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SEMENTES

O AMOR DE DEUS

Capítulo 10

Sementes, livro por David W. Dyer

Publicacao Grao de Trigo

Escrito por David W. Dyer

ÍNDICE

Capítulo 1: NÃO OBSTANTE

Capítulo 2: O BATISMO COM FOGO

Capítulo 3: A SUBSTÂNCIA DE FE

Capítulo 4: O CAMINHO DE CAIM

Capítulo 5: FRUTIFICANDO

Capítulo 6: O SACERDOCIO

Capítulo 7: O SETIMO DIA

Capítulo 8: A ESPADA E O REINO

Capítulo 9: TRES PRINCIPIOS ESSENCIAIS

Capítulo 10: AMOR DE DEUS (Capítulo Atual)

Capítulo 11: VOCE ESTA ENGANADO?

Capítulo 12: O VERDADEIRO MINISTERIO



Capítulo 10: O AMOR DE DEUS


O verdadeiro amor requer compromisso. O tipo de amor que Deus tem para nós – o tipo que Ele quer que tenhamos por Ele mesmo e pelos outros – envolve um profundo compromisso.

Se dissermos que amamos alguém, mas não estamos dispostos a fazer qualquer tipo de compromisso, o que dizemos é falso. O que realmente estamos dizendo, quando falamos que amamos alguém sem este compromisso, é meramente que nós os desejamos, que os achamos atraentes ou que nós queremos algo deles. Amor, por outro lado – o verdadeiro amor – envolve um compromisso total com outra pessoa.

Muitos dizem que amam outra pessoa. Mas frequentemente o que eles realmente querem dizer é que querem obter gozo ou prazer da outra pessoa. Eles esperam obter algum benefício. Eles esperam que o outro dê a eles satisfação de várias formas. O “amor” deles é, na realidade, a expectativa do cumprimento de seus próprios desejos egoístas. Não é difícil acontecer que, se e quando, esta outra pessoa que eles afirmam “amar” cessa de dar a eles o prazer, serviço e sentimentos com que eles contavam, tal “profundo” amor desaparece.

Tal amor egocêntrico não é genuíno. Sem compromisso, quando alguém cessa de nos agradar, nós simplesmente o jogamos fora. Quando nós não conseguimos o que queremos, então o outro se torna dispensável.

Muitos possuem este “descartável” tipo de “amor”. Uma vez que eles usaram alguém para seu próprio benefício e o outro parou de ser gratificante para eles, simplesmente, os descartam. Este tipo de amor egocêntrico é um tipo humano, natural e terreno. Não dura muito nas dificuldades e não satisfaz realmente o coração humano. É uma vã ilusão que muitos procuram para suas próprias dores.

O tipo de amor de Deus, pelo contrário, é baseado em compromisso, rendição. Este fato é ilustrado para nós pelos Seus pensamentos em relação ao casamento. Na visão de Deus um casamento entre um homem e uma mulher envolve o fazer uma aliança juntos. “Porque o Senhor foi testemunha da aliança entre ti e a mulher da tua mocidade ...companheira e mulher da tua aliança” (Ml 2:14).

Sem esta aliança, relacionamentos íntimos entre homens e mulheres são proibidos por Deus e são considerados pecado. De nossa prévia discussão, torna-se claro que “pecado” é uma palavra muito apropriada para descrever um “amor” tão egocêntrico.

A única diferença entre fornicação (sexo fora do casamento) e o mesmo ato dentro do casamento é que o casamento inclui uma vida de compromisso. É plano de Deus que antes que dois indivíduos recebam tanto um do outro e compartilhem intimamente entre si, que eles devam fazer um pacto – um pacto do fundo do coração, duradouro e sincero.

Isto significa que eles concordam em amar um ao outro, permanecer juntos haja o que houver e servir um ao outro em todas as situações. O pacto do casamento significa estar completamente atado enquanto ambas as partes viverem. Como nós temos visto, sem tal entrega o que nós temos não é um amor real de forma alguma, mas simplesmente um desejo egocêntrico.

