Publicacao Grao de Trigo
Escrito por David W. Dyer
ALGUNS ARGUMENTOS ENGANOSOS
Aqueles que acreditam que estamos agora no milênio insistem que, quando Jesus ensinou sobre a destruição de Jerusalém e o fim dos tempos (Mt 24, Mc 13 e Lc 21), Ele estava apenas se referindo ao que aconteceria em 70 d.C.
Foi nesse ano que o general romano Tito destruiu Jerusalém e o templo. Desde então, até recentemente, Jerusalém esteve sob o controle de não-judeus. Há muitas semelhanças entre os capítulos desses três evangelhos descrevendo eventos futuros.
Muitas pessoas não percebem que os discípulos fizeram a Jesus duas perguntas distintas, às quais Ele estava respondendo. Lemos em Mateus 24:3: “Diga-nos, quando acontecerão estas coisas? E qual será o sinal de sua vinda e do final desta era?” (NTVP).
A explicação de Jesus incluiu então dois conjuntos diferentes de eventos. Um deles era sobre o que aconteceria ao templo e a Jerusalém. O segundo era quais seriam os sinais do fim da era e de Sua vinda.
Pode ser que seus ouvintes não tenham percebido que havia dois cenários diferentes sendo descritos: o momento da destruição de Jerusalém e o fim da era. Portanto, aqueles que anotaram as palavras de Jesus não fizeram distinção entre eles. Embora esses eventos tenham suas semelhanças, eles não são os mesmos. Ainda assim, Jesus falava sobre ambos os eventos no mesmo discurso.
Também deve ser notado que muitas profecias, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, têm um cumprimento anterior e posterior. Muitas não são unidimensionais.
Portanto, algumas das coisas que Jesus disse poderiam ter, e de fato têm, um cumprimento anterior e posterior. Um foi na data de 70 d.C e outro mais tarde será pouco antes de Sua vinda. Portanto, algumas das coisas que Jesus nos ensinou nessas passagens podem e provavelmente se referem a eventos similares que ocorrerão em dois momentos diferentes.
Entretanto, os amilenistas apontam para esses capítulos e insistem que eles falam apenas dos eventos relacionados à destruição do templo, Jerusalém e à dispersão dos judeus. Portanto, para eles, tudo foi cumprido em 70 d.C pelo General Tito e seus exércitos.
Um dos principais motivos para essa crença é Jesus dizendo: “Esta geração não passará até que todas essas coisas se cumpram” (Mt 24:34; Mc 13:30; Lc 21:32). Eles insistem que Jesus se referia à geração à qual Ele estava falando. Esse é um dos seus principais argumentos. É um versículo que eles usam muito para justificar sua posição. Consequentemente, para eles tudo o que Jesus predisse teve que acontecer durante a vida daqueles que o ouviram.
O ELEFANTE NA SALA
Mas em Lucas 21:24, Jesus diz algo bastante significativo. Lemos: “E Jerusalém ficará sob o domínio dos gentios até que os tempos dos gentios se cumpram.” Depois, no versículo 32, Ele diz: “Esta geração não passará até que todas essas coisas se cumpram.”
Aqui encontramos um enorme elefante na sala que muitos fingem não notar. Isso não pode se referir à geração à qual Jesus estava falando naquele momento! Eles viram Jerusalém ser destruída, mas não viram Jerusalém retornar ao domínio judeu. Jerusalém só foi restaurada ao controle judeu em 1967.
Não há como entender errado esse versículo. “Permanecer sob o domínio” ou “ser pisoteado pelos gentios” significa não estar sob controle judeu. Isso seria “até” que um evento espiritual chamado “os tempos dos gentios” terminasse. Nada disso aconteceu por volta de 70 d.C. De fato, Jerusalém caiu sob o controle dos gentios, mas o restante dessa predição não aconteceu por quase 2.000 anos.
Isso é extremamente significativo! A qual geração Jesus estava se referindo? Àquela à qual Ele estava falando ou àquela que veria certos sinais? Ou talvez ambas? Um desses sinais é Jerusalém sendo restaurada aos judeus após ser possuída pelos gentios! Nesse caso, a frase “esta geração” não pode se aplicar àqueles a quem Ele estava falando. Só pode ser uma geração muito mais recente, que poderia ser entendida como a nossa.
Antes de Israel se tornar uma nação em 1948, é compreensível que alguns estudiosos da Bíblia não vissem esse elefante. Mas hoje, esse grande sinal está bem diante de nós, tão claro quanto o dia. Esse “elefante” testifica o fato de que nem tudo foi cumprido em 70 d.C. A frase “esta geração” não pode significar apenas as pessoas que ouviram Jesus falar.
SEM JERUSALÉM OU ISRAEL
A mentira de que estamos agora no reino milenar tem raízes que remontam a muitas centenas, se não mais de mil anos. Talvez uma razão para isso seja que Jerusalém foi destruída por Tito, o general romano. Pouco depois, a nação de Israel deixou de existir.
