Publicacao Grao de Trigo
Escrito por David W. Dyer
POR QUE O REINO É IMPORTANTE?
Muitos podem se perguntar: “Por que é importante se estamos ou não no reino de Deus agora, ou se ele virá no futuro?” “Qual a real diferença disso?”
Como vimos no início deste livro, existe certamente uma realidade espiritual do reino de Deus na terra agora. Este reino invisível é acessado ao permitir que Jesus seja o rei de sua vida. Você deve permitir que Ele reine sobre você!
Mas essa é apenas uma faceta do reino de Deus. A outra é que haverá uma manifestação terrena e física deste reino. Esses dois aspectos do reino estão intimamente relacionados. Segundo a Bíblia, para participar do segundo, você deve participar do primeiro!
De acordo com as Escrituras, nossa participação no reino milenar vindouro é uma recompensa para os servos fiéis de Deus. Aqueles que fielmente se submeteram ao Senhor (entrando no reino atual durante suas vidas) serão recompensados de diversas formas no reino vindouro. Conforme prosseguimos, investigaremos essa verdade.
Esta faceta do reino que virá – o fato de que será uma recompensa para os fiéis – é importante. Jesus nos promete que, se vencermos, reina- remos com Ele. É algo pelo qual podemos ansiar.
Além disso, é nos ensinado que, durante o reino, haverá uma festa de casamento. Também podemos participar disso, se conseguirmos entrar em Seu reino. Negar a verdade de um reino vindouro também retira essas importantes recompensas para os fiéis.
Além disso, há um lado muito sério nessa verdade. Aqueles que foram teimosos e rebeldes, não se submetendo ao reinado de Jesus durante a vida, serão submetidos a vários castigos no reino terreno vindouro. Aqueles que não entram no reino espiritual de Deus hoje, não entrarão no reino vindouro.
Isso pode surpreender muitos leitores. A possibilidade de uma punição futura para ser- vos infiéis de Deus pode ser nova para eles. É exatamente por isso que um verdadeiro entendimento do milênio é essencial! É exatamente por isso que o diabo trabalhou tão duro ao longo dos anos para obscurecer essa preciosa verdade sobre o reino!
Ao esconder a verdade sobre o reino milenar vindouro, e até mesmo removendo-o do ensino cristão e da compreensão do evangelho, uma verdade muito crucial foi retirada.
A falta do ensino sobre o reino remove, em grande parte, o temor a Deus. Nos priva das razões sérias pelas quais a fidelidade e a sub- missão são importantes agora.
Nem tudo será ignorado e perdoado. A desobediência gerará sérias consequências para os filhos de Deus. Esta é uma verdade essencial. Porém, é algo que o diabo não quer que saiba- mos e que a maioria da igreja não quer ouvir. Então, o diabo está trabalhando muito para obscurecer essa verdade.
TUDO NÃO ESTÁ JÁ PERDOADO?
Embora pareça haver um versículo na Bíblia que nos ensina que todos os nossos pecados são perdoados assim que recebemos Jesus, não é o caso. Um versículo, Colossenses 2:13, é comumente usado para justificar essa doutrina de “tudo já está perdoado”.
A Nova Versão Internacional diz: “Quando vocês estavam mortos em pecados e na incircuncisão da sua carne, Deus os vivificou com Cristo. Ele nos perdoou todas as nossas transgressões.”
Mas, no texto grego, essa palavra traduzida como “perdoou" não tem esse significado exato. Embora o perdão possa ser implicado por essa palavra, não é o seu principal significado. Em vez disso, essa palavra grega significa principal- mente “conceder como um favor" ou “ser gracioso”. Também pode significar “resgatar”. Portanto, este versículo poderia ser traduzido como “... nos resgatando graciosamente de todos os nossos pecados.”
Dessa forma, esse não é um “texto de prova” nas Escrituras que nos assegura que “assim que orarmos” ou “chegarmos a Jesus” não haverá consequências para o nosso comportamento, já que tudo está perdoado. Nem este versículo nem qualquer outro podem ser honestamente usados para garantir a crentes não arrependidos que tudo já está perdoado.
Este conceito é na verdade uma mentira do inimigo. Embora Jesus possa e perdoe quando sinceramente nos arrependemos, isso não acontece sem tal arrependimento. Deus não se tornou cego ou tolo. A igreja tem sido alimentada com fábulas, uma espécie de conto de fadas no qual tudo é meio mágico e inacreditável e acaba maravilhosamente no final. Todos viverão “felizes para sempre”.
No entanto, as Escrituras realmente nos ensinam algo muito diferente. Existem sérias consequências para se tornar um filho de Deus e depois viver nossa vida sem se submeter à Sua autoridade.
Fomos roubados! O ladrão “vem para roubar …” (Jo 10:10). E ele, o diabo, fez um bom trabalho. Ele cegou os olhos da igreja para o fato de que há consequências para a rebelião. Há consequências para o pecado não arrependido. Há consequências para a infidelidade.