Então temos claramente elucidado para nós aqui o fato de que quando Deus, pela Sua santa escritura, fala para nós a respeito do amor, Ele não está simplesmente falando acerca de um sentimento caloroso, aconchegante ou até mesmo sentimentos românticos, mas sobre algo que envolve um compromisso de nossa parte com alguém. Pacto ou aliança é o fundamento do verdadeiro amor.

O AMOR DE DEUS

O fato é que Deus já fez um pacto eterno e profundo com aqueles que creem Nele. Esta aliança com Deus é inalterável. Seu amor é profundo e também irrevogável.

Porque isto é importante para nós entendermos? Saber que tal compromisso existe por parte de Deus e que é eterno, sólido e sem mudança, nos dá segurança. Quando nós sabemos que nós somos amados de tal maneira, nós podemos então abrir nosso coração.

Quando estamos certos que nós somos amados profundamente e totalmente por alguém – quando nós sabemos que este amor nunca desaparecerá ou mudará – então nós temos confiança para nos abrir a essa pessoa. No caso de Deus, nós podemos confiar que o que Ele encontrar dentro de nós, Ele tratará com a maior ternura, cuidado e entendimento possível. Deus não nos usará e descartará.

Quão bom é que o amor de nosso Deus não é como o tipo terreno! Quão maravilhoso é que Seu amor é tanto profundo quanto comprometido! Como cada um de nós precisa se sentir amado incondicionalmente por alguém! O fato de que Deus nos oferece tal amor é uma das partes mais maravilhosas da mensagem do Evangelho.

Deus demonstrou Seu amor por nós enviando Seu único Filho para morrer na cruz por nossos pecados. Este Seu ato confirma que é um tipo de amor não egoísta. Mostra a profundeza de Sua aliança para aqueles que creem. Revela a extensão na qual Ele está disposto a ir colocar os interesses dos outros a frente de Seu próprio conforto e prazer.

TRANSFORMANDO A ALMA

Nosso Pai celeste tem um plano para fazer uma profunda obra de transformação em nossos corações. Ele deseja nos mudar daquilo que nós somos para tudo o que Ele é. Ele deseja nos libertar da escuridão das trevas e pecado, substituindo nossa natureza pecaminosa por Sua natureza pura e santa.

Ainda assim, para que isto ocorra, devemos estar abertos para Ele, devemos estar rendidos a Ele. Devemos permiti-Lo fazer esta obra. Muito do que precisa ser alterado em nós envolve partes íntimas e sensíveis de nossa alma. As mãos de Deus que vêm nos curar podem precisar tocar e mudar coisas que são dolorosas e particulares. Sem dúvida, Ele precisará expor em nós coisas que são vergonhosos e difíceis – coisas que nós não gostamos de ver e esperamos que ninguém mais saiba a respeito.

Deus não forçará Seu caminho sobre nós. Ele não nos forçará a nos abrirmos para deixá-Lo fazer Sua obra. Nosso Senhor é extremamente sensível nesta área para não violar nossa vontade de forma alguma. Sua obra dentro de nós não irá nem um milímetro além do que nós estamos dispostos a que Ele prossiga.

Por esta razão, conhecer o amor de Deus é essencial. Compreender Sua aliança conosco, Sua profunda paixão pelo Seu povo e Seu imutável amor ajudará a nos abrir completamente para Ele. Conhecendo este amor, nós podemos nos abrir diante Dele sem barreiras ou resistências, permitindo-O fazer Sua obra transformadora.

Tal rendição é essencial. Tal abertura a Deus é a única forma na qual Sua obra em nós pode progredir sem impedimentos. Apenas quando nós estamos completamente prontos e dispostos para Ele nos tocar, expor e ternamente mudar tudo em nós é que experimentaremos Sua obra transformadora. Tal completa rendição de nosso homem interior só pode ocorrer quando sabemos que somos completamente amados.

Em Efésios capítulo 3, Paulo ora por aqueles que hão de crer. O desejo de seu coração era que eles conhecessem o amor de Deus de uma forma tão profunda que eles pudessem ser considerados “arraigados e alicerçados em amor” (vs 17). Este conhecimento do divino amor, então, torna uma base para nosso relacionamento com Jesus. Isto abre o caminho: “... a fim de podermos compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura e profundidade (da pessoa e plano de Deus)” (vs 18).

