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SEMENTES

O VERDADEIRO MINISTÉRIO

Capítulo 12

Sementes, livro por David W. Dyer

Publicacao Grao de Trigo

Escrito por David W. Dyer

ÍNDICE

Capítulo 1: NÃO OBSTANTE

Capítulo 2: O BATISMO COM FOGO

Capítulo 3: A SUBSTÂNCIA DE FE

Capítulo 4: O CAMINHO DE CAIM

Capítulo 5: FRUTIFICANDO

Capítulo 6: O SACERDOCIO

Capítulo 7: O SETIMO DIA

Capítulo 8: A ESPADA E O REINO

Capítulo 9: TRES PRINCIPIOS ESSENCIAIS

Capítulo 10: AMOR DE DEUS

Capítulo 11: VOCE ESTA ENGANADO?

Capítulo 12: O VERDADEIRO MINISTERIO (Capítulo Atual)



Capítulo 12: O VERDADEIRO MINISTÉRIO


Alguns cristãos, depois de receber o Senhor, têm um crescente interesse em se tornar envolvidos no ministério. Eles receberam dons do Espírito Santo. Eles conheceram o Deus do Universo e estão entusiasmados em servi-Lo, em influenciar outros, e em impactar o mundo em volta deles. Eles têm zelo pela obra de Deus e estão ansiosos em avançar Seu reino.

Isto é uma boa coisa. Seria muito encorajador se todos aqueles que recebessem Jesus tivessem este desejo de servir e agradar a Deus. Seria bom ver muitos com o mesmo compromisso.

Infelizmente, em muitos casos, estes indivíduos bem intencionados não chegam ao resultado final desejado. É muito comum vê-los sair por diversas tangentes e errar o alvo do verdadeiro significado do ministério. O triste resultado disto é que eles não se tornam realmente eficazes em sua obra.

Seus esforços são frequentemente cheios de energia, mas não verdadeiramente poderosos e não produzem muito fruto duradouro. Muitos, então, se tornam desencorajados e não continuam a servir ao Senhor numa plenitude ainda maior.

Muitos começam suas jornadas, em direção ao que eles acham ser “ministério”, estudando, indo para um seminário ou uma escola bíblica. Outros participam de vários tipos de experiências de “treinamentos” com diversos tipos de grupos. Esses podem incluir coisas tais como treinamento em evangelismo, teatro, mímica, uso de fantoches, dança e música.

Tendo um conhecimento das Escrituras e participando em tentativas de propagar o Evangelho, é indubitavelmente uma coisa positiva. Estas são experiências nas quais Deus pode usar nas vidas destes indivíduos enquanto eles caminham com Deus.

Mas uma concepção errônea aqui pode ocorrer. O verdadeiro ministério não é meramente compartilhar informações com outros a respeito de coisas na qual estudamos. O genuíno ministério não é apenas se envolver em atividades tais como evangelismo ou implantação de igrejas. O verdadeiro sacerdócio é a transmissão a outros do que nós temos experimentado de Jesus. É o que realmente conhecemos de Jesus pessoalmente. O resultado é Deus sendo revelado em e através de Seus servos. É ministrar a própria pessoa do Senhor a outros.

Uma das palavras gregas no Novo Testamento, que é traduzida por “ministro” é DIAKONOS que literalmente significa “despenseiro”. Verdadeiros ministros são “despenseiros” de Cristo, derramando nos outros aquilo que Deus os encheu. Podemos pensar assim como sendo “despenseiros”de Jesus.

Assim como uma torneira libera água quando você abre a válvula, assim também deveríamos ser, tão cheios de Jesus que quando as pessoas estiverem abertas para ouvir, elas também poderiam receber algo Dele através de nós.

O verdadeiro ministério não é apenas passar informação sobre Jesus. Para que qualquer ministério seja poderoso e genuíno, as coisas que nós ministramos devem primeiro tornar-se reais em nossas vidas. Nós devemos, primeiro, experimentá-las, termos como nossas próprias experiências. É aí então, e apenas aí, que nós podemos ministrar a outros de uma forma efetiva.

Por exemplo, muitos pregarão que “Jesus salva”. Mas são estes realmente salvos? São estes realmente transformados? O caráter destes está sendo fundamentalmente alterado? Estão libertos de seus pecados? Suas experiências de vida diária estão expressando a pureza e a santidade de Deus? Está o caráter de Jesus, incluindo paciência, sofrimento sem reclamações e amor, sendo visto neles?

