Ministério Grão De Trigo

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SEMENTES

O SÉTIMO DIA

Capítulo 7

Sementes, livro por David W. Dyer

Publicacao Grao de Trigo

Escrito por David W. Dyer

ÍNDICE

Capítulo 1: NÃO OBSTANTE

Capítulo 2: O BATISMO COM FOGO

Capítulo 3: A SUBSTÂNCIA DE FE

Capítulo 4: O CAMINHO DE CAIM

Capítulo 5: FRUTIFICANDO

Capítulo 6: O SACERDOCIO

Capítulo 7: O SETIMO DIA (Capítulo Atual)

Capítulo 8: A ESPADA E O REINO

Capítulo 9: TRES PRINCIPIOS ESSENCIAIS

Capítulo 10: AMOR DE DEUS

Capítulo 11: VOCE ESTA ENGANADO?

Capítulo 12: O VERDADEIRO MINISTERIO



Capítulo 7: O SÉTIMO DIA


O cenário era aterrorizador. A montanha estava envolvida em uma camada de fumaça produzida por um fogo devastador. O chão tremia e uma voz de trombeta, mais alta que qualquer outra ouvida anteriormente, abafava o som do trovão retumbante enquanto os raios pontuavam os pronunciamentos do Deus Todo-Poderoso.

O homem, Moisés, tomou seu caminho montanha acima e desapareceu naquela conflagração. Sem dúvida, ele também estava assustado. Seria natural se seus joelhos tremessem e se seu coração batesse forte dentro do peito conforme ele observava o dedo de Deus aparecer e inscrever Seus mandamentos em duas tábuas de pedra.

O Altíssimo estava mostrando claramente que Seus mandamentos não podiam ser violados. Esta terrível demonstração do poder de Deus pretendia produzir naqueles que observavam um medo santo e solene que os levariam a obedecê-Lo.

Tal é a origem do que conhecemos como “Os Dez mandamentos”. Entretanto, é evidente que hoje eles não são tidos em tão alta consideração como foi no tempo em que foram dados pela primeira vez. Afinal, muitos cristãos parecem acreditar que Jesus veio para abolir tais decretos assustadores substituindo-os por admoestações muito mais agradáveis e fáceis de serem cumpridas.

De fato, suspeito que frequentemente entre os cristãos modernos é crido (se não ensinado abertamente) que os mandamentos de Deus ao Seu povo devem ser considerados como “pequenas sugestões” em vez de qualquer tipo de ordenanças inflexíveis.

Além disso, continua a suposição de que as consequências da falha – a penalidade por violar qualquer das leis de Deus – foram inteiramente removidas através de Jesus e assim, se nos moldamos ou não ao Seu padrão, não é de muita importância.

O apoio a esta presente indiferença da moderna cristandade para com as instruções de Deus e a evidente falta de temor a Deus tem sua base em um mal-entendimento referente ao Evangelho. O que Jesus veio fazer por nós e como Ele está cumprindo Seus objetivos não é bem compreendido por muitos crentes.

A noção de “consequências” de qualquer tipo referente ao comportamento dos cristãos tem sido reduzida a um conto de fadas sobre ser grande ou pequena a mansão que receberemos ou quão luxuoso será o carro que dirigiremos quando nosso Senhor voltar com Sua recompensa.

Tal espécie de evangelho superficial tem produzido adeptos igualmente superficiais. Uma lacuna de revelação concernente à Pessoa, os propósitos do Deus vivo e as consequências deste entendimento resultaram em uma mensagem que tem muito pouco poder de transformar as vidas dos ouvintes. O “temor do Senhor”, que deveria formar uma espécie de alicerce na vida dos crentes tem sido tirado e substituído por um caminho fácil e amplo que não tem lugar em nenhuma compreensão genuína do evangelho.

Isto nos leva ao propósito deste texto. É tentar, de maneira tanto bíblica quanto esclarecedora, apresentar o evangelho de uma nova perspectiva que tratará de algumas das modernas concepções erradas, tão predominantes entre nós. Vamos orar juntos para que Deus unja e use esta mensagem para Seus objetivos eternos.

Para começar, é importante afirmar que Jesus não veio para abolir a lei. Pelo contrário, Ele veio cumpri-la. Além de não eliminar as exigências dos mandamentos de Deus, Jesus as elevou ainda mais! Na verdade, os ensinamentos de Jesus elevaram as exigências para o povo de Deus ao invés de reduzi-las. Um simples exame de dois dos Dez Mandamentos tornará esse fato perfeitamente claro.

