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Venha Teu Reino

PERDÃO E JULGAMENTO

Capítulo 10

Venha Teu Reino, livro por David W. Dyer

Publicacao Grao de Trigo

Escrito por David W. Dyer

ÍNDICE

Capítulo 1: VENHA O TEU REINO

Capítulo 2: OS DOIS REINOS

Capítulo 3: UMA BREVE CRONOLOGIA

Capítulo 4: O DIA DO SENHOR

Capítulo 5: NO PRINCÍPIO

Capítulo 6: A ORDEM DE DEUS – A FALHA DO HOMEM

Capítulo 7: O REINO DE DEUS ESTÁ NO MEIO DE VÓS

Capítulo 8: “SENHOR, SENHOR”

Capítulo 9: UMA JUSTA RECOMPENSA

Capítulo 10: PERDÃO E JULGAMENTO (Capítulo Atual)

Capítulo 11: O FILHO VARÃO

Capítulo 12: VIVENDO EM VITÓRIA

Capítulo 13: OBRAS DE FÉ

Capítulo 14: UMA PALAVRA DE ENCORAJAMENTO



Capítulo 10: PERDÃO E JULGAMENTO


Neste livro, temos estudado várias verdades referentes ao Reino de Deus, sejam os atuais aspectos dele, seja o Milênio vindouro. Entre estas verdades, está o fato de que nem todos os filhos de Deus estão vivendo de uma maneira que os qualificará a participar do Reino vindouro de Cristo. Eles serão “salvos” e estarão com o Senhor na eternidade, porém não entrarão no Reino vindouro.

Um breve sumário destas coisas é encontrado em 2 Timóteo 2:11-13, onde lemos:

“Fiel é esta palavra: se já morremos com Ele, também viveremos com Ele; se perseveramos, também com Ele reinaremos; se o negamos, Ele, por sua vez, nos negará; se somos infiéis, Ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo”.

Deus julgará o Seu povo (Hb 10:30). Não seria possível que Deus julgasse corretamente o mundo, se primeiro não julgasse Sua própria Casa. De fato, as Escrituras revelam claramente que o julgamento começará na Casa de Deus (1 Pe 4:17).

Hoje, vivemos na chamada “era da graça”. Em Sua maravilhosa bondade, Deus suspendeu Seu julgamento. Mesmo que Ele contemple do alto os nossos pecados, Ele não está nos tratando da maneira que merecemos. A graça de Deus é um dos aspectos predominantes na era da Igreja.

Infelizmente, muitos têm se enganado com isso. Eles começaram imaginando que, já que o Senhor não está julgando os seus pecados hoje, Ele nunca o fará. Já que eles não experimentam o julgamento de Deus caindo sobre si quando pecam (além, talvez, de uma consciência culpada), eles supõem que Deus não deve ver ou se importar com o que fazem.

O que falham em compreender é que a bondade de Deus deveria levá-los ao arrependimento (Rm 2:4). Em vez de iludidos a pensar que nunca haverá um julgamento, deveria provocá-los a amá-Lo mais e se entregar mais em Suas mãos, para que os seus pecados sejam removidos. Eles deveriam usar a graça de Deus, que está disponível hoje para se libertarem do pecado, não para continuarem nele.

NÓS SEREMOS JULGADOS

Muitos têm ensinado que, quando estivermos diante do Tribunal de Cristo, nossas obras serão julgadas, mas nós mesmos não o seremos. Este é um terrível engano. Nós realmente seremos julgados junto com as nossas obras.

1 Coríntios 3:12-15 esclarece que não são somente as nossas obras que serão testadas pelo fogo. Conforme lemos essa passagem cuidadosamente, vemos que não apenas nossas obras serão provadas. Nós também passaremos pelas chamas. O verso 15 diz: “...se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano, mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo.” Veja que nós também experimentaremos o fogo divino. Esse é o fogo que está emanando da presença do Deus vivo (Hb 12:29).

