Ministério Grão De Trigo

Ler Online
Venha Teu Reino

VIVENDO EM VITÓRIA

Capítulo 12

Venha Teu Reino, livro por David W. Dyer

Publicacao Grao de Trigo

Escrito por David W. Dyer

ÍNDICE

Capítulo 1: VENHA O TEU REINO

Capítulo 2: OS DOIS REINOS

Capítulo 3: UMA BREVE CRONOLOGIA

Capítulo 4: O DIA DO SENHOR

Capítulo 5: NO PRINCÍPIO

Capítulo 6: A ORDEM DE DEUS – A FALHA DO HOMEM

Capítulo 7: O REINO DE DEUS ESTÁ NO MEIO DE VÓS

Capítulo 8: “SENHOR, SENHOR”

Capítulo 9: UMA JUSTA RECOMPENSA

Capítulo 10: PERDÃO E JULGAMENTO

Capítulo 11: O FILHO VARÃO

Capítulo 12: VIVENDO EM VITÓRIA (Capítulo Atual)

Capítulo 13: OBRAS DE FÉ

Capítulo 14: UMA PALAVRA DE ENCORAJAMENTO



Capítulo 12: VIVENDO EM VITÓRIA


Estivemos examinando a magnífica possibilidade de viver uma vida que derrota o inimigo. Temos visto que, no Corpo de Cristo, hoje, há muitos milhares de homens e mulheres que são, por meio do poder de Deus, bem sucedidos em resistir às tentações e permanecer fiéis em meio a muitas tribulações. Assim, eles estão manifestando a vitória de Jesus ao Universo, que tudo observa. Mas, como poderemos também viver desse modo? Como poderemos também exibir aos principados e potestades a multiforme sabedoria de Deus?

Alguns têm ensinado que a sua vitória sobre as forças invisíveis do mal é uma questão de batalha espiritual. Na Igreja de hoje, esse é um tópico muito popular. Muitos estão escrevendo livros, conduzindo seminários e focalizando atentamente esse aspecto da vida cristã. Entretanto, parece que muito do que está sendo estudado, embora os que ministram o ensino estejam com boas intenções, envolve muitos equívocos e até mesmo uns enganos.

Já tocamos neste assunto antes, no capítulo 5. Lá, estudamos a probabilidade de anjos caídos não serem da mesma espécie de criaturas que são os demônios (se você ainda não leu ou não se lembra desse capítulo, reveja-o agora, antes de prosseguir). Já que não são da mesma espécie, nossa luta contra eles e a vitória sobre eles é, de algum modo, diferente da relacionada aos demônios.

Uma tática de “guerra espiritual” que é muito popular, hoje, entre alguns grupos, é “amarrar” o diabo. Oh, quanto fôlego e quanta energia já se gastou, gritando, e quanto esforço emocional tem sido feito, “amarrando” o diabo e lançando-o para o abismo.

Mas, estranhamente, ele ainda parece desamarrado. Ainda parece que o diabo é capaz de agir, como sempre o fez. Se formos honestos, devemos admitir que ele não está “amarrado”, de maneira alguma. O mundo está tão mau, talvez mais do que em qualquer outra época. Guerras e todo tipo de maldade ainda estão em evidência. Os cristãos ainda estão sob ataque espiritual e ainda são confrontados com todo tipo de provações e tentações.

Vamos pensar sobre isto, lógica e honestamente. Se “amarrar” o diabo e seus anjos realmente funcionasse, então todos deveriam estar seriamente envolvidos nesse negócio. Se a vitória sobre o diabo fosse só uma questão de gritar ou de orar em sua direção, então deveríamos reunir os irmãos e irmãs mais espirituais do mundo e “orar” desse modo, dia e noite, até que não haja mais um único principado ou potestade operando. Então, poderemos seguir com o trabalho de pregar o Reino de Deus sem impedimento. Mas, se isto realmente não funciona e é apenas perda de tempo, e mesmo uma distração em relação à verdadeira vitória, vamos continuar a procurar uma solução melhor.

Se “amarrar” o diabo não é a chave, como se supõe que devemos batalhar contra esse tipo de forças malignas? Como poderemos vencê-las? Para entender a resposta, precisamos olhar primeiro para a vida de Jesus. Ele é Aquele que já venceu o inimigo. Ele é Aquele que tem ido adiante de nós e vencido.

