).

Também lemos: “...uma vez que seu poder divino nos proporcionou todas as coisas necessárias para o desenvolvimento de sua vida {ZOÊ} dentro de nós e a santidade que ela produz, através de conhecê-lo plenamente, o qual nos chamou para sua própria glória e virtude de caráter” (2 Pe 1:3).

Nós também fomos ensinados: “...agora, sendo libertos do pecado e se tornando escravos de Deus, vocês tem o ‘fruto’ de serem feitos santos como resultado da vida eterna de Deus (Rm 6:22).

E também: “Pois esta é a vontade de Deus: vocês se tornando santos” (1 Ts 4:3). E: “Mas somos compelidos a sempre dar graças a Deus pelos irmãos que são amados pelo Senhor porque Deus escolheu vocês no princípio para receber a completa salvação através de ser feitos santos pelo Espírito e por ter fé na verdade” (2 Ts 2:13).

E finalmente, “Buscai a paz com todos os homens e buscai o se tornar santo, pois sem santidade ninguém verá o Senhor” (Hb 12:14).

Desta forma, entendemos que sendo feitos santos é uma experiência que nós deveríamos estar tendo exatamente hoje e agora. É um privilégio que todos nós podemos experimentar.

Certamente, isto não é um resultado do esforço próprio. Não é conseguido por nossas obras. É alcançado pela graça de Deus através da fé. Acontece por sermos cheios, mais e mais, vez após vez, com a vida de nosso santo Deus.

Esta santidade deve ser real em nossas vidas. Deveria estar acontecendo para nós e em nós.

Santidade não deve acontecer apenas em nossa imaginação ou numa tentativa aparecer de ser santos. Também não é nossa esperança que Deus pensa que somos santos, quando nós percebemos que, na verdade, não estamos exibindo o caráter Dele.

Como já vimos, esta santidade é alcançada por ser cheios com a vida de nosso Pai Celestial Santo. É essencial a nós por entrar na morte e ressurreição com nosso Salvador Jesus Cristo.

Agora, queridos leitores, vocês percebem como existe duas “versões” do evangelho? Vocês podem ver que, dependendo de como as Escrituras são traduzidas, existe duas mensagens? Uma é estática, no passado, um evangelho “já feito” e seco que muitos estão tentando com todas suas forças acreditar. A outra é experimental, contínua, viva, um evangelho ativo que está produzindo mudanças reais na vida daqueles que estão crendo.

Final do Capítulo 3

Ler outros capitulos online:

Capítulo 1: O EVANGELHO ENCOBERTO

Capítulo 2: A VIDA NOVA

Capítulo 3: OUTROS PROBLEMAS DE TRADUÇÕES (Capítulo Atual)

Capítulo 4: FÉ VERDADEIRA

Capítulo 5: TRANSFORMAÇÃO