Ministério Grão De Trigo

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SEMENTES

VOCÊ ESTÁ ENGANADO?

Capítulo 11

Sementes, livro por David W. Dyer

Publicacao Grao de Trigo

Escrito por David W. Dyer

ÍNDICE

Capítulo 1: NÃO OBSTANTE

Capítulo 2: O BATISMO COM FOGO

Capítulo 3: A SUBSTÂNCIA DE FE

Capítulo 4: O CAMINHO DE CAIM

Capítulo 5: FRUTIFICANDO

Capítulo 6: O SACERDOCIO

Capítulo 7: O SETIMO DIA

Capítulo 8: A ESPADA E O REINO

Capítulo 9: TRES PRINCIPIOS ESSENCIAIS

Capítulo 10: AMOR DE DEUS

Capítulo 11: VOCE ESTA ENGANADO? (Capítulo Atual)

Capítulo 12: O VERDADEIRO MINISTERIO



Capítulo 11: VOCÊ ESTÁ ENGANADO?


Se alguém perguntasse: “Você está enganado?”, creio que quase todos os cristãos responderiam: “De jeito nenhum!” É comum cristãos imaginarem que não estão enganados e que nem poderiam estar. De qualquer forma, algumas dessas confiantes pessoas podem ter uma grande surpresa.

A razão é que quem está sendo enganado não percebe isso. A maior característica do engano é que as pessoas envolvidas nele são inconscientes de sua condição. Uma vez que a pessoa perceba que está enganada, o engano desaparece. Dessa forma, ela não está mais enganada. Sendo assim, tal pessoa pode voluntariamente permanecer no erro ou continuar seguindo algo falso, mas não estará mais enganada.

Desde que um indivíduo envolvido no engano fica totalmente ignorante da sua condição, existe um enorme perigo em crer que não está ou não pode estar enganado. Ninguém deve estar absolutamente confiante acerca de sua condição. A fragilidade da natureza humana associada à sutileza do inimigo de Deus resulta no assombroso fato de que quase todos os cristãos professos estão em alguma medida no engano, seja ele pequeno ou grande. Ainda que isso possa soar estranho, sem dúvida tem alguma verdade.

Creio que existem pouquíssimos crentes andando hoje na terra, cujo relacionamento com Deus seja tão íntimo e cujas vidas sejam tão livres de qualquer tipo de trevas, que não possam mais ser enganados.

Tudo isso está sendo dito para mostrar apenas um fato. É fácil ser enganado. Mais ainda, quando se é vítima do engano a pessoa não percebe isso.

Então, pode ser saudável que cada leitor dê uma pausa e faça as seguintes perguntas a si mesmo: “É possível que eu possa, de alguma forma, estar enganado?”, “Poderia haver algum conceito errôneo trabalhando em minha vida que eu não tenha conhecimento?”, “Seria possível o diabo ter estabelecido algumas fortalezas em meu coração que eu não saiba?” e, “Se existir alguma influência indesejável presente, como eu posso me livrar dela?”

No final das contas, a única coisa que pode expor nosso engano e libertar-nos dele é a luz de Deus. Jesus prometeu aos Seus seguidores que eles não andariam em trevas, mas teriam a “luz da vida” (Jo 8:12). Se estamos, de alguma forma, enganados é porque ainda há trevas em nossa vida, existe alguma área do nosso coração que não tem sido iluminada por Deus. É aqui que o diabo e seus agentes trabalham sem nosso conhecimento.

De qualquer forma, uma vez que a luz de Jesus mostre seus primeiros raios dentro de nós e exponha as trevas, o poder delas é removido. Uma vez que vejamos como temos sido enganados, não estaremos mais sob o domínio do engano. Em Jesus Cristo há poder suficiente para derrotar o inimigo.

Uma razão pela qual muitos crentes ainda estão em domínio do engano é porque não têm cedido o controle total de suas vidas a Deus e, por conseguinte, não têm recebido luz suficiente Dele, a fim de mostrar-lhes onde caíram na armadilha.

Com tudo isso em mente, nós poderemos examinar um pouco dos enganos mais comuns que têm trabalhado nas comunidades cristãs nos dias de hoje.

UM ENGANO COMUM

Vivemos num tempo incomum, olhando de um ponto de vista bíblico. Isso porque muitos cristãos possuem um ou mais exemplares da Bíblia. Eles têm em suas mãos uma maravilhosa compilação das palavras e propósitos de Deus.

No passado, as coisas eram diferentes. Antes da invenção da prensa, a disponibilidade dos manuscritos bíblicos era muito limitada. As cópias eram feitas à mão. Além disso, grande parte da população mundial era iletrada. Ainda que alguém tivesse uma cópia das Escrituras, não poderia lê-la.

Esta disponibilidade moderna da Bíblia é uma tremenda bênção. Ela faz com que a revelação de Deus seja acessível a quase todas as pessoas. Aqueles que têm separado tempo para ler e meditar nestas palavras dadas por Deus têm tido o privilégio de receber entendimento sobre a pessoa de Deus e Seus propósitos eternos com muito mais facilidade e conveniência.

De qualquer maneira, existe um perigo aqui de que muitos estão inconscientes. Por causa dessa disponibilidade das Escrituras, tem se tornado fácil para o homem se aproximar da revelação de Deus de um ponto de vista meramente humano. É possível que homens e mulheres tentem compreender a Bíblia mentalmente.

Através do estudo, da pesquisa e da razão, alguns podem chegar a muitas conclusões acerca daquilo que Deus escreveu. Além disso, podem começar a confiar nessas conclusões e conduzir suas vidas de acordo com essa análise, em vez de seguir um Deus vivo.