Mas como Ele fez isto? Como é que Ele foi bem sucedido em vencer Satanás completamente? A resposta parece ser muito simples, ainda que seja extremamente profunda. Jesus venceu o diabo por viver a vida do Pai. Por meio da pureza de Sua Vida, Ele resistiu ao inimigo e a todas as tentações. Sua vida vitoriosa culminou em Sua morte na cruz. Foi assim que Jesus derrotou Satanás. Significativamente, nenhum grito foi dado. Não foi um tipo especial de oração que produziu algum truque. Em vez disso, foi o resultado de uma vida humilde, modesta e completamente submissa ao Pai. No final, Jesus foi crucificado e, na cruz, Ele exibiu Sua total vitória sobre o inimigo.

Veja, durante a vida de Jesus na Terra, o diabo lançou contra Ele tudo o que possuía. Jesus foi tentado em cada aspecto de Sua vida. No deserto, foi tentado por meio da fome e da sede, e até mesmo por todas as coisas “gloriosas” do reino de Satanás. Depois, foi falsamente acusado, foi caluniado, escarnecido, atormentado, ameaçado e rejeitado por muitos homens.

Os líderes religiosos de Seu tempo não apenas recusaram Suas palavras mas tomaram providências para tentar matá-Lo. O inimigo usou todos aqueles sobre quem tinha algum controle, para tentar forçar Jesus a fazer ou a dizer uma única coisa errada. Até mesmo os seguidores de Jesus foram usados como parte dessa estratégia (Mt 16:23).

O grande esforço de Satanás era tentar tudo o que normalmente faz o homem pecar. Ele tentou criar situações nas quais um homem comum fatalmente iria se irar, dizer algo imprudente ou errado, tornar-se desencorajado ou mostrar, de qualquer outra maneira, a sua natureza caída. O diabo usou o seu arsenal completo.

Mas nada adiantou. Surpreendentemente, Jesus enfrentou cada tentação sem pecar. Ele foi o primeiro homem sobre quem o poder do diabo não teve qualquer efeito. Eva perseverou debaixo da tentação de Satanás, talvez, por uns 5 ou 10 minutos. Jesus viveu uma vida inteira e nunca foi, de nenhum modo, influenciado pelo pecado.

Finalmente, em desespero, Lúcifer agiu por meio de seus servos para matar Jesus. Não apenas para tê-Lo morto, mas para que Ele fosse morto do modo mais horrível, doloroso e humilhante. Mas, em meio a toda tortura e tormento, em meio a toda a dor e vergonha, Jesus nunca sucumbiu. Ele nunca disse uma única palavra errada ou fez alguma coisa má. Ele nunca teve uma única atitude ou expressão facial que fosse egoísta ou pecadora. Glória a Deus! Ali estava um homem que derrotava o diabo!

Como Ele fez isso? Permanecendo fiel ao Pai “até à morte” (Fp 2:8); nunca dando “lugar” ao diabo (Ef 4:27); e não permitindo que Suas dificuldades e circunstâncias o levassem a pecar. Em cada situação, permitia ao Pai viver Nele e por meio Dele. Ele se submeteu completamente a Deus e permitiu que Ele reinasse sobre cada aspecto de Seu ser. Assim, Jesus conquistou a vitória.

COMO VIVER EM VITÓRIA

A vida incorruptível de Jesus nos faz meditar em aspectos maravilhosos. Seu caráter imaculado e sua pureza são um grande encorajamento e inspiração. No entanto, cristãos em demasia permanecem contentes só de saber que Jesus venceu. Eles se regozijam com o que Ele fez, mas não imaginam que isto tem implicações importantes para eles. Falham em compreender que nós também precisamos experimentar a mesma vitória em nossas vidas diárias.

Não é suficiente Jesus ter vencido e ascendido aos céus. Nós também somos requisitados por Deus para segui-Lo em seu caminho vitorioso. Então, vem a pergunta: Como nós também podemos “vencer” e viver nesse tipo de vitória? Como podemos derrotar o diabo e manifestar o Reino de Deus neste mundo? Como podemos realizar uma “batalha espiritual” que seja um sucesso?