Por exemplo, o sétimo mandamento nos proíbe de cometer adultério. É possível para muitas pessoas manter essa orientação. Elas podem nutrir certos pensamentos e desejos em relação a certos membros atraentes do sexo oposto e elas podem até ter fortes impulsos nessa direção. Mas conseguem, através da força de vontade, ou de outros meios, suprimir esses desejos e evitar esse pecado. Essa abstinência os teriam qualificados a serem julgados obedientes à lei nos dias de Moisés.

Mas quando Jesus veio, Ele tornou as coisas muito mais difíceis. Ele declarou que o simples pensamento é tão pecaminoso quanto a própria prática do ato. Isso tornou a justiça impossível do ponto de vista humano. Neste caso, só evitar o ato não é suficiente. Você nem pode pensar nele. Se você for honesto, irá admitir que muitos poucos passaram pela vida sem um desses pensamentos. Aqui, em apenas essa única lei, quase todos são culpados.

O mandamento contra o ato de assassinar também faz parte desse quadro. Sem dúvida, houve momentos em nossas vidas quando outros nos ofenderam, ou mesmo nos prejudicaram significativamente, nos deixando extremamente zangados. Espero que tenhamos conseguido resistir à tentação de matá-los. Talvez a influência inibidora da polícia, tribunais e prisões tenha ajudado a tornar o trabalho de controlar nossos sentimentos um pouco mais fácil.

Entretanto, essa abstinência não alcança o padrão do Senhor. No Novo Testamento, além de não estarmos livres para matar aqueles que nos perturbam, Jesus insiste que também devemos perdoá-los.

Ademais, além de não poder guardar ódio e amargura em nossos corações, nosso Senhor ainda insiste que amemos nossos inimigos. Como isso é possível? Mais uma vez, autocon-trole não é suficiente. Uma completa mudança de caráter é necessária.

E assim é com o restante dos Dez Mandamentos. Os padrões do Novo Testamento são, na verdade, muito mais elevados do que os do Velho. É esperado que essa pequena amostra seja suficiente para demonstrar claramente que a justiça requerida pelos ensinamentos de Jesus está muito acima da qual é exigida pela lei.

A JUSTIÇA DE DEUS

Creio que a reação imediata da maioria das pessoas a tudo isso é se perguntar: “Como algo assim é possível? Como alguém poderia viver em tão completa perfeição que nem um pensamento, atitude ou ação impura poderiam se infiltrar em sua vida?”

Nós sabemos que os primeiros judeus tentaram durante aproximadamente 1.450 anos obedecer aos Dez Mandamentos. Está bem documentado que a história desse esforço foi de constante fracasso. Então, já que tem sido claramente provado por experiência milenar, sem qualquer sombra de dúvida, que o homem é incapaz de obedecer às ordenanças originais de Deus, como nós devemos entender o fato de que Jesus, aparentemente, tornou as coisas ainda mais difíceis?

O que devemos fazer, se o que Deus requer de nós está tão distante do nosso alcance e além das nossas habilidades, que se torna completamente impossível?

A resposta a essa pergunta é bem simples, ainda que tremendamente profunda. Para alcançá-la, é imperativo que cada crente chegue a um profundo e inabalável entendimento do seguinte fato: existe apenas uma Pessoa no Universo que é capaz de ser medido por esse incrível critério: o próprio Deus. Sua vida é a única vida que automaticamente e espontaneamente, expressa justiça genuína. Ele é o único que passa no teste.

Você percebe que Deus não precisa tentar ser justo? Ele apenas é! Ele não precisa tentar não ler revistas pornográficas ou evitar ceder às novelas apimentadas. Ele não está se esforçando para não mentir, não enganar, não roubar ou não tirar vantagem de alguém em Seu próprio benefício. Ele não gasta tempo desejando possuir coisas tão boas quanto as dos Seus vizinhos.

A verdade é que Deus não pode sequer ser tentado pelo pecado (Tg 1:13). Ele simplesmente não está interessado. De fato, Ele o abomina. Deus manifesta justiça simplesmente porque Ele é justo por natureza e é impossível para Ele ser de qualquer outra forma.

Não deveria ser segredo para nós que em um momento da história esta vida sobrenatural tenha sido manifestada (1 Jo 1:2). Esta vida incrivelmente justa veio à Terra na Pessoa do Filho de Deus, Jesus Cristo. Nós lemos: “A vida (de Deus) estava nele” (Jo 1:4).

Este homem era o depósito da vida do Pai. Além do mais, enquanto andou nesse planeta, Ele não agiu por si mesmo, mas simplesmente viveu Sua existência pelas inclinações da vida Divina que estava dentro Dele. Ele revelou esse segredo quando declarou: “...eu vivo pelo Pai” (Jo 6:57). Suas ações e até Suas palavras não eram “Suas”, mas simplesmente uma expressão da vida Daquele que vivia dentro Dele.

