A Grain of Wheat Ministries

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CAP. II
A SUBSTÂNCIA DA IGREJA
Quando nos convertemos e começamos a pensar em trabalhar
junto com Deus para cumprir Seus propósitos eternos, primeiro
precisamos receber D’ele uma revelação. Precisamos ter anteriormente
subido “ao santo monte de Deus”. É lá que percebemos o que está em
Seu coração e é lá que compreendemos o que devemos construir e
como fazê-lo. Sem esta revelação, é possível e até bem provável que
muito do nosso tempo e energia será gasto construindo algo que Ele
não deseja.
Uma das coisas sobre as quais devemos ter certeza quando
começamos a construir é sobre o tipo de materiais que devemos usar.
Quando estamos construindo a habitação do Deus eterno, há normas
específicas que precisamos seguir no que diz respeito aos materiais
empregados. Não somos livres para usar o tipo de elementos que
consideramos corretos. Se quisermos satisfazer o coração de Deus,
precisamos seguir cuidadosamente o plano divino.
Por um lado, nós podemos facilmente construir com materiais
naturais. As Escrituras chamam estas coisas de “madeira”, “palha” e “feno”.
Estes itens são representativos do que o ser humano pode fazer por si
próprio. Por exemplo, um homem natural pode planejar. Ele pode
organizar. Ele pode administrar. Ele pode usar seus talentos dados por
Deus para influenciar pessoas e até mesmo atrair seguidores.
Muitos homens e mulheres podem persuadir muitos outros sobre
sua posição. Eles podem recrutar outros para se unir às suas fileiras.
Podem dar conselhos, ensinar, e até pregar sobre um grande número de
assuntos. Podem fazer discursos interessantes, poderosos e cheios de
emoção. Estas e muitas outras coisas podem ser feitas pelo homem
natural.
Já que o homem natural pode fazer todas estas coisas, é fácil para
nós fazermos todas elas quando começamos a trabalhar para Deus.
Especialmente se temos habilidades em algumas destas áreas, é muito
natural pensar que podemos usar nossos recursos para ajudar a
construir a casa de Deus. Mas, como a origem destas coisas é terrena e
humana, elas realmente são apenas madeira, palha e feno. Não importa o
quão impressionante seja a estrutura que estamos construindo. O que
conta é o tipo de material que usamos na construção.
As Escrituras também mencionam outros tipos de materiais de
construção: ouro, prata e pedras preciosas. Estes itens são
representativos de materiais de origem divina. Estes itens não são as
obras que os homens fazem para Deus, mas as obras que o próprio
Deus faz através dos homens. Quando estamos construindo com
materiais divinos, não somos mais nós que estamos fazendo a obra, mas
Deus que vive e se move através de nós para cumprir Seus propósitos.
Muitos homens têm habilidades. Alguns podem construir uma
choupana ou uma casa. Outros possivelmente poderiam construir um
avião. Outros ainda são capazes de desenhar e construir espaçonaves
ou computadores gigantes. Há coisas realmente notáveis que os homens
têm construído.
Mas ainda há uma coisa que o homem não pode construir. Ele não
pode fazer um ser vivo. Nenhum homem pode juntar célula com célula,
conectar as várias células aos nervos, fazer ossos e músculos, vários
órgãos específicos e fazer com que tudo viva e respire. Somente Deus
pode dar a vida e fazer um ser vivo.
A casa de Deus, na qual Ele irá morar toda a eternidade, é uma
casa viva. Nós, o Seu povo, somos “as pedras vivas” desta casa (1ª
Pedro 2:5). A casa de Deus não é uma estrutura física, estática, como a
que construiria qualquer presidente ou rei na Terra. Ao contrário, é uma
construção que é viva, com a vida de Deus. Será um tabernáculo vivo,
que respira e move. Será um vaso no qual Ele será visto e através do
qual Ele viverá, se moverá e se expressará no Universo.
Já que nenhum homem pode fazer algo vivo, é claro que nós não
podemos construir coisa alguma para Deus por nós mesmos. O melhor
que podemos fazer é trabalhar junto com Ele (1ª Co 3:9). Seguindo a
Sua liderança momento a momento e confiando plenamente em Seu
poder podemos ser usados por Ele para construir algo que O agrade.
Mesmo se tivéssemos tido a revelação do produto final, ainda
assim, não temos a habilidade sobrenatural para fazer aquilo que vimos.
Podemos ter tido uma visão divina. Podemos ter tido um vislumbre de
Sua casa eterna. Mas nós somos e sempre seremos dependentes de
Deus para fazer a obra em nós e através de nós. A revelação nunca nos
faz capazes de fazer as coisas por nós mesmos. Em vez disso, como
criancinhas, precisamos andar de mãos dadas com o nosso Criador e
cooperar com o que Ele está fazendo a cada dia.