Para entender isso claramente, precisamos ter primeiro uma revelação básica. É que, uma vez que recebemos a vida eterna, temos duas “vidas” dentro de nós. Temos nossa velha vida natural, que recebemos de Adão; e temos uma nova vida sobrenatural, que recebemos do Pai. É esta nova vida de Deus, que tem a natureza santa, necessária para vencer.

Somente a vida de Deus , a qual Ele nos dá, em Cristo Jesus, pode resistir ao inimigo. Não há nenhuma quantidade de esforços, nenhum nível de consagração, nenhuma intensidade de zelo da nossa parte, que possa fazer o trabalho. Somente a vida de Deus é e sempre será vitoriosa. Por outro lado, certamente nossa velha vida natural irá sempre falhar. O homem natural, que manifesta a natureza pecadora, irá sempre sucumbir às tentações e provações do inimigo. Assim como Adão e Eva caíram, rápida e facilmente, assim a vida natural que herdamos deles nunca poderá passar no teste.

Portanto, para vencer, necessitamos aprender a viver pela nova vida que recebemos de Deus. Assim como Jesus não viveu pela Sua vida humana, mas, sim, pela do Pai (Jo 6:57), assim nós também precisamos aprender a “andar em novidade de vida”, a vida de Deus (Rm 6:4). Veja, Jesus tinha uma vida natural que herdou de Maria. Mas Ele também possuía uma vida sobrenatural, de Seu Pai. Ele também tinha estas duas vidas dentro Dele.

Porém, Ele constantemente escolhia viver pela vida “não criada”. Ele fielmente escolheu deixar a vida de Deus dominar cada pensamento Seu, cada atitude, palavra ou ação. Ele disse: “As palavras que Eu vos digo, não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as obras.” (Jo 14:10). Todas as palavras e obras de Jesus eram o resultado da manifestação da vida divina dentro Dele.

Do mesmo modo, também podemos viver “por Ele” (Jo 6:57). Temos a possibilidade de viver como Jesus, não pela nossa vida natural, mas pela vida de Deus dentro de nós. Este mesmo Jesus, que derrotou o diabo em cada aspecto de Sua vida, que resistiu à tentação até à morte, agora vive dentro de cada crente. Não importa se somos fracos. Não faz diferença se nossa capacidade pessoal pode ou não realizar alguma coisa.

O Deus do Universo habita dentro de nós, e Ele já venceu. Tudo o que temos a fazer é nos submeter completamente a Ele. Precisamos apenas deixar que Sua vida domine sobre nós e predomine dentro de nós. Conforme permitimos que Sua vida nos encha e viva por meio de nós, podemos então demonstrar a mesma vitória sobre Satanás e sobre o pecado, para o mundo e até para o universo.

O CAMINHO DA CRUZ

Um dos mais importantes aspectos desta vitória envolve morrer para si mesmo. Nós também precisamos experimentar a morte, até mesmo a morte de cruz. Jesus ensinou aos Seus discípulos que, para segui-Lo, eles precisariam negar a si mesmos e tomar a sua cruz (Mt 16:24). Isto não significa que devemos andar por aí carregando um pedaço de madeira em forma de cruz. Significa que nossa velha vida, que recebemos de Adão, deve morrer. Enquanto ela vive, irá inevitavelmente se expressar em pecado. O diabo sempre será capaz de obter resultado vitorioso sobre ela. A única solução é que ela seja eliminada.

Quando Jesus morreu na cruz, nós também “morremos com Ele” (Gl 2:20). Por isso, a realidade desta morte pode e deve tornar-se a nossa experiência. Podemos “morrer diariamente” (1 Co 15:31). Podemos sempre experimentar a ”morte do Senhor Jesus” (2 Co 4:10). Um dos grandes segredos de viver em vitória sobre Satanás é a nossa morte na cruz. Precisamos morrer para o ego e viver para Deus. Este foi o modo pelo qual Jesus exibiu a vitória final sobre o diabo. Se nós também queremos ter poder espiritual para derrotar o reino das trevas e viver a vitória de Cristo, esse é o único caminho. Nós também devemos morrer.