O resultado final de conhecer tão impressionante amor é quase inacreditável. É tanto que nós podemos ser: “...preenchidos de toda a plenitude de Deus” (vs 19). Aqui está uma coisa espantosa. Aqui é revelado que a vontade de Deus é que sejamos preenchidos com “toda a plenitude” de Quem e o que Ele é.

Então, como tal maravilhosa coisa é possível? É simplesmente estar sendo completamente abertos e rendidos a Ele. Isto pode vir a nós exclusivamente pelo conhecimento e por ser completamente confiante em Seu rendido amor por nós.

O PRIMEIRO MANDAMENTO

Com este entendimento, nós examinaremos agora um verso bem conhecido. Esta passagem fala a respeito de nossa parte neste maravilhoso e santo relacionamento. Lemos: “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força” (Mc 12:30). Este é o primeiro mandamento. O fato de que Deus está ordenando tal amor de nossa parte é uma clara indicação que isto é o que Ele está buscando.

Como nós temos visto, se nós vamos cumprir o plano de Deus, não será suficiente para nós apenas ter alguns sentimentos calorosos em direção a Ele. Não será suficiente meramente ter um pouco de desejo por Ele, apreciar as coisas de Deus ou até mesmo experimentar Sua presença ocasionalmente.

O que Deus está nos pedindo aqui é uma total rendição, sem reserva de tudo que somos, tudo que esperamos e tudo que possuímos, para Ele mesmo. Este verso fala de uma completa rendição a Deus. Significa que nós nos oferecemos a amá-Lo, estar abertos a Ele e a servi-Lo, fazendo tudo o que podemos para agradá-Lo. Isso também significa que percebemos que esta ligação é um compromisso por toda a vida.

É possível para uma pessoa buscar a Deus com outro tipo humano de amor. Alguns O buscam por sucesso e ou prosperidade. Outros estão procurando por cura, bênçãos e soluções ou por quaisquer inúmeros problemas pessoais. Muitos olham para Deus pelo que podem obter Dele, sem enxergar como eles realmente podem responder a Seu amor de uma maneira que será benefício para Ele também.

É concebível que muitos na igreja hoje veem seus relacionamentos com Deus de mão única. Em suas mentes, eles entendem Deus fazendo toda parte de dar e eles toda parte de receber. Talvez eles imaginem Deus como um tipo de despenseiro celestial de coisas boas, mas não como uma pessoa com quem eles podem ter um relacionamento de amor.

Esta triste condição faz pouco para mudar nossas almas. Isto impede o crescimento espiritual. Limita a obra de Deus em nossas vidas. Sem entender profundamente o amor de Deus e correspondê-Lo pela nossa rendição a Ele e amá-Lo sem barreiras, nós não podemos fazer muito progresso na vida espiritual.

No jardim do Éden, Adão e Eva estavam nus, e não se envergonhavam. Quando a pessoa está nua significa que não há nada em secreto. Nada está escondido ou encoberto. Interessantemente, a mulher celestial que é revelada em Apocalipse, capítulo 12, também parece estar praticamente nua. Lemos que ela está apenas “vestida do sol” (v 1). Mas uma esfera celestial se faz de vestes muito pobres. Não pode se adequar muito bem.

O que podemos entender aqui é que, em vez de vestes, ela está revestida de glória, um intenso brilho no qual se assemelha com o Sol. Esta deve ser a glória de Deus. Lemos em Apocalipse 21:11 que a noiva de Cristo tem “a glória de Deus” confirmando isto. Isto deve ser parte ou, talvez, toda sua veste.

O que isto significa para nós? Certamente nem nós nem as escrituras estão promovendo nudismo. Mas o que entendemos aqui é que o nosso relacionamento com Deus não deveria ter nada secreto, nada escondido. Entre nós e Ele deveria ser uma abertura e transparência de desinibido amor. Nós não deveríamos ter barreiras emocionais ou resistências. Não precisamos de nenhuma “veste” para nos esconder Dele. Pelo nosso relacionamento de amor com Jesus, podemos chegar a uma intimidade santa com Ele que permite transformar nossas vidas.