Além disso, compreendemos que nossa “recompensa” será de acordo com nossas obras (Ap 22:12). Como já vimos, no Novo Testamento a palavra “recompensa” nem sempre indica coisas boas. Não significa que Papai Noel está chegando à cidade e que nos dará um presente, quer tenhamos sido bons, quer tenhamos sido perversos. Significa que iremos obter aquilo que merecemos. Nossa recompensa pode ser negativa, pode ser um julgamento severo, de grandes proporções.

Também, já estudamos, neste livro, as conseqüências adversas da desobediência. Entre elas, estão: ser deixado de fora do Reino Milenar de Cristo (Mt 25: 1-14); ser lançado às trevas (Mt 25:14-30); e ser açoitado com muitos açoites (Lc 12:35-48). Conforme vimos, estas punições serão para os crentes, já que somente eles serão recebidos diante do Tribunal de Cristo. Naquele momento, poderemos estar completamente certos de que não haverá incrédulos presentes.

Essas coisas foram escritas para que tenhamos dentro de nós uma parcela saudável de temor de Deus. Nós lemos que “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria.” (Pv 1:7). O temor do Senhor é um dos mais importantes elementos para uma experiência cristã saudável. Por exemplo: lemos, em Isaías 11:3, que o Messias vai “deleitar-se no temor do Senhor.” (VRC).

É necessário, então, que cada crente tenha dentro de si a compreensão de que as coisas de Deus não são uma brincadeira. Não acreditamos em algum tipo de conto de fadas. As coisas eternas e preciosas, que estão disponíveis a nós, são extremamente importantes, e negligenciá-las ocasiona sérias conseqüências. Os escritores do Novo Testamento ensinam sobre os julgamentos futuros, especificamente com o propósito de gerar dentro de nós o temor de Deus.

Um dos muitos exemplos disso encontra-se em 2 Coríntios 5:10,11. Ali, Paulo está falando sobre o futuro julgamento dos crentes. Lemos: “Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo. E assim, conhecendo o temor do Senhor, persuadimos os homens...”.

Aqui, lemos sobre algo chamado “o temor do Senhor”. Algumas versões em inglês vão mais além, traduzindo o grego como “o terror do Senhor”. Pelo contexto, somos forçados a concluir que não é somente algo para os descrentes, mas sim para os cristãos. O texto não está falando sobre pecadores sendo lançados no lado de fogo (o que acontecerá 1.000 anos depois), mas sobre os filhos de Deus sendo julgados pelo seu Pai. Naquele dia, haverá lugar para muito “temor”, e até “terror”.

Agora, então, precisamos ter uma boa dose de temor das conseqüências, caso estejamos vivendo em rebelião contra Ele e em resistência à Sua obra em nossas vidas. Compreendendo esse temor, Paulo diz que dará o melhor de si para persuadir homens e mulheres (nessa passagem, cristãos), a se arrependerem de seus maus caminhos e a servirem a Deus.

Tal temor espiritual é um ingrediente essencial na vida de cada cristão. Deveríamos servir o Senhor com grande “reverência e temor santo” (Hb 12:28). Sem ele, não progrediremos espiritualmente, não procuraremos o Senhor como deveríamos e acabaremos nos decepcionando. O temor do Senhor é muito saudável. Ele limpará nossas vidas e nos ajudará, em tempos de provações, sofrimentos e dores, a suportar e a perseverar. Ele nos fará procurar o Senhor de todo o coração, para não sofrermos conseqüências negativas no futuro.

O Salmo 19:9 diz: “O temor do Senhor é límpido”. Ele realmente tem um efeito purificador. Quando tememos a Deus de maneira apropriada, orientamos nossas vidas, tendo em mente o Trono do Julgamento. Quando amamos e respeitamos a Deus, isso gera uma vida de obediência a Ele.

Todos nós devemos compreender claramente que os castigos que os crentes sofrem hoje, e sofrerão no futuro, são terapêuticos. Isto significa que, já que Deus ama os Seus filhos, Ele irá usar os Seus meios e métodos disciplinares, para o bem deles, no decorrer do tempo. Embora seja claro que as conseqüências da desobediência, no futuro, sejam extremamente severas e de longa duração, na verdade nós realmente merecemos o pior.