Quanto mais experimentamos viver pela vida sobrenatural e morrer para o nosso próprio ego, mais iremos vencer o inimigo e suas forças. Quanto mais a cruz operar em nós e sobre nós, mais vitória iremos experimentar. Por favor, note que aqueles que fazem parte do “filho varão”, no Apocalipse, “não amaram suas vidas até a morte” (Ap 12:11). A palavra “vidas” aqui é PSUCHÊ, em grego, indicando nossa vida natural, da alma.

Um dos modos pelos quais eles “venceram” foi por não amarem a si mesmos. Eles estavam prontos para morrer. Nossa vitória, aqui, tem pouco a ver com “gritar ou amarrar”, e muito a ver com submeter-se e morrer. Conforme submetemos nossas vidas a Jesus, permitindo que Ele seja realmente nossa vida (Cl 3:4), iremos vencer. Quando morremos para o ego e vivemos para Deus, notamos que “o valente” fica “amarrado”, e temos o poder de saquear o Reino de Satanás (Mt 12:29). Que Deus possa nos dar graça para viver cada dia, mais e mais, nessa vitória.

Jesus ensinou que, “...se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto.” (Jo 12:24). Aqui, vemos que morrer é o segredo da vida frutífera. Conforme morremos, a vida de Cristo tem mais “espaço” para viver e se mover dentro de nós. Também, quando morremos para o “ego”, o reino das trevas passa a ter menos influência sobre nós. Portanto, podemos, seguindo a orientação do Espírito Santo, ser mais frutíferos em nosso trabalho para Ele. Podemos viver uma vida de vitória sobre o pecado e sobre todas as astúcias do inimigo, enquanto ajudamos outros a fazerem o mesmo.

A Bíblia nos ensina que é apenas por meio de muita tribulação que nós entraremos no Reino (At 14:22). Lemos que: “Se perseveramos, também com Ele reinaremos...” (2 Tm 2:12). Assim, nossa entrada em Seu Reino certamente envolverá muita dificuldade, luta e aflição. Este é um fato bíblico. Jesus nunca disse que segui-Lo seria fácil. Ele não indicou que não iríamos ter tristezas ou dores.

Aqueles que insistem no fato de que os crentes devem sempre ser saudáveis, felizes e ricos, decepcionam a si mesmos e aos seus seguidores. Jesus prometeu-nos, entretanto, uma alegria interior e uma força que vem de acreditar na obediência. Apenas quando negamos o nosso “ego” e o atiramos aos pés de Jesus, podemos entrar nas eternas alegrias espirituais, que estão disponíveis em Cristo. Conforme perdemos a nossa própria vida, podemos experimentar a Dele.

Uma boa parte da Cristandade hoje é superficial, simplesmente porque não passou pela cruz. A vida que nós, cristãos, vivemos tem muito pouco da ressurreição de Jesus, porque nós participamos tão pouco de Sua morte (Fp 3:10). Não experimentamos Sua exaltação e glorificação porque não partilhamos Sua cruz. Não exibimos Sua vitória porque ainda é a nossa própria vida que está predominando dentro de nós.

É muito fácil ficarmos desencorajados no meio das aflições de nossa vida. Há alguns sofrimentos que parecem nunca terminar. Algumas vezes, nos encontramos em situações que são emocional ou fisicamente dolorosas. Nós oramos e oramos e oramos. Ainda assim, nenhuma resposta parece chegar. Nós clamamos a Deus. E os céus parecem permanecer fechados. O sofrimento continua ano após ano, durante muitos anos. A grande tentação, nesses momentos, é renunciar e fazer alguma coisa que sabemos ser errada, para acabar com a dor. Também, é possível que nos tornemos amargurados. O que é que Deus está fazendo? Porque Ele não responde, pensamos?

A verdade é que Deus está certamente ouvindo e respondendo. Mas, em vez de fazer o que nós queremos, Ele está fazendo o que é melhor para nós. Em vez de fazer o que achamos correto em um sentido mundano, pequeno, Ele está fazendo o que sabe que é para o nosso bem, do ponto de vista eterno. Você, sim, precisa desesperadamente morrer. Sua velha vida, com sua velha natureza e todos os seus desejos e “necessidades”, está tremendamente necessitada de crucificação. A morte de sua vida antiga é essencial para a felicidade eterna.