Se não, então esta frase “Jesus salva” torna-se apenas um slogan vazio. Assim, é impotente ajudar outro alguém. Se não está funcionando para a pessoa que está pregando, quanto menos ajudará àqueles que estão ouvindo.

Veja bem, você não pode passar para outro aquilo que você não tem. Você não pode “ministrar” verdades as quais não são reais para você. Por exemplo: o fato de que “Jesus salva” é verdadeiro em um sentido eterno; é uma realidade que não muda. Porém, a menos que, e até que, nós mesmos tenhamos experimentado esta verdade eterna, até que isto tem mudado nossas vidas, nós somos impotentes para ministrar essa verdade efetivamente para outros.

Muitos hoje estão satisfeitos com o conhecimento. Eles estudaram e aprenderam, leram livros e ouviram ensinamentos e pregações. Através disto, acumularam um entendimento mental de muitas verdades bíblicas. Uma vez tendo entendido estas verdades, eles imaginam que assim estão qualificados a “ministrá-las a outros”.

Ministrando verdades que são apenas teorias na vida daqueles que as ministram, enchem a igreja dos nossos dias com um palpável sentido de irrealidade. Aqueles que ouvem estas mensagens não esperam que suas vidas mudem.

Uma vez que é óbvio para um observador cuidadoso que muitos pregadores não estão experimentando as coisas que afirmam, os ouvintes também perdem confiança que essas verdades podem ser reais em suas vidas.

Logo, o Cristianismo torna-se, para muitos frequentadores de igreja, até certo ponto, como que uma vaga experiência “espiritual”. Torna-se como um castelo no ar que vai receber algum dia quando você morre, tipo nos contos de fadas.

Muitos frequentam a igreja para ouvir a pregação e ensino, já esperando ouvir coisas que tem tido pouco, ou nenhum efeito nos pregadores e também não esperam mudar suas próprias vidas. Isto produz crentes que tem uma forma de piedade, mas não tem o poder de Deus operando em suas vidas (2 Tm 3:5). Então essa forma vazia se torna um tipo de engano dos participantes.

Uma consequência infeliz desta falta de realidade na igreja é que muitas outras coisas igualmente irreais também encontram espaço para infiltrar. Muitas outras falsas ideias e até mesmo doutrinas e práticas erradas são propagadas por meio de diferentes congregações enquanto muitos poucos percebem a irrealidade delas.

Mas isto é lógico. Se o Evangelho não é muito real para eles, então outras coisas igualmente irreais podem facilmente ser aceitas também como verdadeiras.

Para muitos, a “igreja” é um lugar onde você vai para ouvir coisas que são meio místicas com pouco impacto em suas vidas. É um lugar de ouvir muitas verdades que quase ninguém experimenta por si mesmo.

A FONTE DO VERDADEIRO MINISTÉRIO

A fim de efetivamente ministrar Jesus Cristo, devemos nos tornar íntimos Dele. Devemos ter passado tempo em Sua presença. Devemos ter caminhado com Ele por meio de muitas experiências de vida. Nossa fé deve ter sido testada e provada. Nossa fidelidade e obediência também necessitará ser provada ao longo do tempo e através de muitas circunstâncias difíceis. Nós devemos ter conhecido Deus pessoalmente e intimamente.

Não é suficiente ter simplesmente aprendido a respeito Dele por meio de instruções, ensinamentos ou treinamentos. Nosso entendimento Dele não pode ser de segunda mão, mas deve ser genuíno e pessoal.

Tal experiência não é algo que acontece da noite para o dia. Nem é barato e fácil. Aqueles que são verdadeiramente íntimos de Deus e, portanto, tem algo que vale a pena ministrar, são aqueles que têm passado bastante tempo na Sua presença. Estes são aqueles que passaram pelo fogo de muitas provas. São servos que têm sido encontrados como fiéis pelos testes e adversidades.

Talvez nós pudéssemos tomar Moisés como um exemplo aqui. Aos 40 anos de idade, ele foi convencido que Deus tinha lhe chamado e escolhido para libertar o povo de Israel.