Se não fosse pela graça de Deus e por Sua bondade, nós todos seríamos lançados no lago de fogo. Mas, por meio de Jesus Cristo, nós nos tornamos filhos de Deus e, assim, não seremos mais malditos para sempre ou “perdidos”. Entretanto, é certo que seremos disciplinados por nosso Pai celestial (Hb 12:6). Aqueles que não correspondem a esta disciplina nesta vida, necessitarão de um tratamento mais adiante, quando Jesus vier.

Muito embora haja muitos e muitos versículos no Novo Testamento que demonstrem claramente essas coisas, esse não é um assunto comumente ensinado ou compreendido. Já que é uma informação nova para muitas pessoas, é possível que alguns possam compreender mal, porque seus conceitos prévios interferem em sua compreensão da verdade.

Grande parte da Igreja hoje não tem temor de Deus, mas, pelo contrário, acolhe uma série de meias verdades e equívocos. Muitos enfatizam apenas um lado do evangelho da graça e negligenciam qualquer versículo que não os agrade. O entendimento sobre a graça e a bondade de Deus têm freqüentemente sido levados a um extremo onde deixa de corresponder ao caráter do próprio Deus.

O SANGUE DE JESUS

Um exemplo moderno de ensinamentos equivocados a respeito das Escrituras refere-se ao sangue de Jesus. Embora o sangue de Jesus seja muito precioso, e este autor jamais pense em diminuir o seu poder e sua eficácia, hoje em dia há vários erros relativos a esse assunto, os quais precisam ser corrigidos. Alguns têm enfatizado uma parte da verdade e negligenciado outra parte, assim, produzindo um ensino assimétrico e, portanto, incorreto.

Por exemplo: enquanto meditam na Palavra de Deus, alguns mestres notam que Jesus morreu pelos pecados do mundo inteiro. Ele morreu uma vez e morreu por todos. Em um ato de redenção, Jesus derramou Seu sangue para que o mundo inteiro pudesse ser salvo. Por causa disto, eles concluem que, uma vez que “aceitamos” Jesus, todos os nossos pecados são perdoados – passados, presentes e futuros.

Eles argumentam que, já que o julgamento caiu sobre Jesus, Deus não vê mais os nossos pecados e não pode mais nos julgar por causa deles. Já que Ele morreu por todos, então, cada pecado, de cada pessoa, já foi perdoado. Tudo o que o homem tem a fazer é dar um tipo de aceno de aprovação a esse fato, ou, em outras palavras, “crer nisso”, e, então, está a caminho do céu.

O problema desta visão é que ela é unilateral. Toda equação tem dois lados. Todo relacionamento envolve mais do que uma pessoa. É assim também com o perdão disponível para nós, por meio do sangue de Jesus. Deus, na verdade, fez a Sua parte. Da parte Dele, “está consumado” (Jo 19:30).

Entretanto, ainda existe o nosso papel para ser representado. De acordo com a Palavra de Deus, nós também devemos fazer várias coisas. Uma das mais óbvias é que precisamos nos arrepender. Se não estamos arrependidos, Deus não irá nos perdoar. Somos ensinados que precisamos nos “achegar a Deus com um coração sincero” (Hb 10:22). Isto significa que devemos estar tristes e arrependidos de todo o nosso coração. Quando Deus vê a nossa sinceridade, Ele provê perdão em abundância. Se não somos sinceros, Ele não nos dará perdão.

Na Lei do Velho Testamento, Deus não aceitava sacrifícios de pecadores que não estivessem arrependidos. Se alguém estivesse pretendendo continuar com o seu pecado, simplesmente matar um animal inocente não iria livrá-lo do justo julgamento diante de Deus. Ele os considerava hipócritas. Do mesmo modo, hoje, aqueles que não se arrependem, não são perdoados. Embora, porque receberam a Cristo, tenham sido salvos da condenação eterna, eles não escaparão da justa recompensa que Deus lhes dará quando Ele voltar.

