Publicacao Grao de Trigo
Escrito por David W. Dyer
“TREVAS EXTERIORES”
Agora, onde fica esse lugar chamado “trevas exteriores”, para onde esse servo infiel é lançado? Muitos presumem que estas sejam outras palavras para “inferno” ou “lago de fogo”. No entanto, essa suposição deve ser moderna.
Antes da era da eletricidade, a única maneira de ter luz à noite ou em um lugar escuro era ter fogo de alguma forma, seja uma vela, lâmpada, tocha, etc. Para alguém daquela época, a ideia de um lago cheio de fogo sendo escuro seria um absurdo total. Como poderia um fogo não ter luz? Então, é fácil concluir que este lugar não é o mesmo que o lago de fogo.
Além disso, ninguém é lançado no lago de fogo antes do milênio, exceto a besta e o falso profeta (Ap 19:20). Porém, essas pessoas mencionadas nas parábolas, são lançadas nas trevas exteriores no início do milênio. Assim, devem ser lugares diferentes.
A única conexão tênue entre os dois (trevas exteriores e o lago de fogo) parece ser a frase usada ao descrever ambos os lugares: “Haverá choro e ranger de dentes” (Mt 8:12; 22:13; 13:42).
Essa semelhança nas reações das pessoas que sofrem esses dois castigos diferentes não pode ser honestamente usada para insistir que são o mesmo lugar. Obviamente, qualquer um que seja punido por Deus de qualquer forma ficará infeliz e se sentirá muito mal. Eles chorarão e rangerão os dentes.
Esse julgamento dos servos ocorrerá quando Jesus retornar para estabelecer Seu reino. Note que o julgamento dos incrédulos ocorrerá mais tarde “... depois que os mil anos terminarem” (Ap 20:5,12). Portanto, aqueles julgados na volta de Jesus só podem ser crentes.
O lugar chamado “trevas exteriores” é algum lugar onde os “servos” de Jesus são lançados por faltar algo. Esse “algo” é a fidelidade. Veremos essa verdade novamente ao examinar outras parábolas.
É fácil entender porque tantas pessoas que- rem se livrar ou ignorar o reino milenar. Se o aceitarmos, teremos que admitir que pode haver punição para os crentes infiéis. Horrores!
Muitos têm dificuldade com isso. Então, desenvolvem doutrinas para eliminar o reino vindouro. Infelizmente, este é o trabalho do reino errado com o líder errado. É escuridão.
Embora aqueles que ensinam que não há tal reino terrestre vindouro tenham maneiras de explicar certas Escrituras, o resultado é perder uma verdade importante que a igreja de hoje precisa ouvir!
OUTRA PARÁBOLA DO SERVO
Vamos continuar lendo sobre o que acontecerá com alguns dos servos de Jesus. Em Lucas 12:42-48, lemos: “E o Senhor disse: ‘Quem, então, é o mordomo fiel e sábio a quem seu senhor confia sua casa para dar-lhes sua porção de comida no tempo adequado? Bem-aventura- do aquele servo a quem seu senhor, quando vier, achar cumprindo sua tarefa.
O que lhes digo é verdade. Ele o designará para administrar todos os seus bens. Mas se aquele mesmo servo disser em seu coração: ‘Meu senhor está atrasando sua vinda’ e começar a abusar dos outros servos e das servas e a comer, beber e se embriagar, o senhor daquele servo virá num dia em que ele não espera e numa hora que ele não imagina’.
Então ele vai açoitá-lo severamente e designar-lhe sua parte com os infiéis. E aquele servo, que sabia qual a vontade do seu senhor e não se preparou nem a cumpriu, será castigado com muitos açoites. Mas aquele que não entendeu e fez coisas dignas de açoites, será castigado com poucos açoites. Àquele a quem muito é dado, muito será exigido. E a quem porção maior foi confiada, ainda mais lhe será pedido” (NTVP).