Lemos: “Ora, Moisés cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus os queria salvar por intermédio dele; eles, porém, não compreenderam” (At 7:25). É óbvio que, uma vez que ele esperava que seus “irmãos” entendessem isto, ele mesmo também sabia disto. E ele estava certo. Ele era o homem chamado por Deus para fazer um poderoso trabalho de libertação.

Então, estando confiante de seu chamado e vendo uma oportunidade, ele começou seu trabalho para Deus. Prosseguiu em matar um egípcio e então fugiu para o deserto. Isto foi tudo que ele conseguiu. Sua própria inteligência, preparação, determinação e até mesmo seu divino chamado o levou a esse fiasco.

Moisés foi um dos poucos homens a ser usado por Deus de tal forma dramática e poderosa como foi usado em sua vida mais tarde. Mas um ministério como esse precisava mais que disposição, que um entendimento de seu chamado e preparação humana nas cortes de faraó. Ele também precisava ser moldado nas mãos de Deus. Esta preparação durou mais 40 anos.

No final desse tempo, a autoconfiança de Moisés havia desaparecido. Sua energia natural e zelo para “cumprir seu chamado” tinham evaporado há tempos. Ele não estava mais ansiosamente esperando por sua chance de brilhar enquanto ele sozinho libertasse o povo de Deus do cativeiro.

Ele já não era mais um jovem cheio de ambição e força natural. Lemos: “Era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra” (Nm 12:3).

Foi depois deste tratamento e preparação por Deus que Moisés estava pronto para trabalhar junto com Deus para cumprir Seus planos. Ele tinha se tornado extremamente humilde e dócil. Ele tinha sido moldado pela mão de Deus.

Paulo, o apóstolo, foi outro que era poderosamente usado por Deus. Ele também necessitou de divina preparação. Naturalmente, Paulo era uma pessoa energética, inteligente e capaz. Ele tinha um forte, e carnal, zelo religioso por Deus no qual o levou a se opor ao que o Senhor estava realmente fazendo. Ele tinha certas vantagens de nascimento e posição. Então, antes que Deus pudesse realmente usá-lo, estas coisas tinham que ser tratadas. Precisavam ser quebradas e eliminadas.

Logo que ele se converteu, foi imediatamente para as sinagogas e o templo, disputando com os líderes religiosos. Seu zelo e energia naturais tinham sido transferidos para seu Cristianismo.

Ainda assim, isto não foi suficiente. Isto foi meramente Paulo trabalhando para Deus e não Deus operando por meio dele. O Senhor queria muito mais do que ganhar debates de líderes religiosos. Ele desejava expressar Sua própria vida e natureza por meio deste vaso.

Então, pouco tempo depois de sua conversão, Paulo passou alguns anos no deserto. Lá, ele passou um tempo na presença de Deus. Foi durante este período que o Senhor o mudou.

Quando o tratamento de Deus terminou, Paulo não estava mais disputando e arguindo. Ele estava ministrando a pessoa de Cristo. Sua confiança em sua força natural, inteligência e habilidades havia sido quebrada. Ele declara: “... quando sou fraco, aí então é que sou forte” (2 Cor 12:10). Ele também experimentou o que Jesus antes tinha dito para ele: “... Meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Co 12:9).

Sem dúvida, isso tem a ver com a mudança do nome dele de Saulo para Paulo. É provável que ele ganhou o nome Saulo em homenagem do rei Saul no Velho Testamento, o mais alto, mais impressionante de todos na época dele. (Saulo é o mesmo nome em grego que Saul em hebraico.) Mas, com o passar de tempo o nome dele mudou para Paulo, que significa o pequenininho ou o humilde.

Veja, há uma grande diferença em fazermos coisas para Deus e Deus fazê-las por meio de nós. A primeira é um esforço humano religioso, no qual não é muito efetivo em mudanças de vidas. A segunda é uma manifestação da Pessoa de Jesus Cristo. Isto é a substância de um ministério genuíno. A menos e até que cheguemos ao ponto de sermos preparados a ministrar a pessoa de Jesus Cristo a outros, nós teremos pouco impacto real neste mundo perecendo em volta de nós.

ORGULHO E AMBIÇÃO

Agora nós viemos ao lugar onde muitos homens (e mulheres) de Deus caem. Esta é uma das maneiras mais comuns que eles se desviam da obra e vontade de Deus e tomam a sua própria direção. Funciona assim: quando Deus começa a usá-los, quando seu ministério começa a florescer e impactar outros, quando mais e mais pessoas começam a olhar para eles em busca de bênçãos e direção, eles se tornam orgulhosos.