Quando você pensa honestamente sobre isto, parece claro que, da nossa parte, nem todos os nossos pecados podem já ter sido perdoados. Por uma razão: nós ainda não cometemos todos eles, portanto, não tivemos ainda a chance de confessá-los e de nos arrepender deles. Somente pela confissão e arrependimento, o caminho para o perdão pode ser aberto. Em 1 João 1:9, somos ensinados: “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”.

A PALAVRA “SE”

A palavra “se”, nesse versículo, é um importante fator na equação. Da nossa parte no relacionamento, precisamos confessar nosso pecado, para receber o perdão. A palavra “confessar” não significa apenas admitir que fizemos algo errado. Por exemplo, talvez “confessemos” a um amigo alguma obra má que tenhamos feito, realmente sentindo orgulho do fato. A palavra “confessar” na Bíblia significa confessar diante do Juiz aquilo que fizemos, sabendo que Ele tem poder para aplicar-nos condenação. É o tipo de confissão de pecado, onde aquele que confessa admite que é digno de morte, mas permanece diante do Juiz esperando apenas pela sua misericórdia.

Em outro lugar, em 1 João também, encontramos um outro “se” importante. Lemos que: “Se, porém, andarmos na luz como Ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros e o sangue de Jesus, Seu Filho, nos purifica de todo o pecado” (1 Jo 1:7). Aqui, vemos que há necessidade de andarmos na luz, se quisermos nos purificar de nossos pecados.

Mas o que isto significa? Isto quer dizer que, dia a dia, estamos caminhando em comunhão com Jesus e desfrutando de Sua presença. Se pecarmos, imediatamente teremos consciência do pecado, porque sentimos a desaprovação de Deus, por meio do Espírito. Então, podemos nos arrepender e receber perdão. Se nos recusarmos a nos arrepender, isto quebra a nossa comunhão com Ele. Nosso relacionamento é afetado e não mais caminhamos na luz. O “se” perde seu valor. A conseqüência disto é que o nosso pecado não é perdoado, e corremos o risco do julgamento vindouro.

Uma outra passagem que mostra claramente que temos que fazer a nossa parte, para receber o perdão, está em Mateus 6:14-15, que diz que, se não perdoarmos os que pecaram contra nós, Deus também não nos perdoará. Se todos os nossos pecados já foram perdoados, como pode ser que Deus não nos perdoe, neste caso? Vemos novamente que o perdão não é automático e universal. Em nossa parte do relacionamento, precisamos ser obedientes a Deus, perdoarmos aos que nos ofendem e nos arrependermos dos pecados que cometemos. Pelo lado Dele, Ele nos dará perdão completo.

Certamente, o perdão estará disponível para qualquer pecado. Entretanto, como filhos inteligentes de Deus, não devemos tirar vantagem da situação e pecar o tanto que nos agrada, esperando que mais tarde possamos nos arrepender e escapar da justa punição. Lemos que: “...se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados; pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários.” (Hb 10:26-27).

Vejam, quando nos tornamos hipócritas, não verdadeiramente arrependidos, e simplesmente tentamos tirar vantagem da graça de Deus, Seu sacrifício não está mais acessível a nós. O Pai não permitirá que abusemos de Sua bondade e tiremos vantagem do sangue precioso de Seu Filho. Ele nunca pensará em livrar de Sua justa punição aqueles que não têm uma atitude correta de coração. Esses pecados não foram “já perdoados” e, de fato, não o serão, se não houver arrependimento verdadeiro.

É necessário dizer que “pecar deliberadamente” não se refere àqueles cristãos que ocasionalmente pecam, mesmo quando sabem que estão errados. A maioria das vezes em que pecamos, nós sabemos que estamos pecando. Posteriormente, somos convictos em nossa consciência, e nos arrependemos diante de Deus. A passagem de Hebreus não se refere a este tipo de situação.