Assim, suas compreensões humanas da Bíblia tornam-se seus guias, no lugar de Jesus. Tão incrível quanto possa parecer, muitas pessoas, hoje em dia, colocam esse tipo de conhecimento da Bíblia como substituto de uma genuína e íntima relação com Jesus Cristo.

Em vez de seguir uma Pessoa viva, agora estão seguindo o “manual.” As suas decisões estão governadas por versos bíblicos sem conferir com Jesus se suas interpretações estão realmente em harmonia com a pessoa Dele. Neste sentido, essas pessoas têm sido enganadas. Pensando que já entendem a Bíblia, falham em conhecer a Pessoa que está revelada nela.

Em tempos passados, as coisas eram bem diferentes. Aqueles que criam em Jesus eram obrigados a aprender a conhecê-Lo pessoal e intimamente, a fim de que pudessem segui-Lo. Uma vez que a maioria não tinha as Escrituras disponíveis facilmente, eles precisavam aprender a ouvir, seguir e obedecer diretamente a Jesus. Fica fácil entender que os primeiros crentes, e muitos discípulos ao longo do tempo, não podiam e não dependiam de uma palavra meramente escrita para guiar suas vidas. Eles precisavam aprender a depender de Deus.

Os primeiros apóstolos e outros que escreveram o Novo Testamento eram tais homens. Eles nasceram de novo pelo Espírito Santo e, então, seguiram o homem ressuscitado, Jesus Cristo. A experiência pessoal com Ele levou-os a escrever cartas e relatos históricos da vida de Jesus, que foram divinamente ungidos por uma inspiração de Deus. Esses escritos foram o resultado – e não a fonte – da intimidade deles com o vivo e ressurreto Senhor.

Naturalmente, quando eles puderam ter acesso à parte das Escrituras, incluindo o Velho Testamento, isso serviu de grande ajuda. Obviamente, o que Deus tinha revelado de Si mesmo, através dos escritos da Sua palavra, foi extremamente precioso. Ainda assim, eles não olharam para esses escritos como um guia das suas vidas. Em vez disso, aprenderam a conhecer e seguir a pessoa de Jesus que estava revelada no livro.

A Bíblia não nos foi dada como um livro texto. Seu propósito não é ser um manual ou livro guia através do qual devamos conduzir nossas vidas. Certamente não pretende ser um substituto de Deus. O propósito da Bíblia é ser um meio através do qual Deus Se revela para nós. Em todas as páginas, a natureza e a pessoa do nosso Senhor está evidente. Deve ser através do conhecimento dessa Pessoa que nossas vidas devem ser guiadas, não meramente seguindo um conjunto de regras, doutrinas ou princípios bíblicos.

Não obstante, muitos têm tomado a Bíblia como seu guia. De uma forma sutil, ela tem substituído um relacionamento genuíno com Jesus em suas vidas. Eles consideram-se crentes na “Bíblia” e seguidores da “Palavra”. Para eles, isso é a maneira mais certa e santa de conduzir suas vidas. Mas em vez de buscar conhecer a Jesus nas páginas da Bíblia, eles têm se tornado seguidores de um livro cheio de regras, princípios, práticas e doutrinas.

Muitos creem que sejam seguidores da “Palavra de Deus”, que eles acham que é a Bíblia. De qualquer forma, a verdade é que “a Palavra de Deus” é uma Pessoa, não um livro. Nós lemos em Apocalipse 19:13: “Ele está vestido com um manto tinto de sangue, e o seu nome se chama a Palavra de Deus”.

Embora Deus esteja revelado na Bíblia, seguir a Bíblia não é a mesma coisa que segui-Lo. Nós fomos chamados para seguir uma Pessoa viva e não simplesmente um conjunto de regras, regulamentos, verdades ou princípios. Infelizmente, é possível pessoas “seguirem a Bíblia” com pouco, ou nenhum, relacionamento pessoal com Cristo vivo.

Deixe-me esclarecer aqui que eu não estou, de maneira alguma, tentando diminuir ou desvalorizar a importância da Bíblia. Durante mais do que 42 anos seguindo a Cristo, muitos poucos dias passaram sem que eu tenho meditado no que Deus tem revelado para nós na Bíblia. Estou convencido de que as Escrituras que nós temos hoje são um acurado e confiável relato do que Deus disse e fez no passado. Estou persuadido, após muitos anos de meditação nas Escrituras, que o conteúdo da Bíblia foi inspirado por Deus.

Ainda que tudo isso seja verdade, uma coisa deve ficar clara para nós: Nós não fomos, não somos e de fato não podemos ser salvos por crer na Bíblia. Isso é a verdade. A Bíblia não morreu por nossos pecados e nem ressuscitou ao terceiro dia. Esse livro não é o nosso salvador. Meras palavras, ainda que dadas por Deus quando estão destituídas de uma revelação Dele nunca poderão salvar-nos. Somos salvos unicamente por crer numa viva e ressurreta Pessoa, Jesus Cristo.

Não temos sido impelidos pelas Escrituras a crer num livro, mas em Jesus. Nós lemos: “...crede em Deus, crede também em Mim” (Jo 14:1). Não somos santificados e transformados simplesmente por seguirmos princípios bíblicos. Não ficamos livres de nós mesmos e de nossos pecados por um livro. Para que essa salvação ocorra, nossa fé deve estar numa Pessoa e não em palavras escritas, por mais acuradas e importantes que possam ser. Ele é o único que pode salvar-nos.

Mas, para muitos, a Bíblia tem se tornado um ídolo. É a Bíblia que eles adoram e dela dependem. Esse livro tem tomado o lugar de Deus em suas vidas. O foco deles está na Bíblia. São crentes na Bíblia, seguidores da Bíblia e pregadores da Bíblia. Em suas mentes, essa atitude de fé absoluta na Bíblia é a mais santa posição possível. Em suas mentes, é a fé deles nesse livro e a fidelidade deles às coisas lá dentro escritas que os justifica. Isso é um erro sério.