DEUS DESEJA UMA NOIVA

“Então o Senhor Deus fez cair pesado sono sobre o homem e este
adormeceu: tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne”.
(Gn 2:21-22).
Aprendemos nas Escrituras que Nosso Senhor está preparando
uma noiva para Si (Ap 21:19). No Velho Testamento, lendo sobre a
criação de Adão e Eva, encontramos um quadro profético referente à
futura noiva de Cristo. Aqui podemos entender bem sobre o tipo de
materiais que Deus quer usar. É dito que Adão foi criado “do pó da terra”
(Gn 2:7). Ele foi feito de material comum, terreno.
Mas, quando Eva, sua noiva, foi criada, Deus usou algo diferente.
Eva foi feita de algo que saiu “do lado” de Adão. Nada mais foi
acrescentado. Nenhum “pó”, nenhuma madeira, folha, ou pedra foi usado.
Deus usou apenas o que Ele havia retirado do lado de Adão para fazer
sua noiva. Esta história antiga ainda fala conosco hoje.
Assim como Adão foi colocado para dormir a fim de que Deus
executasse nele a primeira cirurgia para a retirada do material com o qual
faria a noiva, assim também Jesus “caiu adormecido” na cruz. Lá, o
cirurgião assistente de Deus, o soldado romano, fez uma incisão no lado
de Jesus e algo muito precioso jorrou: sangue e água (Jo 19:34). O
sangue e a água, representando a vida derramada de Cristo, são as
genuínas substâncias que o Pai está usando hoje para construir uma
noiva, Sua Igreja. Assim como no caso de Eva, nada humano pode ser
acrescentado. Nenhum outro ingrediente pode ser usado. Somente a
vida de Jesus Cristo pode ser usada para edificar uma noiva que o Seu
coração deseja.

A VIDA DE DEUS

Já que esta vida é a substância, de fato é a única substância que
podemos usar para construir apropriadamente a santa habitação de
Deus, talvez seja bom para nós gastar um tempo para investigar
exatamente o que é isto. Embora alguns leitores possam já estar bem
familiarizados com este material, para muitos será algo novo e muito
importante.
No Novo Testamento que foi escrito originalmente em grego,
encontramos pelo menos três diferentes palavras gregas que são
traduzidas por uma única palavra em português "vida". Evidentemente, os
gregos tinham uma cultura filosófica, com uma compreensão mais rica e
mais ampla da vida do que temos hoje. Então eles usaram várias
palavras diferentes para expressar estas idéias.
Neste momento, três palavras gregas vão ter a nossa atenção. Elas
são “BIOS”, “PSUCHÊ” E “ZOE”. Estas três palavras são traduzidas por
uma única palavra portuguesa – “vida”, embora elas tenham significados
diferentes. Portanto, é importante conhecermos o significado destas
palavras e fazer a diferença entre elas enquanto lemos a Bíblia. Desta
forma, podemos ter uma compreensão melhor do que a Bíblia está
dizendo. Por favor, me acompanhe enquanto revemos os significados
destas três palavras gregas.
A palavra BIOS parece ser a que mais se aproxima do que
queremos dizer quando falamos “vida” em português. Inclui idéias como a
duração de nossa vida, nosso trabalho ou sustento e nossa conduta
moral.
A palavra PSUCHÊ geralmente significa nossa vida psicológica ou
a vida de nossa alma. Isso inclui nossa vida emocional e nossos
pensamentos. De fato, esta palavra é frequentemente traduzida por “alma”
e é contrastada com o nosso espírito em Hb 4:12. Aqui lemos que uma
das funções da Palavra de Deus é fazer uma clara e definida divisão
entre nossa alma (PSUCHÊ) e nosso espírito.
A palavra grega ZOE é mais frequentemente usada no Novo
Testamento para se referir a um tipo de vida muito especial, a vida de
Deus. Os escritores do Novo Testamento escolheram esta palavra grega
para expressar algo supremamente exaltado – a vida do próprio Deus.
Já que Ele é o único ser eterno do Universo, o único que nunca foi
criado, Sua vida é realmente algo muito especial.
É esta vida sobrenatural que estava em Jesus Cristo (Jo 1:4). É esta
vida sem princípio e sem final que fluiu do Seu lado no Calvário. É esta
vida todo-poderosa e triunfante que Ele dá gratuitamente àqueles que
crêem. E esta é a vida genuína do próprio Deus, que Ele usa para
construir Sua Igreja, Sua noiva.