Entretanto, há aqueles que persistem em pecar. Eles conhecem o seu erro, mas continuam em rebeldia contra Deus. Por exemplo, talvez, o seu relacionamento pecaminoso com um membro do sexo oposto seja algo que você ama mais do que a Deus. Você se recusa a desistir dele. Talvez o seu uso de droga ou excesso de bebidas tenha mais valor do que sua intimidade com Jesus. Você persiste em sua rebelião. Para você, seu pecado se tornou um hábito arraigado. Você teimosamente se recusa a se arrepender e voltar seu coração para o Criador, pedindo perdão. Então, só lhe resta esperar pelo dia do julgamento, se você não mudar seu coração.

Somente Deus sabe quando cruzamos os limites Dele. Somente Ele sabe como trabalha o coração humano e quando vamos além do ponto, onde o arrependimento sincero não é a nossa opção. Ele certamente sabe quando brincamos com as verdades eternas, não as valorizando como essenciais e, assim, endurece nossos corações, a ponto de não podermos mais nos arrepender em sinceridade e em verdade.

Existe tal ponto? João parece indicar isto em suas epístolas. Ele diz: “Há pecado para a morte” (1 Jo 5:16). Além disso, afirma que, mesmo as orações por uma pessoa que pratica esse pecado não surtirão efeito.

O case de Esaú foi assim. Ele vendeu sua primogenitura por uma gratificação sensual temporária. Naquela situação, a gratificação foi comida, mas há muitos formas, como fornicação, por exemplo, sugerida também pelo autor de Hebreus, no capítulo 12, que comenta esse caso. No verso 17, deste capítulo, o autor mostra que Esaú procurou o arrependimento com lágrimas, mas não foi capaz de encontrá-lo.

Quantos filhos de Deus estão hoje nesse estado? Eles foram contra Deus e contra sua própria consciência tão fortemente e a tal ponto, que não são mais capazes de se arrependerem com sinceridade. Eles abusaram tanto da graça de Deus, que ela não surte mais nenhum efeito. Eles só têm “uma certa expectação horrível de juízo” (Hb 10:27).

Mais adiante, neste capítulo de Hebreus (10:28-31), lemos: “Sem misericórdia morre pelo depoimento de duas ou três testemunhas quem tiver rejeitado a lei de Moisés. De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça? Ora, nós conhecemos aquele que disse: ‘A mim pertence a vingança; eu retribuirei’. E outra vez: ‘O Senhor julgará a Seu povo’. Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo”.

Está claro que esta passagem se refere a crentes. Estas pessoas tinham sido “santificadas” pelo sangue. Somente os cristãos nascidos de novo são santificados. Além disso, lemos que “o Senhor julgará a Seu povo”.

Por favor, não ignore estas verdades importantes. Não cometa o erro de tentar escapar das conseqüências óbvias da desobediência, aplicando mal esses versículos, relacionado-os a incrédulos. Continuar no pecado, que você sabe ser errado, é insultar o Espírito de Deus, depreciar o valor do sangue, por tentar tirar proveito dele, oprimindo Jesus, colocando o sacrifício Dele debaixo de seus pés.

Mas, alguns podem perguntar: o que poderia ser uma punição maior do que a morte mencionada na passagem de Hebreus? Para responder a isto, deixe-me contar-lhes uma pequena história.

Eu e minha esposa estivemos por algum tempo envolvidos com um navio missionário, que fazia viagens para o Haiti. Já que aqueles que trabalhavam na missão vinham há um bom tempo navegando, o assunto de enjôos, em alto mar, sempre vinha à tona. Os novatos na missão, inclusive eu mesmo, eram avisados que poderiam enjoar e, se isto acontecesse, seria algo muito ruim.

Uma pessoa, que tinha muita experiência no mar, explicou-nos sobre isso: “Há três estágios de sintomas. O primeiro estágio é quando você começa a se sentir nauseado, fica verde e começa a vomitar. O segundo estágio é quando está se sentindo tão mal que você pensa que vai morrer. O terceiro estágio é quando você começa a temer que não vai morrer, mas o mal vai continuar para sempre”. Veja você, há coisas piores do que a morte. Entre outras, o sofrimento que parece nunca acabar.