Jesus claramente nos ensina sobre cada uma dessas consequências. Mas, sem o entendimento correto do reino milenar vindouro, elas desaparecem. Sem uma compreensão de ambos – os aspectos presente invisível e vindouro físico do reino de Jesus – somos espiritualmente cegos.
Você consegue ver agora por que o diabo quer subverter e esconder essa verdade? Ele não quer que ninguém se sinta convicto pelo pecado ou se arrependa. Ele não quer que os cristãos tenham o temor do Senhor. Se encaixa perfeita- mente em seu esquema quando o povo de Deus não sente necessidade de buscá-Lo intensamente ou perceber que tem que obedecê-Lo. Ele adora quando todos se sentem bem consigo mesmos e apenas seguem cuidando principal- mente de seus próprios interesses.
A igreja tem sido alimentada com a ideia de perdão universal dos pecados sem qualquer punição e assim foi privada da verdade. Junto com essa dieta insalubre de ausência de consequências, a grande maioria também quase perdeu completamente os ensinamentos de Jesus sobre o reino vindouro.
O “REINO DOS CÉUS” NÃO É O CÉU
Há várias parábolas sobre o reino dos céus ou o reino de Deus nos evangelhos. Devido à mensagem “centrada no céu” da igreja de hoje, muitas pessoas tentam erroneamente aplicar estas verdades ao “céu”. O que acontece quando tentamos transformar esses ensinamentos do reino em ensinamentos de eternidade é que acabamos com uma teologia muito ilógica e estranha.
Por exemplo, muitos daqueles que acreditam que você pode “perder a sua salvação” baseiam alguns de seus argumentos nas parábolas de Jesus. Uma vez que estas parábolas claramente demonstram consequências negativas para alguns do povo de Deus, aqueles que não podem aceitar essa possibilidade precisam inventar explicações alternativas para esses ensinamentos.
Essas “explicações alternativas” levam a uma teologia errônea e complicada.
No entanto, se aplicarmos as parábolas do reino ao reino vindouro, tudo se encaixa perfeitamente. Não há necessidade de buscar uma solução forçada para as verdades apresentadas nessas parábolas. Vamos analisar algumas das parábolas juntos.
Talvez a parábola das dez virgens seja um bom ponto de partida (Mt 25:1-13). Nesta seção, vemos que metade das virgens fica de fora da festa de casamento. Oh não! Como podemos entender isso? Elas perderam a salvação? Elas realmente não foram salvas desde o início? Como pode ser que Jesus diga: “Eu nunca te conheci”?
Podemos começar afirmando que a festa de casamento de Jesus durará mil anos. Não existe algo como ser arrebatado, participar rapidamente de uma festa e depois retornar com Cristo para o reino, como muitos parecem acreditar.
A festança é parte da experiência do reino vindouro. Como já lemos: “E eu vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e se assentarão à mesa com Abraão, Isaque e Jacó, no reino que vem dos céus …” (Mt 8:11 NTVP). Então, aqui aprendemos que haverá uma festa durante o milênio.
Assim, durante a era do reino, que durará mil anos, haverá uma festa. Eu lhes digo que esta é a festa de casamento de Jesus. O casamen- to do Cordeiro ocorre no final do milênio e é quando vemos a noiva preparada descendo FORA do céu.
É impossível que Jesus tenha uma festa de casamento logo após o arrebatamento, como muitos acreditam, e depois espere mil anos para seu casamento. NÃO. Festejar com Jesus em sua festa de casamento é um aspecto importante do reino milenar que está por vir.
Agora, voltando às dez virgens. O que fazemos com esta parábola? Todas essas pessoas são “virgens”, representando uma certa pureza (2 Co 11:2). Isto é algo que os não salvos não têm. Essas virgens todas têm pelo menos um pouco de óleo em suas lâmpadas, caso contrário, elas não poderiam mais tarde estar “apagando”. O óleo representa o Espírito Santo. Portanto, todas elas tinham pelo menos um pouco do Espírito de Deus.
Além disso, todas elas estão esperando pelo Noivo, algo que os não regenerados certamente não estão fazendo. Então, a única conclusão lógica e honesta a que podemos chegar é que elas representam os crentes.
Como o entendimento do reino é insuficiente ou totalmente perdido na igreja, são oferecidas outras explicações realmente absurdas. Eles tentam encaixar esta parábola no cenário de “salvo ou não salvo”, vamos para “céu ou inferno”. Alguns dizem que estas cinco virgens perderam a sua salvação. Outros insistem que elas realmente não foram “salvas” desde o início.
Este tipo de ensino é o resultado de tentar fazer as parábolas do reino se aplicarem à eternidade. Muitos se debateram com essas parábolas do reino sem qualquer clareza, simplesmente porque imaginavam que Jesus estava falando sobre o “céu”, mas Ele não estava.
O que realmente está sendo ensinado é que há consequências para a insensatez no reino de Deus. Jesus deixa claro que esta parábola está relacionada ao reino. Assim, é fácil entender que alguns crentes que são tolos em sua caminhada com o Senhor serão excluídos do reino milenar que está por vir. A porta será fechada em seus rostos.
Mas, sem dúvida, alguns perguntarão: o que falar sobre Ele dizer “Eu não te conheço”? Como poderiam ser crentes se Jesus não os conhece?