OUTROS MATERIAIS

Então, quando começamos a trabalhar com Deus e a construir Sua
casa, devemos usar os materiais apropriados. Precisamos construir com
a Sua vida ZOE. Precisamos usar apenas esta substância. Nada mais
precisa ser acrescentado. Nada mais humano ou terreno pode ser
usado. Isto significa que nossas habilidades naturais estão excluídas.
Por exemplo, precisamos por de lado nossa habilidade para fazer
com que as pessoas nos sigam. Nosso dom para influenciar pessoas e
persuadi-las a fazer o que queremos também precisa ser
desconsiderado. Nossa personalidade carismática que frequentemente
usamos para encantar os outros e atraí-los para a nossa obra, é
rejeitada. Nosso modo de manipular os outros politicamente, nossa
técnicas de aparência para ser amigos de todos e atraí-los para o nosso
grupo, nossa presença autoritária que temos usado para impressionar as
pessoas – todas essas coisas devem ser lançadas fora. Mais do que
isso, nosso conhecimento, todas as coisas que aprendemos sobre
“como” construir um grupo ou uma Igreja, devem ser descartadas.
Por que estas coisas devem ser descartadas? Porque elas têm
origem na alma. Elas são uma expressão da nossa vida PSUCHÊ e não
uma revelação do tipo de vida de Deus.
Quando desejamos trabalhar junto com Deus e construir a Sua
morada eterna, precisamos nos humilhar e nos esvaziar de todas as
nossas idéias e planos pré-concebidos. Precisamos deixar de lado tudo
o que aprendemos com as outras construções meramente humanas. Na
verdade, precisamos nos arrepender de tudo o que estivemos fazendo e
que não passava de esforço humano e natural. Então precisamos
aprender a construir de acordo com Seu plano celestial. Como vimos, um
aspecto essencial deste plano é que nenhum material pode ser usado,
além daquele que Ele providenciou e que é a Sua Vida sobrenatural.
Alguns poderão argüir que Deus, já que nos fez de uma certa
maneira, com certas aptidões e talentos, certamente gostaria que
usássemos estas habilidades naturais para a Sua glória. Entretanto, este
não é o caso. Nada natural pode ser usado em Sua construção. Ele não
irá morar em um Templo feito por nossas mãos, não importa o talento
que você imagina ter. Sua construção de madeira, palha e feno pode ser
bonita, mas não é a casa de Deus.
A questão aqui não é se temos ou não habilidades, mas “quem está
no controle destas habilidades”? Quem está realmente fazendo a obra? É
verdadeiramente Deus ou é o homem natural tentando trabalhar por
Deus? Somos nós que estamos dando o melhor de nós para Ele ou é
Ele se movendo e fluindo através de nós? Nada que seja natural dentro
de nós pode ser usado por Ele, até que seja total e completamente
quebrado por Suas mãos. Nossa confiança em nossa capacidade de
fazer as coisas deve acabar totalmente. Nossas capacidades pessoais e
qualificações não têm nenhum valor para Deus enquanto elas estão sob
o controle do homem natural.
Paulo, o apóstolo, antes de converter era um forte homem natural.
Tinha muitas habilidades naturais. Então Deus trabalhou em sua vida para
quebrar a confiança que tinha em si mesmo. Depois de anos de
experiência seguindo a Cristo, ele pôde escrever: “Porque quando estou
fraco, então é que sou forte” (2ª Cor 12:10). E: “Porque nós também
somos fracos nele, mas vivermos com ele pelo poder de Deus em vós”
(2ª Cor 13:4). Ele cita em nosso benefício o que Jesus ensinou a ele.
“Minha força se aperfeiçoa na fraqueza (humana)” (2ª Cor 7:9). As
habilidades humanas freqüentemente atrapalha a obra de Deus, mas nas
fraquezas humanas Ele é glorificado porque Ele encontra um modo de
exibir o Seu poder.

OUTROS TIPOS DE ANIMAIS.