Ele afirmou isso dizendo: “As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras” (Jo 14:10). Vemos então que Jesus foi verdadeiramente justo, como resultado da própria vida de Deus dentro Dele, que O motivava em todo aspecto da Sua vida.

UMA VIDA QUE NÃO É NOSSA

Isso, então, forma uma ilustração para nós, hoje. É totalmente impossível para nós atingirmos os padrões de Deus. Mas se somos crentes verdadeiros, esse mesmo Jesus que viveu na Terra 2.000 anos atrás e agradou ao Pai em tudo, agora vive dentro de nós.

A intenção do Pai é que Seu próprio Filho, vivendo dentro de nós e vivendo a vida do Pai através de nós, cumpra todos os Seus justos intentos. O próprio Jesus deve se tornar nossa motivação. A vida do próprio Deus deve se tornar a fonte de todos os nossos pensamentos, sentimentos, palavras e ações. Assim como o nosso Senhor foi animado pela vida do Pai, nós também podemos ser uma expressão Dele.

Dessa forma, nossas vidas manifestarão justiça. Dessa forma nós poderemos alcançar os padrões que nos foram dados no livro de Deus. Ainda assim, é uma justiça que não é nossa (Fp 3:9). Não somos “nós” que estamos atendendo às exigências, mas Aquele que vive em nós e através de nós.

Essa é a verdadeira “justiça da fé” (Fp 3:9). Nossa fé nos leva a estar em Deus e Deus estar em nós, de uma forma tão poderosa e profunda, que a nossa própria fonte de viver é mudada. O evangelho genuíno não é uma mensagem de esforço próprio. A verdadeira justiça não é alcançada por nossas tentativas de melhorar. Ao contrário, é alcançada por uma substituição sobrenatural.

Assim como Jesus agradou ao Pai, permitindo-Lhe que vivesse através Dele, nós podemos ser agradáveis a Ele da mesma maneira. Essa é a verdadeira vida cristã. É o “caminho estreito” a respeito do qual Jesus falou. Qualquer outro é apenas uma imitação terrena. O desejo de Deus não é que nós “vivamos para Ele”, mas que Ele viva Sua vida através de nós!

Você vê isso? Você é capaz de genuinamente alcançar a profundidade desse significado? Que liberdade gloriosa! Que alívio e contentamento!

Nós agora estamos livres do peso de tentar agradar a Deus. Alguém, que é infinitamente mais capaz, fará isso por nós. O Jesus vivo que agradou ao Pai enquanto esteve nesse mundo irá mais uma vez agradá-Lo em nós e através de nós.

Essa é uma revelação essencial que todo cristão deveria perceber. É algo também que deveria começar a ter um efeito profundo sobre nossa experiência. É uma verdade que deveria começar a alterar a base do nosso comportamento.

Por um lado, esse grande fato nos proporciona tremendo alívio, mas por outro, também nos traz uma incrível responsabilidade. Isso significa que o povo de Deus deve ser verdadeiramente justo. Ele deve ser santo. Deus espera que o povo Dele não apenas atinja os padrões da lei do Velho Testamento, mas também os padrões extremamente elevados, revelados por Jesus.

Na verdade, Ele não veio abolir a Lei. Pelo contrário, Ele veio cumpri-la mais completa e plenamente do que antes. Ele veio tornar milhares de homens e mulheres mais justos do que jamais se pensou que fosse possível. Sua intenção é que aquilo que não pudesse ser feito pela força do homem, na tentativa de obedecer a lei de Deus, seria então alcançado pelo Seu poder divino, operando através do Seu povo. Deus agora pode ter multidões expressando verdadeira santidade ao mundo e vencendo o diabo através do seu testemunho.

Espero que todos os leitores percebam que existe uma grande diferença entre a ideia de “guardar” a lei e “cumprir” a lei. “Guardar” a lei é algo que envolve os esforços da carne em obedecer a um padrão superficial, por exemplo, determinação, colocando alvos pessoais, etc.

O “cumprimento” da lei é o aparecimento Daquele que estabeleceu o padrão. Deixe-me dar um exemplo disso. Vamos supor que você não conheça minha adorável esposa. Para lhe ajudar a conhecer um pouco a respeito dela, poderia mostrar-lhe uma fotografia dela. Vendo a foto, você poderia saber um pouco a respeito de sua aparência, sua cor de cabelo, sua altura e suas características faciais.