Mil anos é um tempo muito longo, e tenho certeza que ninguém apreciará a punição que Deus dará a Seus filhos desobedientes. “Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb 10:31).

Um outro erro de entendimento, referente ao sangue de Jesus, aparece num discurso, assim: “Já que nos tornamos cristãos, Deus não vê mais os nossos pecados. Somos completamente cobertos pelo sangue, de maneira que o Pai não vê mais os nossos pecados, mas apenas vê a Jesus”.

Isto é uma completa tolice. Não tem base nas Escrituras. De fato, a Bíblia nos ensina o oposto. Lemos: “...todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas.” (Hb 4:13). Todas as coisas que fazemos, falamos ou pensamos são óbvias para o nosso Senhor. “Todas as coisas” são claras para Ele. Também somos ensinados que “os olhos do Senhor estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons” (Pv 15:3). Deus “penetra em nossos pensamentos” (Sl 139:2).

Queridos irmãos e irmãs, precisamos viver, tendo em mente o Trono do Julgamento. Precisamos viver e caminhar à luz da graça de Deus, de maneira que cada atitude, ação e palavra estejam disponíveis para Sua inspeção e aprovação. É verdade que quando confessamos os nossos pecados e nos arrependemos, eles são removidos para sempre. Entretanto, também é verdade que eles não serão removidos, se não estivermos contritos e arrependidos.

O perdão dos pecados está abundantemente disponível para todo crente. É uma das verdades mais fundamentais reveladas na Bíblia. É nosso privilégio, como filhos de Deus, chegar diante Dele, confessar nossos pecados, em sincero arrependimento, e receber o perdão eterno.

Nenhum dos nossos muitos pecados, que são de tal maneira perdoados por Deus, será relembrado por Ele. Eles são removidos para sempre, e colocados tão distantes de nós quanto dista o Oriente do Ocidente (Sl 103:12). Diante do Tribunal de Cristo, esses pecados não serão um coeficiente. Podemos ter confiança completa neste fato e descansar nossa consciência em Sua graça eterna.

Portanto, amados irmãos e irmãs, vamos chegar continuamente diante do Trono de Deus e nos arrepender de nossos pecados, antes que seja tarde demais. Vamos levar a sério Sua oferta de misericórdia e graça, e humilhar nossos corações diante Dele enquanto ainda é “hoje” (Hb 3:13). Deus nos ama. Ele enviou Seu Filho para morrer em nosso lugar. Se estamos fracos, Ele nos ajuda. Quando nos sentimos incapazes, Ele pode fortalecer-nos para fazer a Sua vontade. Nossas falhas e fraquezas não deveriam ser uma desculpa para não procurarmos a graça e a vontade de Deus, de todo o nosso coração.

Conforme andamos com Ele em comunhão íntima, devemos rapidamente nos arrepender de tudo aquilo que Ele nos mostrar, que é contra a Sua Santa Natureza. Nosso arrependimento abrirá caminho para que Sua Vida flua em nós e por meio de nós, para nos purificar. Deus não apenas vai nos perdoar, mas também irá nos transformar, daquilo que somos, para aquilo que Ele é. Esta é uma promessa maravilhosa! Será para nós uma grande libertação. Nós podemos ser perdoados e libertos do pecado.

COMPREENDENDO O REINO

Tenho esperanças de que este capítulo será de alguma ajuda para os leitores compreenderem os planos e propósitos de Deus, de um modo bem mais claro. Sem esta revelação, é fácil ficar confuso, tentando entender certas passagens bíblicas. Alguns, por exemplo, têm erroneamente tentado aplicar muitos assuntos do Reino à eternidade. Não considerando o lugar do Reino Milenar no plano de Deus, eles tentam compreender muitos versículos mencionados neste capítulo à luz de nosso destino eterno.

Fazendo assim, têm imaginado uma teologia muito inconsistente e confusa. Tendo lido os versículos sobre julgamento e punição, eles têm sido honestos o suficiente para admitir que tais versículos se aplicam a crentes. Mas, não imaginando a verdade sobre o Reino, são levados a supor que um filho de Deus pode perder a Vida eterna. Muitos desses mestres também veem a grande necessidade do temor a Deus.