Antes de Deus fazer uma noiva para Adão, Ele e Adão examinaram
juntos todos os animais e Adão foi lhes dando nomes. Mas, quando
lemos esta passagem cuidadosamente em Gn 2:18-20, vemos que esta
não foi apenas uma sessão para denominar animais. Deus e Adão
estavam procurando por algo específico. Estavam procurando uma noiva
para Adão (vers. 20). Mas nenhuma pôde ser encontrada.
Embora estes pássaros e feras fossem, sem dúvida, graciosos,
felpudos, amigáveis e atraentes cada um a seu modo, eles não tinham o
mesmo tipo de vida que Ele tinha. Portanto, eles não se qualificavam para
ser a sua esposa. Eles foram rejeitados. Do mesmo modo, o próprio
Deus só pode se casar com alguém que tenha a mesma vida e a mesma
natureza que a Sua. Isto significa, assim como no caso de Adão, ela deve
ser construída com aquilo que sai do seu lado.
Talvez o grupo com o qual você se reúne seja bem sucedido. Pode
ser que muitas pessoas sejam atraídas pelo seu trabalho. Possivelmente
os seus programas diferenciados para os jovens, os solteiros, os casais,
etc., estejam bem freqüentados. Pode ser que sua perícia em
organização e gerenciamento (ou os de sua esposa) seja espantosa e
você esteja conseguindo alcançar as suas metas.
Talvez suas realizações aparentes estejam atraindo a atenção dos
outros e o seu “ministério” esteja se expandindo rapidamente. É possível
que recentemente você tenha se unido a um movimento “cristão” muito
popular e por isso “sua igreja” esteja crescendo muito rapidamente.
Talvez você esteja ganhando fama ou até mesmo uma audiência
internacional.
Em tudo isso, há uma questão importante que precisa ser
respondida. Isto é um produto da Vida Divina ou é fruto da habilidade e
ambição humana? Isto é um produto do que está jorrando do lado de
Jesus ou é algo natural e terreno, vestido com palavras e frases cristãs?
O que você está construindo é realmente a noiva de Cristo ou é apenas
um outro tipo de animal gracioso e felpudo? Ou, pior ainda, é algum tipo
de monstro? Apenas um tipo de obra irá suportar o dia do julgamento.
Os outros todos serão queimados (1ª Cor 3:15).
Eu não sou juiz de sua obra para Deus. Ele é quem Vai analisar
tudo o que fazemos. Cada um de nós estará diante do trono de Deus
apresentando todas as nossas obras e então o julgamento de Deus será
executado sobre nós. Com isto em mente nós somos exortados a
examinar cuidadosamente nossa própria obra à luz de Deus (Gl 6:4).
Meu trabalho como seu irmão em Cristo não é aprovar ou
condenar o que você está fazendo em nome de Jesus. É apenas
compartilhar com você as coisas que Ele tem me mostrado e estimula
você, no temor a Deus, a ouvir o que Ele pode estar falando a você e
responder a Ele de todo o seu coração.

A VERDADEIRA CASA DE DEUS.

A verdadeira casa de Deus é construída pela ministração de vida
ZOE, fluindo para nós e através de nós pelo Santo Espírito. Estamos
sendo transformados em habitação de Deus através do Espírito (Ef 2:22).
É “o Espírito da vida (ZOE) em Cristo Jesus” (Rm 8:2) que está fazendo a
obra em nós e através de nós. Este não é um trabalho que o homem
natural possa fazer. Não há nada dentro de nós desassociado da
ministração da vida pelo Espírito Santo, que possa servir para ser usado
na construção.
Portanto, é essencial para cada cristão saber distinguir se está no
Espírito ou se está meramente operando pela alma. É preciso ser capaz
de discernir quando se está agindo e falando pelo fluir da vida divina ou
quando algo natural está operando. Precisamos desesperadamente
discernir o que vem do Alto do que vem da Terra.
A chave aqui é que a nova vida de Deus vive em nosso espírito
humano. O Santo Espírito se uniu ao nosso espírito e os dois espíritos
se tornaram um (1ª Cor 6:17). Portanto, o que está fluindo para nós vindo
do nosso espírito, vem de Deus. Por outro lado, o que vem de nossa
alma, é natural, terreno e rejeitado para a santa construção do templo de
Deus.
Como precisamos nós, o povo de Deus, experimentar a separação
entre nossa alma e nosso espírito (Hb 4:12). É desesperadora a nossa
necessidade, nesta hora, de saber o que é simplesmente nossa alma
agindo por Deus e quando é realmente Deus agindo através de nós. Este
assunto de distinção entre alma e espírito é vasto. Não há espaço neste
livro para falar disso com grandes detalhes. Mas eu quero estimular todos
os leitores a gastar algum tempo revendo dois capítulos de meu livro DE
GLÓRIA EM GLÓRIA. Estes dois capítulos, o 10 e o 11, sobre a divisão
entre alma e espírito, podem ser de grande ajuda para a compreensão
deste assunto essencial.
Entretanto, há dois aspectos da alma que necessitam ser
examinados mais detalhadamente, já que eles entram muito facilmente em
nossos projetos de construção para Deus.

