DEIXE O MEU POVO IR!CAP V – LIDERANÇA
NA IGREJA
Agora chegamos a um dos mais importantes aspectos de nossa discussão. É talvez a parte mais mal compreendida da construção eterna de Deus. A menos que nós tenhamos uma clara compreensão de como o Corpo de Cristo é governado, grande parte do nosso trabalho será em vão. Sem tal clareza de visão, somos levados a usar métodos humanos. Quando há falta de uma revelação celestial, temos apenas métodos seculares dos quais depender. Estes materiais naturais não podem ser usados para edificar a noiva real. Sem os materiais divinos, não podemos construir algo onde Ele se agrade em morar, nem edificar aquela com quem Ele se agrade em casar. Este é um assunto muito difícil, primeiramente porque quase todos chegam a esta discussão com muitas idéias pré–concebidas. Aquilo que é comumente aceito e pregado hoje na Igreja é considerado como padrão. Até mesmo os não crentes têm noções fortemente firmadas sobre como deve ser a liderança na Igreja. Por exemplo, se você menciona a palavra “pastor”, quase todos pensam em alguém que dirige a Igreja e prega lá todo domingo. O exemplo do mundo ao redor deles os ensina. Consequentemente, é muito difícil falar sobre algo novo ou diferente. Nos tempos do Novo Testamento, não havia tais padrões estabelecidos. Nunca antes houvera algo parecido com uma Igreja. Eles não tinham milhares de exemplos para copiar e, assim, suas mentes estavam em um tipo de estado original. O que eu quero pedir a todos os leitores é que tentem chegar a este mesmo tipo de inocência no que se refere ao assunto de liderança na Igreja. Vamos imaginar que nós também vivemos nos tempos do livro de Atos e que todas as coisas que o Espírito Santo estava fazendo eram muito novas e frescas. Talvez deste modo possamos deixar de lado por um momento toda a bagagem que adquirimos e nos voltar para Deus. Pela Sua misericórdia, pode ser que uma visão mais clara do governo de Deus em Sua casa possa ser mostrada a nós. Se você se-abre por um momento, não será machucado. Você sempre poderá voltar para o que pensava antes e continuar a praticá-lo. Se o que você ler aqui não falar com você, se o Espírito Santo não revelar nada novo ou diferente, você não perdeu coisa alguma. Ninguém mais precisa saber que você secretamente tirou um pouco de tempo para rever o seu trabalho para Deus a fim de verificar se você pode ter perdido alguma coisa ou se existe a possibilidade de melhorá-lo. O PRINCÍPIO DO GOVERNO No início de nossa discussão, o primeiro e principal princípio que precisamos vir a entender é que Jesus Cristo é O Cabeça de Seu Corpo. Isto significa que Ele é o único governo. Isaias 9:6 diz: “...e o governo estará sobre os Seus ombros”. Ele é alguém que dirige todas as coisas. Ele é quem toma todas as decisões. Ele é o líder. Ele é a Cabeça. Lemos: “Porque Ele é a Cabeça do Corpo da Igreja” (Col 1:18). Além disso, somos ensinados que Ele é “...a cabeça sobre todas as coisas para a Igreja” (Ef 1:22). Também vemos que “Ele deve ter primazia sobre todas as coisas” (Co 1:18). Vamos parar aqui um momento e meditar nesta analogia com o corpo. Deus usa esta figura para nos revelar Sua vontade e autoridade. Em um corpo humano, a cabeça dirige tudo. Nenhum outro membro pode tomar decisões. Nenhuma outra parte está qualificada para guiar as outras. Embora o corpo seja extremamente complexo e tenha diferentes tipos de membros e órgãos, a cabeça dirige as funções de todos eles. Os olhos podem ser muito aguçados, mas nunca conseguem dirigir o corpo. O coração pode ser muito saudável, mas ele nunca necessita tomar decisões. As pernas podem ser fortes, mas elas não dão direção aos outros membros. Embora haja um sistema de nervos que transmitem a vontade da cabeça a todas as outras partes, estes nervos nunca se tornam capazes de pensar, raciocinar e então tomar decisões por conta própria. Assim também é no corpo de Cristo. Jesus foi colocado pelo Pai como a Cabeça de tudo. Até hoje, Ele ainda mantém esta posição. É intenção de Deus que Jesus governe cada movimento de Seu Corpo. Cada obra, cada palavra, cada aspecto dele deve ser governado pela cabeça. Nenhum outro membro pode substituí-Lo. Ninguém mais pode tentar usurpar ou compartilhar desta autoridade. Jesus Cristo é perfeitamente capaz de sustentar cada molécula deste Universo. Então Ele também é capaz de funcionar como a Cabeça de todas as coisas para a Igreja. Contudo, hoje a Igreja parece ser um tipo de Hydra, que era uma criatura mitológica com muitas cabeças. Para onde se olha, há sempre muitos homens e muitas mulheres afirmando ter autoridade. Eles estão governando, dirigindo e direcionando um ou outro tipo de Igreja com liberalidade. Talvez sem imaginar, muitos crentes estejam competindo com Jesus para ser a Cabeça de pelo menos uma parte de Sua Igreja. A cada dia que passa, uma outra “cabeça” começa a brotar, reivindicando ter um mandado do Senhor para dirigir uma parte de Sua operação. Muitos deles estão insistindo em que os crentes se submetam à sua autoridade, já que ela foi recebida de Deus. Mas, a qual deles devemos nos submeter? Qual dos milhares ou mesmo dos dez milhares de figuras de autoridade que vemos na Igreja hoje é realmente a correta? O PROBLEMA DA INVISIBILIDADE Talvez uma grande parte do problema que temos em compreender e tentar seguir o governo da verdadeira Cabeça, é que Ele é invisível. Não podemos vê-Lo com nossos olhos físicos. Porém, o homem natural acredita em coisas visíveis. Ele gosta de coisas que são tangíveis, de algo que possa ver, saborear, sentir e ouvir. Para ele, isto é real. O mundo espiritual, por outro lado, é um pouco místico demais e, portanto, não confiável. Entretanto, de acordo com a Bíblia, as coisas espirituais são, de fato, as mais reais. Elas são mais “reais” do que o mundo físico no qual tanto acreditamos. 2 Coríntios 4:18 diz “...porque as coisas que temos visto são temporárias, mas as que não podem ser vistas são eternas.” Aqui precisamos ajustar nosso pensamento. Nossa confiança no físico e no tangível deve ser substituída por uma completa dependência de nosso invisível Senhor. Através de nossa fé, precisamos desenvolver um relacionamento íntimo com Jesus. Precisamos aprender a conhecê-Lo, a ouvi-Lo e a segui-Lo. Isto é absolutamente essencial para cada crente. Ninguém mais pode fazer isto por você. Cada cristão (todos eles) necessita se tornar um seguidor de Cristo. Não é suficiente que alguém simplesmente se conforme a alguns padrões bíblicos. Não é o bastante para alguém simplesmente se ajustar a algum tipo de grupo, aceitando seus costumes e suas metas. Não é intenção de Deus nós simplesmente darmos nossa aceitação mental a um conjunto de doutrinas ou práticas. Seu pensamento é que nós venhamos a conhecê-Lo pessoalmente e intimamente. Além disso, é intenção Dele que, através deste relacionamento íntimo e real, Ele seja capaz de nos guiar em todos os aspectos de nossa vida. Deste modo, Ele pode ser nossa cabeça. Conforme O conhecemos e O seguimos, Seu governo sobre nossas vidas se torna mais real. Ele pode dirigir nossas atividades diárias e nos mostrar Suas vontades e Seus métodos. Até mais do que isso. Ele pode começar a guiar nossos pensamentos e nossas emoções. Sua soberania pode começar a afetar nossas atitudes e nossas opiniões. Nossos desejos, nossas expectativas e mesmo os nossos medos podem se sujeitar à Sua autoridade. Assim como nossa cabeça humana guia não apenas o nosso corpo, mas cada aspecto de nossa vida psicológica, assim também Jesus pode reinar sobre toda a nossa vida. Desta forma, a vida e a natureza de Deus podem ser manifestas em nós e através de nós. Esta é a verdadeira Cristandade. Esta é a verdadeira casa de Deus. Todavia, é dolorosamente óbvio que nem todos os crentes estão consiguindo, até nem procurando viver nesta intimidade e obediência. É triste, mas é verdade que muitos que se chamam de cristãos têm muito pouca intimidade com o Senhor e não têm idéia de como escutá-Lo e como segui-Lo. É aqui então que se levanta uma grande tentação que se manifesta em dois aspectos que procuraremos detalhar. Primeiramente, há aqueles que têm algum relacionamento com Jesus. Eles têm uma medida de consagração e fé. Ouvem a Deus num grau maior ou menor. Então, quando vêem que as pessoas estão andando por aí sem qualquer direção da Cabeça, eles querem ajudá-las. Mas, se não forem cuidadosos enquanto estiverem tentando ajudar aos outros, eles próprios se tornarão a Cabeça. Pouco a pouco, eles começam a ser o Senhor nas vidas destes indivíduos. Eles começam a dar conselhos e direção. Orientam estes outros a buscar as metas que Deus mostrou a eles. Eles ensinam, pregam, “discipilarem” e lideram. Logo eles têm um grupo completo de seguidores. O problema é que frequentemente estes seguidores não foram levados a uma intimidade com Jesus. Eles não conseguiram estabelecer um relacionamento com Ele, para que Ele dirija suas vidas. Em vez disso, começaram a confiar e a seguir a liderança humana. Como resultado, eles não estão sendo transformados à imagem de Cristo, mas estão simplesmente conformados à imagem do grupo a que se uniram. É bem possível que o conselho e a direção que receberam possam ser bíblicos. É esperado que o ensino que ouviram tenha se fundamentado na Palavra de Deus. Contudo, tudo isto pode ser feito sem aproximar ninguém de Deus. É bem possível que eles simplesmente se tornem dependentes de um outro homem. Pode ser que estes indivíduos possam aparentar uma pequena mudança. Talvez alguns de seus pecados mais graves tenham desaparecido ou se ocultado. Pode ser que os seus hábitos e estilo de roupas, corte de cabelos, etc., tenham se modificado. Aos olhos do grupo, eles agora são considerados “bons cristãos”. Mas, se eles não desenvolveram o tipo de comunhão com o Deus invisível que se tornou a fonte de sua vida e direção, todas estas