A resposta é se humilhar diante de Deus, aceitar Sua vontade, onde você está, e deixar Seu Espírito fazer uma obra transformadora em você. Enquanto se submete a Deus em meio às suas dores e provações, você descobrirá uma doce entrega daquilo que você é e daquilo que deseja. Pouco a pouco, vai ser levado à morte. Algum dia, você irá até mesmo agradecê-Lo por essa sua experiência.

Finalmente, quando tiver renunciado a seus importantes desejos e preciosos “sentimentos”; quando não estiver mais preocupado com sua situação; quando estiver contente com Cristo, não importando em que condição você se encontre, então, você estará pronto para uma mudança. Quando Jesus já tiver livrado você daquilo que você é, então Ele poderá livrá-lo de onde você está. Quando o pão está bem assado, é hora de tirá-lo do forno.

Nesse momento, então, sua vida se tornará um testemunho, tanto para o mundo quanto para os principados e potestades. Quando você se tornar fiel até à morte, você se tornará vitorioso sobre o inimigo, sobre o ego e sobre o pecado. Então, sua vida poderá começar a ser usada por Deus de uma maneira poderosa para saquear o reino das trevas e gerar muitos frutos. Quando você já tiver passado pela morte, poderá, então, experimentar a vida ressurreta e a vitória.

JUSTIÇA QUE QUALIFICA

Enquanto ensinava sobre o Reino, Jesus disse: “...se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no Reino dos Céus.” (Mt 5:20). Aqui está uma afirmação surpreendente. Os escribas e fariseus eram a elite religiosa daqueles dias. Tinham uma aparência de justiça, de quem cumpria rigorosamente a lei.

Eles dizimavam, jejuavam, oravam, estudavam as Escrituras diariamente, de um modo impressionante. Aparentemente, eram o ápice do que Deus estava requerendo. A vida de muitos cristãos não chega nem perto desse tipo de dedicação. Entretanto, Jesus insistiu em que nós devemos exibir ainda mais justiça. Como pode ser isto?

Na Palavra de Deus, descobrimos que as justas exigências para entrar em Seu Reino são definidas muito além da justiça dos fariseus. Lemos as palavras de Jesus: “Bem aventurados os mansos, porque herdarão a Terra” (Mt 5:5); e “Bem aventurados os humildes de espírito, porque deles é o Reino dos Céus.” (Mt 5:3). Então, vemos que há uma exigência de mansidão e humildade, para entrar no Reino.

Em 2 Pedro, vemos uma lista ainda maior de pré-requisitos. Pedro exorta os cristãos: “E vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência, e à ciência temperança, e à temperança paciência, e à paciência piedade, e à piedade amor fraternal; e ao amor fraternal caridade... Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.” (2 Pe 1: 5-7,11 VRC).

Que lista! Todas essas coisas são desejáveis características cristãs. Mas como poderia alguém viver desse jeito? Se tal caráter piedoso é solicitado, como poderia qualquer um de nós imaginar que pode entrar? O que Deus está procurando, e que nos capacitará a entrar em Seu Reino, é a nova vida sobre a qual temos falado. Mais uma vez, nossa própria vida, mesmo empregando todos os esforços e toda energia que possuímos, nunca poderá alcançar o padrão divino.

Talvez haja muitos crentes, hoje, que imaginam ser consagrados. Eles têm zelo e determinação em agradar ao Senhor e fazer Sua vontade. É até possível que, secretamente, eles imaginem que são um pouco superiores espiritualmente, por causa de sua dedicação. Essa opinião pode ser um tanto reforçada, se eles têm dons espirituais evidentes e poderosos. Mas isto não se qualifica como mansidão, não é humildade. É apenas um tipo de justiça que os fariseus e os escribas eram capazes de produzir. E nós fomos claramente avisados de que isto não é suficiente para entrar no Reino de Deus.