É muito fácil quando o Deus do Universo começa a usar você de alguma forma ou outra permitir pensamentos sorrateiros em sua cabeça. Estes pensamentos podem ser algo como: “Deus está me usando. Eu sou um instrumento especialmente escolhido por Ele. Eu tenho dons que parecem serem superiores aos outros.” Não é raro para estes e muitos outros pensamentos parecidos saltarem em nossas mentes.

Mas o orgulho, quando germina no coração humano, traz um fim ao genuíno ministério. Contamina o que Deus está fazendo. Polui as coisas puras que Deus está dando para aquela pessoa de modo que, quando fluir através dele, não é mais justo. Foi manchado pelo carnal ego humano.

Quão fácil é, quando a unção do Espírito Santo está sobre você, para você mesmo pegar carona. Quão comum é, quando Deus está fluindo através de você, para a carne entrar no que está acontecendo e tomar um pouco da glória. Quão natural é em vez de glorificar apenas Deus, aproveitar a oportunidade de deixar os outros verem quão ótimo você é também e o quanto Deus está lhe usando.

Vamos tomar como exemplo um pregador. Vamos imaginar que o Senhor deu a este irmão uma mensagem especial. Quando ele prega, a unção vem sobre ele e ele sente um fluir especial do poder divino.

Logo, ele permite ser arrebatado neste fluir. Ele começa a entrar no jogo. Ele pega a onda. Ele permite seus próprios sentimentos se expressarem. Talvez ele se mova diferentemente no púlpito fazendo gestos especiais. Talvez ele modifique sua voz, corra em volta, faça gestos especiais ou grite. Ele começa a deixar suas emoções apreciarem o que tem sido dado, não para ele mesmo curtir, mas para os outros.

Logo, ele se torna um ator no seu teatro pessoal de “ministério”, apreciando a atenção, ibope e fama. Ele usa o poder de Deus, que foi dado para servir a outros, para satisfazer seu desejo por reconhecimento e honra entre os homens. O orgulho entrou e contaminou a obra de Deus.

Este mesmo erro é frequentemente experimentado por aqueles que conduzem a adoração. Quando a presença de Deus é manifestada de uma forma poderosa, eles começam a se aquecer nessa atmosfera. Em vez de “retirar-se” e deixar Deus somente ser glorificado, eles começam a tomar o centro do palco e absorver alguma glória para eles mesmos.

Dentro desta conformidade talvez devemos perguntar por que é que quase todos aqueles que lideram na adoração, sempre estão na frente onde as pessoas podem vê-los? Não poderiam simplesmente atuar tão bem nos bastidores onde não chamariam a atenção para eles mesmos?

Não há dúvidas que existe, mesmo no mundo secular, um tipo de prazer emocional – uma sensação especial de poder e animação – que as pessoas sentem quando detêm influência sobre uma grande audiência. Músicos e atores são familiarizados com estas sensações.

Não há nada como o “rush” que você pode sentir quando toda a plateia está movendo com seu ritmo (mensagem, dom etc.). Eles estão olhando para você! Eles estão hipnotizados e cativados pelo que você está fazendo. Uau! Você não é alguma coisa?! O sentimento de poder é assustador.

Mas, queridos irmãos e irmãs, isto é carnal! Isto é humano. Não é do céu. Pelo contrário, é daqui debaixo. Este tipo de coisas alimenta o fogo do orgulho humano. Traz glória a pessoa e não a Deus. É o abismo que muitos homens e mulheres de Deus caem quando Ele começa a usá-los com a intenção de glorificar Si mesmo.

O orgulho nos aliena de Deus. Lemos que “Deus resiste ao soberbo” (1 Pe 5:5). No grego a palavra é ainda mais forte. “Deus se veste para guerrear contra os soberbos.” À medida que nosso ego aumenta, Ele Se afasta. Ele começa a Se distanciar de nós. Lemos: “Abominável é ao Senhor todo arrogante de coração” (Pv 16:5). Também nos foi dito que: “Olhar altivo e coração orgulhoso ...são pecado” (Pv 21:4).