mudanças foram em vão. Se eles não chegaram a uma total submissão de todo o seu ser à autoridade da Cabeça, perderam a verdadeira meta. Se não desenvolveram uma íntima caminhada diária com o Salvador invisível, eles realmente não foram ajudados absolutamente. Este pessoal foi conformado a algum padrão, mas não transformado à imagem de Jesus. Acredito que a grande maioria de tais líderes começa com as melhores intenções. Querem ajudar o povo de Deus. Sentem simpatia por aqueles que não aproveitam o relacionamento com Jesus da mesma maneira que eles. Então, trabalham para ajudá-los. Mas, se não forem cuidadosos, é extremamente fácil, querendo ou não, induzir os outros a ser dependentes deles. É muito simples começar a se colocar no lugar de Jesus na vida dos outros. Embora possamos acreditar estar vendo algumas mudanças em suas vidas, se eles não se tornaram íntimos de Jesus e não aprenderam a realmente segui-Lo, tudo isto é inútil. A menos que tenhamos recebido uma visão celestial, é muito fácil construir algo que não irá suportar o teste. É possível também gastar muito tempo e esforço construindo uma casa na qual Deus não irá morar. O PROBLEMA DO ORGULHO Algumas vezes, as coisas que foram feitas com as melhores intenções não acabam bem. Podemos querer fazer a coisa certa, mas acabamos errando. Se começamos a construir sem a revelação celestial, isto pode facilmente ocorrer. Dentro do coração de cada homem ou mulher, se esconde um pecado sinistro – o orgulho. Pode ser algo do qual não temos conhecimento, mas ele está lá. Então, quando os outros começam a olhar para nós, quando nos honram com títulos e posições, quando o prestígio e o respeito começam a aparecer em nosso caminho, ficamos em uma posição muito perigosa. Se aceitarmos tais coisas, quando o fazemos caímos na “mesma condenação do diabo” (1 Tm 3:6). (Outra tradução diz que caímos na mesma armadilha em que o diabo caiu). Jesus não aceitou honra dos homens (Jo 5:41). Ele nunca tomou posição de autoridade terrena. Recusou-se a ser coroado rei (Jo 6:15). Ele evitou a fama, dizendo àqueles que curava, que ficassem quietos sobre o fato (Mt 8:4, Mt 9:30, Mc 7:36, Mc 8:26). O Seu exemplo deve ser seguido por nós. Se nós também não recusarmos todas as atenções dos homens, iremos desviar do caminho de Deus. Se não aprendemos a evitar chegar a determinadas posições onde os homens olhem para nós e não para Jesus, cairemos num erro muito grave. Ao começarmos a entender a importância da soberania de Cristo sobre o Seu Corpo, esta verdade se tornará cada vez mais evidente para nós. Se nós nos exaltamos ou permitimos que os demais nos exaltem, isto demonstra que ainda não compreendemos a maneira de construir a casa de Deus. No Novo Testamento, nós encontramos um conceito interessante. É a idéia de um “anticristo”. Na língua grega, esta palavra “anti” tem dois significados. O primeiro, que nos parece familiar hoje, é o significado de “contra”. Hoje, pensamos que um anticristo é alguém contra Cristo. Mas, nos dias da Igreja primitiva, esta palavra tinha um significado ainda mais notável. Este significado é “em vez de” ou “no lugar de”. Portanto, um anticristo seria alguém que estaria ocupando o lugar de Cristo. Em vez de Jesus Cristo ser a Cabeça e a fonte de nossas vidas, um anticristo seria alguém que O estaria substituindo neste relacionamento. Um anticristo moderno seria alguém para quem as pessoas estariam olhando em busca de direção, ao invés de olhar para Cristo. No futuro, alguém chamado “anticristo” se sentará “no Templo de Deus, mostrando ser Deus” (2 Ts 2:4). Em outras palavras, tirando o lugar que, por direito, pertence a Deus. Então hoje, muitos estão, intencionalmente ou não, tomando o lugar de Jesus em Sua Igreja. Em vez de Jesus ser a Cabeça sobre tudo e sobre todos, eles é que se tornaram líderes. O HOMEM TENDE À DEPENDÊNCIA HUMANA Em segundo lugar, no meio do povo de Deus, muitos gostam de ter um líder. Jeremias 5:31 diz: “...os sacerdotes dominam pelas mãos deles [pelas próprias forcas], e o Meu Povo assim o deseja” (VRC). Conforme vimos antes, as pessoas confiam em seus sentidos físicos. Portanto, uma cabeça humana ou um líder, é uma coisa maravilhosa para eles. Podem vê-lo, ouvi-lo e obedecer a ele. Esta é uma tendência natural da humanidade. Desde a queda de Adão e Eva, tem sido sempre assim. Seguir alguém invisível é um pouco difícil. Seguir um líder humano é muito mais fácil. Então, é muito comum para tais pessoas, procurar e olhar para aqueles que têm um relacionamento com Jesus. Eles estabelecem um tipo de intermediário que ouve de Deus e passa as instruções para eles. Esta pessoa procura por Deus em vez deles fazerem isso, e lhes dá conselhos, cuida de seus problemas e até mesmo faz os seus casamentos e funerais. Assim, em vez de aprender a conhecer e a seguir a Jesus, estes homens e mulheres se ligam a uma outra cabeça. Sua dependência se fixa em uma outra pessoa. Seu foco está em algum tipo de líder para o qual eles olham, buscando alimento espiritual e direção. Este não é o plano de Deus. Esta não é a Sua Noiva. Esta não é a Sua Casa. Este não é o Seu Corpo. É um substituto humano para todas as maravilhosas coisas espirituais que Ele tem em Seu coração. Estas duas tendências – sendo a primeira a de alguém com alguma vida espiritual querendo ajudar aos outros e a segunda a de que o ser humano prefere depender de algo tangível – trabalham juntas para criar uma situação espiritual doentia. Em vez de realmente ajudar aos outros, nós podemos estar impedindo o seu crescimento. Sem uma profunda compreensão de como construir, é possível construir algo que bloqueie o trabalho de Deus em vez de adiantá-lo. Pode até ser que o que pensamos ser um grande trabalho para o Senhor seja realmente um substituto para aquilo que Ele gostaria de fazer. Vamos examinar mais adiante esta possibilidade. O pensamento de Deus é estabelecer um relacionamento íntimo com cada crente, a fim de que cada um possa sentir Sua liderança e segui-la em cada aspecto de sua vida. Portanto, quando queremos ministrar aos outros, esta também deve ser a nossa meta. Nosso objetivo deve ser expor e eliminar da vida de cada crente tudo o que está impedindo seu relacionamento com Jesus. Além disso, precisamos encorajá-los, de todos os modos, a obedecer-Lhe, a conhecê-Lo e a amá-Lo. Precisamos incentivar dentro deles a total consagração à Sua vontade e à Sua obra. Precisamos constantemente orar e considerar um encorajamento para buscar Sua face mais e mais. É nosso privilégio exibir, através de nossa vida, palavras e obras, a natureza de Jesus, de tal maneira que isto levará os outros também a uma intimidade com o Senhor. Este é o verdadeiro ministério. UM OUTRO OBJETIVO Mas é possível termos um outro objetivo. Pode ser que nossa visão seja imperfeita e que estejamos tentando colocar juntas algumas pessoas, num tipo de grupo que seja dependente de nossos dons e ministérios. Pode ser que o diabo tenha se saído bem em sutilmente nos desviar do caminho de Deus e que tenhamos começado a construir uma organização terrena em vez da casa de Deus. Quando isto ocorre, nossos motivos mudam. Desejando atrair membros, nossa mensagem se transforma. Em vez de procurar a profunda (e provavelmente desconfortável) convicção de que são pecadoras, queremos que as pessoas se sintam bem-vindas. Em vez de expor o ponto em que os crentes não estão bem com Deus, queremos que eles voltem e se tornem membros regulares. Em vez de ministrar o Espírito Santo, cuja principal tarefa é convencer o mundo do pecado (Jo 16:8), apresentamos vários entretenimentos e oratória inofensiva. Quando nossa visão é deficiente, começamos a agir e a trabalhar de algumas maneiras que conflitam com os propósitos eternos de Deus. Jesus nunca modificou Sua mensagem para fazer as pessoas se sentirem bem-vindas e confortáveis. Ele sempre falou a verdade, independente das reações e dos resultados. Quando nosso único objetivo é trazer as pessoas para um relacionamento com Ele, quando não temos nossos próprios projetos e planos domésticos, então nós também somos livres para falar Sua Palavra sem medo. Se estamos apenas edificando pessoas e não tentando juntar um grupo, então podemos ministrar Jesus com grande liberdade. Quando temos em vista apenas a casa de Deus e não algum tipo de sucesso secular, podemos mais facilmente ser dirigidos pelo Espírito de Deus. Podemos falar a verdade em amor (Ef 4:15). AS PALAVRAS DE JESUS Enquanto tentamos compreender o governo de Deus sobre o Seu Corpo, precisamos ter sempre em mente os ensinamentos de Jesus. Quando lemos o livro de Atos e as Epístolas e vemos o que era ensinado e feito naqueles dias, precisamos nos lembrar de filtrar tudo através das palavras de Nosso Senhor gravadas nos Evangelhos. Sem este balanço é possível pensar que percebemos alguma prática ou ensino que esteja fora da linha que Jesus ensinava. De fato, muito do que é ensinado e praticado na Igreja hoje, vai diretamente contra as Suas Palavras. Um pouco de razão para isto é que as pessoas estão vindo para as Escrituras com um certo ponto de vista , um punhado de idéias preconcebidas, que adquiriram na moderna Cristandade. Portanto, eles tomam certas frases ou certas passagens das Epístolas e as distorcem para amoldá-las às suas noções já arraigadas. Os apóstolos não tinham esta bagagem extra. Tinham passado anos caminhando com o Senhor e as instruções Dele guiavam tudo o que faziam e o que ensinavam. Estes irmãos não modificavam seus ensinamentos. Eles não procuravam melhorar os ensinos conforme prosseguiam. Não colocavam em prática coisas que violavam o que haviam aprendido com o Seu Senhor. Portanto, nós também precisamos compreender tudo o que eles diziam ou faziam, a esta luz. É essencial para nós alterarmos o nosso modo de compreender este assunto para estarmos em harmonia com o que está registrado nos