Entretanto, quando você finalmente conhecê-la face a face, ela é o “cumprimento” da fotografia. Você não precisa mais ficar olhando para a foto, porque ela está presente com você. Na verdade, ela ficaria ofendida se você continuasse olhando a foto e a ignorasse.

Da mesma forma, Deus nos deu a lei e os mandamentos. Eles são uma figura verbal Dele mesmo e de Sua justiça. Eles são obviamente verdadeiros, justos e bons, assim como a foto da minha esposa é uma fiel representação dela. Entretanto, de muitas formas, as leis e os mandamentos são incompletos, porque é impossível descrever em palavras humanas a totalidade do que Deus é.

Agora, no entanto, o “cumprimento” da lei chegou. A Pessoa representada pelos mandamentos apareceu na Terra, na pessoa de Jesus Cristo. A vida dessa pessoa “cumpre” a lei, simplesmente porque a lei era e é um tipo de definição do que Ele é.

De fato, Suas ações e palavras estão bem acima da lei, porque ela é uma mera sombra de tudo o que Ele é. Às vezes, Suas atitudes e ações pareceram, aos fariseus, estar em contradição com o entendimento da lei. Isso é porque eles interpretaram mal o que era a lei, e “Quem” realmente estava por trás dela. Eles apenas olharam fixamente para a “fotografia” e ignoraram a Pessoa. Estavam fixados em regras e normas e não perceberam o caráter da Pessoa atrás da lei.

Tentar “guardar” a lei resulta apenas em uma imitação humana do que Deus é. Mesmo se a pessoa mais determinada se forçasse a fazer “tudo certo” isso nunca resultaria em justiça verdadeira. Seria apenas um mero e natural ser humano imitando a Deus. Nós lemos, “por obras da lei ninguém será justificado {será considerado justo}” (Gl 2:16).

Mesmo se nós pudéssemos guardar toda lei, não seria aceitável diante de Deus. O que Deus está procurando é uma real expressão de Sua própria vida e natureza. Isso é o que Ele viu no Seu Filho. E é isso que Ele está procurando em nós também: a plenitude da Sua vida, saturando e permeando o nosso ser, de tal maneira que nós também nos tornemos uma expressão de Sua santidade.

O PROBLEMA DA VIDA VELHA

Porém, como todos nós sabemos, a real compreensão dessa verdade gloriosa não é tão simples como parece. De alguma forma, mesmo tendo essa vida sobrenatural vivendo em nós, não é sempre Ele que nós expressamos. Muito frequentemente, pensamentos, sentimentos e ações terrenas e más – pecados de todo tipo – operam em nós e são expressos através de nós. Qual é o problema, então? Por que nem sempre manifestamos a natureza de Deus em nossas vidas diárias?

Toda a raiz desse dilema está no fato de que ainda possuímos nossa velha vida. Assim como a vida de Deus é completa e plenamente justa, também a nossa própria vida – aquela com a qual nós nascemos – é inalteravelmente poluída com o pecado. Sendo assim, quando nos permitimos ser motivados por ela, naturalmente expressamos o que ela é: algo que não é muito santa. Quando nós vivemos nossas próprias vidas, quando permitimos que o “eu” seja a fonte da qual nós vivemos, os resultados são inevitavelmente pecaminosos e, por isso, rejeitados por Deus.

Isso, então, coloca o crente que deseja ser santo e fazer a vontade de Deus em um tipo de encruzilhada. Todo dia, e, na verdade, a todo momento de todo dia, os cristãos têm que fazer uma escolha. Eles devem continuamente decidir por qual vida irão viver. Qual é a vida que eles permitirão que os encha e os motive – a vida de Deus ou a sua própria? Qual vida será sua inspiração a cada momento?

Nosso Pai Celestial, em Sua grande sabedoria, não nos forçou a nada. Pelo contrário, se nós manifestarmos Sua vida será o resultado de nos rendermos continuamente ao Seu caminho. Se começarmos a exibir Sua natureza, será porque nós, dia após dia, escolhemos deixar Sua vida encher e dominar o nosso ser.

Além disso, significa que nós, ao mesmo tempo, decidimos negar à nossa própria vida a possibilidade de se expressar. Como é santo e precioso saber que o nosso Deus e Rei é tão sensível aos nossos desejos! Inversamente, que responsabilidade incrível nós termos de escolher corretamente a cada dia.