Para eles, o ponto de vista “uma vez salvos, sempre salvos” parece retirar todo o temor do Senhor e, portanto, muitas das nossas motivações para fugir dos prazeres do mundo e do pecado. Assim, eles citam muitos desses versículos tentando provar que alguns dos filhos de Deus se perderão. Entretanto, muitos dos versos relacionados a “perder a salvação”, que esses mestres usam para provar seu ponto de vista, são verdadeiramente passagens sobre o Reino milenar vindouro.

Conforme dissemos, o temor a Deus é essencial. É um ingrediente que parece estar perdido na Igreja de nossos dias. É algo que precisa desesperadamente ser restaurado no meio do povo de Deus. Entretanto, para ajudar os crentes a conhecerem este temor, precisamos ensinar aquilo que é verdadeiro. Qualquer doutrina que não seja a verdade não tem poder de mudar realmente o coração dos ouvintes.

Por exemplo: alguns ensinam que os crentes perdem a salvação, se eles pecarem. Mas, cristãos pecadores freqüentemente têm uma experiência diferente. Suas consciências os incomodam, algumas vezes intensamente, mas eles não se sentem “perdidos”. Ainda sentem algo da presença de Deus em seu espírito.

Assim, embora eles possam crer em suas mentes que estão perdidos, o coração deles lhes diz algo diferente. Embora saibam que o que estão fazendo é errado, freqüentemente se confortam, sentindo que Deus não os deixou completamente. O ensino que estão recebendo e sua experiência não combinam. O verdadeiro temor ao Senhor não é gerado desse modo.

Um outro problema encontrado no ensino de que a salvação pode ser perdida pelo pecado é: quantos pecados são necessários? Quão “ruim” é um pecado ou quantos pecados temos que cometer para estarmos realmente perdidos?

Aparentemente, deveria ser um pecado realmente mau ou uma grande quantidade deles para habilitar alguém a tão terríveis resultados.

Isto, então, liberta de muita condenação aqueles que têm poucos ou nenhum pecado manifesto, mas estão realmente resistindo ao Senhor em muitas áreas de suas vidas. Eles são desobedientes, mas não de um modo óbvio, que os outros possam notar. Talvez os mais próximos deles percebam que há algum problema, mas a maioria dos crentes que os conhece acham que está tudo bem.

Esse tipo de ensino apenas toca os mais aparentes tipos de pecado, mas não penetra no coração e demanda completa submissão ao Rei. Não gera o verdadeiro temor ao Senhor. Muitas Igrejas que acreditam na perda da salvação estão cheias de fofocas, mentiras, luxúria, inveja, murmuração, ódio, ciúme, orgulho e muitas outras coisas. Entretanto, ninguém acredita ou ensina que os membros que praticam tais coisas já perderam a salvação. Se ensinarem assim, vão acabar com a congregação.

O ensino da perda da vida eterna pretende gerar um tipo de respeito por Deus, o qual irá purificar as vidas de seus adeptos. Mas, em minha experiência, isso não acontece. Se honestamente compararmos a quantidade de pecados encontrados nas Igrejas que acreditam na segurança eterna, com as que não acreditam, acho que os resultados serão os mesmos. Se pudermos deixar de lado fatores externos, como o uso de vestidos ou de cabelos compridos, ou práticas superficiais, os pecados do coração serão evidenciados em ambos os grupos. Os seres humanos são os mesmos, em ambientes diversos.

OS DONS PODEM ENGANAR

Ainda um outro fator que importa nesta discussão é o aspecto dos dons de Deus. Quando ministramos aos outros, usando os dons espirituais que nosso Senhor nos deu, freqüentemente há um poderoso mover da unção e de Sua presença.