Evangelhos. Isto é muito mais seguro do que tentar alterar a Palavra de Deus para ser conveniente ou justificar nossas práticas. Os ensinamentos de Jesus depositaram o fundamento para o exercício de toda autoridade em Sua Igreja. Tudo o que foi dito ou feito depois, que contrariava as Suas instruções, era um erro. Além disso, qualquer coisa que esteja sendo ensinada ou praticada hoje, que seja contrária aos Seus ensinamentos, é um sério erro. Isto deve estar muito claro para nós. O que Nosso Senhor ensinou não era simplesmente um tipo de sugestão. Ninguém era ou é hoje livre para modificar isto de acordo com os seus próprios caprichos. O fundamento que Jesus claramente estabeleceu, referente ao exercício de autoridade, é absoluto. Precisamos trabalhar de acordo com as instruções Dele ou estaremos agindo em desobediência. OS PROBLEMAS DE TRADUÇÃO É inadequado, mas verdadeiro, que muitos tradutores da Bíblia fizeram o seu trabalho com muitos preconceitos modernos. Eles compreenderam liderança e autoridade olhando apenas através das lentes das práticas populares no dia deles. Consequentemente, em muitas versões da Bíblia, alguns versículos-chave sobre autoridade, nas Epístolas, tem um tipo de ênfase ou alusão que não se harmoniza com os ensinamentos de Jesus. Como todo escritor sabe, a maneira como as palavras são usadas é muito importante. As mesmas palavras colocadas em ordem diferente ou usadas com ênfase diferente, podem conduzir a idéias totalmente diferentes. Portanto, durante a nossa investigação, examinaremos alguns varios destes versículos para ver se existem outras traduções que dêem uma compreensão mais coerente deste assunto tão importante. ALGUNS PRINCÍPIOS BÁSICOS Quando Jesus ensinava os seus discípulos, Ele declarou alguns princípios básicos referentes à autoridade em Seu Reino. Vamos tomar cada um destes itens individualmente e ver como eles se aplicam à nossa situação, hoje. Novamente precisamos fazer isto com a seguinte compreensão firmada em nossa mente. Nenhum ensinamento ou prática que julgamos encontrar no Novo Testamento irá contradizer ou substituir os ensinamentos de Jesus. Todas as coisas que vieram depois de Seu ministério terreno, incluindo o livro de Atos e As Epístolas, devem ser interpretadas e compreendidas à luz de tudo quanto Ele já havia dito. A PROIBIÇÃO DE TÍTULOS Talvez o primeiro princípio que atrai a nossa atenção é que Jesus proibiu o uso de títulos corteses ou honorários entre o Seu povo. Isso mesmo. Jesus excluiu totalmente o uso de títulos na Igreja. Isto significa que não devemos usar nomes especiais, designações ou termos para separar os indivíduos como sendo especiais. Não deveríamos separar nenhum irmão ou irmã por reverência especial, respeito ou cortesia que decorrem do uso de títulos. Lemos em Mateus 23:8-10 “Mas você não seja chamado “Rabbi”. De acordo com o Dicionário Vine das Palavras do Novo Testamento, esta palavra é derivada da palavra “rab”, que significa literalmente “mestre”, o que contrasta com um escravo. Adicionando o sufixo “ei” então, significa “meu mestre”, indicando a reverente sujeição de quem fala. Tais títulos ou rótulos, incluindo a elevação que acompanha aqueles assim designados, eram e são absolutamente proibidos entre o povo de Deus. Mais adiante Jesus proibiu o título “Pai”. Chamar alguém de “Pai” é uma indicação de respeito especial e estima. Isto significa que não devemos designar nenhuma pessoa com este tipo de honra secular. Então Ele continua Seu discurso excluindo a designação especial de “Mestre” entre o Seu povo. Esta é a palavra grega “DIDASKALOS”, que significa mestre ou professor, assim indicando alguma forma de superioridade daqueles assim intitulados. Alguns textos gregos antigos substituiram neste versículo a palavra “KATHEGETES”, que significa “aquele que disciplina” (ou discipliador), “guia” ou “líder”. Claramente o uso de tais títulos está em oposição direta aos óbvios ensinamentos de Jesus. Alguns têm tentado argüir contra esta verdade óbvia citando o versículo 7 do capítulo 13 de Romanos, onde somos ensinados a dar honra a quem a honra é devida. Mas, quando lemos o contexto deste versículo, facilmente compreendemos que isto é referência às nossas atitudes para com as autoridades governamentais terrenas, tais como reis, presidentes, etc.,(vers 1 a 6) e não em nossos relacionamentos na Igreja. Outra vez, nada que apareça nas Epístolas pode ser compreendido como contradição aos ensinamentos de Jesus. Esta verdade que estivemos investigando também se aplica a todos os outros títulos religiosos. A proibição dos títulos precisa incluir palavras tais como “pastor”, “reverendo”, “bispo” e muitos outros termos de uso comum na Igreja de hoje. Quando pensamos nisto racionalmente, concluímos ser impossível que Jesus tivesse algum tipo de preconceito contra uns poucos termos. Seguramente Ele estava ensinando algo contra a prática de usar qualquer título especial para indicar algum tipo de superioridade. Ele estava nos mostrando que apenas Ele é digno de tal respeito. Ele diz: “Porque um é o seu mestre, o Cristo”, “porque um é o seu Pai, aquele que está no céu” (Mt 23:8,9,10). Ele explica que nós todos estamos no mesmo plano. Ninguém deve ser elevado acima dos outros, de modo algum. Concluindo, Ele diz: “Vós sois todos irmãos” (vers 8). Portanto, não podemos honrar qualquer outro homem ou mulher dandolhes títulos respeitosos ou amáveis. Esta prática está claramente fora da vontade de Deus. É proibido. Mas, qual é a razão para isto? Porque nosso Deus está nos ensinando a não fazer estas coisas? É porque elevar alguém sobre todos os outros, seja da maneira que for ou pela razão que for, cria uma outra cabeça sobre o Corpo. Cria uma outra fonte de autoridade. Isto confere a tal pessoa a aura de ser mais capaz de se comunicar com o Senhor do que as outras. Consequentemente, aqueles que não são assim prendados, começam a olhar para aquela pessoa especial em vez de olhar para Jesus em busca de direção e de alimento espiritual. Pouco a pouco, um tipo de “clero”, “sacerdócio” ou barreira se estabelece entre o Senhor e o Seu Povo. Isto é exatamente o que Jesus nunca desejaria que acontecesse ao Seu Corpo. É PROIBIDA A AUTORIDADE DE UM SOBRE O OUTRO Pode ser surpreendente para alguns de vocês, leitores, aprender que Jesus também proibiu qualquer um de Seus seguidores de exercer autoridade sobre os outros. Embora isto seja uma prática comum na Igreja atual, é algo estreitamente proibido por Jesus. Ele diz: “Vós sabeis que os soberanos dos gentios reinam sobre eles e são aqueles que exercem grande autoridade sobre eles. Entretanto, não deve ser assim convosco” (Mt 20:25,26). Essencialmente, Ele está dizendo: “O mundo faz as coisas desta maneira, mas vós não podeis agir assim. A maneira humana é a de que um ser humano deve exercer autoridade sobre outro, mas na Igreja isto é proibido. Não será assim no meio de vós.” Aqui Jesus não está meramente proibindo autoridades abusivas, mas toda autoridade de um sobre o outro. No Corpo de Cristo não há lugar para nenhuma figura de autoridade além de Jesus. Ele é a única Cabeça. Somente Ele é autorizado pelo Pai a liderar, dirigir e comandar Seu Povo. Ninguém, absolutamente ninguém mais, deve assumir algum tipo de autoridade sobre os outros, seja ela pequena ou grande. Esta verdade é repetida em Mc 10:42,43 onde lemos: “Sabeis que os que são considerados governadores dos povos têm-nos sob seu domínio e sobre eles os seus maiorais exercem autoridade. Mas entre vós não será assim.” Este tipo de autoridade onde uma pessoa manda ou tem controle qualquer sobre uma outra é totalmente proibido. Se vocês não compreendem esta verdade extremamente básica, vocês terão muitos problemas ao construir a casa de Deus. Pode ser que você esteja pensando nos apóstolos, profetas, pastores e mestres no resto do Novo Testamento. Possivelmente muitas questões sobre isto estão pipocando em sua mente. Mas, por favor, seja paciente. Chegaremos a estas questões ao seguirmos em frente com nosso assunto. Primeiro, precisamos estabelecer firmemente os princípios de Jesus. Então, podemos prosseguir para ver como eles trabalhavam na Igreja primitiva e o que pode ser colocado em prática hoje entre nós. Indo em pouco mais para frente, nos aprendemos que o exercício de autoridade de uns sobre os outros não apenas é proibido, mas é proibido pelo melhor dos motivos. Gosto de acreditar que a maioria dos que estão agindo desta forma na Igreja atual, tem boas intenções. Acreditam que estão usando sua autoridade para o benefício dos outros. Estão tentando ajudá-los. Estão caridosamente exercendo autoridade sobre os outros para o seu conforto e bem estar. Interessante, esta atitude e este motivo são também expressamente proibidos por Jesus. Em Lucas 22:25,26, lemos: “Os reis dos gentios dominam sobre eles e os que exercem autoridade são chamados benfeitores.” Um benfeitor é alguém que faz algo em seu benefício. Supostamente você está tirando proveito de suas ações. O exercício de autoridade dele sobre você está fazendo bem a você e lhe trazendo algum benefício. Mas, referindo-se a esta autoridade, Jesus afirma; “Mas vós não sois assim.” Nós não devemos agir assim. Esta prática nunca deveria ser encontrada no meio do povo de Deus. Realmente, não pode! Em vez de ser um benéfico e proveitoso, está impedindo o fluir da autoridade sobrenatural. Torna-se uma substituta para a verdadeira soberania de Cristo. Novamente lembramos Suas Palavras: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23:8). Não pode haver uma outra Cabeça ou fonte de autoridade no Corpo de Cristo, mesmo se isto é feito com boas intenções. Quando permitimos isto, cria-se uma situação confusa. Os crentes não sabem a quem procurar em busca de direção. Deveriam procurar Jesus diretamente ou simplesmente confiar em sua figura de autoridade? Já que a