A MENTE HUMANA

Primeiro, vamos falar sobre nossa mente. A mente é parte de nossa
alma. Quando nossa mente está debaixo do controle do Espírito, temos
o fluir da vida ZOE e paz (Rm 8:5). Mas quando nossa mente está sendo
motivada pela carne, a vida da alma flui de nossa mente e, fluindo de
nossa mente, o resultado é a morte.
Frequentemente o uso carnal de nossa mente é o resultado de
agirmos de acordo com o nosso conhecimento acumulado. Muitos
crentes, talvez sem imaginar isto, têm “aprendido” a agir como um cristão.
Eles têm experiência no que dizer ou fazer e em como lidar com diversas
situações. Talvez tenham sido treinados em alguma escola sobre como
viver e agir em um ambiente cristão. É possível que pensem que sabem
como construir uma Igreja ou um grupo e estão ocupados completando
o que sabem entre o seu círculo de conhecidos cristãos.
Desta forma, estão tentando construir a casa de Deus com materiais
terrenos, carnais. Eles usam a sabedoria natural da mente humana. Isto
talvez nos faça lembrar as palavras de Paulo: “Se alguém julga saber
alguma coisa, com efeito não aprendeu ainda como convém saber” (1ª
Cor 8:2). O que realmente precisamos saber é como construir com o
Espírito Santo e por meio d’Ele, que é quem transmite a vida de Deus.
Você se lembra do Jardim do Éden? Lá havia uma árvore chamada
“a árvore do conhecimento do bem e do mal”. A árvore era cheia de
conhecimento. Talvez fosse bom expandirmos um pouco a nossa
compreensão desta verdade para ver que ela representa muito mais do
que simples conhecimento do mal.
Devemos estar cientes que há também um “bom” conhecimento
exibido por esta árvore. Esta árvore era (e ainda é) cheia de todo tipo de
conhecimento e sabedoria boa, humana e terrena. Este "bom"
conhecimento inclui o conhecimento de: como construir uma Igreja, como
aconselhar pessoas em determinadas situações, como organizar vários
ministérios da Igreja, como fazer isto ou como fazer aquilo de um modo
“cristão” e muito, muito mais.
O resultado de comer o fruto desta árvore era a morte. Também
hoje isto é uma verdade. Sim, a mente usada pelo homem natural, produz
morte. A mente humana cheia de todo o tipo de conhecimento de como
ser um cristão, de como agir ou reagir em cada situação, como formar um
grupo, etc., resulta em morte espiritual. A mente natural, sendo animada e
usada pela vida da alma, produz morte, onde quer que ela se manifeste.
Verdadeiramente, as Escrituras dizem que “o saber ensoberbece” (1ª Cor
8:1), mas nada faz para construir a casa espiritual de Deus.
Possivelmente você tem passado por algumas experiências que
podem confirmar esta verdade. Você pode ter assistido a muitos cultos e
pregacões que não edificaram o seu espírito. Pode ser que sua mente foi
estimulada, mas o seu homem interior não foi alimentado. Possivelmente
você recebeu conselho ou ministração que não penetrou na raiz de suas
necessidade, nem ministrou a vida ZOE. Seu espírito foi deixado sem o
verdadeiro alimento espiritual.
Há incontáveis homens e mulheres hoje que, embora sejam
participantes de algum tipo de grupo cristão organizado, estão realmente
morrendo de fome espiritual. Se a ministração que recebem é meramente
mental, se é simplesmente a transmissão de conhecimento bíblico, eles
não podem receber nutrição. Qualquer ministração que não seja a
expressão da vida divina fluindo através do Espírito Santo, não pode
edificar a noiva. A noiva de Jesus é feita somente do que fluiu do Seu
lado no Calvário.

EMOÇÕES E ENTRETENIMENTO

É claro que alguns percebem a falta do fluir da vida. Eles discernem
que não estão recebendo alimento espiritual. Mas, frequentemente a
solução deles também é carnal. Sentindo a lacuna espiritual, eles
recorrem à simulação emocional para tentar preencher o espaço vazio.
Sua música de louvor torna-se mais e mais alta. Eles são incentivados a
bater palmas, saltar e dançar.
Algumas pregações se tornam simplesmente uma gritaria de
palavras ou frases comumente aceitas. Tudo isso e muita coisa mais é
meramente um esforço para incitar as emoções dos que assistem,
tentando preencher a falta do fluir do Espírito Santo. Isto também tem a
sua origem na alma.
Estimulação emocional não faz nada para alimentar o espírito
humano. Quando um encontro cristão se constitui de muito som
estridente e gritaria, um observador casual pode ser levado a concluir
que, ou o Deus deste grupo é surdo, ou Ele está muito, muito distante.
Uma outra tática comum na Igreja dos nossos dias, em uma tentativa
de compensar a falta do fluir da vida através do Espírito Santo, é recorrer
a vários entretenimentos. Claro que há os corais e os solos padrões.
Mas, popular mesmo hoje em dia, são as danças costumeiras, com
bandeiras e roupas, apresentações de teatro, mímica e até bandas
profissionais. Luzes faiscantes e efeitos especiais também podem ser
usados. Pode ser que estas coisas tragam ao nosso grupo um sucesso
aparente. É possível que mais e mais pessoas estejam comparecendo
aos nossos encontros. Talvez imaginemos que estamos construindo a
casa de Deus com os nossos métodos diferenciados.
Mas, precisamos parar um minuto e nos perguntar umas questões
muito sérias. Será possível que estas coisas sejam simplesmente terrenas
e humanas? Elas estão produzindo resultados espirituais? Os homens e
mulheres que estão comparecendo aos nossos encontros têm sido
transformados à imagem de Deus? Eles têm sido libertos do pecado e
cheios da vida de Deus de uma maneira visível, que pode ser
comprovada? Eles estão sendo transformados em pessoas santificadas
em quem Deus se agrada de habitar? Suas vidas estão sendo mudadas,
seus casamentos restaurados e as suas famílias estão sendo
governados pela graça de Deus?
A nossa ministração é o resultado do fluir da vida divina ou um
substituto humano? Este é um trabalho que estamos fazendo para Deus
ou um trabalho que Deus está fazendo através de nós? E este trabalho é
verdadeiramente à prova de fogo para que vençamos o teste no dia do
julgamento ou é algo que parece bom, mas na verdade é feito de
madeira, feno e palha? A verdadeira noiva de Cristo está sendo
construída somente com aquilo que está fluindo de Seu lado ferido.