É um enorme engano tentar usar a Bíblia de forma independente do seu Autor. É um grande equívoco usar a Bíblia como um livro texto em vez de uma fonte através da qual nosso Senhor possa revelar-Se. Tal atitude nunca nos ajudará. Somente produzirá um tipo de orgulho e justiça própria que não podem nunca agradar a Deus. Isso gera um Cristianismo legalista, racional e seco, que não salva e nem liberta aqueles que o praticam, tampouco satisfaz a Deus.

Para ajudar o leitor a compreender essa verdade, vamos dar uma olhada nos fariseus do tempo de Jesus. Eles tinham o Velho Testamento dado por Deus, escrito para eles. Eram letrados e cultos. Então, eles estudavam esse livro diariamente e dele extraíam muitas leis, princípios e fórmulas para guiar suas vidas.

Provavelmente, gastavam muito mais tempo estudando as Escrituras que uma boa parte dos cristãos modernos. Através do esforço deles, tornavam-se extremamente religiosos. Ainda assim falhavam em conhecer o Autor. Nunca conheceram realmente o Pai. Pensavam que sabiam muitas coisas sobre Ele, mas não O conheciam. Suas análises das Escrituras eram humanas, mentais e defeituosas.

Portanto, quando Deus Se manifestou em Seu Filho, eles não O conheceram. Eles não O reconheceram como o Único que está revelado no Velho Testamento. Esta falta de conhecimento de Deus pessoalmente levou-os a odiar, perseguir e, com o passar do tempo, matar Aquele que desejava revelar-Se para eles através das Escrituras. Certamente a análise racional desse livro não produziu algo bom neles. Jesus afirmou essa verdade quando disse para eles: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas que testificam de Mim” (Jo 5:39). O pensamento de Deus é que nós poderíamos ir a Ele através das Escrituras, mas não usá-las como um substituto para o relacionamento com Ele.

Mais adiante somos advertidos: “Não penseis que eu vos acusarei perante o Pai; quem vos acusa é Moisés, em quem tendes firmado a vossa confiança. Porque se de fato crêsseis em Moisés, também creríeis em Mim; porquanto ele escreveu a Meu respeito” (Jo 5:45,46).

Como você pode ver, quando Moisés escreveu, ele escreveu sobre a realidade de Deus – Sua verdadeira expressão que é Jesus. Moisés escreveu sobre o que o Pai tinha revelado de Si mesmo para ele. A mesma coisa é verdade para todo o restante das Escrituras. Os homens que as escreveram, meramente registraram o que Deus tinha mostrado a eles acerca de Si mesmo, Seus caminhos e Seus desejos.

Aqui repousa um poderoso engano onde os crentes têm caído. Eles vêm para a Bíblia para estudar e aprender. Através disso desenvolvem muitos princípios e diretrizes para suas vidas e seus encontros.

Muitos têm extraído das suas páginas regras sobre seus estilos de roupa, suas atividades e cortes de cabelo. Outros têm acumulado regras sobre como, quando e onde se reunir. O tempo que passam juntos é conduzido seguindo muitas fórmulas e princípios aparentemente corretos que foram extraídos do Novo Testamento.

Ainda assim, não obstante tudo isto, eles não se tornaram íntimos de Jesus. São bem-sucedidos em aprender sobre Ele, mas não O buscam realmente para conhecê-Lo profundamente.

Através dos seus estudos acumulam conhecimento a respeito de Deus, mas não desenvolveram uma intimidade com Ele a ponto de terem os seus corações mudados e consequentemente, suas vidas. Esse lacuna é muitas vezes revelada em seus comportamentos e atitudes. Esse é um infeliz, ainda que comum, engano entre o povo de Deus.

FALTA DE AMOR

A falta de conhecimento íntimo da pessoa de Deus revela-se de muitas maneiras. Uma das mais tristes maneiras, em que se torna evidente, é quando alguém deixa de concordar com um grupo cristão sobre alguma doutrina ou prática.

Pode ser que os líderes de um determinado grupo e os seus membros apresentem uma aparência de retidão. Pode ser que suas roupas, doutrinas e atividades pareçam bíblicas e corretas. Mas quando alguém começa a discordar, as coisas podem mudar rapidamente. Quando alguém não anda mais de acordo com as maneiras e crenças deles, repentinamente, as garras e as presas podem aparecer. O “amor” deles desaparece. Começam a rejeitar, odiar e perseguir aqueles que eles tinham anteriormente aceitado e fingido amar.

Essa forma de comportamento revela uma falta de conhecimento íntimo de Deus. Mostra o fato de que “a religião” deles é mais mental que genuína. Essas pessoas talvez tenham aprendido muitas coisas sobre Deus, mas não se tornaram íntimas do Senhor.

Em 1 João 4:8 lemos: “Aquele que não ama não conhece a Deus (intimamente), pois Deus é amor”. Acrescentei a palavra “intimamente” baseado na palavra grega “conhecer” (GINOSKO), que implica num conhecimento que é muito mais que um mero encontro. “GINOSKO” significa um conhecimento íntimo de uma pessoa. W. E. Vine, em seu dicionário das palavras do Novo Testamento, define essa palavra grega assim: “... vir a conhecer, reconhecer, compreender” ou “compreender completamente”.

O resultado desse conhecimento íntimo da pessoa de Deus é que expressamos Seus sentimentos, Seu coração. Desde que Ele é amor e ama Seus filhos profundamente, quando estamos andando em íntima comunhão com Ele também experimentamos e expressamos os mesmos sentimentos.