O SEGUNDO MANDAMENTO

Como você provavelmente já imaginou, o segundo mandamento é semelhante ao primeiro. “Amarás teu próximo como a si mesmo” (Mc 12:31). Nesta questão também, se nós somos cristãos verdadeiros, essa deveria ser nossa experiência. Este mandamento também envolve um compromisso, não uma preocupação parcial ou interesse passageiro, mas uma entrega total, sem reservas de nós mesmos para nosso próximo.

Este verso, embora certamente se aplique a todos, tem uma aplicação muito especial em nosso relacionamento com outros cristãos. Se nós vivermos em harmonia com Deus e os pensamentos de Seu coração, nós conheceremos um duradouro, completo e sincero compromisso com outros homens e mulheres que crêem em Jesus Cristo, assim como Ele o faz conosco.

Por meio de Jesus, nos tornamos membros do mesmo corpo. Nós todos fomos comprados com o mesmo precioso sangue. Fomos atraídos por Deus para um relacionamento de amor com os outros no qual nós somos chamados para desenvolver.

Toda parte do corpo humano tem um compromisso de vida integral e relacionamento com os outros. Sem isto, o corpo humano não poderia funcionar apropriadamente. A mesma verdade aplica-se ao corpo de Cristo na terra hoje. Nós somos instruídos a ter um compromisso com outros cristãos para servi-los com a vida de Deus.

Se tivermos este genuíno amor pelos outros membros do corpo de Cristo, nosso relacionamento com eles serão assim: Nós buscaremos o bem deles como nosso próprio (praticamente e espiritualmente) e nós gastaremos tempo orando por suas necessidades; estaremos alerta de caminhos que podemos ajudá-los e nós gastaremos tempo com eles; (isto significa vê-los mais que uma vez por semana em reuniões na igreja), nós faremos toda tentativa de encorajá-los e procurar oportunidades para edificá-los espiritualmente.

Em resumo, cultivaremos um relacionamento do corpo com eles através do qual permite que Deus os ministre por meio de nós. Além disto, nos infere que não diremos nada – absolutamente nada – a respeito deles que causaria a alguém pensar mal ou de qualquer forma diminuir seu amor por eles.

Obviamente, este tipo de amor não é natural. Não é a resposta normal do coração humano. De fato, não é possível para um ser humano viver assim. Por isso, este amor deve ter outra fonte. Deve vir de Deus. E vem. Quando estamos dispostos a entrar em um relacionamento de amor com Ele, nós começamos a experimentar Seu amor pelos outros também. O amor que Ele tem pelo mundo pode começar a encher nossos corações.

O amor de Deus, em nós, pelo outro deveria ser bastante importante em nossas vidas. O que nós estamos falando aqui é um amor pelas outras pessoas – uma rendição um ao outro – que mudará nossas vidas. Vai alterar nossas prioridades. Será necessário colocar os outros na frente do nosso “eu” assim como Jesus fez.

Vai demandar nosso tempo e energia e interferirá em nossos planos e prazeres. Pode, às vezes, nos tornar desconfortáveis. Isso, sem dúvida, nos tirará de nossa “zona de conforto”. Vai nos levar à crucificação.

Contudo, estas dificuldades apenas durarão até nós aprendermos, pela experiência, que as bênçãos de Deus estão sobre este caminho. Vamos encontrar uma intimidade com Deus enquanto servimos a outros – quando nós “vestirmos com a toalha”, como Jesus fez, e ministrarmos em suas necessidades – de uma forma que nunca experimentamos antes.

UMA EXPERIÊNCIA DE IGREJA ADEQUADA

Tal amor é a marca da verdadeira igreja. É um ingrediente essencial. Sem esse amor, a genuína “igreja” realmente não existe. É bem possível ter uma organização religiosa que está cheia de “bons” cristãos, programas maravilhosos e reuniões lotadas de pessoas – algo do qual todo mundo chamaria de uma “igreja” – que é quase desprovida da coisa real. Quão frequente os crentes se relacionam uns com os outros superficialmente e esporadicamente.