Quando estava caminhando nesta Terra, Jesus disse: “Eu sou o caminho...” (Jo 14:6). É significativo que Ele não disse que estava simplesmente nos mostrando o caminho, mas que Ele era verdadeiramente o caminho. O caminho para Deus, hoje, é uma pessoa. Permitindo a esta Pessoa viver em nós e por meio de nós, prosseguimos no divino caminho. Jesus nos exorta a “entrar pela porta estreita” e ainda afirma que: “muitos procurarão entrar e não poderão” (Lc 13:24).

Ele é a porta estreita. Permitindo que Ele seja a nossa vida, seremos bem sucedidos em entrar. Ao entrarmos através da porta estreita, tudo o que somos precisa ser deixado para trás. O que nós temos e o que somos por natureza, ainda que pareça “bom” aos nossos olhos, simplesmente não é adequado.

Quando procuramos entrar, mas não desejamos que tudo o que temos e somos seja removido, não conseguimos passar pela porta e entrar no Reino.

Somente a vida de Jesus, vivendo em nós e por meio de nós, pode satisfazer ao Pai. Nele, o Pai se compraz (Lc 3:22). Na verdade, o caminho é estreito, é apenas uma pessoa, e nós precisamos entrar Nele, passando através da porta, que é extraordinariamente estreita: Jesus.

Assim como um camelo cheio de bagagem, tentando passar por uma porta muito estreita, tem primeiramente que ser descarregado, o único modo de entrarmos no Reino é nos livrando do peso de nossa bagagem. Nossas habilidades, nosso zelo, nossa liderança natural, nossos bens, sim, até mesmo a nossa vida, não irá se adequar.

Quando entregamos nossa vida mais e mais a Ele, para que seja levada à morte, e a Vida Dele pode viver em seu lugar, então os atributos maravilhosos, próprios da natureza de Deus, começam a ser vistos em nossas vidas. Todos os atributos de Seu caráter estão em evidência. Quando não somos mais nós que vivemos, mas Cristo (Gl 2:20), então o mundo ao redor de nós começa a ver como Jesus é. Quando a vida de Deus é predominante em nós, então o nosso testemunho não é apenas de palavras, mas se evidencia também em nossas ações. Deste modo, nossa entrada no Reino será “amplamente concedida”.

CONQUISTANDO O MUNDO

Um outro aspecto da vitória do Reino envolve superar o mundo. A Bíblia nos ensina que o mundo, e tudo o que nele há, faz parte do reino do diabo. Portanto, todo crente que deseje entrar no Reino de Deus, deve também superar o mundo. Isto inclui o que se pode chamar de “sistema deste mundo”, com toda a sua luxúria, opulência, ganância, brilhos, atrações, entretenimentos e resplendor.

Deus nos chamou para nos separar do mundo. Ele diz em Sua Palavra: “...retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras e eu vos receberei...” (2 Co 6:17). Outra passagem afirma: “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus, permanece eternamente.” (1 Jo 2:15-17).

O mundo e todas as suas coisas,são importantes ingredientes do reino do diabo, são sutis laços no qual ele enrola o povo de Deus. Satanás ofereceu a Jesus, e está oferecendo a nós hoje, todos os reinos deste mundo, se nós nos submetermos a ele. O diabo pode dar a homens e mulheres muitas coisas, que parecem, do ponto de vista humano, ser desejáveis. Isto inclui coisas como: dinheiro, fama, bens e status aos olhos dos outros. Ele é capaz de conceder reconhecimento, poder e influência. Mas, como o nosso Mestre, precisamos aprender a fugir dessas coisas a todo custo, pois se não o fizermos, isto nos custará o Reino.

Nas Escrituras, nós lemos: “Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamon.” (Mt 6:24 VRC). O Mamon a que as Escrituras se referem, aqui, são as riquezas, os prazeres, os divertimentos e o orgulho, de que o mundo e seus habitantes participam. É impossível servir a Deus e estar buscando as coisas do mundo.

A menos que nossos corações estejam purificados dessas coisas e determinados a servir somente a Deus, seremos tragados pelos cuidados desta vida, pelas coisas deste mundo, que pensamos necessitar, e iremos abandonar a meta para a qual fomos chamados. “Quem quer ser um amigo do mundo, faz-se inimigo de Deus.” (Tg 4:4 NVI). “E todo aquele que luta, de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, uma incorruptível.” (1 Co 9:25 VRC). Esta coroa incorruptível refere-se ao Reino.