GUARDAR O SÁBADO

Com esta base, chegamos finalmente ao assunto desse artigo: a lembrança do sábado. No Velho Testamento, quando Moisés recebeu os Dez Mandamentos, a ordenança do sábado era uma exigência com respeito às ocupações do sétimo dia. Deus ordenou que, no dia do sábado, Seu povo deixasse de lado a maior parte das atividades físicas para que eles pudessem focalizar suas mentes e atenções na adoração a Ele. Resumindo, eles deveriam parar o que estavam fazendo e descansar. Embora possa parecer um mandamento fácil de ser cumprido, provou ser virtualmente impossível. Havia sempre alguma coisa na vida do povo de Deus que os levava à ação, mesmo que isso fosse violação da Sua vontade.

Mas se o decreto do Velho Testamento era impossível de ser seguido, como fica, então, o padrão da Nova Aliança? Naquela época os seguidores de Deus eram proibidos de trabalhar em um dia de sete, mas no Novo Testamento, requer-se de nós que deixemos de trabalhar totalmente. Somos admoestados a “cessar nossas próprias obras” completamente (Hb 4:10).

O padrão de descanso da Nova Aliança foi elevado muito além das atividades de um só dia. Passou a ser aplicado a toda a nossa existência. Nós devemos entrar nesse descanso de tal maneira que já não somos mais “nós” que vivemos. Agora, não apenas o sétimo dia, mas todos os sete dias da semana são santos para Deus. Assim, não há mais espaço para fazermos nossas próprias coisas e sermos o que queremos ser. Só há espaço para uma só Pessoa – Cristo Jesus.

Isso então nos traz a um entendimento correto do verdadeiro evangelho. É uma mensagem que declara que existe um “descanso” no qual o povo de Deus precisa entrar. Está disponível para nós a opção de parar de viver a vida pela nossa própria motivação e entrar na experiência de sermos animados em todo nosso viver por Deus.

A experiência genuína do sábado não é outra senão aquilo que temos falado. É simplesmente deixarmos Deus ser nossa vida e deixarmos de viver por nós mesmos. Isso é a realidade para a qual a “sombra” da lei do sábado apontou.

Quando entendidos corretamente, os mandatos da Velha Aliança são vistos simplesmente como expressões terrenas das eminentes realidades espirituais. Eles eram ilustrações naturais dadas a nós por Deus para nos ajudar a entender coisas espirituais e invisíveis. Com respeito a guarda do sábado, as escrituras nos ensinam que isso era apenas uma “...sombra daquilo que estava por vir, mas a substância (sua realidade espiritual) é de Cristo” (Cl 2:17).

Você vê isso? Sob esse prisma a verdadeira guarda do Sábado se torna uma das revelações mais importantes do Novo Testamento. Deixar de viver nossa própria vida e ceder nossas faculdades à inspiração de Outro são verdadeiramente o centro de todos os pensamentos e intenções de Deus. Foi por isso que Jesus veio e morreu por nós. Foi para nos revelar a Vida Divina do Pai, para que pudéssemos nos tornar participantes de Sua natureza e sermos verdadeiramente justos.

Não é à toa que o sábado é um dos mandamentos mais proeminentes, sendo mencionado 137 vezes nas escrituras. Não é surpresa, portanto, que o seu cumprimento tenha sido levado tão a sério por Deus e que seja enfatizado vez após vez pelos profetas, ao explicarem os fracassos do povo de Deus.

A importância dessa experiência – a centralidade dessa verdade – é tão profunda, que se uma pessoa não entendê-la, ainda não começou a compreender a mensagem de Cristo. Guardar o verdadeiro sábado, que resulta na substituição da nossa vida velha e perecível pela nova e eterna vida de Deus, é absolutamente indispensável.

Você guarda o sábado? Não estou perguntando se você trabalha regularmente aos domingos nem se cuida do seu jardim no sétimo dia da semana. Também não estou interessado em qualquer discussão infrutífera sobre ser o sábado ou o Domingo o dia correto para se adorar.

Essas coisas pertencem a uma realidade completamente diferente. Se você ficar preso a elas, já está correndo um sério perigo de perder a realidade espiritual a respeito da qual temos falado.

Paulo, o apóstolo, temia isso quando disse aos crentes gálatas, “...mas agora que conheceis a Deus, ou antes sendo conhecidos por Deus, como estais voltando outra vez aos rudimentos fracos e pobres (os mandamentos e leis), aos quais de novo quereis ainda escravizar-vos? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós tenha eu trabalhado em vão para convosco.” (Gl 4:9-11).

Ele estava preocupado que seus ouvintes tivessem apenas captado a aparência superficial das escrituras e passado por cima completamente da verdadeira mensagem. Sua apreensão era com que ao guardar as ordenanças terrenas, eles estives-sem demonstrando claramente que não tiveram entendido o verdadeiro significado delas.

Isso então, queridos irmãos e irmãs, é o que estamos considerando. Será que estamos tendo a experiência do verdadeiro sábado? Será que estamos realmente parando com as nossas próprias atividades e entrando no descanso de Deus?