Talvez você se lembre do primeiro na história que começou a usar os dons e a unção de Deus para se glorificar. Este indivíduo tinha sido escolhido e levantado por Deus para fazer Sua obra. Ele recebeu poder e dons. A ele tinha sido dada espantosa habilidade para fazer a obra. Também foi dada a ele uma beleza e personalidade muito atraentes.

Mas com o passar do tempo, ele começou a apreciar os outros lhe notando. Ele passou a gostar de ser o centro da atenção. Ele logo se sentiu bem sendo elogiado e admirado e de ter outros o admirando e até mesmo o adorando.

Seu orgulho germinou e começou a crescer. Logo, ele passou a usar essas coisas que Deus tinha lhe dado para atrair a atenção a si mesmo e juntar um grande número de seguidores atrás de si. O nome deste indivíduo é Satanás. Você está seguindo os seus passos?

O EXEMPLO DE JESUS

Quando Jesus caminhou na terra, Ele nos deixou um exemplo completamente diferente. Ele caminhou em humildade. Ele nunca desejou fama pessoal ou reconhecimento. De fato, parece que Ele fez tudo às avessas do ponto de vista humano.

Por exemplo, quando Ele curava as pessoas, Ele rigorosamente os instruía a permanecerem caladas a respeito disso. Ele não queria que ninguém soubesse. Depois de curar a lepra nós lemos que: “Ordenou-lhe Jesus que a ninguém o dissesse, ‘Mas vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela sua purificação segundo o que Moisés determinou’” (Lc 5:14).

Isto é apenas um exemplo, entre tantas outras experiências, que Jesus insistia àqueles que experimentassem milagres a não contarem para ninguém. Ainda assim Jesus era o Filho de Deus. Ele era o Salvador do mundo. Como é que Ele não desejava ser conhecido e Se tornar famoso? Isto não deveria ser exatamente o que Ele precisava buscar? Ele não precisava expandir Seu ministério e alcançar tantas pessoas possíveis?

Tais atitudes não tinham lugar no coração ou obra de Jesus. Ele não desejava ser conhecido. Ele não fez nada para promover Sua própria fama, expandir Seu ministério ou ganhar reconhecimento.

Uma vez seus irmãos O confrontaram a respeito disso dizendo: “Porque ninguém há que procure ser conhecido em público e, contudo, realize os seus feitos em oculto. Se fazes estas coisas manifeste-se ao mundo” (Jo 7:4).

Eles estavam precisamente corretos. Qualquer pessoa que quer fama e reconhecimento deveria agir como eles sugeriam. Eles deveriam usar cada oportunidade. Mas o que eles não imaginaram é que Jesus não estava buscando “ser conhecido em público”. Não era Seu alvo. Seu coração não ansiava por estas coisas. Ele fazia coisas secretamente exatamente por esta razão, para que nada carnal ou humano entrasse no Seu ministério.

Inacreditavelmente, Jesus não estava buscando seguidores, só aqueles que o Pai trouxesse a Ele. Ele não estava tentando impressionar ninguém. Ele não estava usando coisas milagrosas que o Pai fez através Dele para avançar Seu prestígio, promover Seu ministério ou atrair as multidões. De fato, muitas vezes Ele deliberadamente evitou a esperada multidão.

Um dos meus versos favoritos diz: “Vendo Jesus uma grande multidão ao seu redor, ordenou passar para a outra margem” (Mt 8:18). Quão diferente a tendência natural humana é!

Nós podemos esperar algo muito diferente. Vamos imaginar que o pastor Fulano de Tal, vê a grande multidão diante dele. Ele pode pensar que esta é a sua chance para “ministrar.” Há uma multidão esperando para ouvi-lo! Então ele salta para o mais próximo pedregulho, atrai a atenção da multidão e começa a pregar. Que ministério poderoso!

Este parece ser o cenário normal, mas não foi o caminho de Jesus. Ele evitou a fama. Ele recusou honra terrena. Ele claramente declarou: “Eu não aceito glória que vem do homem” (Jo 5:41). Jesus não apenas não desejou isso, como não aceitou quando essa fama viesse. Honra terrena, glória e fama não tinham nada a ver com Seu ministério. Ele evitou tais coisas porque elas eram humanas e contaminadas com o pecado do orgulho e ambição.

Sim, Jesus algumas vezes ministrou e ensinou para grandes multidões, mas Ele fez isso apenas por razões divinas. Ele frequentemente “Se compadecia das multidões” por causa de suas necessidades e condição de perdidos (Mt 9:36; 14:14). Seu ministério não tinha nada a ver com desejar fama e/ou seguidores.