autoridade humana é mais tangível, a tendência é que esta fonte se torne a principal. Portanto, precisamos estar sempre alertas contra estas tendências. Elevar-se para ter autoridade sobre os outros ou olhar para fontes humanas, ambos devem ser evitados. TORNANDO-SE COMO CRIANCINHAS Quando Jesus estava na Terra com os Seus discípulos, frequentemente se levantava entre eles uma discussão. Parece que este era um tema freqüente nas conversações entre eles. Estavam sempre tentando decidir quem entre eles era o maior. Quem estaria acima do resto? Quem se elevaria para ser o mais reconhecido, o mais importante ou o mais respeitado? Jesus respondeu a esta discussão com uma ilustração poderosa. Ele pegou uma criancinha e a colocou no meio deles. Então, disse: “A menos que vocês se tornem como criancinhas, de maneira alguma entrarão no Reino dos Céus” (Mt 18:3). Depois, Ele diz: “Portanto, quem se humilhar como esta criança, este será o maior” (Mt 18:4). Aqui encontramos o mais importante princípio que deve governar nossos pensamentos e nossas ações no que diz respeito ao governo da casa de Deus. Aqui vemos que precisamos nos humilhar. Isto é absolutamente essencial. Se não o fizermos, estaremos em oposição à vontade de Deus. Isto contrasta diretamente com exaltar-se a si próprio ou deixar que os outros o façam. Humilhar-se a si mesmo significa não aceitar louvor. Não procurar por elogios e respeito. Não procurar reconhecimento, poder ou controle sobre os outros. O nosso jeito deve ser humilde. Não olhe para o mundo ao seu redor. Não preste atenção ao que os outros cristãos estão fazendo. Precisamos olhar para a Palavra de Deus e seguir as instruções que encontramos nela. Somente deste modo iremos receber louvor de Deus naquele Dia. Uma criancinha é humilde porque não sabe muito. Ela não tem grande poder. É muito dependente de seu pai e de sua mãe. Ela não dirige coisa alguma. Não controla ninguém. Sua posição é modesta, sem grande respeito. Por favor, deixe-me afirmar isto enfaticamente e com muita clareza. A menos que você chegue a esta posição e permaneça nela, você não pode viver sob a liderança de Deus. Você não pode entrar e nem morar em Seu Reino. Estas são as Suas próprias palavras. Isto é exatamente o que Ele nos ensinou. Não há modo de evitar este claro fato. Esta foi a resposta de Nosso Senhor à ambição de Seus discípulos por autoridade e controle. Ainda é a Sua resposta hoje. Se você chegou a uma posição elevada ou deixou que outros o colocassem nesta posição para receber respeito de outras pessoas do Corpo de Cristo, de uma maneira substancial, você foi desviado do Reino de Deus. Mais além, Jesus afirmou repetidamente: “Aquele que for o maior dentre vós, deve ser aquele que serve” (Mt 23:11). E “Mas vós não sois assim, pelo contrário, o maior entre vós seja como o menor, e aquele que dirige, seja como quem serve” (Lc 22:26). Isto mostra claramente que, em vez de querer ou tentar ascender em algum tipo de hierarquia, assumir o comando ou o controle de qualquer tipo de crentes, devemos fazer exatamente o oposto. Precisamos descer, para nos tornar escravos deles. Nosso objetivo deve ser exaltar os outros até o ponto em que eles se tornem “maiores” do que nós mesmos. Em vez de nos tornarmos os maiores, precisamos nos tornar os menores. O próprio Jesus nos mostrou este exemplo na última ceia. Lá Ele tirou Seu manto e colocou uma toalha. Então começou a exercer a função do menor entre os servos. Ele lavou os pés dos discípulos. O Deus encarnado não insistiu em ter uma posição de respeito ou autoridade. Ele se humilhou diante do Pai e diante dos Seus discípulos. Ele se tornou um servo. Esta posição é aquela onde devemos nos encontrar. Sem dúvida, a maioria dos líderes cristãos conhece este princípio. Eles lêem suas Bíblias. Isso não é uma idéia nova ou ensino secreto. O que parece estar faltando é o método de colocá-lo em prática. Para começar, precisamos ter uma firme compreensão desta idéia. É impossível estar “acima” de alguém – isto significa ter uma posição de autoridade sobre elas – e ser, ao mesmo tempo, seu escravo. É um absurdo pensar que você pode estar simultaneamente sobre e abaixo de alguém. Estas duas posições, uma de autoridade e outra de servidão, são opostas entre si. Você não pode ser as duas coisas ao mesmo tempo. Par se tornar uma, você precisa abandonar a outra. Para estar abaixo, você precisa parar de estar acima. Para se tornar um servo ou escravo, você precisa deixar de lado as suas roupas elegantes, precisa renunciar à posição de estar acima ou sobre. Você precisa deixar todos os seus títulos e a sua importância. Você precisa humilhar-se de maneira a desafiar o seu ego, a sua educação e até mesmo a sua renda. Você precisa desejar agir e viver de um modo que os outros não irão compreender ou aprovar. Construir a casa de Deus à maneira de Deus, pode desafiar a sua fé no nível mais profundo. Mas, como seu irmão, gostaria de encorajar você, porque as recompensas são grandes. Os tesouros espirituais que podem ser obtidos em obediência ao nosso Senhor, estão além da descrição. COMO ISTO PODE FUNCIONAR? Então, como pode tal ministério se manifestar? Como devemos agir? Que devemos fazer? Vamos imaginar que entre aqueles com os quais você tem relacionamento, você se torna um escravo e eles se tornam seus senhores. Como pode isto funcionar? Para começar, sabemos que um escravo não controla a manutenção da casa. Não é ele quem tem autoridade. Ele não diz ao seu senhor o que deve ser feito. Ele não organiza a vida de seu dono, nem controla nenhuma de suas atividades. Ele não recebe mais consideração que seu senhor. Ele não lucra mais do que o seu dono. Ele não tem qualquer autoridade, seja lá qual for, sobre o seu dono, para discipliná-lo, dirigir sua vida, controlar sua família ou casamento. Sua posição é muito humilde. Agora vamos supor que este escravo tenha um relacionamento com Jesus, o que faz de sua vida um exemplo. Ele não é apenas humilde, mas também cheio de amor. Ele gasta tempo meditando na Palavra de Deus e, assim, está cheio de revelações. Ele é honesto, obediente, fiel, bondoso e cheio de muitas outras virtudes de Cristo. Portanto, seus donos, que são os outros cristãos, se tornam curiosos. Querem saber o que os faz serem assim. Estão famintos por mais luz e Deus o usa para compartilhar isto com eles. Sua vida é um exemplo tão grande de pureza e de verdade que os senhores deseja ser como ele. Observando a sua vida, os donos acabam confiando no escravo e pedem sua recomendação e seu conselho. Devido ao seu relacionamento de confiança com o seu senhor, este escravo ocasionalmente oferece sua opinião ou conselho se o mestre quiser ouvi-lo. Assim, o escravo se torna uma fonte da luz de Deus e de nutrição para o senhor dele. Contudo, ele nunca deixa aquela posição de ser um humilde escravo para assumir a posição de autoridade ou controle. Aqui precisamos parar um momento para analisar um versículo bíblico. Não há dúvida de que alguns leitores estão se lembrando de 1 Ts 5:12 onde lemos: “Rogamo-vos também, irmãos, que reconheçais os que trabalham entre vós e que presidem sobre vós no Senhor, e vos admoestam” (VRC). Esta é uma daquelas ocasiões em que os tradutores da Bíblia podem ter chegado a esta obra com um preconceito que facilmente o conduziu a uma idéia errada. Aqui precisamos aplicar o princípio de filtrar tudo pelos ensinamentos de Jesus. Assim, quando nós lemos sobre alguém que está “presidendo” sobre um outro, isto não se harmoniza com o que nós temos estudado. Portanto, precisamos chegar a uma nova compreensão deste versículo. A palavra grega traduzida por “presidir” é “PROISTEMI”, que significa “andar diante” consequentemente “para liderar”. “Presidir” é uma tradução pobre e corrompida. Não há, no grego, o sentido de estar “melhor” ou “acima”, mas simplesmente “em frente” na caminhada espiritual. Assim, a tradução aqui dá aos leitores uma impressão errada e contrária às Escrituras. O verdadeiro significado aqui é que nós estamos mostrando pela nossa vida, um exemplo notável de intimidade com Cristo, para que outros o sigam. Tal “liderança” nunca deveria, de forma alguma, ser interpretada como sendo “presidendo” egual um presidente ou como dominador de alguém. A LIDERANÇA NO NOVO TESTAMENTO É PELO EXEMPLO Certamente que há liderança real na vida cristã e entre os crentes. Mas, como isto é feito? Este deve ser um tipo de liderança diferente daquele que vemos no mundo, já que deve seguir todos os princípios de Jesus, que estivemos estudando. A liderança no Novo Testamento é pelo exemplo. Aqueles que poderiam ser considerados “líderes” são aqueles que têm uma intimidade óbvia com Cristo. Está mudando suas vidas. Está impactando suas famílias. Os que estão ao seu redor estão cientes que o caráter de Jesus está sendo manifesto através deles. Estes, então, se tornam os exemplos que os outros querem seguir. Eles querem ser como eles. Tornam-se imitadores deles (1 Co 11:1), porque também querem ter a mesma intimidade com Jesus. Desta forma, estes crentes são considerados “líderes” porque estão “bem à frente” nesta corrida para ganhar Cristo. Estão demonstrando aos outros como crescer em Jesus. Por outro lado, eles não são líderes porque estão elevados sobre de um grupo de crentes, exercendo autoridade sobre eles. Naturalmente, quando alguém tem uma vida tão exemplar, os outros ficam curiosos. Desejam saber como estas pessoas humildes chegaram a um lugar tão maravilhoso. Se os outros estão realmente à procura de justiça, desejarão compreender as coisas que Deus revelou a estas pessoas. Pode ser que eles façam perguntas. Eles desejarão recomendações e conselhos. Eles se abrirão para receber daquelas pessoas, todas as coisas que Deus colocou dentro deles. Desta forma, então, este escravo pode servir aos outros, ensinando, aconselhando, amando e admoestando. Entretanto, tudo