Quando nós pecamos ou estamos vivendo em pecado, essa unção em nossos dons nem sempre é retirada. Vamos tomar como exemplo um pregador que tenha o dom da cura. Quando ele prega, sente uma poderosa unção em suas palavras, e muitas pessoas são curadas por meio de seu ministério. Vamos supor que esse irmão caia em pecado. Ele começa a ter um relacionamento sexual com um membro da Igreja, com quem não é casado. Naturalmente, sua consciência o condena.

Mas, quando ele se põe a pregar, a unção está lá. Ele ainda “sente” a presença de Deus no uso de seu dom ministerial. Talvez, algumas pessoas ainda sejam curadas. Assim, ele se consola com esse fato. Ele não se sente perdido, não sente que Deus o deixou. Talvez, ele supõe, o seu pecado não tenha sido tão mau assim, ou esteja sendo “permitido” por Deus, por causa de sua posição especial, da circunstância ou da necessidade. Claro que isto é uma mentira, mas é fácil nos enganarmos, especialmente quando a doutrina em que nos apoiamos é imperfeita em suas bases.

Embora alguns insistam que qualquer um que esteja vivendo em pecado conhecido não possa experimentar poder em seu dom, a experiência de muitos crentes, durante anos, mostra-nos uma realidade diferente. Incontáveis homens e mulheres de Deus têm se encontrado em tal situação. Eles caíram em pecado, mas ainda sabem que Deus, de alguma forma, não os abandonou. Seu dom ainda “funciona”. Eles ainda sentem a unção. Então, eles se apegam às suas experiências e tentam justificar-se em suas próprias mentes e corações.

O que é necessário nestes casos é o evangelho do Reino, que estamos estudando. Tais irmãos e irmãs necessitam desesperadamente conhecer a verdade: “De Deus não se zomba” (Gl 6:7). Eles não podem continuar servindo ao Senhor e vivendo em pecado conhecido. Quando Jesus voltar, eles irão colher exatamente o que estão semeando. A menos que se arrependam, serão levados a julgamento por suas rebeldias e punidos pelo Pai Celestial por causa delas.

Veja bem, qualquer pecado que um cristão comete, se for perdoado, por meio de confissão e arrependimento, não vai sofrer punição qualquer no dia do Senhor. Mas, se ele não acerta as contas com Deus, hoje, então quando Ele vier, os pecados não tratados vão trazer resultados desagradáveis.

Este livro não tem o objetivo de tratar o assunto da “segurança eterna”, de uma maneira intensa e completa. Entretanto, é minha esperança que muitos leitores irão ter, a partir deste texto, nova luz para interpretar a Bíblia, de um modo claro e coesivo. Também gostaria de recomendar, para uma melhor compreensão do quadro completo, a leitura de meu livro De Glória em Glória, que examina detalhadamente o assunto da salvação.

O que faz com que os crentes passem a temer a Deus é uma boa dose de Sua verdade, pregada sob a unção do Espírito Santo. Precisamos muito da revelação dos Apóstolos do Novo Testamento, referente ao Reino de Deus e ao vindouro Julgamento de Seu povo. O Evangelho do Reino era algo muito bem, compreendido pelas Igrejas, nos dias de Paulo. Faremos bem se o praticarmos e o pregarmos também.

Final do Capítulo 10

Ler outros capitulos online:

Capítulo 1: VENHA O TEU REINO

Capítulo 2: OS DOIS REINOS

Capítulo 3: UMA BREVE CRONOLOGIA

Capítulo 4: O DIA DO SENHOR

Capítulo 5: NO PRINCÍPIO

Capítulo 6: A ORDEM DE DEUS – A FALHA DO HOMEM

Capítulo 7: O REINO DE DEUS ESTÁ NO MEIO DE VÓS

Capítulo 8: “SENHOR, SENHOR”

Capítulo 9: UMA JUSTA RECOMPENSA

Capítulo 10: PERDÃO E JULGAMENTO (Capítulo Atual)

Capítulo 11: O FILHO VARÃO

Capítulo 12: VIVENDO EM VITÓRIA

Capítulo 13: OBRAS DE FÉ

Capítulo 14: UMA PALAVRA DE ENCORAJAMENTO