Bem, se você pensar bem a respeito, Jesus conhece a todos, crentes e não crentes. Ele conhece os anjos caídos. Ele conhece Satanás. Se até mesmo os cabelos de nossa cabeça são contados, como seria possível que Ele, de alguma forma, não soubesse quem é alguém? Algum ser humano escapou de seu conhecimento? Não, claro que Ele conhece todos eles!
Mas neste caso, Ele não está reconhecendo que os conhece. Este é o cumprimento de uma de Suas promessas. Ele diz: “Mas quem me negar diante dos homens, eu também negarei diante de meu Pai que está nos céus” (Mt 10:33). Assim, por causa de seu comportamento insensato, Ele está negando conhecimento deles e, portanto, eles são excluídos das recompensas e prazeres do reino milenar.
Esta parábola nos ensina muito claramente que quando Jesus retornar e estabelecer Seu reino terreno, nem todos os crentes serão admitidos. Os tolos serão excluídos. Eles terão perdido o direito de entrar nele.
Agora, isso é algo que muitos cristãos não querem ouvir. Eles, com seu desejo otimista, querem acreditar que, uma vez que você aceite Jesus, não haverá mais consequências negativas. A partir daí, tudo será maravilhoso.
Talvez esta seja uma das razões pelas quais muitos gostam de imaginar que não existe tal reino terrestre a caminho. Com essa teologia, conseguem escapar de qualquer punição por desobediência.
Vamos agora a uma parábola sobre servos e talentos. Esta se encontra em Mateus capítulo 25:19-28. A maioria dos leitores provavelmente já conhece esta parábola. Aqui nos são contados os resultados.
“Após um longo tempo, retornou o senhor daqueles servos e foi acertar as contas com eles. Então o servo que recebera cinco talentos se aproximou do seu senhor e lhe entregou mais cinco talentos, dizendo: ‘O senhor me confiou cinco talentos; veja aqui, trago-lhe mais cinco que ganhei’. Respondeu-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco, muito lhe confiarei em suas mãos para administrar. Entre e participe da alegria do seu senhor!’”.
“Assim também se aproximou o que recebera dois talentos e disse: ‘O senhor me confiou dois talentos; veja, trago-lhe mais dois talentos que ganhei’. O senhor lhe disse: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco, então lhe confiarei em suas mãos coisas importantes para administrar. Entre e participe da alegria do seu senhor!’”
“Chegando o que tinha recebido apenas um talento, disse: ‘Senhor, eu o percebo como um homem severo, que colhe onde não plantou e ajunta onde não semeou, e fiquei com medo. Então fui e escondi seu talento na terra. Veja, estou devolvendo ao senhor o que é seu’. Mas o senhor lhe disse: ‘Servo malvado e preguiçoso! Você diz que me percebe como um homem que colhe onde não plantou e ajunta onde não semeou.
Portanto você, pelo menos, deveria ter depositado meu dinheiro com os banqueiros para que na minha vinda recebesse meu dinheiro de volta com juros. Por isso, tirem o talento dele e deem para aquele que tem os dez talentos. Pois quem usa o que tem, mais lhe será confiado e possuirá em abundância. Mas quem não usa o que tem, até o que tem lhe será tirado. Quanto ao servo inútil, lancem-no fora às trevas exteriores’. Ali haverá choro e ranger de dentes” (NTVP).
No primeiro versículo deste capítulo, Jesus deixa claro que está ensinando sobre “o reino que vem dos céus". Podemos ter total confiança de que não é um ensino sobre eternidade, “céu" ou vida eterna.
Isso porque, como todos deveriam concordar, a vida eterna não pode ser conquistada. Não se baseia em nossas obras. É certamente através da fé. Portanto, esta parábola não pode estar nos ensinando sobre a vida eterna ou “ir para o céu”.
Está muito claro aqui que estes servos são recompensados “de acordo com as obras” que fizeram ou deixaram de fazer. Enquanto a salvação é um presente gratuito de Deus, entrar em Seu reino vindouro é baseado no que fizemos com esse presente gratuito. É – ah não, não diga isso em voz alta – baseado em nossas obras.
Isso é obviamente o que Jesus está ensinando. Para entrar no reino, é necessário ter fidelidade. Embora alguns tenham feito algumas contorções teológicas para tentar contornar este fato, ele está aí.
Isso deveria ser óbvio. Jesus está vindo para reinar para acabar com a rebelião e o pecado. Ele usará alguns de Seu povo para ajudá-Lo nessa tarefa. Eles reinarão com Ele. Mas como Ele poderia usar crentes infiéis, pecadores e rebeldes para realizar isso? Seria como colocar um ladrão no comando de um banco. Simplesmente não funcionaria.
É por isso que entrar no reino vindouro é uma questão de fidelidade. É por isso que deve- mos nos submeter ao Seu reinado sobre nós hoje através do Espírito. É a razão pela qual Ele deve ser nosso SENHOR agora. Se não, seremos desqualificados no futuro e perderemos o reino vindouro.
Final do Capítulo 6
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