isto é feito em uma posição de modéstia e humildade. A atitude deles é a de ser “o mais novo”. Nada é feito de uma posição de superioridade, autoridade, controle ou de alguma maneira de estar “sobre” os outros. Este é o verdadeiro ministério do Novo Testamento. Além disso, nada do que este escravo faça, viola a vontade de seu(s) senhor(es) que são os outros crentes. Ele não insiste em impor a sua vontade ou a sua maneira de ser. Ele não ordena que alguém faça coisa alguma sobre a qual não esteja convencido (Rm 14:5). Ele não está organizando suas vidas. Não está dirigindo suas reuniões, planejando suas atividades ou, de um jeito ou de outro, exercendo autoridade sobre eles. A posição dele permanece uma posição de humildade. Ele não recebe louvor e elogios dos homens. Ele não deixa alguém colocá-lo numa posição de autoridade. Sua ênfase está sempre colocada em Jesus e nunca nele mesmo. Ele não se sente insatisfeito com a falta de atenção ou quando os outros não reconhecem suas palavras e seu trabalho. Já que ele não tem outra meta além de glorificar a Cristo, ele se satisfaz somente quando o seu Senhor se agrada. JUIZES E REIS Os juizes do Velho Testamento foram instituídos por Deus. Os reis foram estabelecidos pelos homens – uma instituição humana. De fato, quando os filhos de Israel pediram um rei a Samuel, afirmaram especificamente que desejavam ser como as outras nações – como o mundo ao redor deles (1 Sm 8:5). Em contraste com isto, o governo de Deus foi manifesto através dos juizes. Então, podemos extrair dos juizes uma importante revelação. Para começar, notamos que as pessoas que procuravam os juizes para aconselhamento ou julgamento, vinham por vontade espontânea. Nunca eram coagidos ou forçados. Vinham porque queriam ouvir a Deus. Os juizes eram ungidos e usados por Deus e, assim, as pessoas os procuravam. Em contraste com os reis, os juizes não dirigiam coisa alguma. Eles não governavam o país. Não organizavam um exército permanente, não criavam impostos, não começavam obras públicas, etc. Com poucas exceções, em tempo de emergência nacional (talvez uma vez em vinte anos, quando eles chamaram o povo de Deus para a batalha), sua atitude normal era simplesmente estar disponíveis para a população. Assim eles podiam servir ao povo quando este necessitava. Gideão e os outros juízes pareciam simplesmente estar em casa a maior parte do tempo. Se as pessoas necessitassem deles, tinham que ir procurá-los. Um outro juiz, Jair, parecia ter uma rota por todo o país, a fim de se tornar mais acessível (Jz 10:4). Débora tinha uma árvore, debaixo da qual ela se assentava, provavelmente em um lugar público, onde se colocava à disposição daqueles que procuravam a direção do Senhor (Jz 4:5). Eles não organizavam coisa alguma na vida diária das pessoas. Não controlavam ninguém. Eram servos e não soberanos. Estas coisas deveriam falar conosco hoje. Quando Gideão foi usado por Deus para operar uma grande libertação, o povo ficou realmente impressionado. Seguindo a tendência humana natural de querer um líder, eles tentaram fazê-lo rei. Disseramlhe: “Reina sobre nós, você, seu filho e seu neto, porque não nos livrou das mãos dos midianitas” (Jz 8:22). Mas Gideão, sabiamente, recusou este tipo de exaltação. Ele compreendia pelo menos um pouco dos métodos do Senhor. Então, replicou: “Eu não reinarei sobre vós, nem meu filho reinará sobre vós, o Senhor reinará sobre vós (Jz 8:23 23). Gideão recusou-se a ser elevado a uma posição onde poderia substituir o governo de Deus nas vidas daquelas pessoas. Como é que isto se compara ao que você está fazendo hoje? MAIS VERSÍCULOS QUE PODEM GERAR CONFUSÃO Em Hebreus 13:17, encontramos uma tradução que pode gerar nos leitores um pouco de confusão. Aqui parece que o escritor nos ensina algo totalmente oposto às palavras de Jesus. Lemos: “Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles.” É posivel entender do texto, que somos requisitados por Deus a “obedecer” a alguém. Parece que o escritor está insistindo em que há alguns seres humanos que, por causa de sua posição, são dignos de nossa absoluta obediência. Alguns têm até mesmo sugerido que nós devemos obedecer sem questionar as direções de vários líderes cristãos. Se devemos obedecer a alguém, então logicamente este alguém deve estar em posição de autoridade sobre nós. Mas, à luz das claras palavras de Jesus, como pode ser isto? Aqui o Dicionário Vine nos ajuda a conseguir uma tradução melhor. A palavra grega aqui traduzida como “obedecer” é “PEITHO”. Vine diz que ela significa “persuadir”, “conquistar”, “ser persuadido”, “ouvir a” e, então, como conseqüência disto, obedecer. Ele esclarece bem isto, dizendo; “A obediência sugerida não é por submissão à autoridade, mas como resultado de persuasão”. Veja você, quando alguém vive uma vida que exibe Cristo, somos induzidos a ouvir o que eles dizem e a permitir que sejamos persuadidos por eles. Isto é porque respeitamos a vida e o caráter deles. Isto não quer dizer que devemos obedecer alguém cegamente. Não quer dizer que devemos simplesmente fazer o que eles mandam. Ao contrário, isto indica que nós devemos considerar cuidadosamente as palavras de alguém que realmente vive em intimidade com Deus. Se e quando estão falando em nome de Deus, será bom para nós ouvirmos o seu conselho. Se nós não estamos completamente persuadidos, mas obedecemos cegamente alguém que esteja falando em nome de Deus, então nossa obediência é algo superficial. Quando nosso coração não está completamente de acordo, mas obedecemos por algum tipo de obrigação religiosa, isto é uma violação à nossa vontade. Tal “obediência” não faz nada para favorecer os propósitos de Deus ou para mudar a nossa vida. Você vê, mesmo estando fazendo o que é correto, se nossa mente não foi persuadida, isto não pode estar agradando ao Senhor. Quando nossa obediência é superficial, não somos transformados interiormente. Com este tipo de prática, somos somente conformados a alguma espécie de padrão. Quando nossa submissão não é de coração, ela não pode produzir fruto espiritual. Conforme já vimos, liderança bíblica não envolve nenhum jeito de dominação. Funciona exatamente como é afirmado num versículo anterior, isto é, “cuja fé seguem” e “considerando a conduta deles”. Os líderes tinham uma fé exemplar, que devíamos imitar. Como eles viviam suas vidas, a “conduta” deles é algo digno de consideração (Hb 12:7). Aqui não há a idéia de assumir o comando ou o controle sobre os outros. Nunca deve haver a substituição para a liderança direta de Cristo sobre cada homem (1 Co 11:3). Desta forma, estes versos não indicam algum tipo de autoridade ou estrutura de poder que são contrários aos ensinamentos de Jesus. Em vez disso, devem ser vistos em harmonia com eles. Deste modo, um escravo que caminha em intimidade com Deus, pode fazer uma sugestão ou pode dar um conselho quando alguém procura por isto. Este servo não tem que deixar sua postura de ser humilde e ficar abaixo de alguém mais. Ele nunca deve mudar para colocar-se “acima” deles. Quando este servo, obviamente, tem um relacionamento com o Senhor, precisamos prestar cuidadosa atenção às suas palavras. Precisamos considerar o que tem sido dito, com muita oração. Isto porque existe uma grande possibilidade de suas palavras serem provenientes do próprio Deus. Portanto, deveríamos estar muito atentos para sermos “persuadidos” por eles. Mas isto não indica, de forma alguma, que devemos obedecer a um homem. Até que sejamos persuadidos de que é mesmo nosso Senhor quem está falando através deste servo em particular, não se espera que obedeçamos. Esta mesma atitude de ser um servo para os outros foi expressa por Paulo. Em 2 Coríntios 1:24 ele insiste em que ele e os outros apóstolos não tinham nenhum tipo de “domínio” sobre a fé deles, mas eram simplesmente “cooperadores” do gozo deles. Preste atenção cuidadosa a isto. Eles não tinham domínio sobre estes irmãos e irmãs. Eles não eram soberanos, governantes ou figuras de autoridade. Não estavam controlando estes outros, nem suas vidas, nem suas reuniões. Em vez disso, eles eram modestos auxiliadores. Além disso, não se comportavam pomposamente, com ares de muita importância. Eram apenas servos humildes. Na verdade, Paulo confessa que sua presença era singela. Quando estava com estes crentes, ele parecia “fraco” e suas palavras pareciam “desprezíveis” (2 Co 10:10). Ele era muito humilde e despretensioso. Estava com eles “em fraqueza, em temor e muito tremor” (1 Co 2:3). Paulo não estava comandando nem era muito autoritário. Ele descreve suas atitudes como sendo “humilde entre vós” (2 Co 10:1). Talvez imaginemos que Paulo era uma espécie de figura de autoridade que andava com ares superiores, constrangedor e vigoroso, a quem todos obedeciam e respeitavam. No entanto, uma leitura cuidadosa das Escrituras revela algo muito diferente. Pedro também repete estes mesmos sentimentos. Ele induz aqueles que estão sendo usados por Deus para liderar Seu Povo, para não agir como “ser senhores sobre a herança de Deus”. Em vez disso, eles deveriam “ser exemplos para o rebanho” (1 Pedro 5:3). Isto não era para que se exaltassem. Eles não deveriam se colocar em uma posição falsa de estar em superioridade aos outros. Eles também não deveriam fazer com a expectative de receber dinheiro (vs 2). Deveriam simplesmente fazer o seu trabalho, alimentando os outros com o pão sobrenatural que é Jesus Cristo. A liderança deles deveria acontecer por meio de exemplos e de serviços humildes, em vez de algum tipo de posição de autoridade, i. é, sendo “senhores”. CONDUTORES DE AUTORIDADE É bem claro que, em todo o Universo, Deus é a fonte de toda a autoridade. Qualquer ser humano ou mesmo qualquer criatura que tenha autoridade, recebeu-a de Deus. Ele permitiu que tivessem autoridade ou mesmo que fossem colocados em posição de poder. Sem a