ANDANDO POR FÉ.

Muitas pessoas, quando discutem como construir a Igreja, querem
saber quais passos devem dar. Parecem desejar algum tipo de fórmula
ou programa que possam seguir. Gostam de ter algo tangível em suas
mãos, algo que possam fazer, algo que podem melhorar em seu grupo.
Eles se sentem muito inseguros em simplesmente confiar que Jesus fará a
obra.
Mas a casa de Deus é uma casa espiritual. Não é nada que
dependa de planos, programas e fórmulas. Por ser espiritual, é também
misteriosa e intangível. O homem natural não pode compreendê-la com a
sua mente natural. Nossos olhos físicos não a podem ver. E nossas
mãos humanas não a podem construir. Somente a vida derramada de
Cristo pode executar este trabalho.
A casa de Deus é uma casa viva. Não é algo estático que
possamos planejar, completar ou controlar. Já que ela é viva, ela é
sempre nova. Jesus, o arquiteto desta casa está vivo hoje. Quando Ele
estava aqui na Terra, Suas palavras e ações eram sempre imprevisíveis.
Quando Seus discípulos acordavam a cada manhã, não tinham a menor
idéia para onde Ele iria, o que iria dizer ou o que iria fazer a seguir. Eles
simplesmente tinham que confiar n’Ele para liderá-los e, assim, eles o
seguiam para onde Ele fosse.
Nada mudou. Jesus não nos revela uma seria de passos para
construir a Sua casa. Nós, com a simplicidade das crianças, devemos
andar com Ele todos os dias. Nós também precisamos andar com Ele
mesmo sem saber o que vai acontecer depois. Precisamos acreditar que,
conforme O seguimos e obedecemos, Sua casa está sendo construída.
Colaborar com Deus na construção de Sua casa é um caminho de
fé. Não é algo fixado ou pré-programado. Se não soubermos como
caminhar com Jesus por fé, não poderemos construir Sua casa. Pela fé
somos capazes de sentir Sua liderança no dia a dia e de colaborar com
Ele nas coisas que Ele está fazendo.
Se pensarmos que sabemos o que fazer, há uma grande
probabilidade de tentarmos fazê-lo. Se imaginarmos conhecer o plano, é
muito fácil para o nosso homem natural tentar executá-lo. No momento
em que pensarmos saber o que Deus está fazendo, nós estendemos
nossas mãos humanas para tentar ajudar. Por esta razão, Deus não nos
mostra tudo. Seu plano é que caminhemos com Ele e O obedeçamos.
Nunca termina a necessidade de caminhar com a confiança de uma
criança. Se quisermos trabalhar com Deus na construção de Sua casa,
este é o único caminho.
Imaginarmos que sabemos o que fazer e como fazê-lo é evidência
de que perdemos nossa direção espiritual. No momento em que
pensamos que sabemos como ou o quê construir, isto é prova que Jesus
se mudou e nós estamos simplesmente nos agarrando à concha vazia
que Ele fez no passado. Quantos homens de Deus estão nesta posição!
Estão tentando permanecer em algo que Deus fez no passado, mas isto
não funciona.
É verdade que Deus pode nos dar uma direção futura.
Ocasionalmente Ele nos mostrará como executar uma coisa ou outra
para Ele. Entretanto, estas coisas são sempre sujeitas a mudanças.
Nosso Senhor é “novo a cada manhã” (Lm 2:23). Não podemos tirar os
olhos Dele. Precisamos olhar sempre para as coisas que Ele nos mostra.
Precisamos estar sempre prontos, como o povo de Israel no deserto,
para empacotar nossas coisas e partir no momento exato. Não podemos
perder contacto com Ele. Deste modo, seremos frutíferos em nosso
trabalho de construir a Sua morada eterna.