Quando um corpo humano está funcionando normalmente, seus membros estão intimamente associados uns aos outros. Se esse compromisso quebra, a vida se esvai. A mesma regra também se aplica à igreja. Até o ponto em que os cristãos têm um pacto de vida uns com os outros, eles realmente expressam o corpo de Cristo.

Inversamente, na medida em que os cristãos fracassam nesta área, eles cessam de experimentar a igreja em uma maneira prática.

É verdade que todos os filhos de Deus são parte da igreja, porém, se nossa experiência do amor de Deus está ausente, estamos vivendo em pobreza espiritual. Que tragédia quando aquilo que é visto como “cristianismo” tem se desviado para tão longe das prioridades de Deus!

A verdadeira expressão da igreja de Cristo, na qual nós temos descrito, é o melhor ambiente para um crescimento espiritual. Mesmo que seja possível crentes crescerem individualmente, é quando todos os membros do corpo estão funcionando em um relacionamento de amor um com o outro que o maior progresso espiritual pode ser feito. Nesta situação todas as necessidades de cada pessoa, especialmente dos novos convertidos, podem ser alcançadas satisfatoriamente.

Assim como uma família que está repleta de amor é o melhor lugar para criar uma criança, assim a igreja que pratica o amor uns pelos outros é o ambiente ideal no qual os crentes podem crescer até a maturidade. Imagine por um momento o efeito que este tipo de coisa teria sobre a sua caminhada com o Senhor e também sobre aqueles com quem você é íntimo. Não levaria muito tempo para um progresso real se tornar evidente.

Isto não é uma sugestão como “castelo no ar”. É a intenção revelada de Deus para Sua igreja funcionar precisamente desta forma! Estas coisas são claramente ensinadas por todo o Novo Testamento. Se nossa experiência é alguma coisa menos que isto, nós deveríamos nos prostrar diante de Deus e suplicar perante Ele para nos mudar, a fim de que nós possamos cumprir Sua vontade.

Não há dúvida que este é o plano de Deus. Não há nenhum engano o fato que isto é exatamente o que Cristo deseja. Como então podemos proceder sem experimentar isso? Como podemos prosseguir afirmando ser cristãos, imaginando que temos um relacionamento com o Senhor ou supondo que estamos tendo experiência de igreja significativa enquanto não estamos vivendo no amor de Deus uns para com os outros? A resposta é que não podemos.

Não estou sugerindo que nós podemos, na prática, desfrutar este tipo de relacionamento com cada cristão no mundo. Contudo deveria haver alguns – aqueles que Deus nos mostrou – com quem e para quem Ele quer que tenhamos um compromisso de amor. Assim como tijolos de um muro têm uns mais perto do que os outros, assim também é uma vida cristã.

Nosso compromisso com alguns será algo que nós experimentaremos na prática. Nosso compromisso com aqueles cujas vidas estão mais distantes das nossas faz com que teremos menos possibilidade de praticar o amor. No entanto, deveria ainda existir e deveria se manifestar sempre quando a oportunidade se levantar. Este fato é claramente demonstrado pelo ensinamento no Novo testamento em mostrar hospitalidade aos estranhos (Rm 12: 13; Hb 13:2).

O AMOR DEVE SER GUIADO POR DEUS

Devemos ser advertidos aqui que este amor que expressamos em relação aos outros, desde que seja de Deus, deve também ser guiado por Deus. Não podemos simplesmente ser levados pela compaixão e sentimentos humanos. Nosso “amor” não deve ser motivado meramente por instintos naturais, mas é algo que deve ser motivado pelo Senhor.

É óbvio que não podemos ser capazes de satisfazer cada necessidade humana do mundo. Não é nem mesmo possível satisfazer aqueles que nós vemos ao nosso redor todos os dias. Devemos ser conduzidos por Deus, não por sentimentos ou necessidade humana. Nosso amor deve ser guiado pela liderança e autoridade do Espírito Santo.

Nem mesmo Jesus tentou satisfazer todas as necessidades. Um exemplo disto é do mendigo que Deus usou Pedro e João para curar. Ele se assentava na entrada do templo todos os dias. Era seu lugar de pedir esmolas (At 3:10). É provável que Jesus passasse por ele ali várias vezes. Ainda assim o Pai não levou Jesus a curar este homem coxo naquela hora.