Aqui, Jesus nos ensina que há consequências – sérias consequências – para a infidelidade. Os servos infiéis, quer sejam conscientemente infiéis ou inadvertidamente infiéis, são castigados.
Como isso se encaixa na teologia de “tudo já está perdoado”? Não se encaixa! Assim, muitos tentam desonestamente fazer com que este trecho não se refira aos cristãos. Eles tentam fazer destes servos judeus ou outra coisa, qualquer coisa, menos crentes recebendo a justa recompensa que merecem.
Além disso, apontam para o versículo 46 que, em muitas traduções, diz: “Ele lhes determinará a porção com os incrédulos”. Portanto, dizem que estes devem ser incrédulos. Isso deve significar que eles vão para o inferno.
Mas, quando examinamos honestamente esta palavra grega traduzida como “incrédulos”, ela também pode significar “infiel” ou “não digno de confiança, pérfido”. Poderia então ser traduzido: “Ele lhes determinará a porção com os infiéis”. Portanto, este versículo não pode ser usado como prova de que eram incrédulos ou foram lançados no inferno.
Além disso, como vimos, os incrédulos só serão lançados no lago de fogo muito tempo depois, não quando o Senhor voltar.
Não haverá açoites no lago de fogo. O pró- prio fogo já será punição suficiente. Como mui- tos erroneamente imaginam, o diabo e seus demônios não estarão lá infligindo castigo nas pessoas. Eles mesmos estarão lá sofrendo castigo, e não castigando os outros!
Os livros “Paraíso Perdido” de Milton e o “Inferno” de Dante, juntamente com as pinturas de Bosch, trouxeram apenas confusão para a igreja sobre esse assunto. Mas, pensando bem, talvez eles estivessem apenas expressando a confusão que já existia em sua época e ainda existe hoje.
Você consegue agora entender o quanto o diabo quer esconder esta verdade? É do seu melhor interesse que os cristãos acreditem que podem viver de qualquer forma sem consequências.
Serve aos seus propósitos roubar o evangelho de resultados sérios e assim tirar qualquer temor do Senhor que poderia motivar os crentes a se afastarem do pecado. Obscurecer o reino vindouro, com todas as suas recompensas e punições relacionadas, é obra do príncipe das trevas.
Sem uma compreensão clara e verdadeira do reino vindouro, todas as possíveis consequências por desobediência desaparecem e o que nos resta é uma mensagem frouxa, fraca e covarde que faz Deus parecer um velho decrépito e tolo.
A ideia de que Deus não Se importa com nossos pecados mais, retrata Deus, que no Antigo Testamento era severo contra o pecado, como alguém que mudou de ideia, não se preocupa tanto com o pecado e agora só quer que as pessoas O “aceitem”.
Talvez Ele tenha se arrependido de Suas atitudes excessivamente severas. Parece que Ele se tornou muito inseguro e agora anseia tanto pela aceitação que, quando O “aceitamos”, Ele simplesmente ignora todos os nossos pecados e nos leva para o céu quando morremos.
Quero ser muito claro sobre isso: Deus NÃO precisa que você ou qualquer outra pessoa o “aceite”. Nós é que precisamos ser aceitos por Ele! E para que isso aconteça, precisamos nos arrepender de nossos pecados, tanto os passa- dos quanto os presentes.
Vamos seguir para outra parábola. Aqui lemos sobre a festa de casamento e alguém que aparece lá sem a roupa adequada. Mateus 22:1- 3 diz: “Jesus, respondendo-lhes, falou novamente por parábolas: ‘O Reino que vem dos céus é semelhante a um rei que mandou realizar um banquete nupcial para seu filho. E enviou seus servos a chamar os convidados para as bodas do filho, mas estes não quiseram vir’”.