Estamos vivendo a nossa própria vida ou estamos deixando a Vida de Outro nos dominar e controlar? Quem é a nossa motivação diária? A quem estamos expressando dia após dia? Jesus voltará logo.

Apenas aqueles que amarem o sábado estarão prontos. Ouça a promessa de Deus: “Se desviares o teu pé de profanar o sábado, e de cuidar dos teus próprios interesses no meu santo dia, mas se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do Senhor digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs, (outro versão diz ‘falando suas próprias palavras’) então te deleitarás no Senhor. Eu te farei cavalgar sobre os altos da terra, e te sustentarei com a herança de teu pai Jacó; porque a boca do Senhor o disse” (Is 58:13-14).

EXISTEM CONSEQUÊNCIAS ?

Há entretanto, outro lado dessa consideração. Debaixo da lei, qualquer pessoa que violasse o sábado deveria ser executada. Qualquer pessoa que se recusasse a parar de mexer deveria ser morta. Êxodo 31:15 diz: “Qualquer que no dia do sábado fizer qualquer obra morrerá”. Esse mesmo julgamento é repetido em Êxodo 35:2.

Talvez você também se lembre da história do homem que foi pego apanhando lenha para a fogueira no Sábado, quando os filhos de Israel estavam no deserto. A congregação ficou um pouco insegura sobre o que fazer com esse homem e trouxe-o a Moisés e Arão que então consultaram a Deus.

E qual foi a Sua resposta? “Então disse o Senhor a Moisés: Tal homem será morto; toda a congregação o apedrejará fora do arraial” (Nm 15:35).

Nós vemos, então, que debaixo da Velha Aliança, as consequências de quebrar o sábado eram extremamente severas. Deus deixou bem claro que Sua ordenança era séria e que não deveria ser encarada de qualquer jeito.

Mas agora que nós temos uma ideia do que o sábado significa debaixo da Nova Aliança, o que devemos pensar? Será que também é algo muito sério? Existem consequências? Será que o cristão tem algo a temer com respeito à sua obediência a Deus em relação a entrar no Seu descanso?

Eu me preocupo com o fato de que a resposta da maioria dos evangélicos modernos seria “não”. Eles pensem algo como: “Quando você aceita a Jesus, não há nada mais a temer. Deus te ama e não faria nada para punir ou causar qualquer desconforto a Seus filhos”.

Este é um pensamento atraente, e tenho certeza de que muitos cristãos querem se agarrar a ele desesperadamente. Entretanto, ele não é verdadeiro. As escrituras são bem claras sobre isso. Tanto agora quanto no futuro, Deus não só pode como vai punir e disciplinar Seus filhos.

Hebreus 12:6 diz: “Porque o Senhor corrige a quem ama, e açoita a todo filho a quem recebe”. Essa palavra “corrige” vem da palavra “castigar”, que de acordo com o Dicionário Webster significa “punir como chicoteando, disciplinar especialmente com um chicote, uma vara ou semelhante”. Queridos irmãos e irmãs, este não é um conceito da Velha Aliança, mas uma verdade do Novo Testamento.

O TRIBUNAL DE CRISTO

Nós sabemos pela Bíblia que deveremos todos comparecer diante do Tribunal de Cristo (2 Co 5:10). Lá receberemos uma “recompensa” ou prêmio pelo que nós fizemos durante o nosso tempo aqui na Terra, seja “pelo bem ou pelo mal”.

A maioria dos professores de Bíblia insistirão que, independente dos nossos atos terem sido “bons ou maus,” nós receberemos uma benção. Eles parecem pensar que Deus é algum tipo de simplório que não conhece nem se importa com o comportamento dos Seus filhos. Entretanto, a palavra “recompensa” aqui na língua grega não significa necessariamente algo maravilhoso. Significa que receberemos o que merecemos.

Se você planta milho, jamais brotará soja. Da mesma forma, se você acredita que pode plantar um estilo de vida pecaminoso e colher bençãos de santidade, então você está enganado, completamente enganado. Está claro que “...aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6:7). Esse é um princípio inalterável. Será que Deus irá punir Seus filhos desobedientes quando Ele voltar? Você pode ter certeza absoluta que sim!

O próprio Jesus nos ensina que: “Aquele servo, porém, que conheceu a vontade de seu senhor e não se aprontou, nem fez segundo a sua vontade, será punido com muitos açoites. Aquele, porém, que não soube a vontade do seu senhor e fez coisas dignas de reprovação, levará poucos açoites” (Lc 12: 47, 48).