CONSTRUINDO EM VIDA

Nossa chamada da parte de Deus é para edificar os membros
individuais do corpo de Cristo. Isso requer que estejamos ministrando
uns aos outros a vida de Jesus. Como podemos ser cheios da vida de
Deus? Vamos investigar um pouco sobre este importante assunto.
A necessidade básica de toda vida é alimento. Qualquer ser vivo,
seja planta ou animal, precisa de alimento para viver. Portanto, podemos
concluir que, para estarmos cheios da vida espiritual, precisamos receber
algum tipo de nutrição espiritual. Nossa vida espiritual não cresce por
aprendizagem. Não é produto de um esforço mental ou emocional. Não
há outro jeito de estar cheio de vida, a não ser comer. Ainda mais,
precisamos comer frequentemente e consistentemente.
O alimento que nosso ser espiritual necessita é uma pessoa, Jesus
Cristo. Ele nos explica: “a menos que você coma da carne do Filho do
Homem e beba o seu sangue, você não tem vida (ZOE) em você” (Jo
6:53). Isto é muito simples. Para estarmos cheios de Sua vida divina,
precisamos estar em intimidade espiritual com Ele. Precisamos estar
comendo e bebendo de tudo o que Ele é. Biblicamente falando,
chamamos a isto comunhão.
Quando “tomamos comunhão” em um encontro cristão, comemos
algum pão e bebemos algum vinho juntos. Estas coisas são símbolos de
nosso alimento espiritual. Mas esta palavra “comunhão” significa também
ter uma camaradagem íntima com alguém.
Unindo estas duas idéias, emerge um quadro. Quando estamos
andando em intimidade com Jesus Cristo no Espírito, estamos comendo
e bebendo do que Ele é. Quando temos momentos de oração, louvor,
meditação na Palavra ou, em outras palavras, quando passamos um
tempo em Sua presença, estamos sendo alimentados com alimento
celestial. Ele é “o pão de Deus” “que desce dos céus e dá vida (ZOE) ao
mundo” (Jo 6:33).
Portanto, o primeiro passo que precisamos dar para construir a
casa de Deus é nos encher de tudo o que Ele é. Precisamos gastar
tempo, muito tempo, em Sua presença. Precisamos comer, beber e
respirar em todas as facetas de Sua natureza. Precisamos nos saturar até
o ponto de transbordar esta vida (ZOE) abundante. Isto deve se tornar a
nossa experiência diária.
Então, quando falamos aos outros, isto é o que devemos
compartilhar com eles. Quando estivermos com eles, eles sentirão o
aroma suave de Cristo. Quando ministramos, ensinamos, aconselhamos
ou ajudamos alguém, o que sai de dentro de nós é aquilo que estivemos
adquirindo. “A boca fala do que o coração está cheio” (Mt 12:33). Se não
estivemos nos alimentando do Cordeiro, teremos apenas algo humano
para compartilhar. Se não estivemos nos enchendo mais e mais desta
substância divina, nosso “ministério” será somente terreno, emocional e
mental.
Isto nos leva a um ponto crucial em nossas considerações. Para
viver neste tipo de comunhão íntima com Nosso Salvador, precisamos ter
uma vida completamente consagrada a Deus. Caminhar em tal
proximidade a Jesus requer que Ele seja verdadeiramente o Senhor de
cada aspecto de nossa vida. Se houver qualquer problema entre nós e
Ele, se houver qualquer resistência à Sua vontade em nossos corações,
se ainda não estabelecemos quem é que manda em nossas vidas, então
teremos problemas em andar no Espírito. Não seremos bem sucedidos
em nos enchermos da vida de Deus e não teremos abundância desta
vida para ministrar aos outros.
Quando nos falta esta vida ZOE para ministrar, a única alternativa é
confiar na carne. Então dependemos de nosso conhecimento bíblico.
Nossa educação, nossa atração pessoal, nossas habilidades naturais,
nossos talentos persuasivos então entram em ação. Quando não temos
o verdadeiro Cordeiro para oferecer, somos deixados, como foi Caim,
com meros vegetais. Estas coisas não podem construir a morada eterna
de Deus.

EM QUÊ ESTAMOS TRABALHANDO?