Se e quando tentamos ajudar as pessoas sem a liderança do Espírito Santo, nós entramos em problemas. Às vezes, até mesmo sofreremos por isso. Por exemplo, quando nós tentamos ajudar alguém que Deus está disciplinando, nós podemos acabar recebendo no final um pouco do cajado divino também. Esta é uma advertência que eu já experimentei ao longo dos anos que trouxe difíceis e dolorosas experiências.

Quando nosso coração está submisso e disposto, Deus nos guiará em cumprir Seu desejo por expressar Seu amor para a igreja e para o mundo que perece. É essencial fazer um compromisso de amor com outros. Mas é também imperativo que, como em todos os outros atos cristãos, nós sejamos conduzidos pelo Espírito Santo. Se não seguirmos Jesus, sendo guiados por Ele em nossa busca por amor, nós encontraremos muitas frustrações.

OUTROS COMPROMISSOS

Por favor, note aqui que não estou falando sobre um compromisso com uma “igreja”, organização ou grupo religioso. A Bíblia em lugar nenhum ensina este tipo de compromisso. De fato, ela protesta contra isso! (1 Co 1:12,13). Eu também não estou falando aqui de compromisso com líderes, com aqueles “sobre você”, ou para algum tipo de hierarquia que alguns que estão cristãos advogam. Nem estou recomendando submissão à alguma posição doutrinária.

Tais compromissos, tanto a organizações, a líderes ou ensinamentos, são impotentes em produzir o resultado que Deus deseja. É tudo muito fácil para os cristãos ser “bons membros de igrejas”, serem leais a algum líder ou serem fiéis a uma revelação particular e ainda possuir muito pouco deste tipo de amor. Um rápido exame da situação na presente cristandade deveria servir para ilustrar este ponto.

O maior perigo destes outros compromissos é que eles são frequentemente substituídos pela verdadeira aliança de amor sobre a qual temos falado. Um exemplo disto ocorre quando as pessoas pensam que porque eles têm feito um compromisso com certo grupo da igreja, já cumpriram suas obrigações. Na verdade, sua responsabilidade com Deus e com os outros crentes não é nem mesmo tocada por este tipo de atividade.

O compromisso no qual nós estamos discutindo aqui é muito, muito mais profundo que isto. Os resultados que podem ser alcançados por um compromisso com um grupo, liderança ou doutrina, e a “unidade” na qual é trazida por meio dessa prática são, infelizmente, externos e artificiais.

Enquanto esses compromissos envolvem uma devoção às coisas, o caminho de Deus é compromisso com Ele e às pessoas. Apenas o que resulta de uma aliança total de amor uns pelos os outros é verdadeiro e sagrado. Além do mais, é apenas este tipo de compromisso que Deus ordena.

Uma dificuldade adicional que estes compromissos extra-bíblicos cria é divisão. Este pecado ocorre quando o amor das pessoas pelos outros é afetado por seu grupo de fidelidade. Quão frequentemente nós não amamos, ou até mesmo odiamos, aqueles que discordam de nós! Quão comum esta pratica é hoje, ainda que nada pudesse ser mais destrutivo e contrário ao amor verdadeiro. É fácil entender porque as Escrituras seguramente condenam tal atividade (1 Co 3:3 ss).

A IGREJA REVOLUCIONADA

Verdadeiramente esta é uma grande falta nas Igrejas evangélicas hoje: amor fraterno. Se todos os crentes tivessem este profundo compromisso uns com os outros, um amor que envolve uma vida de aliança para servir todos os outros cristãos, sem considerar suas opiniões, origens ou credos, o Cristianismo de hoje seria revolucionado.

Muitas pessoas hoje falam sobre unidade entre as igrejas no corpo de Cristo. Mas com tais esforços a grande questão sempre é: Como tal coisa irá acontecer? Deveríamos simplesmente apertar as mãos sobre nossas barreiras doutrinárias? Deveríamos produzir algum tipo de organização mundial no qual podemos exibir uma aparência de unidade enquanto ainda mantemos nossas separações? Ou deveríamos ainda descer em outra esquina, reunir ainda ao redor de outra posição doutrinária na qual “garantirá” unidade e insistir que todos os outros venham e se unam a nós? Acho que não.