Durante o banquete ocorre o seguinte: “Entretanto, quando o rei entrou para saudar os convidados que estavam sentados à mesa, percebeu que um homem não estava usando vestes nupciais. E o rei lhe falou: ‘Amigo, como você entrou neste recinto sem as suas vestes próprias para as bodas?’ Mas o homem não teve resposta. Então o rei ordenou aos seus servos: ‘Amarrem- lhe os pés e as mãos e lancem-no fora, às trevas exteriores. Ali haverá grande lamento e ranger de dentes’” (NTVP).
Aqui temos uma mensagem sobre o banque- te de casamento do Filho. Como vimos, o banquete de casamento é um aspecto do reino vindouro, não da eternidade. Por que haveria um banquete se o Filho já estivesse casado? O banquete de casamento deve ocorrer antes do início do reino eterno. Pense nisso! Essa parábola não pode estar nos ensinando sobre a eternidade. Isso porque o casamento de Jesus acontece no início do novo céu e da nova terra (Ap 21:1,2). Portanto, não haverá banquete de casamento mais tarde “na eternidade”.
Nesta parábola, vemos que alguém presente neste banquete sofre consequências negativas. O Senhor faz uma pergunta muito pertinente: “Como você entrou aqui sem um traje de casamento?” Você deve pensar bem sobre isso. Como um incrédulo, por exemplo, poderia entrar despercebido? Alguns não-cristãos serão acidentalmente arrebatados?
Obviamente, seja no reino ou, como alguns erroneamente imaginam, na eternidade, nenhum incrédulo poderia entrar sorrateiramente. Ensinar isso é desonesto e ridículo.
O que essa veste representa? As Escrituras nos dizem claramente. Lemos: “Pois o linho fino é [representa] os atos justos dos santos” (Ap 19:8 NTVP). Aqui vemos que o traje do casamento é resultado de ações justas. Esta palavra grega não significa apenas “justiça”, mas atos ou ações justas.
Ah não! Você quer dizer “obras”? Sim, exatamente. O que fazemos como resultado de nossa fé é importante e até essencial. O convida- do nesta parábola entrou porque era crente. Mas lhe faltava algo importante. Sua fé não o motivou a obedecer a Jesus e cumprir Sua vontade. Portanto, durante o reino, ele será excluído e lançado em um lugar chamado “trevas exteriores”.
MAIS ENSINAMENTOS DE JESUS
Jesus revela que também há requisitos adicionais para entrar em Seu reino. Lembre-se de que Ele NÃO está falando sobre vida eterna ou salvação. Mateus 18:3 diz: “Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino que vem dos céus”. Em Lucas 18:17, Jesus diz: “Em verdade vos digo que, qualquer que não receber o reino de Deus como menino, não entrará nele”. Aqui vemos que há requisitos para entrar no reino. Um deles é se tornar como uma criança.
Também lemos em Mateus 5:5 “Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra”. E “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus”. Agora aprendemos que ser pobre de espírito” e “mansidão” também são requisitos para entrar. Essas características são necessárias para nascer de novo? Você precisa ser assim para se tornar um cristão? Obviamente que não!
Sem “manejar bem a palavra da verdade” (2 Tm 2:15) – neste caso, fazer uma clara separação entre “entrar no reino” e “ter vida eterna” – não há uma solução teológica coerente e lógica para essas questões.
Ao meditar nessas Escrituras, devemos admitir que há muitos crentes que não se encaixam nessas categorias. Eles não são mansos. Eles não são como crianças. De fato, muitos são orgulhosos e cheios de si. Então, como podemos entender essas Escrituras?
Essas pessoas estão perdidas? Elas nunca foram realmente crentes?
O que deve ficar claro para qualquer leitor honesto é que, enquanto “salvação” – isto é, nascer de novo – é um dom gratuito, entrar no reino vindouro tem requisitos adicionais. Entre eles estão: humildade, mansidão, obediência e fidelidade. Uma vez que entendemos a verdade sobre o reino, essas e muitas outras questões bíblicas são facilmente resolvidas.
Final do Capítulo 7
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