permissão Dele, eles não teriam qualquer poder. Em nosso mundo, temos diferentes tipos de figuras de autoridade. Isto inclui presidentes, governadores, juizes, delegados, pais, etc. As Escrituras mostram claramente que estas figuras de autoridade são estabelecidas por Deus e que nós devemos lhes obedecer (1 Pedro 2:13,14). Já que o mundo está em rebeldia contra o Senhor, Ele usa estes indivíduos para agir em seu lugar para, de algum modo, subjugar a rebelião e as tendências pecaminosas da humanidade. Até este momento, Ele ainda não retornou para governar pessoalmente este mundo, então Ele delega Sua autoridade a outros, para que governem em Sua ausência. Homens e mulheres que receberam esta autoridade de Deus são frequentemente chamados de “autoridades delegadas”. Na Igreja, entretanto, Deus designou um modo diferente de governar o Seu povo. Conforme estivemos vendo, Ele é a Cabeça. Ele é o único que deve dirigir, organizar e controlar tudo. Embora a Sua presença física esteja ausente deste mundo, Sua presença espiritual é (ou deveria ser) muito real na Igreja. Jesus se levantou dos mortos! Ele está vivo! Está se movendo hoje, aqui, no meio do Seu Povo. Portanto, Ele não tem necessidade de delegar Sua autoridade na Igreja. Não há necessidade de que os outros ajam por Ele em Sua ausência. Já que Ele está vivo, bem e presente, Ele é perfeitamente capaz de dirigir tudo sozinho. Naturalmente, já que Ele vive “nas pedras vivas” de Seu Templo, que são homens e mulheres, às vezes Ele se expressará por meio destes vasos. Ele os usa como condutores, através dos quais manifesta Sua autoridade. Já que Jesus mora em Seu corpo, Ele fala frequentemente através dos diferentes membros do Seu Corpo. Quando alguém é frequentemente usado por Deus deste modo, passa a ser conhecido como “líder”. Seu relacionamento íntimo com Jesus o faz útil a Ele para revelar Sua vontade. Sua vida transformada fornece um claro caminho para Ele expressar Sua liderança. Estas pessoas são os vasos que Ele geralmente usa para falar ao Seu povo e para liderá-los. Eles se tornam canais da autoridade de Deus. Entretanto, um ponto deve estar muito, muito claro em nossas mentes. Não importa a freqüência com que Deus use alguém como um vaso para manifestar Sua autoridade, este alguém nunca se torna esta autoridade. A autoridade nunca pertence a ele. Ele ou ela permanecem sempre um(a) servo(a) humilde, através do(a) qual, a vontade de Deus é manifesta. Esta é a única compreensão bíblica que pode harmonizar os ensinamentos de Jesus e a prática da Igreja do Novo Testamento. É a única maneira pela qual alguém pode continuar a ser escravo ou servo e, ainda assim, manifestar autoridade. Isto só pode acontecer quando a autoridade não pertence àqueles através dos quais ela está sendo manifesta. Se alguém pode receber ou tem sua posição de autoridade sobre os outros, isto automaticamente os coloca em uma situação incompatível com a Escritura. Qualquer tipo de posição de autoridade deve, por definição, ser sobre alguns ou sobre todos os outros. Novamente, é impossível estar “sobre” e “embaixo” ao mesmo tempo. Muito têm visto que o exercício de autoridade na Igreja hoje, geralmente vai mal. Eles vêem coisas muito prejudiciais, errôneas e mesmo ridículas sendo feitas em nome da liderança. Entretanto, eles têm suposto que o problema é com os homens e mulheres que estão exercendo esta autoridade. Eles imaginam que, se estes líderes fossem somente um pouco mais transformados ou mais bem equipados ou treinados, ou melhor supervisados pelos outros homens ainda mais espiritual, eles fariam as coisas corretamente. Se estes líderes tivessem longos anos de experiências e provações, se eles apenas tivessem a preparação necessária, então iriam agir de maneira diferente. Talvez então eles pudessem suportar ser uma autoridade sobre os outros. Mas, quando pensamos sobre isto logicamente, rapidamente compreendemos que esta idéia nunca irá funcionar. Conforme já afirmamos, há literalmente centenas, se não milhares de grupos cristãos brotando pelo mundo todo a cada dia. Então, onde poderíamos encontrar tantos líderes bem preparados? Onde poderíamos encontrar aquele número de crentes que são tão maduros, tão completamente transformados, que poderiam ser confiáveis em sua própria autoridade e ainda exercê-la de um modo divino? Se necessitássemos de apenas uma figura de autoridade para cada grupo, onde poderíamos encontrar um suprimento de tantas pessoas quebrantadas e humildes? Além disso, como os levaríamos para o lugar onde deveriam estar? A resposta deve ser que devemos deixar a liderança da Igreja no lugar ao qual ela pertence – com o Senhor. Precisamos ensinar uns aos outros como nos submeter a Ele. Precisamos nos ajudar a entrar em um relacionamento íntimo com Jesus e a mantê-lo. Precisamos trabalhar para estabelecer Sua autoridade na vida deles. Assim, eles serão capazes de ouvir Suas ordens. Serão capazes de sentir Sua direção. Já que tais pessoas estão verdadeiramente submissas a Jesus em seus corações, serão capazes de ouvir Sua voz, mesmo quando Ele está falando através de outros irmãos e irmãs. Não importa se é através de um líder, através de um modesto, humilde e desconhecido membro do Corpo de Cristo ou mesmo através de um jumento, eles ouvirão Sua voz e obedecerão. A autoridade da Cabeça frequentemente flui através dos membros do seu Corpo. Por exemplo, quando Paulo o apóstolo ensinava, exortava ou admoestava os outros em suas epístolas, sabemos que era o Espírito de Deus falando através dele. Ele estava sendo ungido para escrever estas palavras. Portanto, a autoridade manifesta aqui não era dele. Não pertencia a ele, mas era simplesmente uma exibição da autoridade da Cabeça. Do mesmo modo, hoje Jesus fala através do Seu Povo. Sua autoridade é frequentemente manifesta através dos outros, para aqueles que têm ouvidos para ouvir. Moisés foi um bom exemplo de tal condutor de autoridade. Ele andava em tal intimidade com Deus que falava com Ele “face a face, como um homem fala com o seu amigo” (Ex 33:11). Quando Deus revelou Sua vontade a Moisés, então ele agiu. Quando Sua Palavra veio a ele, Moisés falou. Ele era um vaso que era muito, muito usado por Deus para expressar Seus planos e Sua vontade. Moisés não estava iniciando coisa alguma. Não estava planejando e liderando o povo por conta própria. Quando os outros o desafiavam, ele tentava lhes explicar que era realmente Deus quem estava falando e agindo através dele. Ele disse: “Vós e todos os vossos companheiros estão reunidos contra o Senhor” (Nr 16:11). Entretanto, uma única vez Moisés tomou esta autoridade sobre si mesmo. Uma única vez ele assumiu a posição de autoridade sobre o resto e agiu do alto desta posição. Em vez de permitir que Deus trabalhasse através dele, agiu como uma figura com autoridade própria. Bateu na rocha com ira, em vez de obedecer a Deus. Devido à situação, Deus o honrou e lhe permitiu o sucesso. Entretanto, este ato custou a entrada dele na terra prometida. Apenas este instante agindo com a autoridade delegada por Deus em vez de ser o vaso de autoridade transmitida, trouxe um custo muito alto. Talvez devêssemos considerar cuidadosamente este exemplo hoje. Como deve ser importante para o Nosso Senhor, ser aquele que conduz o Seu Povo! Como é crucial para Ele que a Sua autoridade seja mantida. Vendo o que este ato de autoridade posicional custou a Moisés, deveríamos examinar nossas próprias vidas e autoridades hoje. É possível que muitos tenham se decepcionado. Eles estão agindo e falando de uma posição de autoridade sobre o povo de Deus. Estão planejando, organizando e liderando os outros. Entretanto, não caiu sobre eles um julgamento visível. Então, imaginam que deve estar tudo OK, Deus deve estar aprovando o que eles estão fazendo. Mas estes queridos irmãos e irmãs estão falhando em ver o futuro. Hoje estamos na Era da Graça. A maior parte do tempo, Jesus nos permite fazer nossas próprias escolhas e seguir nosso próprio caminho. Ele está esperando para julgar o Seu Povo quando aqui voltar. Será então que teremos que responder por nosso comportamento de modo a contradizer Suas claras instruções. Será então que nossas obras serão testadas pelo Seu fogo. Significativamente, somos ensinados que “naquele dia, muitos primeiros serão últimos e os últimos, primeiros” (Mt 19:30). Você percebe que há hoje demasiadas pessoas que assumem posição de autoridade sobre as outras. Elas se colocam em primeiro lugar. Estão ganhando popularidade e seguidores. Estão bem à frente da liderança de congregações do povo de Deus. Talvez imaginem que estão tendo sucesso. Aparentemente eles são “os primeiros”. Mas, quando Jesus voltar, todas estas coisas serão expostas à luz de sua graça. A Palavra que Ele falou irá nos julgar (Jo 12:48). Isto significa que Seus claros ensinamentos que estivemos estudando – os quais muitos conhecem, mas não estão seguindo – irão julgá-los. Para muitos, toda a sua importância e posição será vista pelo que realmente é – algo terreno e humano. Toda ambição de se esforçar para ser o maior e o mais feio orgulho irá sobressair-se com a maior clareza. Tudo que almeja atenção, poder e mesmo dinheiro, será exposto como sendo lascívia da carne caída. Pode ser que em seu caso, Deus use você de vez em quando para manifestar Sua autoridade. Talvez você seja um vaso que Ele usa para transmitir Sua vontade a outros. Confiantemente, você tem aprendido a ser um servo humilde e não está tentando ser senhor sobre qualquer outra pessoa. Entretanto, ainda há uma outra coisa adicional que precisamos entender. Nunca compete a nós impor a autoridade de Deus. Nós não somos responsáveis por tentar convencer o povo a fazer o que Ele diz. Talvez você esteja certo que Deus o tenha usado para dar alguma direção ou alguma revelação a uma outra pessoa. Sua parte termina aí. Quer eles ouçam ou