Creio que a única esperança que nós temos para uma verdadeira unidade é o amor fraternal. A única chance que o crentes têm para chegar ao lugar onde Deus claramente quer que estejamos, é verdadeiramente conhecer Seu amor por nós e então com este amor começar a “...amar um ao outro com um puro coração, ardentemente” (1 Pe 1:22).

Este amor acerca do qual nós estamos falando deve transcender barreiras e fronteiras denominacionais. Deve ser um amor que é sincero por todo mundo sem considerar sua disposição e afiliação. Não pode ser seletivo, mas deve ser baseado sobre o mesmo critério que Deus tem recebido outros.

Deveríamos amar outros crentes por apenas uma razão: o Pai os amou e os escolheu para ser Dele. Não há outras opções. Uma vez que Deus regenerou alguém por dar Sua vida a eles, nós somos ordenados a amarmos essa pessoa. É nossa responsabilidade cristã.

Quando nós viermos perante Deus e O permitirmos preencher nossos corações com o Seu amor por todo o Seu povo, nós não mais reconheceremos qualquer separação no corpo de cristo. Nós estaremos genuinamente “discernindo o corpo de Cristo” (1 Co 11:29). Se por algum ato poderoso de Deus, todos os cristãos tomar este ponto de vista, as denominações e divisões tão familiares hoje, deixariam de existir.

O amor é o oposto da divisão. A situação sectária no Cristianismo hoje é um vexame para o Senhor. É uma desonra para o Seu nome e uma mácula sobre Seu precioso testemunho. Se pudéssemos ser trazidos por Deus ao arrependimento em relação a este pecado de não amarmos uns aos outros, a igreja seria verdadeiramente revolucionada. O amor é uma força inconquistável que deveria unir os crentes nestes últimos dias. Que possamos buscar Deus até o termos.

UM TESTEMUNHO PARA NÃO CRISTÃOS

Não apenas o amor revolucionaria a igreja, mas também teria um tremendo impacto nos cristãos. O testemunho do Cristianismo seria transmitido com tanto poder que seria irresistível. Jesus disse: “Nisso conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13:35).

É o nosso amor que será um testemunho para o mundo. O fato de que nós temos sido tão libertos de nós mesmos e de nossos pecados – as coisas que nos separam hoje – persuadirá não crentes que Jesus é real. O amor é a evidência da verdadeira salvação (1 Jo 3:14).

Se nossos corações estão corretos com Deus e com os outros, nós também amaremos aqueles que não creem. Deus certamente o faz. Como é claramente visto na parábola do bom samaritano, a palavra “vizinho” inclui todo mundo. Jesus nos instruiu a ir “...por todo o mundo, e pregar o Evangelho para toda a criatura” (Mc 16:15).

Mas que Evangelho nós podemos pregar se não tivermos amor? É para ter uma doutrina a ensinar ou uma forma de religião a propagar? Devemos estar tentando corrigir o pensamento dos outros? Mas a menos que o amor de Deus seja verdadeiramente “derramado em nossos corações” (Rm 5:5), a menos que isso tenha trabalhado uma mudança eterna dentro de nós que seja notável, nós temos muita pouca chance de alcançar milhões de não salvos para Cristo.

Olha, se suas crenças e práticas não estão funcionando em sua vida, por que oferece isso para os outros? Se a mensagem em que você crê não está transformando você na própria imagem de Jesus Cristo, por que quer espalhar isso? Se o que você tem não funciona em sua vida, como os outros irão querer isso para si mesmos? Se o amor de Deus não está lhe enchendo, você tem um Cristianismo muito pobre.

Irmãos e irmãs, por favor, prestem atenção nesta mensagem. Isto não é uma consideração inconsequente. Isto não é uma questão de importância secundária. Isto é talvez o problema mais crucial enfrentado pelas igrejas hoje!