Na Igreja de Jesus Cristo hoje há muita comoção. Encontros,
conferências, seminários, e retiros existem em abundância. Muito trabalho
está sendo feito. Há muita atividade na construção. Mas parece que muito
deste trabalho está sendo feito para melhorar a alma. Muitos dos
esforços cristãos parecem se direcionar para fazer “o velho homem”
melhorar.
Algumas Igrejas empregam regras e regulamentos para tentar
controlar apetites carnais. Talvez estas normas se apliquem a tipos de
roupas, estilos de cabelos e atividades esportivas.
Outros grupos submetem seus membros a algum tipo de autoridade
humana como o pastor ou algum tipo de “disciplinador” que,
supostamente, deve supervisionar suas vidas. Outros ainda empregam
algum tipo de sistema de reeducação, seja de estudos bíblicos,
programas de treinamento, seminários, etc., para ensinar o novo crente
como se comportar de um modo melhor. Em quase todas as “Igrejas” há
algum esforço sendo feito para melhorar, instruir ou restringir a velha vida
e a velha natureza.
Mas todos estes esforços são condenados ao fracasso. Isto é
porque eles não penetram na raiz dos problemas humanos. A causa real
de nosso problema, não é o que fazemos, mas o que somos em nossa
PSUCHÊ ou alma. O que nós somos – seres humanos com vida e
natureza pecadoras – é o que nos faz errar. Somente a vida de Jesus
Cristo tem o poder de lidar com este problema.
A solução aqui é ministrar A Vida aos espíritos dos outros.
Conforme o homem espiritual cresce, o velho homem é levado à morte.
Quando a nova vida espiritual se fortalece, nossas atitudes e ações
mudam. Nossos apetites e desejos se tornam diferentes. Nossos
pensamentos e opiniões começam a refletir os de Nosso Senhor. Isto
não é porque nós fomos instruídos ou reeducados, mas porque há uma
nova vida vivendo em nós e através de nós.
A vida de Jesus que recebemos é cheia do Seu caráter e de Sua
natureza divina. Seus pensamentos, sentimentos, planos e propósitos,
são todos contidos em Sua Vida. Assim, quando esta Vida cresce, ela
começa a se expressar em nós e através de nós. Começamos então a
sentir Seus sentimentos e a realmente pensar os Seus pensamentos.
Quanto mais esta Vida amadurece, mais refletimos Cristo em cada
aspecto de nossas vidas. Em vez de tentar pensar, agir ou falar como
Jesus, podemos nos tornar uma expressão real de Sua Vida eterna. Nós
nos tornamos vasos vivos através dos quais o próprio Deus se revela.
Então a nossa meta deve ser nos enchermos com esta vida e então
ministrá-la aos outros. Quanto mais dela tivermos, mais frutífero será o
nosso ministério. Deus irá usar nossos dons e habilidades espirituais
para Se expressar através de nós. Então os que estão ao nosso redor
também serão alimentados e crescerão. A coisa mais importante que
podemos fazer para construir a casa de Deus é vir a Ele constantemente
e encher nossos espíritos com Sua Vida. Deste modo, nós podemos
“repartir” ou “ministrar” aos nossos irmãos e irmãs e até mesmo ao
mundo que perece.
Qualquer outro método, não importa o quanto seja bem
intencionado, não pode deter o pecado. Isto é porque tais métodos
somente funcionam tentando corrigir nossos pensamentos, nossos
sentimentos e nossas decisões. Estes são simples aspectos de nossa
alma.
Paulo é muito claro quando explica que a lei é fraca porque ela
opera somente através da carne (Rm 8:3). Do mesmo modo, todos os
nossos esforços para aplicar “princípios cristãos” às nossas vidas,
apenas atingem o homem exterior. Eles não fazem coisa alguma para
transformar algo da PSUCHÊ para a vida ZOE. Além disso, qualquer
“disciplina” a que possamos submeter qualquer crente incorreto nada fará
para penetrar a profundidade da questão, que é aquilo que somos.
A verdadeira solução é a ministração do Espírito. Quando estamos
caminhando em vida, é porque estamos em comunhão com Deus e
cheios de Sua Vida. Então podemos ministrar isto aos outros. Esta
ministração viva penetra no profundo do espírito humano efetuando uma
mudança verdadeira e eterna no centro de nosso ser.
Esta vida, que fluiu do lado de Jesus Cristo na cruz, é o único
elemento que pode ser usado para construir a casa de Deus. Como
precisamos experimentar esta Vida! Como precisamos conhecer esta
vida, para discernir entre ela e as manifestações da alma! É uma
necessidade desesperadora nesta última hora para o povo de Deus,
deixar os vãos exercícios religiosos. É essencial pararmos toda atividade
que é meramente da alma, humana e terrena. É crucial nos
arrependermos de toda a nossa obra natural e de todos os esforços e
começarmos a viver e a trabalhar pelos impulsos de uma outra vida.
Queridos irmãos e irmãs, estas considerações são importantes.
Todas as nossas obras serão julgadas um dia. O fogo de Deus irá nos
testar e também aquilo que estivemos construindo. Que possamos ter
humildade para interromper qualquer coisa que percebemos não vir Dele.
Que nós possamos ter honestidade para admitir e abandonar qualquer
construção que tenha sido feita por mãos humanas. Que nós possamos
estar entre aqueles de quem é dito que “suas obras foram feitas em Deus”
(Jo 3:21).