Isso é algo que vai acontecer quando Jesus retornar para julgar o Seu povo (veja o verso 43). Paulo continua suas declarações a respeito do Tribunal de Cristo com essas palavras: “E assim, conhecendo o temor do Senhor, persuadimos aos homens” (2 Co 5:11). Isso demonstra claramente que existe algo a temer se nós estivermos vivendo vidas desobedientes.

Mas alguns irão questionar: “Isso não se refere a incrédulos?” Como uma resposta disso, deixe-me fazer outra pergunta: “Quantos incrédulos irão comparecer diante do Tribunal de Cristo?” É claro que lá não haverá não-cristãos.

Somente crentes serão arrebatados ou ressurrectos nesse momento e portanto, só crentes comparecerão diante do Tribunal de Jesus. Os incrédulos serão, de fato, julgados, mas apenas 1.000 anos mais tarde, naquele que é conhecido como o “julgamento do grande trono branco”.

Portanto, o que é ensinado nas escrituras a respeito do Tribunal de Cristo se refere apenas a cristãos. Observe que Paulo usa a palavra “nós”, aqui, se referindo a ele e a outros crentes. Então, sabemos que o verso citado em cima sobre os servos sendo acoitados, somente pode se referir aos filhos de Deus, os crentes. A Bíblia ensina que o julgamento começa na casa de Deus (1 Pe 4:17). Se Deus não julgar corretamente Sua própria casa, como ele irá julgar o mundo com justiça?

Vamos ser bem claros a respeito de uma coisa. Quando falamos a respeito de Deus punir Seus filhos desobedientes, não queremos dizer que eles “irão para o inferno” ou se perderão. Deus não mata ou perde Seus próprios filhos e filhas. No entanto, como um pai amoroso, Ele os disciplina, algumas vezes de forma bem severa, para o seu próprio bem. Isso será especialmente verdadeiro na Sua volta.

MAS QUE TAL O SANGUE DE JESUS?

Alguns podem questionar esse fato afirmando que podemos ser perdoados e purificados pelo sangue de Jesus. Portanto, eles insistem, Deus não vai nos punir e sim nos perdoar.

Não conheço algo mais precioso do que o sangue de Jesus. Ele é eficaz para limpar todo pecado. O perdão amoroso de Deus é algo que está no cerne do evangelho. Entretanto, antes que o sangue de Jesus possa operar, existe uma condição importante: nós devemos nos arrepender e deixar nosso pecado.

Nos tempos do Velho Testamento, quando alguém vinha trazer uma oferta, se em seu coração não estivesse arrependido mas desejasse continuar com seu pecado, Deus não aceitaria a oferta de sua mão. Ele o considerava um hipócrita.

Se Deus não aceitava que o sangue de um animal cobrisse o pecado de um hipócrita, muito menos aceitará que o sangue do Seu precioso Filho libere um filho pecador de Sua justa punição, enquanto esse filho pretender continuar com seu pecado. Sem arrependimento não pode haver perdão de pecados.

Hebreus 10:26 em diante diz: “Porque se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados; pelo contrário, certa expectativa horrível de juízo...”

“Sem misericórdia morre pelo depoimento de duas ou três testemunhas quem tiver rejeitado a lei da Moisés. De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça? Ora, nós conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu retribuirei. E outra vez: o Senhor julgará o seu povo.”

Essa passagem se refere aos filhos de Deus que tentaram tirar vantagem da graça e de Seu perdão. Eles vivem vidas pecaminosas e profanas e pensam que podem se salvar clamando pelo sangue de Jesus como se fosse um tipo de tinta para esconder o que eles realmente são por dentro.

Quando você se arrepende genuína e completamente, Deus lhe purifica e perdoa (1 João 1:9). Mas se você não está pronto para deixar seus pecados, não se engane: “de Deus não se zomba. O que você semear, isso você ceifará” (Gl 6:7, 8).

Ele julgará Seus filhos e filhas e eles receberão exatamente o que ganharam através de sua obediência ou desobediência. Quando Ele chegar, será tarde demais para alguém se arrepender e receber perdão. O trono da graça será substituído pelo trono do julgamento.

O DESTINO DA VIDA VELHA

Temos falado sobre castigo ou punição para os filhos rebeldes de Deus. Mas, existe ainda mais severas consequências. Existe a perda da alma.

Nossa alma humana, antes de conhecer a Cristo, é animada por algo chamado “a vida da alma” que é PSUCHÊ no grego. Essa vida é a vida natural humana que herdamos de nossos pais, que, por sua vez herdaram do Adão e Eva. Essa vida é, por natureza, pecaminosa. Ela peca espontânea e naturalmente. Ela não precisa de nenhum treino nesta prática.