O dinheiro é a coisa mais especialmente poderosa, hoje, no mundo físico. Jesus disse que, é mais difícil um rico entrar no Reino dos Céus, do que um camelo passar pelo fundo de uma agulha (Mt 19:24). Seus discípulos certamente pensaram que isto devia ser impossível, mas Jesus assegurou a eles que, para Deus, todas as coisas são possíveis.

Riquezas são decepcionantes. Elas decepcionam as pessoas que as possuem, levando-as a pensar que representam o seu objetivo final. As pessoas se decepcionam mais com isto do que com qualquer outra coisa.

Hoje, há também um grande segmento da Cristandade que está ensinando homens e mulheres a perseguirem as riquezas. Agindo assim, esses mestres afastam as mentes dos crentes do Reino de Deus, voltando-as para a mais poderosa influência do reino de Satanás.

1 Timóteo 6:9-10 diz: “Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores”. As riquezas não são apenas uma distração. Se somos obcecados por elas e gastamos nosso tempo perseguindo-as, não entraremos no Reino que Deus está preparando.

Se nós possuímos dinheiro, somente sujeitando completamente tudo o que temos à autoridade de Jesus Cristo, iremos vencer. E, como o jovem rico, isto pode requerer muita coisa a ser dada, se não tudo aquilo que temos. O dinheiro deveria ser dado para fazer a obra de Deus e cumprir Seus propósitos, e não para nos colocar numa posição confortável e segura, ganhando bens materiais e satisfazendo todos os nossos desejos.

O dinheiro que está sob o controle de Deus será usado para sustentar Seus servos, para ser dado aos pobres e utilizado em qualquer coisa que mostre que os propósitos de Deus são favorecidos neste mundo. O dinheiro pode ser uma importante ferramenta para aqueles que sabem usá-lo para o Reino de Deus.

Mas as Escrituras nos advertem que o poder do dinheiro é extremamente enganoso, tão enganoso, na verdade, que nós precisamos ter extrema cautela ao lidar com ele. “Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou.” (2 Tim 2:4).

Todos os filhos de Deus devem estar seguros de que todas as suas finanças estão debaixo da autoridade de Deus e de que estão dispostos a obedecê-Lo custe o que custar. Pedro disse uma vez a Jesus: “...nós deixamos tudo e te seguimos.” (Lc 18:28). E Jesus respondeu a ele: “Na verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou pais, ou irmãos, ou mulher, ou filhos, pelo do Reino de Deus, e não haja receber muito mais neste mundo, e na idade vindoura, a vida eterna.” (Lc 18:29-30 VRC).

No “neste mundo” , o “mais” pode significar bênçãos espirituais. Pode significar que nós nunca possuiremos muitas coisas terrenas, mas um dia, quando o Senhor voltar, seremos grandemente recompensados. Peço a vocês, irmãos e leitores, que não coloquem o mundo e suas coisas em primeiro lugar. Coloquem-nos de lado. Não se tornem enredados nas coisas desta vida. Vamos procurar em primeiro lugar o Reino de Deus e a Sua justiça, e crer que Ele irá nos acrescentar as coisas que necessitamos para continuar vivendo no presente mundo (Mt 6:33).

Final do Capítulo 12

Ler outros capitulos online:

Capítulo 1: VENHA O TEU REINO

Capítulo 2: OS DOIS REINOS

Capítulo 3: UMA BREVE CRONOLOGIA

Capítulo 4: O DIA DO SENHOR

Capítulo 5: NO PRINCÍPIO

Capítulo 6: A ORDEM DE DEUS – A FALHA DO HOMEM

Capítulo 7: O REINO DE DEUS ESTÁ NO MEIO DE VÓS

Capítulo 8: “SENHOR, SENHOR”

Capítulo 9: UMA JUSTA RECOMPENSA

Capítulo 10: PERDÃO E JULGAMENTO

Capítulo 11: O FILHO VARÃO

Capítulo 12: VIVENDO EM VITÓRIA (Capítulo Atual)

Capítulo 13: OBRAS DE FÉ

Capítulo 14: UMA PALAVRA DE ENCORAJAMENTO