ELES NÃO ME CONHECEM

Em Jeremias 2:8 lemos a respeito de um entendimento similar. Deus adverte os estudantes das Escrituras daqueles dias dizendo: “Os sacerdotes não disseram: onde está o Senhor? E os que tratavam da lei não me conheceram.” Como você vê, eram pessoas meramente religiosas. Eles estavam “tratando” da lei, mas não viam além das letras escritas. Eram líderes e até mesmo “sacerdotes” do Senhor, mas não O conheciam.

Consequentemente, suas decisões e a forma como eles interpretavam a palavra de Deus estavam distorcidas. Não refletiam o coração do Criador. Em vez disso, o que eles faziam, diziam e decidiam era o resultado de um estudo racional e humano das Escrituras. Não era o resultado do conhecimento da pessoa e do caráter de Deus. A religião deles era vã.

A fim de usar ou “tratar” a Bíblia corretamente, nós devemos ter primeiro uma intimidade com o autor. Somente através de um genuíno conhecimento da pessoa Dele é que podemos realmente compreender o que Ele está revelando. Uma simples análise intelectual e humana não é suficiente. Está longe do objetivo. O autor das Escrituras é o Único competente para interpretá-las corretamente.

O JESUS INVISÍVEL

Alguns cristãos parecem ter a noção de que após a morte e a ressurreição de Jesus Cristo, Ele desapareceu no céu. Então, para compensar Sua ausência, Ele deu um jeito de que tivéssemos a Bíblia como uma espécie de manual de instrução para seguirmos, enquanto Ele estivesse fora. Talvez suponham que se eles seguirem as orientações da Bíblia corretamente então, quando Jesus retornar, irá recompensá-los, pela obediência deles.

A falácia desse pensamento é que Jesus não está ausente deste mundo. Ele está apenas invisível. Ele não nos deixou sozinhos para seguirmos a Bíblia, mas requer de nós que O conheçamos e O sigamos através do Espírito Santo. Quando Ele nos enviou o Espírito Santo disse algumas coisas interessantes. Ele afirmou: “Vou e volto para junto de vós” (Jo 14:28). Verdadeiramente não nos deixou sozinhos. Ele voltou para nós invisivelmente em “o Espírito”.

Lemos: “Ora, o Senhor é o Espírito” (2 Co 3:17). Quem é o Senhor? Obviamente é Jesus. Como pode ser isso? O Senhor, que é Jesus, é realmente o Espírito? Certamente que sim. Esse é o ensinamento claro das Escrituras. O Espírito Santo e Jesus não são seres separados. Jesus e o Espírito são um da mesma forma que Jesus é um com o Pai (Jo 10:30).

O fato é que o “Espírito de Deus” é o mesmo “Espírito de Jesus Cristo”. Paulo ilustra isso quando ele se refere ao Espírito Santo como “... o Espírito de Jesus” (Fl 1:19). É claro que existe apenas um único Espírito, não dois. Lemos: “Há somente um corpo e um Espírito...” (Ef 4:4). Não pode haver algo tal como um Espírito Santo separado e distinto do Espírito de Jesus Cristo, como se existissem dois “Espíritos” diferentes.

Portanto, quando conhecemos e interagimos com o Espírito Santo, estamos ao mesmo tempo conhecendo e interagindo com Jesus Cristo. Ele está conosco – exatamente aqui e agora, em e através do Espírito Santo. Eles são absolutamente inseparáveis. “Ora o Senhor é o Espírito” (2 Co 3:17).

Tudo isso é para dizer que ainda precisamos continuar seguindo a pessoa de Jesus Cristo hoje, exatamente como fizeram os primeiros discípulos. Ele não está ausente. Não estamos limitados a seguir meramente obedecendo instruções encontradas em um livro, por mais importante que esse livro possa ser. Jesus está presente conosco aqui, agora e para sempre. Ele disse: “E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século” (Mt 28:20). Ele está “conosco” hoje. Consequentemente, devemos conhecê-Lo e segui-Lo pessoalmente.

Depois da Sua morte e ressurreição, Jesus fez algo muito incomum para ensinar essa verdade aos Seus discípulos. Ele frequentemente aparecia e desaparecia. Quando Ele aparecia, sabia o que eles tinham dito e feito em Sua “ausência”. Por que Ele fez isso? Qual era a Sua mensagem? Ele estava mostrando a eles, clara e inconfundivelmente que Ele estivera sempre com eles. Se estivera visivelmente ou invisivelmente presente, o fato é que Ele sempre estivera lá.

Jesus estava ensinando-os a depender da Sua presença invisível e a não ficarem presos querendo sempre um aparecimento físico. Ele os estava instruindo que eles podiam conhecê-Lo e segui-Lo exatamente como eles sempre fizeram quando Ele estava visível, mesmo que agora não pudessem vê-Lo.

Quando Jesus andou na terra, estava num pequeno país, em um determinado local, em um espaço de tempo limitado. O número dos Seus discípulos era pequeno. Portanto, Sua presença física era suficiente. Mas hoje, este número de discípulos cresceu. Existem milhões, se não bilhões, de crentes no mundo hoje. Nosso Senhor não pode estar fisicamente presente com cada um deles, pois isto requereria que Ele tivesse milhões de corpos. Assim, Sua presença invisível através do Espírito Santo está sempre com cada um de nós.

ENGANADO POR REVELAÇÃO

Revelação bíblica é algo bom. Assumindo que o que tem sido revelado vem de Deus e, portanto é bíblico, revelação é de grande valor. Tal revelação nos dá direção. Ela nos ajuda a entender Deus e Seus propósitos. Ajuda-nos porque mostra nosso caminho espiritual adiante de nós e como podemos nos tornar mais parecidos com Jesus.