Por isso, ela é condenada à destruição. Esta vida velha vai ser destruída por Deus. Veja bem, a tendência dessa vida pecar não tem cura. Enquanto vive, peca. Então no processo de limpar o Universo de pecado, Deus vai destruir toda vida que peca. Isso é um fato inalterável. De fato, Ele precisa fazer isso. Se Ele deixa um só pecador entrar na nova criação que vai fazer, mais cedo ou mais tarde, essa pessoa vai pecar. E esse único pecado destruirá a nova criação assim como um só pecado, na parte de Adão e Eva, destruiu o atual.

Porém, Deus não queria destruir os seres humanos que Ele criou. Por isso, Ele fez uma obra em nosso favor na cruz. Ele abriu a possibilidade de fazer uma troca. Podemos trocar nossas vidas pela vida Dele. Podemos, através da obra da morte e a ressurreição de Jesus operando em nosso interior, deixar de estar cheio de nossa própria vida e nos enchermos com a vida Dele que é indestrutível.

Nossa alma pode ficar cheia da vida de Deus. Podemos encher nosso interior com uma vida que não peca. Podemos deixar de ser motivados por nossa própria vida e permitir que a vida de Jesus nos domine. Podemos entrar no verdadeiro sábado. Podemos entrar no descanso do Senhor. É para isso que Jesus está nos chamando, agora.

Esse processo é chamado de “transformação.” É algo que acontece em nossa alma quando nós experimentamos ambos: a morte e a ressurreição operando em nós. É resultado de contemplarmos a glória de nosso Senhor cada vez mais (2 Co 3:18).

Por outro lado, qualquer “parte” de nossa alma que permanece cheia de nossa vida velha natural será destruída. A vida humana, com a qual nascemos vai ser queimada. Se não aproveitamos a oportunidade, hoje, de trocar nossa vida inferior e pecaminosa por uma tão elevada e santa, vamos sofrer as consequências. Amanhã, a perderemos. Lemos: “Porquanto, quem quiser salvar (reter) sua vida (a vida velha da alma, PSUCHÉ no Grego), perdê-la-á” (Mt 16:25; 10:39; Mc 8:35; Lc 9:24; 17:33; Jo 12:25). Não há sombra de dúvida nisso.

E AGORA, O QUE FAREMOS?

Com tudo isso em mente, vamos voltar à nossa discussão sobre o sábado. Na mente e no coração de Deus, esse descanso é uma questão extremamente importante. Hebreus 4:1 diz: “Temamos, portanto, que, sendo-nos deixada a promessa de entrar no descanso de Deus, suceda parecer que algum de vós tenha falhado.”

Aqui entendemos que de fato existe algo a “temer”. A experiência de deixar de viver a vida para nós e por nós mesmos, não é algo para cristãos “maduros” ou “espirituais”. A expectativa de Deus é que todos nós experimentemos o real descanso do Sábado. Jesus abriu o caminho para que todos os Seus filhos sejam libertos daquilo que são. Ele morreu e ressuscitou para que nós também possamos morrer para nós e vivermos através de Sua vida ressurreta.

E você? Está usando o seu tempo sabiamente para adentrar tudo o que Deus lhe preparou? Será que você está, como um servo bom e fiel, experimentando o verdadeiro descanso de Deus todo dia?

Ou está se tirando proveito da bondade e da graça de Deus? Você está vivendo a vida para você e por você mesmo, buscando seu próprio prazer e falando suas próprias palavras? Será que o sangue de Jesus é precioso para você ou apenas uma maneira fácil de tentar escapar da punição que você merece pelo estilo de vida que está vivendo?

Queridos amigos e irmãos, vamos parar um momento e examinar seriamente os nossos corações. Com certeza “...todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos Daquele a quem temos de prestar contas” (Hb 4:13).

Os servos bons e fiéis estarão preparados para a Sua volta.

Final do Capítulo 7

Ler outros capitulos online:

Capítulo 1: NÃO OBSTANTE

Capítulo 2: O BATISMO COM FOGO

Capítulo 3: A SUBSTÂNCIA DE FE

Capítulo 4: O CAMINHO DE CAIM

Capítulo 5: FRUTIFICANDO

Capítulo 6: O SACERDOCIO

Capítulo 7: O SETIMO DIA (Capítulo Atual)

Capítulo 8: A ESPADA E O REINO

Capítulo 9: TRES PRINCIPIOS ESSENCIAIS

Capítulo 10: AMOR DE DEUS

Capítulo 11: VOCE ESTA ENGANADO?

Capítulo 12: O VERDADEIRO MINISTERIO