Portanto, as pessoas tentando entender as profecias sobre o reino mencionadas no Antigo Testamento enfrentaram um desafio. Como essas profecias poderiam ser cumpridas literalmente sem ter uma nação na terra chamada “Israel”?
Estas profecias exigem um país literal, cheio de judeus, no mesmo lugar de antes. Mas como isso seria possível? A terra estava nas mãos de outras pessoas e os judeus estavam dispersos pelo mundo.
Assim, a coisa mais fácil era simplesmente “espiritualizar” as promessas para não ter um cumprimento literal. Isso então “resolveu” o problema de como essas sagradas predições poderiam se concretizar. Suspeito que o amilenismo tenha suas raízes em tal incredulidade.
É isso que as pessoas as quais dizem que “estamos no reino agora” fazem. Eles fazem com que tudo tenha um cumprimento “espiritual”. Qualquer necessidade de cumprimento literal é removida. Tudo é explicado como se referindo realmente ao céu.
Mas Deus fez maravilhas. Jesus nos ensinou que: “... Jerusalém permanecerá sob o domínio dos gentios até que os tempos dos gentios se cumpram” (Lc 21:24). Em 1967, algo milagroso aconteceu. A parte antiga da cidade de Jerusalém passou para as mãos dos judeus após quase 2.000 anos. Este é um evento que muitos estudiosos da Bíblia do passado consideravam impossível. Infelizmente, por causa de tais pensamentos, eles alteraram sua teologia para tornar um cumprimento literal desnecessário.
No entanto, Deus fez isso! Ele restaurou a terra de Israel para os judeus. Independente- mente do que você pense sobre isso de um ponto de vista político, é algo sem precedentes. Nunca antes na história do mundo um povo perdeu sua nação e depois, após quase 2.000 anos, voltou ao mesmo lugar e restabeleceu sua nação novamente.
Agora todas as profecias do Antigo Testamento podem ter e terão um cumprimento literal. Não há necessidade de espiritualizá-las. Não há necessidade de explicá-las. Jesus voltará a Jerusalém e a uma terra cheia dos descendentes de Abraão, Isaque e Jacó.
O MONTE DA TRANSFIGURAÇÃO
Alguns outros trechos que os dizem que já estamos no milênio usam para tentar provar que o reino de Deus veio em 70 d.C., são aqueles em que Jesus diz: “Em verdade vos digo que alguns dos que estão aqui não provarão a morte até verem o Filho do homem vindo em seu reino” (Mt 16:28; Mc 9:1; Lc 9:27 NVI). Portanto, insistem que, para isso ser verdade, Jesus tem que vir e estabelecer Seu reino durante a vida daqueles a quem Ele estava falando.
Para repetir essa ideia, eles dizem que pelo menos algumas das pessoas que ouviram Jesus dizer essas palavras teriam que estar vivas quando Seu reino viesse. Portanto, Seu reino teria que ter vindo logo depois e os eventos de 70 d.C. fornecem para eles uma possível solução para isso.
No entanto, essa ideia realmente não se sustenta. Na verdade, é muito falha.
Pode ser útil para nós olharmos a palavra grega traduzida como “ver” aqui. Jesus diz que alguns verão o Filho do homem vindo em seu reino. Esta palavra grega pode significar “ver” fisicamente, mas também pode significar: “experimentar qualquer estado ou condição”, “perceber, notar, discernir, descobrir”, “saber, ou seja, adquirir conhecimento de, entender, perceber” e outros conceitos semelhantes.
Portanto, um “ver” físico não é necessário. Tudo o que este versículo realmente exige é que alguns dos ouvintes de Jesus tenham uma experiência através da qual perceberam ou adquiriram conhecimento sobre como seria Sua vinda e reino.
Em todas as três narrativas dos evangelhos, imediatamente após a declaração de Jesus, este “ver” aconteceu nos próximos versículos. Ele leva três de Seus discípulos até uma montanha e lá eles O veem transfigurado junto com Moisés e Elias. Esta óbvia conexão entre Suas palavras e a experiência dos discípulos imediatamente depois não pode ser ignorada.
Na montanha, os discípulos aprenderam como Ele seria em Seu reino. Eles viram Jesus glorificado. Lemos em Lucas 9:29: “E enquanto ele orava, a aparência de seu rosto foi alterada e suas vestes tornaram-se brilhantemente brancas e irradiavam luz” (NTVP).
Os santos do Antigo Testamento também participarão deste reino. Os três discípulos também viram isso. Portanto, não há demanda aqui, nenhuma, que algumas das pessoas que ouviram Ele dizer essas palavras veriam fisicamente o reino que está por vir na terra. Na verdade, o que esses três discípulos viram foi muito mais impressionante do que o que estamos vendo hoje, que alguns afirmam ser “o reino”.
Final do Capítulo 4
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