Mesmo assim, é possível e até mesmo comum que pessoas sejam enganadas por tal revelação genuína. Como pode ser isso?

Deixe-me tentar explicar dando uma ilustração. Através da janela da cozinha da minha casa no Brasil eu posso ver uma montanha muito alta. Pela graça de Deus ainda tenho uma boa visão e, então, num dia claro posso ver o contorno da montanha bem definido. Assim, apesar de ter clareza da visão, eu não estou lá. Não estou no topo daquela montanha.

Para chegar ao pico daquela montanha teria que percorrer uma grande distância, cerca de 40 a 60 quilômetros. Tenho certeza que não existe uma estrada que vai até o pico da montanha. Dessa forma, alcançar o topo exige muito trabalho.

Além disso, deve haver outros morros para subir e descer, riachos ou rios correntes para cruzar, floresta espessa para passar, um exército de mosquitos e outros insetos para se combater, serpentes venenosas, aranhas e plantas, muito suor e cansaço para suportar. Se eu fosse capaz de atingir o cume daquela montanha, após lá chegar eu seria uma pessoa com muito mais experiência e conhecimento pessoal sobre ela do que sou hoje, sentado em minha cozinha.

A mesma coisa se aplica à revelação. Nós podemos ver algumas verdades bíblicas com clareza. Elas podem ser verdades em todas as formas. Ainda assim, até que se tornem nossa experiência através de muitas provas, tempo e teste, permanecem apenas como entendimento remoto sem nenhuma aplicação real em nossas vidas.

É comum que muitos, ao ver pela primeira vez algumas dessas revelações animadoras, passem a pensar como se estivessem completamente cheios daquilo que eles viram. Eles imaginam que são aquilo que viram, só porque vislumbraram algo.

Como um exemplo, deixe-me compartilhar com você uma experiência que tive quando era um jovem crente. Estava num encontro com um grupo que tinha recentemente recebido alguns ensinamentos sobre “os vencedores” no livro do Apocalipse. Muito do ensino estava baseado nas promessas de Jesus aos que, nas sete igrejas, quiseram ouvir Sua palavra e venceram. Essa foi uma revelação animadora e cativante.

Logo, porém, nós vimos a nós mesmos como vencedores. Assim que compreendemos algumas coisas sobre o que isso significa, começamos a imaginar que éramos o que tínhamos visto. Nós nos alegramos na revelação, pensando que desde que a tínhamos compreendido, estávamos nela. Pensamos acerca de nós mesmos como “vencedores”. Secretamente passamos a olhar para aqueles que não tinham essa revelação e dessa forma, obviamente, não eram vencedores como nós. Numa retrospectiva, é claro que estávamos enganados.

Queridos amigos, através dos anos uma coisa tem se tornado muito clara: ver não é a mesma coisa que ser e, compreender não é a mesma coisa que viver a realidade daquilo que temos percebido. Isso requer tempo e experiência com Deus para aplicar em nossas vidas o que Ele tem nos mostrado. Devemos buscar a Deus, pedindo que Ele faça com o que vimos seja parte integral e genuína de nossas vidas.

Por exemplo, seria possível para alguns se tornarem especialistas na montanha já mencionada sem nunca ter subido nela. Eles poderiam pesquisar no “Google”. Poderiam comprar mapas topográficos e aprender sobre o terreno. Poderiam descobrir tudo sobre o clima, as temperaturas máxima e mínima registradas nas quatro estações.

Poderiam se familiarizar com dados sobre a umidade do ar e volume das chuvas. Poderiam até mesmo encontrar alguém que tivesse analisado o solo e a geografia e aprender com essa pessoa. Poderiam estudar as várias plantas que crescem lá, incluindo as árvores, orquídeas, samambaias, cipós e etc.

Eles poderiam descobrir a respeito da vida animal na montanha, incluindo, sem dúvida, uma grande variedade de feras, pássaros e insetos. Podem, igualmente, ser capazes de achar outros que subiram lá e descobrir as melhores trilhas e possíveis problemas. A disponibilidade de água potável, a melhor época do ano para subir, o tempo necessário para subir e descer e muitos outros fatores que poderiam ser estudados e aprendidos. No final, essa pessoa poderia se tornar um “doutor” nos fatos sobre a montanha, sem nunca ter subido lá.

Essa pequena história tem uma aplicação muito real na prática do Cristianismo. Seria possível que nossa vida cristã seja muito mais guiada pelo que temos visto sobre Cristo que nossa atual experiência Nele? Será que temos sido cheios com uma imensa quantidade de conhecimento a respeito Dele, mas não gastamos muito tempo tendo uma comunhão íntima com Ele? Estamos realmente seguindo a Jesus ou somos de fato seguidores de preceitos, doutrinas, revelações e costumes que temos aprendido? Estamos satisfeitos simplesmente em ver maravilhas a respeito de Jesus ou estamos genuinamente conhecendo e seguindo a Ele?

Cristo está realmente reinando sobre nós ou estamos meramente nos conformando ao padrão esperado de um grupo ou “igreja” que frequentamos? Nosso comportamento cristão é um resultado do que temos entendido sobre Deus ou uma transformação genuína que resulta de uma intimidade com Ele?

Queridos amigos, essas são sérias e importantes considerações.

SERPENTES DE BRONZE

Muitos crentes apreciam revelação. Obviamente, revelação é importante para todos nós. Sem ela, não temos nenhum alvo. Não temos nenhuma direção nem compreendemos para onde é que estamos supostamente indo. Estamos cegos e em escuridão. Revelação é tão essencial quanto prazerosa.