não, quer eles obedeçam ou não, não é sua responsabilidade. Você fez o que Deus queria que você fizesse, agora está nas mãos Dele. Ele é Aquele que falou, portanto, é Ele quem deve cuidar dos resultados. ESCOLHENDO ANCIÃOS Sem dúvida, alguns irão dizer “Mas Paulo e os outros escolheram ou ordenaram anciãos em cada Igreja. Portanto, não devemos nós também escolher tais figuras de autoridade? Mais uma vez o Dicionário Vine nos dá um discernimento importante. A palavra grega traduzida por “escolher” é “CHEIROTONEO”, que significa literalmente “estender as mãos para”. Vine escreve: “Não é uma ordenação eclesiástica formal, mas ‘um apontar o dedo’ para o reconhecimento das Igrejas, por aqueles que já foram levantados e qualificados pelo Espírito Santo e já tinham dado evidência disto em suas vidas e em suas obras”. Para entender isto claramente, precisamos imaginar o contexto no qual foi dada esta direção. Na Igreja primitiva havia uma situação muito diferente do que vemos hoje. Nunca antes houvera Igrejas nestas diversas cidades. A idéia de Igreja era uma coisa bem recente. Além disso, havia demasiados novos crentes que necessitavam de cuidados, conselho e atenção. Em Jerusalém, novos convertidos sabiam facilmente onde procurar por conselho e direção. Os doze apóstolos haviam caminhado com Jesus. Mas, nestas outras cidades onde a idéia de Igreja era uma coisa bem recente, quem eram aqueles a quem Deus estava usando? Quem estava andando em intimidade com Deus e, portanto, poderia ser procurado para dar conselhos e recomendações. Por estarem estes crentes em infância espiritual, não tinham discernimento para perceber quem eram aqueles que tinham mais maturidade espiritual. Portanto, Paulo achou necessário apontá-los para eles. Ele não estava “apontando” estes homens para posições de autoridade, mas os estava indicando (estendendo as mãos para apontálos = CHEIROTONEO) para o benefício dos outros, daqueles que estavam em comunhão com Jesus. Estas eram pessoas cujas vidas eram um testemunho de seu crescimento e dos seus dons. Assim sendo, elas deveriam ser usadas por Deus como exemplos para o rebanho. TERMINOLOGIA BÍBLICA No Novo Testamento, encontramos muitas palavras diferentes que acabaram se transformando em títulos e posições na Igreja. Lemos sobre pastores, mestres, anciões, profetas, diáconos, e assim por diante. Como então podemos compreendê-los à luz de nossa atual discussão? Primeiramente precisamos entender que tais termos nunca são usados na Bíblia como títulos. Nunca lemos sobre “Pastor” Pedro ou “Apóstolo” Paulo ou “Ancião” Tiago. Pelo contrário, elas eram a descrição das funções em que serviam, dos dons e chamadas destes homens particulares. São palavras usadas para indicar que tipo de servos eram estes homens, não a espécie de posição que haviam conseguido. Encontramos, por ex., Paulo, “um servo de Deus e um apóstolo de Jesus Cristo”(Tito 1:1) e Pedro, “um servo e apóstolo” (2 Pedro 1:1). Então, como podemos entender estes termos? Como um exemplo, podemos olhar para o mundo à nossa volta. Em nossa sociedade, temos muitos tipos diferentes de profissões. Temos carpinteiros, pedreiros, encanadores, mecánicos, programadores, etc. Estas palavras são a descrição do tipo de trabalho que estas pessoas fazem. Não são posições de autoridade sobre o resto da sociedade. Considera-se que tenham alguma habilidade especial em sua área de serviço. Sem dúvida, eles têm experiência que os qualifica para dar conselhos a outros que pretendem fazer o mesmo trabalho. Mas não são títulos ou posições, são simplesmente descrições do tipo de serviço que estas pessoas executam. Durante todos estes anos, desde que o Novo Testamento foi escrito, estas palavras descritivas como pastor, ancião, etc. têm sido retiradas de todo contexto e alteradas. Elas passaram a significar algo diferente e, em muitos casos, completamente oposto do que significavam dois mil anos atrás. Um exemplo disto é a palavra “ministro”. Hoje em dia pensamos em um ministro como alguém que dirige uma Igreja. Entretanto, a revelação da Escritura do que é ser “um ministro” é muito diferente. Há três palavras diferentes no grego que são traduzidas em português como “ministro”. A primeira é “DIAKONOS”. Significa servo ou atendente. Indicava um simples servo doméstico. Frequentemente é traduzida como “diácono”. A segunda palavra, “LEITOURGOS”, refere-se a alguém que servia o público com uma capacidade especial, às suas próprias custas. A terceira palavra, “HUPERTES, originalmente significava “abaixo de remador”, que era uma classe inferior de marinheiro. Mais tarde passou a significar qualquer subordinado agindo sob a direção de outro. Certamente este tipo de “ministro” não dirigia o navio. Algumas outras palavras que são usadas para falar daqueles que são servos espirituais, são: DOULOS “um escravo”; OIKETES “um servo caseiro”; MISTHOIS, “um servo alugado” e PAIS, um servo menino (Definições do Dicionário Vine do Novo Testamento). Não há nada em nenhum destes termos que indique uma posição de autoridade ou controle sobre os outros. A verdade é exatamente o oposto. Vemos aqui que a Bíblia frequentemente usa terminologia para os servos de Deus, que se referem aos menos estimados membros da sociedade. Eles eram os mais inferiores servos domésticos. Outros termos que comportam investigação são “ANCIÃO”, “SUPERVISOR” ou “BISPO”. Anciãos eram pessoas de idade avançada e muita experiência. Eles não tinham idéia de que uma pessoa de 20 anos de idade pudesse ser “ancião”. Teriam achado isso ridículo. Tais homens, por terem vidas exemplares e serem considerados sábios, eram procurados para conselhos e recomendações. Eles não governavam o povo. Os anciãos do Novo Testamento agiam deste modo. Outro termo, “Bispo”, vem do grego EPISKEPOS, que significa “examinar” ou “zelar por”. A segunda parte desta palavra, “SKOPEO”, foi tomada e traduzida como “bispo”. O verdadeiro significado aqui parece totalmente claro. Aqueles que são maduros, têm muita experiência e andam em intimidade com Jesus, têm uma responsabilidade. São uma espécie de observadores ou “supervisores”. Quando as coisas começam a ir mal na vida de alguns crentes, estes observadores são aqueles que notam isto. Eles, então, têm a responsabilidade diante de Deus, de orar e ver o que Deus deseja que digam ou façam para servir nesta situação. Isto não significa que eles têm autoridade para dirigir a vida de outras pessoas. Eles sabem que somente Deus pode transformar alguém ou mudar sua situação. Entretanto, com toda humildade, eles podem dar conselhos, avisos ou sugestões. Outra vez, isto não tem nada a ver com solicitar submissão dos outros, mas simplesmente servi-los para o seu bem estar, com esta capacidade de observar de fora. Também devemos observar o que estes irmãos estão ou estavam supervisionando. Será que esta palavra indica que eles estavam dirigindo uma organização religiosa? Será que eles estavam supervisionando as atividades de alguma Igreja? Eram eles que decidiam onde e quando as pessoas deveriam se encontrar e que papel cada membro teria na organização? Eles estavam planejando e dirigindo todas as atividades do grupo? Não! Estas idéias não são encontradas no Novo Testamento. Nunca houve um grupo de homens dirigindo a Igreja. Tal direção era o trabalho da Cabeça. Em vez disso, os supervisores estavam simplesmente atentos às vidas individuais dos outros crentes. Estavam sempre vigilantes para ver se as outras pessoas estavam bem em seu relacionamento com o Senhor. Quando ocorria algum problema, se alguém estivesse com uma necessidade física ou espiritual, eles então poderiam procurar a Deus para saber como ministrar Sua Vida naquela determinada situação. Uma outra palavra que devemos discutir é “APÓSTOLO”. Ela significa alguém que foi enviado por uma outra pessoa para fazer um serviço. Por exemplo, você pode mandar um encanador para a sua casa, a fim de consertar um vazamento. Você poderia enviar o garoto vizinho para comprar um pãozinho para café de manha. No Novo Testamento, foi o próprio Deus quem enviou alguns homens com uma visão celestial. É tarefa deles compartilhar esta revelação a todo aquele que estiver aberto para recebê-la. O fato de Deus ter enviado estas pessoas, certamente dá um certo peso ao que elas têm a dizer. Assumindo que alguns são apóstolos genuínos e não falsos, precisamos prestar cuidadosa atenção à mensagem deles. Mas eles não foram e não são enviados pelo Senhor para dirigir a Igreja. Eles não estão autorizados a assumir uma posição de controle ou importância. São simplesmente humildes servos dos outros, irmãos e irmãs. Aqueles que proclamam ser apóstolos e não compreendem esta verdade, não podem ser genuínos. A grande maioria da Igreja e até mesmo o mundo compreendem estes termos de um modo que não se harmoniza com a mensagem de Jesus. Portanto, é meu costume evitá-los. Embora estes termos estejam na Bíblia e, portanto, sejam termos legítimos, eles são quase universalmente mal entendidos. Se os usamos, corremos um sério risco de expressar uma idéia ou dar uma impressão erradas. Descobri que é virtualmente impossível reeducar tudo mundo sobre o real significado de tais palavras. Talvez devamos retroceder ao que João Batista disse de si mesmo: “Eu sou a voz do que clama no deserto” (Jo 1:22,23). Ali estava João, de quem fora dito que nenhum profeta maior do que ele houvera existido (Mt 11:11). Mas, quando as pessoas vieram questionar sobre quem ou o quê ele era, recusou-se a se exaltar. Em vez de insistir que era alguém ou alguma coisa, ele se descreveu como uma voz solitária, gritando no deserto. Ele tomou uma posição de humildade. Em nosso caso então, nos humilhar e glorificar a Jesus nunca pode dar errado. Mais adiante neste livro, discutiremos como funcionam algumas destas funções de serviço. Tentaremos falar como a Igreja genuína pode ser experimentada. Mas, por