Nós amamos como Ele ama? Nós temos o tipo de compromisso a Ele e aos outros que as Escrituras tão claramente nos exortam a termos? Nós estamos dispostos a dar nossas vidas para os outros ou por Ele, literalmente? (1 Jo 3:16). Nós temos mais do que bons sentimentos, ou uma apreciação pelos outros cristãos e pelo mundo a nossa volta? Em resumo, nós realmente sabemos e desfrutamos o ilimitado amor pelo qual Deus tem por nós e estamos sendo preenchidos com isso?

Se nós não tivermos este tipo de amor em nosso Cristianismo, então nós estamos perdendo alguma coisa. Se este tipo de amor está faltando, nós temos apenas uma religião superficial e fracassamos em conhecer o coração de Deus. Assim fica evidente que nós não temos ainda conhecido e experimentado por nós mesmos o ilimitado amor de Deus.

Que Deus tenha misericórdia de nós! Que Ele possa brilhar Sua luz em nós, revelando o que está em nossos corações em relação a estas coisas, a fim de que Ele possa nos levar a uma entrega total a Ele, dessa forma, abrindo o caminho para o amor de Deus ser aperfeiçoado em nós.

ALGUNS PASSOS SIMPLES

Naturalmente, depois de ler esta mensagem muitas pessoas farão perguntas tais como: “Como isso pode acontecer?” ou “Onde podemos encontrar um grupo que está praticando estas coisas?”

A resposta é que isto deve começar com você. Não espere que outros façam isso primeiro. Não adie até que encontre uma igreja ou “comunidade” que “esteja certa”. Comece onde você está e comece pela prática destas coisas você mesmo. Enquanto isto deve soar bem difícil, creio que isso pode ser consumado por seguirmos estes simples passos.

Primeiramente, devemos claramente entender que este amor não é algo que nós podemos encontrar dentro de nós mesmos. Somente vem de Deus. As Escrituras são claras – “Deus é amor”. Ele tem um profundo, irreversível amor pelo Seu povo, por toda a humanidade. Quando nós formos para Ele e abrirmos nossos corações plenamente, Ele nos preencherá com todo o amor que é necessário para cumprir Seus mandamentos.

A seguir, será necessário tomar uma decisão – consciente e firme de servir aos outros. Tal amor não vem espontaneamente. Você provavelmente não será arrastado a estes relacionamentos pelos seus próprios sentimentos. De fato, suas reações naturais em relação aos outros provavelmente o fará evitar isso. No entanto, você deve resolver, bem no início, não permitir que nada tire você deste caminho. Embora tal compromisso, sem dúvida, tenha que ser refeito repetidas vezes e aprofundar tremendamente outras vezes, este é o único lugar por onde começar.

Enquanto seu compromisso pode e deve se aplicar a todos, apenas um amor recíproco é profundamente satisfatório. Então, eventualmente será importante encontrar alguns poucos indivíduos com as mentes dispostas a se unirem com você nestas coisas.

Quando você pede a Deus em oração, Ele te conduzirá a eles. Sem dúvida levará algum tempo para estabelecer relacionamentos íntimos com os outros. Envolverá também algum sacrifício, paciência e possivelmente lágrimas. Apesar de tudo, nada é tão gratificante como o companheirismo com pessoas que vivem em unidade real com os outros (Sl 133:1). Tais experiências são parte da substância da qual a Bíblia chama de “a igreja”.

Finalmente, uma vez que tais relacionamentos começam a ser estabelecidos não guarde isso para você mesmo. Comece a alcançar outros com o amor de Deus e ensiná-los estas verdades. Esta é a mensagem que o mundo precisa ouvir! Deus irá indubitavelmente abençoar seus esforços e começará a trazer frutos abundantemente.

Final do Capítulo 10

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Capítulo 1: NÃO OBSTANTE

Capítulo 2: O BATISMO COM FOGO

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Capítulo 4: O CAMINHO DE CAIM

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Capítulo 6: O SACERDOCIO

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Capítulo 8: A ESPADA E O REINO

Capítulo 9: TRES PRINCIPIOS ESSENCIAIS

Capítulo 10: AMOR DE DEUS (Capítulo Atual)

Capítulo 11: VOCE ESTA ENGANADO?

Capítulo 12: O VERDADEIRO MINISTERIO