É necessário que vejamos e compreendamos muitas coisas concernentes aos planos e propósitos do nosso Deus. Quanto mais Ele revela a nós, mais podemos cooperar com Ele em Sua obra. Através da revelação temos direção e objetivos divinos. Quando temos uma maior compreensão de Sua pessoa e Sua obra, podemos ser mais facilmente liderados por Ele e desperdiçar menos tempo fazendo coisas que não satisfazem ao Seu coração.

Embora tudo isso seja verdade, revelação também pode transformar-se em um tipo de armadilha. Pode transformar-se em um ídolo. Pode transformar-se facilmente num substituto de um relacionamento com Jesus.

Inacreditavelmente, a revelação sobre Jesus pode sutilmente tomar o lugar da intimidade com Ele. Esse é um tipo de engano que também é extremamente comum na igreja hoje.

É fácil hoje encontrar indivíduos e até mesmo grupos de cristãos que têm muita revelação. Eles leram bastantes livros, alguns deles escritos por Watchman Nee, A. W. Tozer, Andrew Murray, Charles Finney, T. Austin-Sparks etc. Através da literatura e do ensino têm passado a compreender muitas verdades espirituais importantes.

O nível de compreensão deles com relação a muitos mistérios bíblicos é, em alguns casos, surpreendente. No entanto, para um número muito elevado, seu viver diário não reflete a natureza de Cristo. Como pode ser isso?

Um primeiro problema é que, frequentemente, essas revelações são coisas recebidas de segunda mão. Esses crentes têm entendido o que os outros viram. Mas essas coisas ainda não têm se tornado reais em suas experiências pessoais. Deus ainda não trabalhou estas coisas em suas vidas de forma que essas revelações tenham de fato se tornado uma realidade pessoal para eles.

Essa revelação de segunda ou mesmo de terceira mão pode facilmente fazer com que as pessoas que a recebem se tornem orgulhosas. Tornam-se inchadas porque têm entendido certas verdades. Não é raro que tais crentes nunca aplicam realmente aquilo que sabem neles mesmos.

É natural que uma vez que vejamos e compreendamos alguma revelação, comecemos a nos alegrar naquilo que temos visto. Talvez encontremos outros que também passaram a conhecer as mesmas coisas, ou tenham recebido essas revelações de nossa parte. Mas aqui também está um perigo.

Se não tomarmos cuidado, brevemente nossos encontros e nossa comunhão com esses irmãos tornar-se-ão centrados em torno de certos conhecimentos. A revelação se torna nosso foco. A esfera dos nossos encontros e comunhão se tornará dedicada à repetição e/ou propagação de certas verdades.

Em muitos casos, o coração do crente torna-se cativo destas revelações. Começam a procurar conhecer, com muito mais clareza, as coisas profundas de Deus. Quando abrem a Bíblia, é a revelação que estão buscando. Estão sempre comprando novos livros que possam conter novos pontos de vista sobre as Escrituras. Ainda assim, com tudo isso, é possível que não estejam, verdadeiramente, sendo transformados por meio de mais intimidade com Jesus Cristo.

Como você vê, revelação também pode transformar-se em um deus. Pode transformar-se em um ídolo na sua vida. É algo que pode atrair e capturar seu coração, no lugar de uma intimidade com Jesus. É algo muito sutil. Assumindo que essas revelações sejam bíblicas e verdadeiras, em muitas vezes é difícil ver como somos induzidos ao erro, por elas, ou mesmo as usamos equivocadamente. No entanto, essa é uma doença em muitos grupos de crentes.

A serpente de bronze que Moisés fez no deserto foi ordenada por Deus (Nm 21:8,9). Foi o Senhor quem o instruiu a construí-la. Posteriormente, ela foi usada por Deus para milagrosamente curar milhares. No entanto, com o passar do tempo, ela se tornou um ídolo. As pessoas começaram a adorá-la em vez de adorar ao Senhor. Então, quando Ezequias se tornou rei e liderou uma espécie de reavivamento ou retorno para o Senhor, quebrou a serpente de bronze em pedaços e a destruiu (2 Rs 8:4).

Da mesma forma, hoje muitos indivíduos ou mesmo grupos de crentes estão se encontrando em torno de algum tipo de entendimento bíblico e não de uma Pessoa. A unidade deles é baseada em alguma revelação ou outra coisa que não o Senhor.

Quantos, por exemplo, reúnem-se em torno de alguma forma especial de participar da “mesa do Senhor”, de alguma prática ou ideia sobre como reunir ou de certo número de doutrinas, padrões ou “revelações”? Pode ser que seja o batismo com o Espírito Santo, cura, o sábado ou profecia a respeito do fim dos tempos. Pode ser que seja algo ligado ao nome da igreja ou da falta de nome. A lista é sem fim.

Infelizmente, não é difícil achar grupos que gastem seu tempo juntos simplesmente repetindo a mesma série de revelações um para o outro, regozijando-se no fato de que eles são uns dos poucos que têm esse profundo entendimento.

Não obstante, em muitos casos, a vida diária desses crentes não reflete o caráter do Criador. A transformação deles não acompanhou a revelação que têm. Ainda estão cegos para essa necessidade, ao entenderam tantas coisas. Eles pensam que têm mais revelação que muitos outros cristãos. Eles são os mais corretos. Eles pensam que são um tipo de elite. Pensam, com certeza absoluta, que Deus tem prazer neles por causa destas importantíssimas coisas que eles entendem e praticam. Então, continuam se alegrando em reuniões ao redor de suas revelações e práticas e até mesmo adorando tais coisas, enquanto o próprio Jesus é posto de lado.