ora, precisamos seguir para outras questões sobre autoridade. UM SERVO HUMILDE Um verdadeiro servo de Deus e do Corpo de Cristo pode ser frequentemente difícil de reconhecer. Isto é porque tal servo é humilde. Ele não exalta a si mesmo. Ele não está empurrando para frente a si mesmo e a seu ministério. Ele não está procurando uma oportunidade de mostrar seus dons aos outros. Não está procurando reconhecimento. Ele não tem título ou posição de prestígio. Portanto, ele não se distingue como alguém especial. A menos que tenhamos olhos espirituais, será fácil para nós perder este vaso de Deus. Esta deve ser exatamente a razão pela qual o escritor de Hebreus escreveu sobre a necessidade de nós reconhecermos tais pessoas (Hb 13:7,17). (Note bem que a Palavra disse “reconhecer” e não “dar reconhecimento”). O autor de Hebreus nos incita essencialmente a prestar cuidadosa atenção ao que eles dizem. Já que eles eram humildes, não ficavam insistindo em sua própria autoridade. Já que eram servos, era fácil para os outros negligenciarem suas advertências ou seus conselhos. Portanto, era natural que os outros não reconhecessem a autoridade do Senhor sendo manifesta na vida deles. Vindo de um mundo secular, onde as pessoas olham e admiram aqueles que têm títulos, posições, fama e transpiram um ar de importância. Então, eles, provavelmente, tinham problemas em reconhecer aqueles servos humildes a quem Deus estava usando. É possível que a situação daqueles dias fosse quase o oposto do que sabemos hoje. Os verdadeiros líderes espirituais não eram reconhecidos ou ouvidos. As pessoas não tinham discernimento espiritual para imaginar que era o Senhor falando através deles. Então, os escritores das Sagradas Escrituras precisavam induzir as pessoas a ver e a ouvir o Senhor falando através dos outros. Bem, num segundo pensamento, talvez isto não seja tão diferente de hoje, apesar de tudo. DIOTROPHES Isto nos traz o exemplo de Diotrophes. Eis um homem que amava ter uma posição. Ele gostava de controlar os outros. Adorava a atenção e poder que tal situação trazia a ele. Ele amava “ter a proeminência entre eles” (3 João 9). Portanto, ele se levantou para assumir o controle da Igreja. Tornou-se o líder. Ele era o homem na chefia. Uma conseqüência disso é que Diotrophes teve que começar a proteger o território cujo controle havia assumido. Quando os outros se aproximavam – qualquer um que estivesse andando “em verdade” (vs 12), isto é, alguém que pudesse expor a ambição egoísta dele, – ele tinha que se livrar deles. Ele tinha que “proteger” seu rebanho destas “más” influências. É quase inevitável que, quando alguém assume esta posição de poder, entre em contenda com os outros para proteger sua posição. Quando você não tem posição ou poder, você não tem nada para defender. Mas, uma vez que você assume controle sobre os outros, mais cedo ou mais tarde, alguém com um dom ou um ministério poderoso irá aparecer em cena. Então eles podem ser vistos como uma ameaça. No caso de Diotrophes, ele usou alguns métodos antiqüíssimos para defender seu território. Suas táticas de defesa eram as mesmas usadas hoje por muitas pessoas. Ele tentou enfraquecer o testemunho de qualquer ameaça aparente à sua posição com críticas, calúnias e censuras. Até usou linguagem bombástica contra João “com palavras maliciosas” (vs 10). Sem dúvida, ele difamava o caráter dos outros, suas práticas e suas doutrinas. Além disso, ele não receberia qualquer um que discordasse dele. Ninguém poderia ter camaradagem com este grupo a menos que se conformasse com as suas idéias. Também, se alguém da congregação começasse a descobrir falhas em seus modos, ele os expulsava (vs 10). Talvez as coisas na Igreja tenham mudado muito pouco desde aqueles tempos. Disputas tão feias por controle e poder não são estranhas ao povo de Deus, hoje. A RESTAURAÇÃO DA IGREJA Neste século se levantou uma nova idéia teológica. Este pensamento é que a prática genuína da Igreja necessita ser “restaurada”. Isto significa que deveríamos retornar à prática da Cristandade, incluindo nossa vida diária, ministério e estilo de reuniões, como eles faziam no Novo Testamento. Um dos que deram origem a este movimento foi Watchmann Nee. Desde o tempo dele, muitos outros se levantaram, afirmando ser detentores do padrão para tal restauração. Cada um acredita que compreendeu o “padrão do Novo Testamento” mais precisamente e está trabalhando para conformar as Igrejas debaixo de sua influência a este padrão. Para alguns, este padrão é o reconhecimento dos apóstolos e a submissão a eles. Eles insistem em que, nos submetendo à autoridade deles, chegaremos à experiência da Igreja primitiva. Uma parte do pensamento deles é que na Igreja atual está faltando autoridade apostólica e, pela restauração da submissão a estes apóstolos, a verdadeira Igreja será experimentada. Incontáveis apóstolos estão circumnavegando o mundo, procurando por grupos vulneráveis às idéias deles e conformando-os à sua ênfase particular. O pensamento deles é que, quanto mais grupos tiverem “debaixo” deles, mais a Igreja verdadeira será restaurada. Embora as fórmulas variem de acordo com os indivíduos, a idéia geral é que, apenas através da submissão a seu ministério, as pessoas podem, realmente, estar agradando a Deus. Outros têm uma doutrina básica. Alguns pensam, por exemplo, que, se nós somente nos encontrarmos debaixo da bandeira de ser “a Igreja em alguma cidade em particular” (a Igreja em Nova Iorque, por ex,) estaríamos nos reunindo de forma correta. Eles pensam que o segredo está no nome que eles dão para identificar seus encontros. As Igrejas do Novo Testamento, dizem eles, não tinham nome, mas eram apenas identificadas pelo nome de sua localidade. Assim, se eles pudessem persuadir a cada um para deixar de lado os seus nomes individuais e se encontrar com eles embaixo da bandeira de ser “a Igreja da cidade de...”, a unidade da Igreja seria restaurada. Esta seria, então, a verdadeira experiência do Novo Testamento. Mais recentemente iniciou-se um movimento que faz encontros nos lares. Acredita-se que o problema da Igreja atual é o local onde nos encontramos. A construção de grandes catedrais, obviamente, é antibíblica. O formato de um líder na plataforma e o resto nos bancos, inibe o funcionamento apropriado do Corpo. Portanto, se voltássemos às práticas do Novo Testamento de encontros nas casas, tudo se transformaria. Isto iria agradar a Deus. Então agora vemos “o movimento da Igreja no lar” colocado como resposta para a restauração da Igreja. Livros estão sendo escritos e conferências estão sendo feitas para propagar esta prática essencial. A idéia básica por trás deste e de muitos outros esforços, é esta: se nós, de alguma forma, pudéssemos voltar ao padrão exato e à prática dos crentes do Novo Testamento, Deus se agradaria tanto, que desceria correndo do céu para nos abençoar. Se, de algum modo pudéssemos por “as coisas em ordem”, isto seria exatamente o que Jesus estaria esperando ansiosamente e então começaria um reavivamento. Se nós, finalmente, pudéssemos imitar o que os cristãos faziam no livro de Atos, então seríamos cheios do Espírito e de poder. O que Deus poderia desejar mais do que uma exata reprodução da cristandade do Novo Testamento? Meu conselho para estes queridos irmãos é: Esqueçam isto. Desta forma, nunca chegaremos ao lugar onde Deus nos quer. Nunca poderemos restaurar a Igreja. Simplesmente, este não é o nosso trabalho. Somente Ele pode fazê-lo. Se imaginamos que podemos “restaurar” a Igreja ao padrão e às práticas do Novo Testamento e que, de alguma forma, isto irá agradar a Deus, estamos enganados. PRECISAMOS RESTAURAR A CABEÇA O problema com esta idéia, é que estamos colocando o carro na frente dos bois. Não podemos restaurar a Igreja. Jesus é o único que pode restaurar qualquer coisa. Portanto, o que precisamos é recolocar Jesus em seu lugar de direito entre nós. Precisamos restaurar a Cabeça. Quando Ele for a Cabeça sobre todas as coisas em nossa experiência cristã, então, e somente então, a Igreja será restaurada. Enquanto tivermos entre nós “cabeças” competindo com Cristo e outras figuras de autoridade entre nós, sempre estaremos fora da meta. Porque não temos hoje a experiência do Novo Testamento? É porque perdemos nossa Cabeça. Nós A substituímos por homens que usam uniformes, títulos e posições. Temos olhado para figuras de autoridade que são terrenas, humanas e falíveis, em vez de olhar para o Único que deve dirigir todas as coisas. Nós temos colocado nossa confiança em meros seres humanos, em lugar do nosso divino Líder. Em vez do Deus invisível ser o Senhor responsável por nossas vidas, nossos ministérios e nossos encontros, nós temos meros seres humanos como nossos guias. Temos pensado que poderíamos relegar Jesus ao lugar de um mero espectador, enquanto nós andamos de cá para lá, fazendo coisas bíblicas para agradá-Lo. Se quisermos reavivamento, precisamos recolocar Jesus em Seu legítimo lugar entre nós. Se quisermos experimentar o mesmo que os primeiros crentes, precisamos remover toda e qualquer “autoridade” substituta. O único jeito do Corpo de Cristo funcionar normalmente é com a verdadeira Cabeça governando cada atitude e ação. É tempo de homens e mulheres de Deus se levantarem e recusarem toda autoridade terrena. A hora chegou para que todos os crentes se arrependam de sua dependência da liderança humana. Também é o tempo para nos arrependermos se somos culpados de ocupar o lugar de Jesus no meio de Seu Povo. Hoje é o dia para voltarmos ao nosso verdadeiro Rei e entronizá-lo como o autor e o consumador de todos os nossos encontros na Igreja e de nossos relacionamentos. Agora é a hora de restaurar o governo de Deus entre nós. Nós podemos depender Dele para nos levar de volta ao genuíno padrão do Novo Testamento. Na verdade, este é o padrão do Novo Testamento. |