Quando as multidões vieram fazê-Lo rei, Ele foi embora. Lemos: “Sabendo, pois, Jesus que estavam para vir com o intuito de arrebatá-Lo para o proclamarem rei, retirou-se novamente, sozinho, para o monte” (Jo 6:15.) Tal honra terrena não tinha lugar em Seus planos ou no Seu coração.

Em outro tempo, Jesus estava ministrando em uma pequena vila. As pessoas lá gostavam do que ouviam. Eles estavam realmente impressionados. Então, quando o dia seguinte raiou, a multidão veio procurar por Ele querendo mais.

Mas, quando eles tentaram achar Jesus, Ele não estava mais ao redor. Então, eles saíram procurando por Ele. Quando eles finalmente O encontraram, Ele estava no deserto orando. Eles então tentaram persuadi-Lo a voltar. “Mas Ele disse: ‘Eu devo pregar o reino de Deus para as outras cidades também, porque para este propósito é que eu fui enviado’” (Lc 4:43).

VOCÊ É O CRISTO

Não há nenhuma dúvida de que Jesus fosse e é o Cristo de Deus. Pedro foi o primeiro a receber esta revelação. Uma pessoa naturalmente imaginaria que, desde que este era o núcleo, a essência de Seu ministério, Jesus queria que todos soubessem disso. Ele desejava que essa revelação fosse espalhada ao redor e no mundo todo. Ainda, em notável contraste a este pensamento natural, depois da confissão de Pedro, “...Ele advertiu aos discípulos que a ninguém dissesse ser Ele o Cristo” (Mt 16:20).

O quê? Não dizer a ninguém? Como poderia o Filho de Deus não querer que todos soubessem quem e o que Ele era? Era porque nada humano interessava a Ele. Ele não estava procurando reconhecimento. Ele estava apenas fazendo as coisas na qual Seu Pai o tinha enviado a fazer.

Se então, nosso Senhor e Mestre recusava a fama e honra terrena, onde isto nos deixa? Onde nossos corações deveriam estar? O que nós estamos realmente buscando? O que é mais importante para nós, o louvor dos homens ou o louvor de Deus? “Porque amaram mais a glória dos homens, do que a glória de Deus” (Jo 12:43).

A ESSÊNCIA DO MINISTÉRIO

Jesus não estava buscando nada para Ele mesmo. Ele não estava procurando nem por fama nem por fortuna. Ele nem mesmo estava desejando que todos gostassem Dele ou O aprovassem. Ele tinha outro motivo. Ele estava apenas fazendo o que ele viu o Pai fazer.

Jesus não estava fazendo Sua própria coisa. Ele não estava nem mesmo dizendo palavras de Seu próprio coração. Ele estava motivado em todo Seu agir por uma fonte mais alta. Lemos: “As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai que permanece em mim, faz a Sua obra” (Jo 14:10).

Aqui está o segredo de Jesus. Aqui está a fonte de todo o Seu ministério. O Pai vivia dentro Dele. Ele foi cheio até transbordar com a vida do Pai. Por isso, essa era a vida que O motivava. Esta era a fonte – a origem sobrenatural de Suas palavras, ações, sentimentos e até mesmo expressões. Jesus não estava sozinho. O Pai estava sempre com Ele e até mesmo dentro Dele. Lemos: “E aquele que me enviou está comigo, não me deixou só, porque eu faço sempre o que lhe agrada” (Jo 8:29).

Da mesma forma, qualquer ministério verdadeiro de nossa parte não pode ser algo que salta de nós mesmos. A fonte não pode ser nós mesmos. Pelo contrário, deve ser algo que origina da Vida de Cristo dentro de nós. Deve ser Jesus quem inicia o que é dito ou feito. Ele e somente Ele é a fonte de todo verdadeiro ministério. Ministério não é algo que fazemos para Deus. Em vez disto, são as palavras e obras que Deus faz por meio de nós.

Aqui não há lugar para o orgulho. Não há espaço para busca de si mesmo. Deus deve ser o único a ser glorificado. Na medida em que nós permitimos nosso ego e orgulho entrar no que Deus deseja fazer, na mesma medida, o poder de Deus é enfraquecido e o que é ministrado diminui.