Como um exemplo disso, gostaria de compartilhar a história de um amigo. Ele e sua família deixaram os Estados Unidos para serem missionários na África do Sul. Ele era um irmão com muita revelação e entendia um bocado daquilo que muitos chamavam de ensinamentos sobre “a vida profunda”. Então, enquanto estava lá na África do Sul, ele naturalmente procurava comunhão com outros que tinham um entendimento similar da Bíblia.

Mas, quando retornou para os Estados Unidos, ele estava completamente desiludido. Ele havia passado por um tipo de crise na sua fé, com muitos questionamentos acerca do que ele mesmo cria. Por que isso aconteceu? Porque seu relacionamento com outras pessoas que tinham a mesma revelação foi uma frustração, um fracasso. A despeito de todo entendimento que tinham, eles não refletiam a natureza de Cristo.

Uma mulher destacava-se em particular aos olhos dele. Ela estava sempre falando daqueles maravilhosas “coisas profundas”. Foi uma das maiores defensoras dos autores que nós já mencionamos. Seu foco era essa fantástica revelação. Ainda assim, sua vida era um campo de batalha.

Seu casamento ia mal. Ela não estava vivendo as coisas que tinha visto, mas estava cega desse fato devido à “grandeza” daquilo que ela tinha entendido. Sua vida era uma espécie de mentira que tivera um grande impacto sobre esse querido irmão. Em vez de transmitir Cristo a ele, ela realmente tinha minado a fé dele com o seu testemunho.

Paulo, o apóstolo, escreve significativamente: “...se alguém julga saber alguma coisa, com efeito, não aprendeu ainda como convém saber” (1 Co 8:2). O verdadeiro “saber” deve ser conhecer a pessoa de Cristo que nos dá o conhecimento real e não meramente entender algumas verdades bíblicas.

VER MUITO, FAZER POUCO

Uma coisa tem me impressionado muito ao observar a igreja de hoje. Existe um fato que é muito perturbador. Parece que os grupos que têm maior revelação, fazem menos. Eles têm muito entendimento, mas o mundo ao redor deles é pouco impactado.

Em vez de serem motivados por essas grandes verdades, e então irem e ministrarem Jesus às multidões, parece que o foco é em si mesmo e em suas revelações. Seus grupos tornam-se uma espécie de unha encravada curvando-se sobre si mesma.

Logo começam a pensar que eles são uma classe de remanescentes. Imaginam que são especialmente escolhidos por Deus por praticarem algumas coisas ou crerem em algum ensino especial. Assim, eles fazem um tipo de cerca ao redor daquilo que eles são ou creem e passam a tentar proteger suas crenças e práticas do erro. Imaginam que são uma espécie de guardiões de toda uma série de verdades especiais que lhes foi confiada. Essas verdades tornam-se o foco de suas vidas. Esse é um engano comum e muito profundo.

Aqueles que não concordam com o entendimento deles são sutilmente excluídos. Os leigos são vistos com desaprovação, desconfiança e até mesmo, medo. Esses crentes começam a olhar para dentro de si mesmos em vez de olhar para fora. O foco torna-se suas revelações e práticas.

Em vez de pregar Jesus, eles andam em círculo, tentando convencer os outros, especialmente outros cristãos, acerca de como são corretos seus caminhos, revelações e doutrinas. Deste modo, acabam por se tornar infrutíferos num caminho espiritual verdadeiro. Essa é uma condição muito triste.

As revelações que recebemos não precisam de proteção. Não necessitamos guardá-las de impureza. Deus nos deu essas coisas para espalhar, para ministrar ao corpo Dele. É um grande engano tentar fazer um grupo em torno delas. Em vez disso, devemos servir os outros sem nenhuma preocupação com os resultados. Deus está no controle.

OUTRO ENGANO COMUM

Lemos em Tiago 1:22: “Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (VRA).

Quando Deus fez você e em seguida chamou-o das trevas para a Sua luz, Ele fez isso com um plano específico em mente. Ele criou cada indivíduo com a intenção de que cada um realizasse certas coisas para Ele enquanto estivesse nesta terra. A Bíblia diz que nós fomos “...criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef 2:10). Deus não nos chamou para sermos “...nem inativos, nem infrutíferos” (2 Pe 1:8).

Há um trabalho para cada um realizar. Há um ministério dentro do Corpo de Cristo para cada um executar. A obra cristã não é somente a responsabilidade de alguns clérigos especiais ou de alguns poucos escolhidos. Não existe nenhuma sala para espectadores no meio do povo de Deus.

Todos os crentes têm a incumbência de descobrir a tarefa de Deus para suas vidas e então, através da Sua graça e poder, trabalhar para realizá-la. Sua vontade é que possamos produzir muitos frutos – frutos que permaneçam (Jo 15:16).

Naturalmente, Jesus não está pedindo que façamos algo com nossa própria força. Fazer apenas algum tipo de trabalho na recepção, ser parte do grupo de adoração ou comprometer-se com algum tipo de ministério cristão pode não preencher o desejo de Deus. É possível ser muito ativo, fazer muitas “coisas”, e ainda assim não estar alinhado com o padrão de Deus.

INICIADAS PELO SENHOR

No dia do julgamento, quando estivermos diante do Seu trono, todas as nossas obras serão provadas pelo fogo. Somente alguns tipos de obras vão suportar esse teste. E são aquelas que foram iniciadas pelo próprio Senhor. Não são as coisas que fizemos “para Deus”, mas aquelas coisas que Jesus Cristo fez através de nós. Desde que nos tornamos cristãos temos o Espírito do Deus vivo dentro de nós. É totalmente possível e até mesmo essencial, deixar que Ele se torne a fonte de tudo que fazemos.

Quando crescermos nessa experiência, nossas vidas tornar-se-ão mais frutíferas. Nós seremos, então, os canais através dos quais Jesus estará realizando Seu propósito no mundo. São essas obras que serão aprovadas quando estivermos diante Dele. Essas são as atividades que foram verdadeiramente “feitas em Deus” (Jo 3:21).

O que Deus está requerendo de você e de mim é uma vida que seja liderada pelo Seu Espírito. Uma vida de obediência à Sua vontade. Uma vida voltada para alcançar e servir aos outros no nome de Jesus, repartindo o que Deus tem derramado em nós.

Jesus Cristo foi nosso exemplo supremo. Ele era sempre liderado pelo Espírito. Estava continuamente realizando as obras de Deus (Jo 10:31). Diariamente fazia o que via o Pai fazer (Jo 15:19).

Jesus não vivia para Si mesmo. Nenhum minuto da Sua vida foi gasto em atividades para Seu próprio serviço. Toda Sua existência estava focada em um único objetivo – fazer a vontade do Pai. Se quisermos ser verdadeiros cristãos, sendo agradáveis ao nosso Deus, essa também deve ser a nossa experiência.

O estilo de vida que estou defendendo aqui pode ser completamente diferente da vida que você está vivendo agora. Você pode estar percebendo que a descrição anterior é muito diferente da vida que você leva agora. Se essa é a sua situação, a solução é o arrependimento.

Você deve humilhar-se diante de Deus e admitir que você tem permitido ser enganado. Deve confessar seus pecados de desobediência e apresentar-se a Deus novamente, dizendo a Ele que você é agora completamente Dele e que está disposto a segui-Lo em qualquer lugar.

Depois que você tomar essa posição, certamente começará a experimentar Deus em um novo e emocionante caminho. Ele está procurando continuamente por homens e mulheres que farão Sua vontade e quando Ele achar seu coração genuinamente aberto, Ele Se derramará em você.

Então você estará habilitado para realizar as obras de Deus nesta terra. A partir disso, você começará a experimentar o Cristianismo genuíno do Novo Testamento.

DESPERTA, DESPERTA

Deus está falando para o Seu povo. “Desperta, tu que dormes, levanta-te de entre os mortos e Cristo te iluminará” (Ef 5:14). O tipo de vida que lemos na Bíblia e também em muitas biografias cristãs, são vidas que foram totalmente entregues a Jesus. Eram vidas cujas prioridades eram Deus.

Agora, para chegar a esse ponto, pode requerer uma maior reestruturação das suas prioridades. Possivelmente signifique uma mudança de ocupação, emprego ou situação de vida. Sem dúvida, requererá abandonar muitos prazeres centrados na satisfação própria que enchem sua vida agora.

Pode ser que você necessite deixar a segurança do seu país, de sua família e dos seus amigos. Pode, além disso, significar ter que enfrentar perigos que nunca sonhou ou que secretamente, em seu coração, tem temor. Mas, se sua fé é genuína e não simplesmente uma ilusão mental, então requer ação.

Não posso falar o que Deus pode requerer que você faça. Somente Ele pode revelar isso a você. Simplesmente estou dizendo: se você não está fazendo nada, então não está andando em fé e comunhão com Deus. Ele o está chamando hoje ao arrependimento e esse arrependimento vai, sem dúvida, envolver alguma mudança radical em sua vida.

Quero deixar claro que estou falando de uma vida de serviço e não de uma vida de sucesso. O tipo de vida que Deus requer de você e de mim não é algo fácil. Não é feita de luxo, poder terreno e gratificação, como muitos pregadores atuais gostariam que crêssemos.

Em vez disso, é uma vida de abnegação, sacrifício e dificuldade. Nós estamos descrevendo aqui uma vida que é derramada sobre o Corpo de Jesus Cristo – uma espécie de oferta espiritual ao Pai (Fp 2:7).

Não obstante, tal existência é também altamente satisfatória. Nada neste mundo pode preencher seu vazio interior como Deus. Quando você entregar sua vida a Ele e encher seus momentos com Seu serviço, Ele, por Sua vez, encherá você Dele mesmo. O desejo de Jesus é expressar-Se ao mundo. E, quando Ele encontra o seu coração aberto e pronto, Ele Se entregará a você sem qualquer reserva.

Você deseja esse tipo de experiência? Isso soa harmonicamente no seu coração? Você deseja viver dessa forma? Caso deseje, por favor, saiba que isso é inteiramente possível. Deus é hoje o mesmo que Ele sempre foi. Ele pode fazer coisas em você e através de você que você nunca sonhou ser possível.

Você está enganado? Somente você e Deus podem saber. Como seu amigo e irmão, eu o advirto que é especialmente fácil ser induzido por um espírito de sedução nestes dias e ser embalado por um sono de um Cristianismo fácil.

O Novo Testamento dá-nos abundantes exemplos de homens e mulheres que se levantaram para seguir a Jesus. Eram pessoas que sacrificaram tudo por amor a Seu nome. Eram praticantes da palavra. São aqueles que agradaram a Deus. Eram o tipo de pessoas que Deus nos ordena ser.

Final do Capítulo 11

Ler outros capitulos online:

Capítulo 1: NÃO OBSTANTE

Capítulo 2: O BATISMO COM FOGO

Capítulo 3: A SUBSTÂNCIA DE FE

Capítulo 4: O CAMINHO DE CAIM

Capítulo 5: FRUTIFICANDO

Capítulo 6: O SACERDOCIO

Capítulo 7: O SETIMO DIA

Capítulo 8: A ESPADA E O REINO

Capítulo 9: TRES PRINCIPIOS ESSENCIAIS

Capítulo 10: AMOR DE DEUS

Capítulo 11: VOCE ESTA ENGANADO? (Capítulo Atual)

Capítulo 12: O VERDADEIRO MINISTERIO