Alguns anos atrás houve um grande reavivamento no País de Gales. Durante aquele tempo, quase todo mundo na nação foi convertido. Um homem que era poderosamente usado por Deus naquele tempo era Evan Roberts. Evan era um homem quebrado por Deus. Ele tinha se tornado dócil e humilde.

Ouvi que quando ele era chamado para pregar em uma reunião ou outra ele exercia o discernimento. Se ele sentia que a multidão estava lá para vê-lo e ouvi-lo, ele não levantava para falar. Talvez até mesmo fosse embora. Mas quando ele sabia que as pessoas estavam lá para ouvir de Deus, ele ministrava o que Deus tinha dado a ele. Evan vivia para honrar a Deus e não a ele mesmo.

Por que hoje nós vemos tão pouco ministérios genuinamente poderosos? Por que parece que as obras feitas pelos primeiros apóstolos eram mais espetaculares? Talvez seja porque hoje há muitos elementos humanos que entram sorrateiramente em nosso ministério. Muitas pessoas hoje estão usando as coisas de Deus para construir reinos pessoais, tornarem-se abastados e atrair seguidores.

Não há duvidas de que Deus dá as costas a tão desagradável obra humana. Pode ser que no início alguns homens e mulheres receberam algo de Deus. Mas, se e quando se tornam orgulhosos e começam a buscar algo para si mesmos, Deus Se retira do cenário. Eles são deixados com o que podem fazer com suas próprias energias, personalidade carismática, habilidade de oratória e encanto humano.

Alguém uma vez disse: “O verdadeiro ministério sempre é exercitado para atender uma necessidade. Mas não é a necessidade daquele ‘ministro’ para ser visto e ouvido.” Esta é a verdade. Medite nestas coisas.

TODA OBRA MÁ

Quando os homens começam a buscar e ganhar seus próprios “ministérios” eles precisam talhar um “território” para eles mesmos. Eles precisam atrair e então segregar a eles um bom número de seguidores. Quanto mais, melhor. Isto inevitavelmente os põe em competição uns com os outros para ver quem pode tornar-se o maior. Cada um precisa mais de adeptos que o outro.

Esta situação alimenta todo tipo de pecado. Logo você vê orgulho, argumentação, inveja, conflito, crítica, maledicência, ódio, etc. Lemos: “Pois onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins” (Tg 3:16). Quão frequentemente isto descreve a situação na qual a igreja se encontra hoje!

Querido irmãos e irmãs, isto não tem nada a ver com o Reino de Deus. Não é ministério genuíno. É produto da carne do homem tentando usar as coisas de Deus para glorificar e agradar essa carne. É uma manifestação de outro reino mais escuro.

O verdadeiro ministério é a expressão de Jesus Cristo. É a revelação da vida de Deus que vive dentro de nós. É motivado, não por algo egoísta ou humano, mas pelo Pai. Não é transmissão de informação, mas é antes a manifestação de Deus em Si por meio de nós.

Aqui não há lugar para nós. Nosso ego não tem espaço. Nossa própria vontade, necessidades e desejos não podem entrar. O verdadeiro ministério espiritual é uma porta muito estreita. Há apenas lugar para uma Pessoa: Jesus Cristo.

Se e quando Deus nos trás para este lugar de humilde serviço, nosso ministério se tornará mais efetivo. Deus nos confiará com mais e mais de Seu poder. Quanto menos nós nos mostramos, mais Ele pode fazer Seu glorioso trabalho por meio de nós. Quanto mais nós simplesmente fazemos “o que vemos o Pai fazer ”mais potente nosso trabalho será.

Quando Deus consegue quebrar nossa própria ambição e orgulho, quando nós não estamos mais procurando nada para nós mesmos, daí nós seremos um vaso que está santificado e preparado para o uso do Mestre (2 Tm 2:21). É aí então que nós conheceremos o verdadeiro ministério.

Final do Capítulo 12

Ler outros capitulos online:

Capítulo 1: NÃO OBSTANTE

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Capítulo 4: O CAMINHO DE CAIM

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Capítulo 8: A ESPADA E O REINO

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Capítulo 10: AMOR DE DEUS

Capítulo 11: VOCE ESTA ENGANADO?

Capítulo 12: O VERDADEIRO MINISTERIO (Capítulo Atual)